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Para onde caminha a Controlinveste?

O lançamento de um novo canal de televisao e de um diário gratuito eram os grandes projectos da Controlinveste para 2007. Mas o arranque do ano trouxe alterações de vulto […]

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Para onde caminha a Controlinveste?

O lançamento de um novo canal de televisao e de um diário gratuito eram os grandes projectos da Controlinveste para 2007. Mas o arranque do ano trouxe alterações de vulto […]

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O lançamento de um novo canal de televisao e de um diário gratuito eram os grandes projectos da Controlinveste para 2007. Mas o arranque do ano trouxe alterações de vulto na direcçao de dois dos principais activos da holding.

O M&P tentou perceber porquê

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Oanúncio da demissão das direcções do Diário de Notícias (DN) e do 24horas marcou a actualidade do mercado nacional de media nas últimas semanas. À margem do corrupio de rumores que se seguiu á divulgação desta decisão por parte da administração da Controlinveste Media (relativamente aos nomes dos futuros directores e respectivas equipas directivas para os dois títulos), a saída de António José Teixeira e de Pedro Tadeu da liderança dos dois jornais deixou implícita uma conclusão facilmente absorvida pelo mercado: a administração da holding de Joaquim Oliveira fez um balanço negativo ao desempenho das duas publicações em 2006 e decidiu dar início a uma nova era nos dois projectos.

É um facto que a forma como se processaram as alterações nas cúpulas do DN e do 24horas assumem contornos diferentes e poderão não estar ligados de forma tão umbilical aos resultados dos dois projectos no último ano: Pedro Tadeu deixa a direcção do tablóide para dedicar-se em exclusivo á direcção do diário gratuito que a Controlinveste se prepara para lançar ainda este ano; António José Teixeira abandona a direcção do DN depois de a profunda reformulação de que o jornal foi alvo em 2006 não ter tido os desejados reflexos no aumento da média de vendas do título.

Contudo, os números que publicamos nos quadros que acompanham este texto comprovam que o último ano foi globalmente negativo para estes dois jornais, tanto ao nível das suas médias de circulação paga como no que respeita ás suas médias de audiência. Juntando-se a este facto o pormenor de o conjunto de publicações detidas pela Controlinveste através da Global Notícias ter registado também uma quebra de receitas publicitárias, encaixam-se as peças do puzzle que constituem o cenário de fundo das referidas demissões.

Chegados a este ponto, as demissões das direcções do DN e do 24horas assumem-se, assim, como as primeiras grandes decisões desta administração da Controlinveste, decorrentes de um primeiro balanço á actividade do grupo no mercado nacional de media. Um balanço de um ano e meio, feito com base na trajectória percorrida desde a consumação do negócio que levou Joaquim Oliveira a adquirir os activos de media até então detidos pela PT Multimédia e a tornar-se proprietário de uma das maiores holdings nacionais de comunicação.

Neste contexto, a pergunta que se impõe é… e agora? Uma questão que assume várias ramificações: Tomada a decisão de romper com o passado recente do DN e do 24horas, que futuro está reservado para estes dois títulos? E apara além do caso concreto destes dois jornais, que papel desempenharão os restantes activos da empresa na estratégia de médio/longo prazo que está a ser delineada para a holding? E onde encaixam, nessa estratégia, o lançamento de um novo diário gratuito e de um novo canal de televisão?

Mau ‘timing’ de entrada no negócio da imprensa?

“Temos de enquadrar as movimentações nesses dois jornais da Controlinveste num contexto global de perda de leitores no negócio da imprensa. E no caso concreto do DN, estamos perante um caso em que o jornal provavelmente perdeu o pé em relação ás transformações que estão em curso, a caminho de um novo paradigma digital para a comunicação social”. A opinião é do jornalista Joaquim Vieira, presidente do Observatório da Imprensa, que acedeu conversar “a título pessoal” com o M&P sobre a situação actual da Controlinveste. E quando instado a tecer um comentário sobre o que as recentes alterações na direcção do DN poderão representar para o futuro de uma das principais marcas do mercado nacional de imprensa, o jornalista não hesitou em defender que “a solução para os problemas do DN terá de passar pela aposta nas novas tecnologias e pela criação de uma comunidade de leitores online, um processo que todos os jornais têm de atravessar”. “E o DN ainda está muito estagnado nesta área. Basta observar o site que o jornal tem online, onde se limita a replicar os conteúdos da edição impressa”, concretiza Joaquim Vieira, enfatizando a necessidade de os jornais terem de “acompanhar a tendência geral” de “fuga dos leitores para os novos meios”.

Uma situação que, para o jornalista Rocha Vieira, fundador do 24horas e primeiro director deste diário, comprova a teoria de que “as alterações nas direcções do DN e do 24horas são o sinal de que a Controlinveste Media entrou tarde de mais no mercado dos jornais”. “O Joaquim Oliveira pode ter comprado a Lusomundo Media por um preço mais barato em relação ao que a PT pagou em 2000. Mas mesmo que tenha comprado mais barato, fê-lo numa conjuntura desproporcional, sobretudo porque já havia sinais claros de quebra generalizada nas vendas dos jornais”.

Nesse contexto, se as mudanças nas direcções do DN e do 24 “significam que a administração não está contente com os resultados”, para Rocha Vieira “o problema na gestão de uma empresa como a Controlinveste Media é que não basta um aumento de 5% nas vendas para inverter a tendência global de quebra de receitas”. Portanto, para o antigo director do 24horas, o patrão da Controlinveste “fez um bom negócio, mas numa altura em que o mercado está em queda”. “Não vai ser fácil recuperar. É preciso uma conjugação de sabedoria e sorte para consegui-lo”.

Contactada pelo M&P para saber os moldes concretos em que está a ser projectada a recuperação destes dois títulos, bem como para explicar a estratégia do grupo Controlinveste para o futuro próximo no mercado nacional de media, a administração a holding não se mostrou disponível para quaisquer esclarecimentos.

Diário de Notícias: romper com o passado para preparar o futuro

Mas para além de procurar eventuais receitas para o futuro, o M&P tentou também perceber quais as razões que poderão estar na base do contínuo definhar de vendas que o DN tem apresentado desde a viragem do milénio. E, nesse contexto, de acordo com um antigo profissional dos quadros do DN, o “principal problema” do jornal reside “na dimensão da sua redacção, que é muito grande” e no facto de os profissionais que a compõem estarem “muito fustigados pelas constantes mudanças nas equipas directivas e no rumo das estratégias, o que provoca, naturalmente, alguma desmotivação”.

Durante o período em que passou pela estrutura do DN, este profissional reconhece ter também sentido que “havia uma grande resistência á mudança”. “Fiquei com a ideia de que é sempre difícil começar algo de novo no DN, porque há falta de rapidez na capacidade adaptação á mudança”, prosseguiu. “A redacção tem um peso excessivo e quem assumir a direcção nesta nova fase tem de romper com o que está instituído. É uma redacção com muita gente válida, excelentes profissionais, mas muitas vezes funciona um pouco como a função pública. Há mecanismos de defesa que a redacção foi criando e que dificultam a tarefa de quem quer incutir mudanças”, resumiu.

Assim sendo, a mesma fonte não deixou de reconhecer a sua “surpresa” pelos passos iniciais de Joaquim Oliveira na gestão deste jornal. “Pensei que começasse por quebrar com essa faceta de redacção mais burocrática. Não esperava que tivesse ido pelo caminho do reforço da redacção e do investimento num novo suplemento diário de economia”, exemplificou este antigo profissional dos quadros da empresa.

Em suma, atendendo ao percurso do DN ao longo do último ano e á realidade actual do mercado, este profissional entende que “o novo accionista do jornal acabou por perder um ano em todo este processo”. “Não se atalhou pela agilidade ou pela tentativa de focar bem o jornal. E a questão principal que se coloca agora é saber como se vai recentrar o produto”, prosseguiu, colocando a tónica do sucesso ou insucesso da reformulação do jornal na comparação com o Público.

“Não sei o que vai na cabeça da administração, mas a verdade é que ao longo deste ano o DN acabou por ser ultrapassado pela reformulação do Público, que teve uma jogada de antecipação muito inteligente. Foi um jornal que aproveitou a oportunidade de romper e de mudar, reforçando simultaneamente a evidência de que o DN perdeu tempo ao longo do último ano. E, com tudo isto, o momento psicológico para a mudança já se perdeu”, argumenta.

Popularizar para tornar rentável?

Tal como Joaquim Vieira, este antigo quadro do DN também entende que as convulsões em torno do jornal se inserem no contexto de um “mercado que está a mudar muito rapidamente”, pelo que “é difícil prever o que poderá acontecer no futuro”. No entanto, este profissional entende não estar em causa “a marca DN, identificada pelo público com jornalismo sério e de referência”.

No entanto, estas virtudes da marca DN terão de ser forçosamente conjugadas com o perfil de Joaquim Oliveira, “um empresário que preza a rentabilidade”. “É por isso normal que, atendendo ao investimento feito no DN neste último ano com o novo grafismo, o novo suplemento de economia, publicidade e marketing, tenha sido decidido criar uma ruptura quando os resultados não corresponderam”, concluiu a mesma fonte.

Uma perspectiva partilhada por Joaquim Vieira, para quem o patrão da Controlinveste é “um empresário cujo objectivo principal é fazer mais valias”. “Por isso, se concluiu que neste primeiro ano o jornal não cumpriu os objectivos estabelecidos, é natural que tenha optado por fazer uma espécie de ‘terapia de choque'”. Adoptado este procedimento, Joaquim Vieira entende que, á luz das notícias que têm vindo a público sobre eventuais alterações á matriz editorial do jornal “a questão fundamental” quanto ao futuro do DN centra-se na “decisão sobre o âmbito editorial que deverá adoptar doravante: teremos um jornal de referência ou um jornal popular?”, questiona.

Uma questão que, para Joaquim Vieira, extravasa a simples curiosidade sobre as novidades editoriais que o jornal estará a preparar. “É uma questão muito importante para o público em geral e mesmo para a liberdade de expressão no nosso país, porque é preciso haver dois jornais de referência no país. É uma questão de garantia da pluralidade, que pode ficar em causa a partir do momento em que passemos a ter só um diário de referência”, reflecte o jornalista, convicto de que, embora o índice de leitura no nosso país seja inferior, “há espaço em Portugal” para que se repita “a maior diversidade de diários de referência que encontramos nas capitais europeias”.

Não sendo claro, porém, que o futuro do DN passe pela sua ‘popularização editorial’, o antigo quadro do jornal contactado pelo M&P entende que, acima de tudo, o diário “precisa de estabilidade”, embora “não possa deixar de encontrar uma fórmula para ser rentável”. “A administração tem de encontrar o ponto de equilíbrio entre ser um produto economicamente viável e um produto editorialmente interessante para os leitores”, resumiu esta fonte. E poderá João Marcelino encarnar as características necessárias para liderar essa missão? “Só o futuro pode dizer o que pode acontecer”, explica a mesma fonte, embora defendendo que o ex-director do Correio da Manhã “já demonstrou ser um profissional muito competente”. “No entanto, tudo dependerá de um segredo fundamental em todos estes processos: tem de haver um apoio total da administração ás decisões da direcção”.

E, como reforça Joaquim Vieira, é também necessário “dar tempo para consolidar os jornais junto do seu público”. “Sem tempo para que os projectos se cimentem, é complicado inverter a tendência”, argumenta o jornalista, defendendo que “as sucessivas crises directivas no DN também acabaram por ter, naturalmente, influência em todo este processo de queda do jornal”. “São situações que acabam por descredibilizar o jornal junto dos seus leitores”, conclui.

24horas: um produto esgotado?

Depois de um ‘pico’ de vendas entre 2004 e 2005, quando chegou a ultrapassar a média de circulação paga do Público e a assumir-se como terceiro diário mais vendido do país, o 24horas começou também a enfrentar em 2006 uma erosão de vendas (ver quadro).

Escusando-se a relacionar de forma directa essa quebra com eventuais sinais de cansaço do mercado relativamente á fórmula deste jornal, o primeiro director do título, Rocha Vieira, entende que “vender mais do que o Público não é difícil, por isso, embora o 24horas tenha ultrapassado o Público no ano passado, isso não permite concluir que o jornal pode, ou não, ter margem para continuar como está”.

Recorrendo ás memórias dos primeiros tempos do jornal, o jornalista recorda que “o 24horas nasceu mal porque foi um projecto concretizado fora de tempo”, tendo o seu lançamento sido definido pelos accionistas da Edipresse “com dois anos de atraso” em relação á apresentação do plano de criação do jornal.

Para além disso, como recorda Rocha Vieira, “o projecto inicial que tinha pensado nunca chegou a existir. A ideia inicial era posicioná-lo entre o Correio da Manhã e o Público, mas o problema de base no posicionamento do jornal esteve relacionado com o facto de, na prática, a redacção do 24horas ter sido sempre muito pouco homogénea, pelo que nunca se conseguiu centrar o foco editorial como queríamos”.

Juntando a esta situação factores como “a falta de tempo para testar o modelo do jornal” sob a égide da Edipresse, que viria a alienar o título a Rocha Vieira, acabou por torná-lo num “produto incaracterístico”. “Depois de ter ficado com o jornal, estava a perder muito dinheiro e a única opção que tive foi vendê-lo á Lusomundo”, recorda o jornalista. “Nesse fase, a nova administração do 24horas decidiu torná-lo mais sensacionalista mas, como se comprova agora pelos resultados de vendas, esse não era o caminho indicado”, argumenta Rocha Vieira.

“Em circunstâncias normais este tipo de projecto sensacionalista, com os temas que aborda e com as capas que faz, deveria vender entre 80 a 90 mil exemplares em média por edição. Mas não vende, pelo simples facto de existirem no mercado outros produtos que colidem com este tipo de informação, melhor feitos e em formato revista”, defende o jornalista, aludindo á concorrência directa de títulos como a TV7 Dias, a TV Mais ou a TV Guia.

À margem destas questões concorrenciais, Rocha Vieira destaca também outras dificuldades inerentes ao posicionamento editorial que o título adoptou. “O drama do 24horas é que quando pega numa história mais séria, vende menos. É difícil gerir este factor num jornal sensacionalista e não sei como é que a Controlinveste vai corrigir isto”, questiona, considerando pouco provável que o título venha a adoptar uma postura mais radical no seu posicionamento, á imagem dos tablóides britânicos.

“É muito difícil haver capacidade em Portugal para investir num jornal sensacionalista á maneira dos tablóides britânicos, porque para funcionar nessa lógica, é preciso ter meios, dinheiro para comprar histórias, fontes de informação pagas. Em Portugal a dimensão do mercado não comporta esse tipo de postura”, resume.

Outro problema que a administração da Controlinveste tem em mãos no que se refere á gestão deste jornal prende-se com a exploração comercial do 24horas. “É um dos problemas de base deste jornal, porque os anunciantes têm reticências em associar-se a este produto. Há um divórcio entre o 24horas e o mercado anunciante. Isso advém de um preconceito geral que existe no mercado em relação ao jornal e que é potenciado pela incapacidade interna do jornal para fazer face a esta situação”.

No fundo, como sublinha o jornalista, “isto significa que mesmo vendendo bem, o 24horas tem uma grande desvantagem na sua gestão em relação á concorrência, tendo em conta os níveis quase ridículos de publicidade que tem nas suas páginas”.

Questões que só a administração da Controlinveste saberá como ultrapassar. E, sendo que o grupo privilegia a acção em detrimento da explicação pública das suas opções… resta ao mercado esperar para ver o que reserva o futuro.

Cronologia

Novembro 2000 – A PT Multimédia passa a deter a totalidade das acções da Lusomundo Media, grupo proprietário de empresas de referência na área dos media. Num negócio que ascendeu a 251,5 milhões de euros, a PT Multimedia adquiriu os 58% que lhe faltavam para passar a deter a totalidade do grupo Lusomundo. Estes 58% eram até então detidos pelo coronel Luís Silva, através da Cinvest, tendo os restantes 42% sido adquiridos anteriormente pela PT Multimédia através de uma OPA amigável sobre a Cinvest;

Fevereiro 2003 – A administração da PT Multimédia convida o até então editor-executivo do 24horas, Pedro Tadeu, para assumir a direcção do jornal, substituindo no cargo o jornalista Alexandre Pais.

Novembro 2003 – Mário Bettencourt Resendes abandona a direcção do Diário de Notícias (DN). O jornalista Fernando Lima é nomeado director do título, numa decisão polémica que, face ao recente desempenho das funções de assessor de imprensa de Cavaco Silva e do ministro Martins da Cruz por parte do jornalista, mereceu parecer negativo por parte do conselho de redacção do jornal;

Outubro 2004 – Miguel Coutinho, até então director do Diário Económico (DE), aceita o convite para assumir a direcção do DN, substituindo no cargo Fernando Lima. Na transição para o DN, Coutinho faz-se acompanhar do seu director-adjunto no DE, Raul Vaz;

Janeiro 2005 – A administração da Portugal Telecom confirma publicamente a intenção de alienar todos os activos de media detidos através da PT Multimédia na subholding Lusomundo Media. No portfolio do grupo encontram-se, nesta altura, os jornais Diário de Notícias, 24horas, Jornal de Notícias, Tal&Qual, Ocasião Açoriano Oriental e Jornal do Fundão, as revistas Volta ao Mundo, Evasões, Playstation2 e National Geographic, a rádio TSF e uma participação de 50% no canal televisivo SportTV. Juntam-se a estes activos participações no capital dos jornais Diário de Notícias da Madeira, na Agência Lusa, na Gráfica Funchalense e na VASP.

Fevereiro 2005 – Encerrado o prazo para a apresentação de propostas das empresas interessadas em adquirir a Lusomundo Media, a administração da Portugal Telecom anuncia ter iniciado um processo de hierarquização das propostas, para definir qual o grupo que assumirá a propriedade dos seus activos de media. Controlinveste, Media Capital, Cofina, Sonae, Prisa e Vocento são confirmados como os grupos interessados na aquisição da Lusomundo Media;

Março 2005 – A Portugal Telecom anunciou ter escolhido a proposta da Controlinveste para a compra da Lusomundo Media. A concretização do negócio, avaliado em 300,4 milhões de euros, fica dependente dos pareceres da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) e da Autoridade da Concorrência (AdC).

Agosto 2005 – Depois da AACS e da AdC não se terem oposto aos contornos do negócio, a Controlinveste assume oficialmente a propriedade dos activos concentrados na Lusomundo Media.

Agosto 2005 – Miguel Coutinho demite-se da direcção do Diário de Notícias, dias depois de ter assumido publicamente que Joaquim Oliveira já lhe anunciara a intenção de prescindir dos seus serviços “face á orientação empresarial que tem para o grupo”;

Agosto 2005 – O jornalista João Morgado Fernandes assume interinamente a direcção do DN;

Setembro 2005 – António José Teixeira é nomeado director do DN. A equipa directiva liderada pelo até então subdirector do Jornal de Notícias contempla também os nomes dos jornalistas João Morgado Fernandes, Helena Garrido (vinda do DE) e Eduardo Dâmaso (vindo do Público). Inicia-se o processo de “reformulação profunda” no jornal, com particular enfoque na criação de um suplemento diário de economia, que origina a contratação de jornalistas ao Diário Económico e ao Jornal de Negócios;

Janeiro 2006 – Chega ás bancas o ‘novo’ Diário de Notícias, com uma profunda reformulação gráfica e editorial. Na cerimónia de apresentação da nova imagem do jornal, o director do DN, António José Teixeira, e o presidente da Controlinveste, Joaquim Oliveira, traçam como objectivos para a nova fase do diário “estreitar a relação entre o jornal e os seus leitores, acentuar a vertente de utilidade para quem compra o DN, fazer crescer o jornal em vendas e circulação e promover o regresso deste título ao estatuto de ‘melhor jornal português'”. A estreia do novo formato é acompanhada pelo arranque do novo de economia e pelos novos suplementos semanais 6.ª (sexta-feira) e NS (sábado), que substituem os anteriores suplementos DNA e Grande Reportagem, respectivamente;

Maio 2006 – A Controlinveste Media perde o licenciamento da revista National Geographic, que passa a ser editada a partir do mês seguinte pela recém-criada editora RBA Portugal;

Agosto 2006 – A estrutura do grupo Controlinveste Media SGPS passa a contar com uma direcção-geral de marketing, que assume a responsabilidade transversal á gestão do marketing do grupo e dos activos de media detidos através das sub-holdings Global Notícias e TSF/Press. Este novo departamento é liderado por Alexandre Nilo Fonseca;

Novembro 2006 – A administração da Controlinveste Media anuncia, numa reunião de quadros da holding, que em 2007 irá investir no lançamento de um jornal gratuito e de um novo canal de televisão;

20 Dezembro 2006 – O grupo Cofina formaliza, através de comunicado enviado á CMVM, a venda á Controlinveste Media da participação de 19,09% que detinha no grupo de Joaquim Oliveira, por um preço global de 27 milhões de euros;

Janeiro de 2007 – Emídio Fernando assume a direcção do Tal&Qual, substituindo no cargo Gonçalo Pereira, que regressa ao jornal 24horas. A alteração na direcçao do semanário é acompanhada pelo arranque de uma reformulação gráfica e editorial, com o objectivo de “recuperar o antigo espírito do Tal&Qual, para fazer um jornal de maior qualidade, mesmo mantendo o seu cariz popular”;

Fevereiro 2007 – A administração da Controlinveste Media demite as direcções do Diário de Notícias e do 24horas;

Os novos projectos e a necessidade de apostar no digital

À margem das remodelações nas equipas directivas do 24horas e do DN, a administração da Controlinveste anunciou também no final de 2006 estar a preparar o lançamento de um novo diário gratuito e de um novo canal de televisão. Sem que tenham sido até ao momento divulgados pormenores concretos sobre os moldes em que serão concretizados estes projectos, as informações que têm circulado na imprensa apontam para que o gratuito (que será dirigido por Pedro Tadeu) veja a luz do dia no final do primeiro semestre deste ano, enquanto o canal de televisão, que deverá ser distribuído por cabo, ainda não tem data de lançamento definida.

No que se refere ao diário gratuito, Rocha Vieira reconhece que «a forma como este fenómeno da imprensa gratuita está a afectar a performance dos diários” pode ser uma das justificações para esta estratégia da Controlinveste. Contudo, de acordo com a análise que o jornalista faz á realidade do mercado nacional de media, “não deverá faltar muito para que o bolo publicitário do mercado português deixe de comportar mais projectos destes”. “O investimento publicitário em imprensa não estica e é provável que dentro de pouco tempo não haja receitas publicitárias para todos”, concretiza o antigo director do 24horas, alertando para o facto de “entre os jornais gratuitos presentes em Portugal, ainda nenhum ter conseguido alcançar o break-even”.

Já sobre o canal de televisão que a holding de Joaquim Oliveira está a preparar, Rocha Viera interpreta esta decisão como um sinal de que “a prioridade do Joaquim Oliveira é a área de negócio da televisão”. “Se o projecto resultar e se for bem implementado, pode permitir um equilíbrio das contas na exploração de todo o negócio de media da Controlinveste, compensando eventuais resultados menos positivos em áreas de negócio como a imprensa”, explica.

Para além das questões directamente ligadas com a gestão/reformulação dos projectos já existentes ou com o lançamento de novos projectos, Joaquim Vieira alertou também para a necessidade de a Controlinveste começar a dar passos concretos no sentido de não perder tempo na integração do novo paradigma tecnológico na matriz da sua estratégia de negócio.

“Os órgãos de informação portugueses, em geral, ainda não assimilaram o aparecimento da internet. No momento que atravessamos, qualquer grupo de media que não tenha uma estratégia que foque as novas tecnologias como prioridade está a cometer um erro estratégico. Sobretudo no caso de grupos como a Controlinveste, que têm vários órgãos de comunicação, em várias plataformas”, explica o jornalista, destacando neste contexto a obrigatoriedade de “tirar proveito de sinergias com as novas tecnologias”.

“Existe, no nosso mercado, espaço para criar esse tipo de uniões dentro dos próprios grupos, porque a verdade é que as empresas nacionais de media ainda não são verdadeiramente multimédia”, diz Joaquim Vieira, alertando para o facto de “nos mercados mais evoluídos a nível internacional” ser “cada vez mais frequente a aposta nestas áreas”. “Os jornais cada vez mais têm podcast, vídeo, voz. O futuro deste negócio passa por aí e é urgente que se comece a caminhar neste sentido”.

Nesse sentido, a Controlinveste “não é excepção”, pelo que Joaquim Veira alerta para a necessidade de recuperar o tempo perdido nesta área. “Num grupo destas dimensões, com jornalistas de vários meios, especialistas em vários tipos de assuntos, é necessário que se transponham todos estes recursos e todas essas possibilidades para a nova realidade tecnológica, para que daí se retirem proveitos para o futuro. E repare que quando falo em futuro, é cada vez mais um futuro imediato. Não se trata de meses ou anos. É um futuro quase presente. E, pelo que tenho assistido ao longo deste último ano e meio, parece-me que a Controlinveste não tem ainda bem assimiladas estas noções”, nota o jornalista.

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News Now, novo canal 9 do cabo, arranca no início do verão. Concorre diretamente com CMTV, também da Medialivre

Início das emissões está dependente da conclusão das obras de remodelação dos novos estúdios. Os 59 jornalistas contratados já iniciaram a formação. António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e Américo Aguiar estão confirmados como comentadores

O News Now, novo canal informativo da Medialivre, que vai ocupar a posição 9 na grelha dos serviços de subscrição televisiva da Meo, da Nos e da Vodafone, explorará sinergias com outros títulos do grupo, como o Negócios, a Sábado, a Máxima e a Record. Irá rivalizar com a CMTV, o primeiro canal de televisão lançado pela Cofina, antes da venda da empresa aos novos donos. “Vão ser concorrentes. São destinados a públicos distintos e diferenciados”, assume ao M&P Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialivre à margem da apresentação do News Now, a 3 de maio.

“Vamos ter uma proposta diferenciadora ao nível das notícias, com jornalismo de investigação, e juntar as redações dos vários títulos da Medialivre. Vamos ter uma proposta diferenciadora também ao nível da opinião, apostando em protagonistas e especialistas. Vamos fugir aos ‘tudólogos’, comentadores que falam sobre tudo, um conceito que está cada vez mais degradado nas televisões”, revela Carlos Rodrigues, avançando que o News Now pretende recuperar também o conceito da hora certa, com informação exata e noticiários à hora certa. “É raro isto acontecer hoje em televisão”, lamenta.

O arranque das emissões está dependente da conclusão das obras de transformação da antiga área de design em estúdios tecnologicamente avançados. “Tão depressa quanto possível arrancaremos”, afirma Carlos Rodrigues, sem todavia se comprometer com uma data. “Espero que avance antes do verão”, assume durante a intervenção na apresentação do canal. Paulo Oliveira Lima, diretor executivo do News Now, também não arrisca uma previsão. “Nas próximas semanas vamos implementar revoluções tecnológicas, que vão fazer a diferença ao nível da operação e da imagem”, anuncia.

“Depois disso, serão necessários os respetivos ensaios para levar até ao espetador um produto diferenciador, de qualidade, bem feito, que acrescenta valor. Há sempre uma forma diferente de fazer as coisas. O segredo é a alma do negócio, mas podem ter a certeza que não vamos fazer como os outros”, assegura o responsável ao M&P. Os 59 jornalistas contratados iniciaram a formação a 2 de maio, véspera da apresentação do novo canal. Os políticos António Costa, Fernando Medina, Pedro Santana Lopes, Rui Rio e o bispo Américo Aguiar estão confirmados como comentadores do novo canal informativo.

O logotipo do News Now, uma opção sóbria em branco e azul, foi desenvolvido internamente pelo departamento gráfico do grupo. “Desenganem-se os que acham que vamos ser um canal cinzento e institucional. Seremos o contrário disso”, garante Carlos Rodrigues. “Temos muita vocação para fazer televisão e já o provámos com a CMTV”, sublinha Luís Santana, CEO da Medialivre. “Este projeto foi pensado para um público que não se revê na atual oferta televisiva e para uma larga faixa, que há muito abandonou esta forma de se manter informado”, refere ainda o gestor do grupo de media.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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Criatividade ao serviço de um alfabeto em extinção

Sendo um criativo que questiona a relevância e o impacto social da publicidade, Levi Olivares destaca o trabalho da McCann NY, para a Microsoft, que digitaliza o alfabeto do idioma pulaar, como o projeto que gostaria de ter feito. A Casa Vigor é o que mais gostou de fazer

Levi Olivares – Diretor digital da McCann Lisboa

Qual é a campanha que gostaria de ter feito?

Tendo as minhas bases no design e no digital, e sendo também um daqueles criativos que por vezes questiona a relevância e o impacto social da nossa área, um trabalho que me chamou a atenção recentemente não foi bem uma campanha, mas sim um projeto da McCann NY, para a Microsoft, chamado ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture. O projeto, que ganhou dois Grand Prix no Cannes Lions em 2023, digitalizou o alfabeto do idioma pulaar, desenhado à mão pelos irmãos Ibrahima and Abdoulaye Barry com o objetivo de preservar a cultura do povo Fulani.

Qual é a razão dessa escolha?

São 40 milhões de pessoas, o maior grupo nómada do mundo, que por não terem um alfabeto oficial, usavam outros alfabetos para comunicar e, por isso, as nuances das palavras e dos seus significados na sua língua nativa estavam a desaparecer.

O que é que lhe chamou mais a atenção: o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto do projeto e porquê?

O que me captou a atenção foi o resultado imediato e o impacto a longo prazo que o projeto tem. Não falo apenas de resultados ao nível de um caso publicitário, falo de resultados práticos para a vida das pessoas. Aprimorar e disponibilizar a fonte ADLam no mundo digital contribui para preservar as canções, a arte, as histórias, os poemas, as receitas e as piadas da cultura Fulani. Ao mesmo tempo, promove a alfabetização na África Ocidental. Na Guiné, as crianças Fulani já podem estudar na sua língua nativa pela primeira vez, e o Governo do Mali está em processo para incluir na sua Constituição a ADLam como alfabeto oficial.

O alfabeto foi desenhado à mão pelos irmãos guineenses Ibrahima e Abdoulaye Barry

Este projeto deu-lhe ideias para outras campanhas?

Não me deu uma ideia concreta, mas sim uma visão criativa aliada à tecnologia e dados, que no digital pode contribuir muito, não só para uma campanha sólida, mas também para um impacto social positivo.

Qual é a campanha que mais se orgulha de ter feito e gostou de fazer? Porquê?

Como diretor criativo digital da McCann, é difícil de escolher apenas um, mas orgulho-me justamente do primeiro projeto do departamento digital da agência, ainda recém-criado na época. No seguimento do rebranding da Vigor, o cliente pediu-nos um website institucional, que refletisse o novo universo gráfico e a proximidade que a marca tem com os consumidores.

Foi assim que surgiu a Casa Vigor, mais do que um site de leite convencional, criámos uma experiência interativa, dinâmica e única para quem visita leitevigor.pt. A ideia de UX/UI do website está assente na premissa de percorrer, através de uma single homepage, diferentes áreas de uma casa.

Para cada divisão, foram realizadas animações 3D, que foi um trabalho minucioso que permitiu incorporar todas as dimensões da marca em elementos clicáveis, como a cozinha (produtos e receitas), a sala (história da marca, ativações e campanhas) e a varanda (ações de sustentabilidade), entre outros. Um trabalho que realizámos em parceria com a Studio Nuts, que fez o 3D, e a Minshaker, que fez a programação.

Casa Vigor é um site institucional com uma experiência interativa, dinâmica e fora do comum

O que mais o inspira no dia a dia?

Inspira-me, enquanto profissional, um bom briefing. Inspira me como criativo, o barulho, o silêncio, ver coisas novas, revisitar coisas velhas, ir ali e acolá de vez em quando, futebol, cerveja, museu e teto de igreja, memórias afetivas, brutalismo e rococó e mais um monte de coisas que estão por vir.

O que faz quando está sem ideias?

Quando estou sem ideias, costumo trabalhar das 9h às 18h.

Ficha técnica
–––

Campanha: ADLaM – An Alphabet to Preserve a Culture
www.mccannny.com/work/adlam
Cliente: Microsoft
Agência: McCann NY
Diretores criativos: Pierre Lipton, Shayne Millington, Sean Bryan
Diretores criativos executivos: Cristina Reina, Pete Johnson
Diretores criativos de grupo: Christiano Abrahao, Luke Flynn, Guilherme Rácz, Lucas Casão
Diretores criativos associados: Kazuo Kubo, Lucas Ribeiro
Diretor de arte: Mikey Bready
Redatora: Sarah Wagner
Diretor de design: Mook Phoungbut
Designers: Chocho Han, Malik Dupree
Tecnóloga criativa: Alicia Foor
Diretora de estratégia: Erica Yahr
Diretor de planeamento: Amadeo Plaza
Planeadora: Kayla Jackson
País: EUA
Ano: 2023
Vídeo case:
www.youtube.com/watch?v=1GRTS2sFqhY
www.youtube.com/watch?v=4b0szldMYrI

 

Ficha técnica
–––

Campanha: Casa Vigor
https://leitevigor.pt
Cliente: Lactogal/Vigor
Agência: McCann Lisbon
Diretor criativo: Levi Olivares
Diretor de arte: Luís Catarino
Redator: Luís Perdigão
Diretor de conta: Miguel Gonçalves
Atendimento: Rita Penelas
Gestão de projeto: Marta Abreu
Motion & 3D: Studio Nuts
Desenvolvimento: MindShaker
Ano: 2023
Vídeo case:
https://vimeo.com/ 933717865

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

Daniel Monteiro Rahman

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RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto

As provas do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino da UEFA, competição desportiva em que a seleção portuguesa participa, são exibidas entre 5 a 18 de maio na RTP1, na RTP2 e na RTP Play. A final do torneio acontece a 18 de maio, na Suécia

De 5 a 18 de maio, os jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 podem ser visto em direto nos canais RTP1 e na RTP2 e na plataforma digital na RTP Play. “O pontapé de saída da seleção nacional acontece na segunda, dia 6, frente à seleção de Espanha. O jogo tem início às 17h30, em direto na RTP2. No dia 9, a equipa das quinas volta a entrar em campo para defrontar a seleção da Bélgica num jogo que poderá ser seguido a partir das 12h00, na RTP2”, informa a RTP em comunicado.

“No dia 12, Portugal tem pela frente o jogo com a seleção da Polónia, exibido às 14h30, na RTP1”, refere ainda o documento. Se a equipa portuguesa transitar para a fase seguinte, volta a jogar numa das meias-finais do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino, agendadas para 15 de maio, às 14h30 e às 17h30. A final da prova, que também será transmitida em direto, acontece a 18 de maio, às 16h, quatro horas depois da penúltima partida do torneio, que se realiza na Suécia.

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Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição

Ao fim de um ano a operar sozinha com a Strategic Time, Sofia Jardim junta-se a Gonçalo Freitas e João Silva, que operam a partir do Dubai, para fundarem a Partners 4 Communication. Nova empresa integra os serviços de assessoria de imprensa e de relações públicas da Strategic Time e as valências de comunicação e marketing digital da Digital Connection, detida pelos outros dois sócios. As estruturas das duas empresas-mãe mantêm-se autónomas

Catarina Nunes

A parceria com uma empresa de comunicação e marketing digital é o próximo caminho a seguir por Sofia Jardim, que desde abril de 2023 trabalha a solo, através da Strategic Time. Esta é a agência de relações públicas e assessoria de imprensa que cria, quando sai dos hotéis Sublime, ao perceber a procura por profissionais nesta área que entreguem um serviço personalizado e com um único interlocutor, em detrimento das agências de comunicação clássicas, em que o cliente interage menos com o líder da empresa.

O objetivo imediato da união da Strategic Time com a Digital Conection não é abandonar este posicionamento. É antes disponibilizar aos clientes de cada uma delas os serviços uma da outra numa perspetiva integrada de partilha de clientes, através da Partners 4 Communication.

Esta nova empresa é detida por Sofia Jardim e dois sócios no Dubai, Gonçalo Freitas e João Silva, licenciados em engenharia multimédia e em relações públicas e comunicação empresarial, respetivamente, e proprietários da Digital Connection, que tem clientes em Portugal, nos Emirados Árabes Unidos e em África.

Diana Abecassis, gestora de clientes, integra também a estrutura da nova empresa, que exigiu um investimento mínimo, uma vez que é suportada pelas estruturas da Strategic Time e da Digital Connection.

Um dos primeiros projetos em comum é o Hotel Baía, em Cascais, que a Digital Connection trabalha em termos da nova identidade corporativa, imagem e site, passando para a Strategic Time as áreas de comunicação, assessoria de imprensa e relações públicas. A Swimrun Portugal Series, uma espécie de Iron Man sem a prova em bicicleta, é outro dos clientes.

Para já, a Partners 4 agrega a comunicação e o marketing digital da Digital Connection, e a assessoria de imprensa e relações públicas da Strategic Time e estas duas empresas-mãe mantêm-se no mercado de forma autónoma e com clientes próprios, partilhados na nova empresa quando necessário.

Até chegar a esta parceria, Sofia Jardim faz um caminho longo. Primeiro como gestora de marketing em meios de comunicação, na antiga editora de revistas Abril Controjornal, entretanto integrada no Grupo Impresa, e no grupo hoteleiro CS (atualmente Nau).

Transita para a área da assessoria de imprensa e relações públicas, no regresso de um MBA em marketing, na National University, em San Diego, nos Estados Unidos, entrando ao serviço da Tempus (distribuição de relógios e lojas Boutique dos Relógios), de onde passa, 11 anos depois, para a comunicação e relações públicas dos hotéis Sublime, em Lisboa e na Comporta, onde trabalha durante cerca de um ano.

“Quando saí da Tempus, percebi que havia espaço no mercado para trabalhar individualmente em outsourcing, não fazendo parte dos quadros das empresas dos clientes, mas como uma extensão externa e fazendo um trabalho personalizado, à imagem do cliente”, explica Sofia Jardim, proprietária da Strategic Time e sócia da Partners 4.

É nesta lógica que fica responsável pela assessoria de imprensa e relações públicas do Club7, em Lisboa, desenvolvendo também parcerias entre o clube de fitness, bem-estar e lazer no Parque Eduardo VII e marcas, nomeadamente na área da beleza, como a iS Clinical e a Foreo, por exemplo.

O grupo Tempus e alguns clientes pontuais, como a Meo, são outros dos projetos da Strategic Time, aos quais se soma agora o lançamento da marca Bolky Swimwear. Dirigidos a um segmento mais alto e a mulheres com mais de 40 anos, os biquinis e fatos de banho Bolky são produzidos em Portugal com licras do Brasil e de Itália, destacando-se pelos acessórios e aplicações com pedras nos acabamentos.

Com a apresentadora Pimpinha Jardim como embaixadora, a marca está à venda online e, numa primeira fase e em exclusivo, nas lojas Ali-Jo (Príncipe Real, em Lisboa, e na Foz, no Porto), com um preço médio acima dos €150.

“Tenho trabalhado no segmento alto, sigo um estilo de vida saudável e faço desporto. As marcas com as quais trabalho têm de se identificar com os meus valores, para que haja um alinhamento, como acontece com o Club7 e com a Bolky, por exemplo”, salienta Sofia Jardim, referindo-se aos mercados para os quais aponta.

Sobre o autorCatarina Nunes

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Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa

Ao longo da semana criativa que arranca a 17 de maio, o CCP apresenta uma programação com exposições, conferências, iniciativas e tertúlias, terminando com a gala da entrega de prémios e a festa de encerramento, a 24 de maio

O Festival CCP 2024 está de regresso à Fábrica do Pão do Bento Innovation District para a 26ª edição, de 17 a 24 de maio, para destacar a criatividade da comunicação comercial nacional nas categorias de Publicidade, Design, Digital, Criatividade em Meios, Craft em Publicidade, Experiências de Marca e Integração & Inovação.

O arranque da semana criativa é dado a 17 de maio com as conferências ‘Presidentes ao Palco’, com os presidentes de júri do festival a falar sobre design e publicidade. No mesmo dia é inaugurada a exposição dos trabalhos finalistas do Festival CCP, a exibição dos vencedores de ouro da 32ª edição dos ADCE Awards e a ‘Julgar um mercado pela capa’, que assinala a 20ª edição da Superbrands em Portugal.

O Dia Aberto CCP Empresas acontece a 21 de maio, com 12 empresas ligadas à criatividade a abrirem as portas a estudantes, profissionais e curiosos. No mesmo dia acontece a Tertúlia APAP Trabalho e Conhaque, para debater ‘O custo da invisibilidade’, seguida por um jantar no restaurante Praça. O dia 22 de maio é dedicado aos jovens criativos, com o regresso das iniciativas Ilustra 33, Portfolio Doctor, Alta Voz e Hora Feliz. Já o dia 23 de maio é dedicado às Conferências CCP “Crias ou Queres?”, com cinco conferências a decorrerem durante o dia.

A 11ª Semana Criativa de Lisboa termina no dia 24 de maio com a gala de revelação e entrega de prémios aos vencedores do Festival CCP, nas sete categorias, bem como os vencedores do Grande Prémio para o Bem, do Grande Prémio Jornalistas e do Grande Prémio CCP 2024. O programa completo está disponível online na página do Festival.

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Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel

Enquanto embaixadores da C. Santos, a apresentadora de televisão Sónia Araújo e o mágico Mário Daniel foram mecânicos por um dia da Mercedes-Benz, para protagonizarem uma campanha publicitária que promove o desconto em manutenções programadas em viaturas com mais de quatro anos.

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel. A assinatura da campanha ‘Exceder os limites’ remete para a ideia de superação da C. Santos, em termos do desconto pós-venda de €150 e €180 destinado a viaturas com mais de quatro e oito anos, respetivamente, válido até 31 de julho.

O filme e fotografias desta campanha foram realizadas nas instalações da Sociedade Comercial C. Santos, na Maia, com produção do departamento de marketing e comunicação da empresa. “Esta campanha foi mais um desafio aceite pelos nossos embaixadores, neste caso de atuarem como mecânicos, excedendo os seus limites. Foi estrategicamente criada pelo departamento de marketing da Sociedade Comercial C. Santos, num trabalho de equipa com o departamento de ‘customer services’”, refere a diretora de marketing da empresa, Ana Bolina.

 

 

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Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)

A estrela do filme publicitário, produzido por estúdio português e realizado por André Valenti Gaspar, é o Coke SoundZ, instrumento desenvolvido com IA que reproduz o som de uma carica a ser retirada da garrafa quando surgem as primeiras bolhas de Coca-Cola. A DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira colaboram na campanha

O estúdio de produção criativa português Perfect Storm, sediado em Lisboa e com delegações na Alemanha e nos Estados Unidos, assina a nova campanha publicitária global da Coca-Cola. O filme publicitário que a integra, realizado por André Valenti Gaspar, produtor executivo e sócio da produtora, com direção de arte de Renato Marques, produção executiva de André Valenti Gaspar e Mariana Marques e edição de Sérgio Pedro, explora a experiência sensorial que o som da abertura das garrafas do refrigerante despertam nos consumidores, reproduzindo esse efeito no cérebro.

A partir de um trabalho de investigação da neurocientista norte-americana Katherine Lewis, a Perfect Storm desenvolveu o spot do Coke SoundZ, com direção de fotografia de Ricardo Magalhães, em colaboração com a AKQA, a DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira. O instrumento não só reproduz o som que se ouve quando é retirada a carica e surgem as primeiras bolhas como permite depois usar os fragmentos sonoros identificados para, com recurso a inteligência artificial (IA), fazer misturas musicais.

Psst! Fizz… Clink! Glug… e Ahh! foram os cinco sons identificados pela neurocientista. Depois de isolados, foram reproduzidos com o auxílio da IA e incorporados no sistema de algoritmos usado no Coke SoundZ. O instrumento está a ser distribuído a produtores musicais e DJ, para que incorporem os sons da marca de refrigerantes norte-americana nas misturas musicais que fazem. A versão digital, também já disponível, pode ser descarregada gratuitamente na App Store e no Google Play na Europa e nos Estados Unidos.

 

 

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Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa

O novo diretor da Caras e da Caras Decoração deixa a TV Mais. Rita Santos, até aqui jornalista da revista de televisão, é promovida a diretora-adjunta. Natalina de Almeida, que assumia a direção das três publicações, abandonou a Trust in News no final de março

Carlos Maciel é o novo diretor das revistas Caras e Caras Decoração. Após a saída de Natalina de Almeida, que acumulava a direção dos dois títulos com a direção da revista feminina Activa, no final de março, a direção interina das três publicações foi temporariamente entregue a Ana Oliveira, Teresa Mafalda e Cíntia Sakellarides, enquanto a administração da Trust in News (TIN), dona dos títulos, procurava uma solução interna para a substituição. A escolha recaiu sobre o diretor-adjunto da TV Mais, que vai ter Rita Santos, até aqui jornalista da publicação televisiva, como diretora-adjunta.

“Já serão eles a fazer as revistas a partir da semana que vem”, confirmou ao M&P Luís Delgado, proprietário da empresa. Embora a decisão da administração da TIN tenha sido chumbada pelo conselho de redação das publicações, que levantou reservas quanto à promoção de Rita Santos, a intenção de apostar na dupla foi levada avante, uma vez que o parecer daquele órgão não é vinculativo.

Mariana Correia de Barros, diretora da revista Prima desde o início do ano, foi convidada a assumir a direção da revista Activa, mas ainda não chegou a acordo com a administração da TIN para acumular os dois cargos. “Está em curso um processo de reestruturação interna, que está a andar bem”, garante Luís Delgado. “Estas mudanças vão potenciar uma maior sinergia interna no grupo, em particular nas revistas femininas, em tudo o que tem a ver com as equipas gráficas e os repórteres fotográficos”, refere.

“Não faz sentido irem dois fotógrafos de duas publicações a um evento quando um pode tirar fotografias para essas duas revistas”, exemplifica. “No trabalho de escrita jornalística, não, mas em tudo o que forem trabalhos que se possam usar, essa sinergia será feita e é importante que seja feita”, defende Luís Delgado, que continua expectante em relação à evolução do mercado publicitário em Portugal.

“Em janeiro, fevereiro e março, não sentimos melhoria nenhuma. Tradicionalmente, janeiro e fevereiro são meses péssimos mas, em março, o mercado começava a mexer. Este ano, não mexeu. Só começou a mexer em abril”, desabafa, sem desanimar. “Em breve, entraremos no período da boa sazonalidade, que acontece em julho, agosto e uma parte de setembro, altura em que as pessoas estão de férias e têm mais tempo para ler”, justifica o empresário.

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APECOM continua a crescer em número de associados

No ano em que faz 35 anos, a Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação recupera o dinamismo de outrora. O reposicionamento iniciado em 2021 tem vindo a atrair novas agências. A autorregulação setorial é um dos desafios que a APECOM tem em mãos

O GCIMedia Group, que integra as agências de comunicação GCI e Media Consulting, é um dos três novos associados da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM), desde os primeiros meses de 2024. É também a 13ª empresa a aderir à organização presidida por Maria Domingas Carvalhosa no espaço de três anos, no âmbito da nova estratégia de abertura e crescimento que tem vindo a ser implementada.

“Quando esta direção foi eleita em 2021, entre os principais objetivos assumidos pelo novo executivo estavam a redefinição e o reposicionamento da APECOM, que deveria ser mais abrangente e incluir entre os seus associados mais empresas, de diferentes dimensões, que integrassem não só os serviços tradicionais de consultoria de comunicação e assessoria de imprensa como outros que, atualmente, também são determinantes para responder às necessidades dos clientes, nomeadamente a representação legítima de interesses, vulgo lobbying, a comunicação digital, o marketing de influência e a ativação de marca. São tudo disciplinas que integram as relações públicas e que deveriam ser chamadas a integrar esta área”, justifica ao M&P Maria Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM.

O apelo feito ao setor não demorou tempo a surtir efeito. Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, entraram sete novos associados e, de lá para cá, aderiram mais seis, de dimensões distintas. “Acredito que começámos a ser ouvidos e que a estratégia foi compreendida. Todas estas adesões vieram reforçar a família da APECOM e empoderar ainda mais a associação que defende, em Portugal, os interesses do setor da comunicação e dos public affairs”, refere a responsável.

32 agências representam 60% do mercado

Fundada em 1989, a associação empresarial integra atualmente 32 agências e consultoras, que são responsáveis por cerca de 60% do volume de negócios e 60% da taxa de emprego do setor, segundo um estudo da Informa DB para a APECOM, referente a 2021 e baseado num universo de 121 empresas.

Para beneficiarem das iniciativas de defesa e promoção de interesses, de representação e de apoio ao desenvolvimento sustentado do negócio que a APECOM promove, os associados pagam uma quota anual que não é igual para todos. “É determinada de acordo com a sua dimensão”, esclarece Maria Domingas Carvalhosa, sem adiantar valores médios nem percentagens usadas para o cálculo dos valores que garantem aos associados as vantagens competitivas que a APECOM oferece.

“Temos estabelecido parcerias e protocolos com academias e entidades que os beneficiam, nomeadamente com o Instituto Superior de Gestão (ISG), a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e a FLAG, só para referir algumas. A APECOM é igualmente membro ativo da International Communications Consultancy Organisation (ICCO), organização mundial representativa do setor, que agrupa um milhar de consultoras em 30 países. O facto de pertencermos ao conselho de administração dessa estrutura traz vantagens acrescidas aos nossos associados em todas as ações de formação, workshops e eventos que a ICCO organiza anualmente”, esclarece a responsável.

Para além de formação especializada, os associados têm também acesso privilegiado a estudos setoriais, protocolos de estágios com universidades, oportunidades de comunicação em conferências e descontos em eventos de comunicação e nas candidaturas a prémios do setor.

Para satisfazer os interesses de todos os associados, independentemente da dimensão e de necessidades que podem ser distintas, a APECOM desenvolveu uma estratégia que não deixa nenhum de fora.

“Como todos temos a aprender com todos, vamos criando grupos de trabalho por temas consoante a atualidade. Temos atualmente em funcionamento um de lobbying, estamos a criar um de sustentabilidade e vamos criar um de marketing de influência”, anuncia Maria Domingas Carvalhosa.

“Acho que o grupo de trabalho de lobbying fez um belíssimo trabalho na dinamização da discussão pública do tema e, depois, ao avançar para a autorregulação, que está disponível, desde 1 de março, no site que criámos para o efeito. A boa notícia é que já aderiram 34 consultoras de comunicação”, informa a dirigente.

Necessidade de regulação une setor

A Team Lewis Portugal é uma das três empresas a adeir à APECOM nos primeiros meses de 2024. “Sendo a maior e mais relevante associação de empresas de comunicação em Portugal, fazia todo o sentido integrá-la. Esta adesão permite-nos colaborar em diversas frentes e enfrentarmos juntos as questões que têm importância para nós e que nos impactam enquanto setor”, justifica Inês Barbosa, diretora da agência de comunicação.

Quando assumiu a direção da Team Lewis Portugal, o ano passado, aderir à APECOM tornou-se logo ponto assente. “Um dos meus objetivos passa por fazer crescer a nossa presença em eventos e por colaborar mais com os nossos pares”, refere ainda.

Apesar de estar no mercado há mais de três décadas, só no início deste ano é que a UPPartner tomou a decisão de integrar a associação empresarial. “Consideramos crucial que exista uma união do setor em torno de questões que são transversais a todas as agências de comunicação e profissionais da área. Há temas, como o lobbying, em que é de extrema importância que falemos todos a uma só voz”, defende Hélio Soares, diretor-executivo da agência de comunicação.

Essa é também a visão do GCIMedia Group, que a 11 de abril também adere à APECOM e ao Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses, um documento que materializa a missão da organização.

“Reconhecemos que a criação de sinergias é crucial para o nosso futuro enquanto grupo e para a própria resiliência do setor da consultoria de comunicação. A representatividade através da APECOM espelha o sentido de cooperação entre as empresas e a riqueza que daí advém é crucial ao progresso”, considera André Gerson, diretor-geral do GCIMedia Group desde o início do ano.

Para a BloomCast Consulting, uma das três agências que se juntaram à APECOM em 2023, a possibilidade de ter uma voz mais ativa no setor foi um dos argumentos decisivos. “A divulgação do papel fulcral dos órgãos de comunicação social é essencial para a criação de uma democracia saudável e de uma sociedade melhor e informada”, defende Rodolfo Oliveira, sócio-gerente da consultora de comunicação. “A APECOM tem também pugnado por princípios de transparência e regulação, com os quais nos identificamos, que são pilares fundamentais do setor”, justifica ainda o responsável.

Após um afastamento de vários anos, a Porto de Ideias, liderada por Carlos Furtado em parceria com Isabel Côrte-Real, voltou a preencher a ficha de inscrição, regressando à APECOM em 2023.

“Acreditamos que a nossa atividade deve ser defendida e o nosso trabalho reconhecido perante todos os intervenientes profissionais do ecossistema em que atuamos. Essa defesa é mais bem conseguida debaixo de um chapéu associativo e a uma só voz. Por outro lado, tem havido uma proliferação de agências e, por isso, sermos associados desta organização é um fator distintivo que nos favorece enquanto profissionais de referência”, realça Carlos Furtado, diretor executivo da consultora de comunicação.

“No passado, já tínhamos sido associados, mas como sentíamos que estavam a ser cumpridos os desígnios que pressupunha a nossa participação, resolvemos sair”, justifica Carlos Furtado. A estratégia adotada por Maria Domingas Carvalhosa fê-lo mudar de ideias.

“Uma das vantagens de sermos associados é poder beneficiar da partilha de conhecimento e da participação em projetos comuns, como tem sido a criação do código de conduta do lobbying. Também é uma mais-valia podermos apresentar-nos aos nossos clientes e ao mercado com uma imagem de qualidade e confiança que se rege por códigos de ética internacionais”, refere ainda o responsável.

Novas adesões em perspetiva

Apesar de a APECOM estar a atrair mais associados, são muitas as agências que ainda não aderiram à associação empresarial. “Não tenho uma resposta concreta para isso. Como dizia a Mafalda do Quino, o que é urgente não deixa espaço para o que é importante, mas tenho de me debruçar sobre o assunto”, assume Liana Pinto, fundadora da YOLO.

“É algo a considerar seriamente num futuro próximo”, afirma também Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR. Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, também não exclui a hipótese de vir a aderir à APECOM.

Os requisitos exigidos pela APECOM

Para poderem ser aceites na APECOM, as empresas interessadas têm de ter, além da consultoria em comunicação e relações públicas como atividade principal, “pelo menos três anos de atividade permanente efetiva, um volume mínimo de negócios anual igual ou superior a €200 mil, um número mínimo de colaboradores com funções executivas a tempo inteiro (no quadro) de quatro”, estabelece a associação.

“Serão também admitidas as empresas candidatas com menos de três anos de atividade permanente efetiva, mas com sócios de reconhecida e comprovada experiência no setor, incluindo empresas internacionais membros de associações filiadas na ICCO quando proposta por dois sócios efetivos”, esclarece a APECOM. Terem sido constituídas no quadro da legislação portuguesa em vigor e com instalações permanentes em território português é outro dos requisitos.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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Microagências de comunicação estão a mudar paradigma

Há cada vez mais marcas nacionais e internacionais a trocar agências de comunicação de média e grande dimensão por estruturas mais pequenas, que já representam 86% do mercado. São também responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregam 53% dos consultores. Ainda faturam menos de €2 milhões, mas o negócio não para de crescer

Carlota Morais Pires iniciou a carreira como jornalista. Em 2017, sai da Vogue Portugal para trabalhar numa agência de comunicação. É nessa altura que começa a equacionar a possibilidade de se lançar sozinha num setor, até aí, dominado por agências de média e grande dimensão.

“Ser freelancer foi um passo natural. Tinha aprendido na revista a ser exigente com o texto e com a imagem, a compreender a relevância dos temas e a fazer uma curadoria. Sabia também como é que a imprensa precisava de receber a informação e também já tinha alguns contactos interessantes”, explica a fundadora e diretora de comunicações da The Communication Studio, uma das pequenas agências de comunicação que, nos últimos anos, surgem no mercado, disponibilizando serviços mais personalizados.

Numa fase inicial, Carlota Morais Pires trabalha com marcas portuguesas, que a vão recomendando a outras. “De um momento para o outro, já fazia sentido criar uma empresa e uma identidade e ter uma estratégia e uma carteira de clientes mais sólida”, recorda a empresária, que criou a The Communication Studio, sozinha, em 2021.

A maioria das microagências que hoje opera no mercado arrancou com uma ou duas pessoas. Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR, foi um dos primeiros a antecipar a tendência. “Quando fundei a agência em 2010, após passar pelo jornalismo e por três agências de comunicação e relações públicas, duas delas líderes de mercado na época, pareceu-me que havia espaço e oportunidade para desenvolver um modelo de negócio mais próximo, exclusivo e focado nos clientes e no potencial mediático das suas histórias. O modelo de agência boutique era, na altura, uma novidade”, recorda o empreendedor.

Bang & Olufsen, Volvo, Breitling, Lego, Air France, Toys ‘R’ Us, KLM, Lazartigue, Jack & Jones e Logitech são apenas algumas das muitas marcas internacionais que, em Portugal, em vez de recrutarem uma grande agência, preferem entregar a comunicação a organizações com estruturas mais reduzidas. “A opção por uma empresa muito pequena garante um serviço quase exclusivo e quase totalmente dedicado”, reconhece Maria Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM).

“Parece-me difícil que, no geral, clientes muito grandes possam ter toda a sua comunicação assegurada apenas pelos recursos de uma empresa muito pequena. No entanto, isso tem de ser visto caso a caso, de acordo com as necessidades dos clientes”, opina a também diretora-geral da Wisdom, consultora especializada em comunicação e public affairs.

De acordo com um estudo realizado pela Informa DB para a APECOM em 2023, análise que tem por base dados financeiros referentes a 2021, em Portugal só 14% das agências de comunicação fatura entre €2 milhões e €10 milhões. As restantes 86% faturam menos de €2 milhões, apesar de serem responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregarem 53% dos consultores.

Empatia favorece escolha

Num país onde 55% do volume de negócios do setor está nas mãos de agências de média e grande dimensão, com mais meios e recursos, investir numa microagência de comunicação é uma decisão arriscada. Apesar de estarem cientes desse facto, os que o fazem nunca duvidaram da recetividade do mercado.

“Há uma enorme vantagem em trabalhar com as agências mais pequenas no que respeita o serviço ao cliente. Posso afirmá-lo por ter trabalhado vários anos numa das maiores agências de comunicação do país. Era normal termos muitos clientes e não conseguirmos dispensar tempo de qualidade para eles e para nós. Agora, procuramos dar a mesma atenção a todos os clientes, com uma oferta de serviços idêntica às das grandes agências”, assegura Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, agência que funda, em 2016, após deixar a GCI, onde trabalhou durante 15 anos. Arranca sozinha com três clientes. Hoje, tem sete avençados permanentes e já emprega cinco pessoas.

Inicialmente, a intenção de Beatriz Almeida ao investir numa estrutura pequena era ter mais tempo para dedicar aos filhos pequenos. Mas há quem se aventure neste negócio pela vontade de explorar outras áreas. “O meu intuito não era propriamente criar uma agência, queria abraçar outro tipo de projetos, nomeadamente na área da comunicação e produção de espetáculos, algo que não tinha a possibilidade de fazer na agência onde então trabalhava. A partir daí, fui desenvolvendo o conceito da Suit PR, o de termos tudo à medida de cada cliente como se fossemos alfaiates de comunicação. Sejam marcas grandes ou pequenas, temos esta liberdade de poder apresentar propostas à medida das necessidades, objetivos e orçamentos de cada cliente”, ressalva Paula Carvalho, fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

Abre a empresa, sozinha, em 2013 com três clientes. Hoje, tem 18 e está a recrutar o sexto colaborador. “Acima de tudo, penso que as grandes marcas internacionais investem em agências mais pequenas por uma questão de empatia. Por detrás das insígnias estão pessoas e essas pessoas querem encontrar alguém que compreenda a sua marca e que a comunique com paixão e propósito. Há empresas que preferem a estrutura de uma grande agência, mas outras preferem o conforto que as mais pequenas proporcionam”, assegura a empreendedora.

A cobrança de valores inferiores é, muitas vezes, apontada como uma das causas que tem favorecido o crescimento das microagências. Uma opinião que não é unânime. “Os haters dirão que é uma questão de preço. Acho que já não o é e até me questiono se algum dia o foi”, confidencia Maria Saldanha Daun, fundadora da agência com o mesmo nome, que continua a ter a dona como única colaboradora desde que é criada, em 2015.

“O rácio custo do serviço versus o retorno do investimento é relevante. Porém, especialmente em clientes com grande notoriedade, tanto nacionais como internacionais, os motivos para esta escolha vão desde a perceção entre resultados prometidos e obtidos e a flexibilidade e capacidade de resposta da agência às necessidades do cliente, até à proximidade entre o consultor e o cliente”, considera Pedro Salazar.

O fator humano é crucial. Nisso estão todos de acordo. “A agência, por muito próxima que seja, é sempre uma organização constituída por diferentes pessoas. O cliente confia na identidade de renome, mas nem sempre sabe ao certo com quem vai trabalhar no dia a dia e não escolhe os interlocutores. Com um freelancer ou com as agências pequenas, escolhe uma determinada pessoa, com uma determinada experiência e um determinado perfil. A somar a tudo isto, há também uma disponibilidade diferente e uma relação muito mais próxima. Na grande maioria dos meus clientes, sou parte integrante da estrutura de marketing ou da direção, participando em todas as decisões desde a ideia até à concretização. Isto requer tempo e disponibilidade, que eu atribuo a cada cliente de acordo com as necessidades e não com uma bolsa de horas contratualizada”, revela Maria Saldanha Daun. “Tenho clientes em Espanha há mais de dois anos que nunca vi pessoalmente, mas que considero amigos”, revela ainda.

Decisores procuram identificação

Ter uma boa rede de contactos é sempre imprescindível para o sucesso do negócio, mas na fase de arranque é crucial. Liana Pinto, cofundadora e diretora de comunicação da You Only Live Once, mais conhecida no mercado pela sigla YOLO, sempre o soube.

“Sou de instinto e de impulso, acreditei que conseguia criar a minha própria agência de comunicação e, em 2019, avancei, seguindo o exemplo de outras ex-colegas. Tinha os contactos, a experiência e a vontade e acreditava, como ainda hoje acredito, que há espaço para todos. As marcas não se esgotam e, como tal, a comunicação também não. O que muda é a forma de a fazer”, garante a ex-diretora de contas da GCI.

“Nesta atividade, é preciso ser um bom relações públicas, porque as marcas seguem as pessoas. Se eu saio de uma agência e crio uma, mesmo que pequena, a probabilidade do cliente ir comigo é muito elevada, visto que, na maioria das vezes, eu era o único interlocutor”, refere Liana Pinto.

A ex-colega Paula Carvalho é exemplo disso. Quando decidiu sair da GCI, a Lego, um dos seus primeiros clientes, acompanhou-a, até hoje. “Não sei se o aparecimento destas microagências é uma tendência, acho que tal sucede porque acaba por haver uma maior identificação dos decisores das marcas com a nossa visão da comunicação”, afirma a fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

“Temos os mesmos picos de trabalho que as grandes agências, depende dos clientes, da época do ano e da agenda mediática. Temos a vantagem de poder escolher os projetos em que acreditamos e que realmente nos apaixonam. A principal desvantagem, que diria que com o tempo está a desvanecer, é a importância que as marcas atribuem às estruturas das grandes agências. Talvez por isso é que se nota uma maior flutuação de marcas grandes a transitar para agências mais pequenas”, afirma ainda Paula Carvalho. “Com tantas pequenas agências a dar provas de qualidade nos tempos que correm, o mercado começa a reconhecê-las e a dar-lhes espaço”, sublinha a empresária.

Marcas valorizam proximidade e personalização

Nas últimas semanas, a Toys ‘R’ Us trocou a ADBD Communicare, uma agência no mercado há 24 anos, pela 17.Com, a microagência fundada por Beatriz Almeida em 2016. “Fizemo-lo pela relação de proximidade, e até de uma certa intimidade, que se criou e que me permite sentir que conhecem realmente a minha empresa e que estamos a trabalhar verdadeiramente em equipa. Há uma maior rapidez de resposta com modelos e soluções que estão bem enquadrados nos nossos objetivos e com melhores níveis de eficácia”, assegura Susana Setúbal, diretora de marketing da Toys ‘R’ Us Portugal.

As marcas que têm trocado agências de comunicação maiores por microagências justificam a decisão com a maior proximidade e personalização que conseguem ter. “Procurávamos uma pessoa polivalente, capaz de se adaptar às nossas necessidades a cada momento, que tivesse flexibilidade e espírito de serviço ao cliente e que nos garantisse um acompanhamento personalizado e de confiança. Encontrámo-la na Pedro Salazar PR, que é a nossa agência em Portugal desde 2017”, explica ao M&P fonte da Air France-KLM.

A TK Elevators, antiga Thyssenkrupp, é outra das marcas a aperceber-se do potencial das microagências. “Houve uma ligação imediata com a YOLO. Procurávamos um parceiro que pudesse ser a extensão do nosso departamento interno, porém sem uma grande estrutura associada e sem que isso comprometesse a qualidade do trabalho. Confiámos na nossa intuição e estamos muito satisfeitos com a escolha que fizemos, há já quase cinco anos”, assume Helena Calado, diretora de comunicação, de marketing e de ambiente, social e governança corporativa da TK Elevators Portugal.

A transportadora norte-americana UPS também prefere a Suit PR a uma agência maior. “Escolhemo-la pela sua ligação à rede de meios e jornalistas portugueses e comprovada criatividade”, explica Natacha Montenegro, diretora de comunicações sénior da empresa na Europa, Médio Oriente, África e Índia.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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