APCT: Público chega ao final de 2022 com mais circulação paga. No papel as quebras não poupam nenhum dos generalistas
As quebras na circulação impressa paga voltaram a não dar tréguas em 2022, afetando todos os títulos generalistas, cujos crescimentos alcançados no digital, na sua maioria, continuam a revelar-se insuficientes para equilibrar a balança. A única exceção é o Público.

Pedro Durães
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As quebras na circulação impressa paga voltaram a não dar tréguas em 2022, afetando todos os títulos generalistas, cujos crescimentos alcançados no digital, na sua maioria, continuam a revelar-se insuficientes para equilibrar a balança. A única exceção é o Público, que encerra o último ano com saldo positivo ao registar uma evolução favorável da circulação total paga (+11,7%), apesar de sofrer um recuo de 6,7% nas vendas da edição impressa.
Persiste assim uma tendência de erosão da circulação impressa paga que tem sido a realidade da imprensa generalista portuguesa nos últimos anos e que voltou a não poupar nenhum dos títulos do segmento em 2022, segundo os números divulgados esta terça-feira no mais recente relatório da APCT, relativo ao período compreendido entre janeiro e dezembro do último ano. Com vários títulos a sofrerem recuos na ordem dos dois dígitos, o diário da Sonaecom foi mesmo aquele que melhor resistiu, apresentando a quebra menos acentuada.
O Expresso, que mantém o estatuto de jornal com maior circulação impressa paga no mercado português, vendeu, em média, 46.371 exemplares por cada edição publicada entre os meses de janeiro e dezembro do último ano, números que traduzem um recuo de 12,3% na comparação com 2021, ano em que o semanário da Impresa alcançava uma média de 52.769 exemplares vendidos por edição. O Expresso, recorde-se, tinha sido o título que melhor resistiu ao impacto da pandemia em 2021, encerrando o ano com um recuo de 6,8% num contexto em que os restantes títulos do segmento registaram quebras no patamar dos dois dígitos.
O Correio da Manhã, que vendia, em média, 51.034 exemplares por edição entre janeiro e dezembro de 2021, ocupa a segunda posição no segmento, sendo líder entre os jornais diários, ficando agora também abaixo da fasquia dos 50 mil exemplares. Fechadas as contas de 2022, com uma média de 43.268 exemplares vendidos por edição, o diário da Cofina viu a sua circulação impressa paga recuar 15,2% no período analisado.
Já o Jornal de Notícias, que continua a ser o terceiro jornal mais vendido, surge como o segundo título menos castigado. Ainda assim, o diário detido pelo Global Media Group viu a sua circulação impressa paga recuar 7,3% relativamente ao período homólogo em 2021, descendo de uma média de 23.932 exemplares vendidos por edição para 22.191 exemplares. A quebra menos acentuada, como já referido, foi registada pelo Público, que, com uma média de 11.048 exemplares vendidos por edição entre janeiro e dezembro, regista um recuo de 6,7% face aos 11.846 exemplares vendidos em média no mesmo período do ano anterior.
A quebra mais pesada volta a ser sofrida pelo Diário de Notícias, que vê a sua circulação impressa paga cair 27%, passando de uma média de 2.577 exemplares vendidos por edição em 2021 para 1.881 exemplares entre janeiro e dezembro do último ano.
No quadro geral, os números do mais recente relatório da APCT são reveladores das dificuldades vividas pela imprensa generalista portuguesa. Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público, os quatro diários generalistas auditados, venderam em média, e no seu conjunto, menos 11.001 exemplares por edição, o que representa uma queda na ordem dos 12,3% relativamente à circulação impressa paga registada entre janeiro e dezembro de 2021.
Em linha com este cenário, no segmento das newsmagazines as quebras chegam aos 12,5%. A Visão, apesar de uma queda de 13%, dos 26.860 para os 23.363 exemplares vendidos por edição, mantém a liderança do segmento. Com uma média de 20.194 exemplares vendidos por edição, a Sábado regista um recuo menos acentuado (-11,95%) face a 2021, altura em que a publicação da Cofina vendia em média 22.934 exemplares por edição.
Acentua-se igualmente a perda de expressão dos jornais generalistas e newsmagazines nas bancas nacionais, onde as quebras nas vendas atingem os dois dígitos na grande maioria dos títulos. O Público que volta a surgir como o título menos castigado, recua 7,04% nas vendas em banca. Todos os restantes títulos de informação geral apresentam quebras na ordem dos dois dígitos quando analisadas as vendas em banca: Sábado (-10,15%), Expresso (-11,66%), Jornal de Notícias (-12,74%), Visão (-14,25%), Correio da Manhã (-15,26%) e Diário de Notícias (-26,87%).
Como está a evoluir a circulação digital
O Expresso mantém o estatuto de líder neste indicador apesar de ver a sua circulação digital paga recuar ligeiramente para uma média 47.450 ao longo do último ano. Os números registados pelo semanário da Impresa, que foi alvo de um ataque informático no arranque de 2022, traduzem um recuo de 1,4% face à circulação digital paga de 48.195 que o título alcançava, em média, entre janeiro e dezembro de 2021. O Expresso é agora seguido mais de perto pelo Público, que permanece no segundo lugar mas alcança um crescimento na ordem dos 17,2% e encerra 2022 com uma circulação digital paga de 46.560, média que compara com os 39.721 registados no decorrer do ano anterior.
O Jornal de Notícias mantém-se no terceiro lugar, vendo também a sua circulação digital paga reforçada em 8,08%%, passando de uma média de 4 mil entre janeiro e dezembro de 2021 para os 4.323 em igual período de 2022. Também com evolução positiva surge o Correio da Manhã, quarto neste indicador, com uma média de 2.860, um crescimento de 17,07%% face aos 2.443 registados em 2021. Já o Diário de Notícias, com uma média de 1.507, apresenta uma quebra de 25,8%.
Entre as newsmagazines, a Visão, líder do segmento na circulação impressa paga, vê a Sábado alargar novamente a vantagem no que diz respeito à circulação digital paga. A publicação detida pela Cofina cresce 37,07% no período em análise, passando de 4.489 para 6.153. A newsmagazine editada pela Trust in News vê a sua circulação digital paga evoluir favoravelmente também, mas crescendo de forma menos expressiva: +12,86%, para os 2.572.
Digital cresce mas não evita quebras na circulação paga: Saldo positivo só no Público
Apesar do crescimento registado por vários títulos na circulação digital paga, este incremento continua a revelar-se incapaz de compensar as quebras registadas na circulação impressa paga. O Público surge como a única exceção, sendo o único título, segundo os dados divulgados no mais recente relatório da APCT, a registar saldo positivo. O diário da Sonaecom regista um crescimento de 11,71% na circulação digital paga, passando dos 51.567 para os 57.608. Números que permitem ao Público assumir a segunda posição na circulação total paga, ultrapassando o Correio da Manhã.
No caso do Expresso, que mantém a liderança na soma da circulação impressa paga e da circulação digital paga, o recuo nos dois indicadores fixou com a circulação total paga nos 93.821, o que traduz um recuo de 7% quando comparada com os números alcançados em 2021 (100.898).
Já o Correio da Manhã, apesar de registar um crescimento de 17,07% na circulação digital paga, chega ao final de 2022 igualmente com saldo negativo, com uma circulação total paga de 46.128, uma quebra de 13,74% face aos 53.477 registos em 2021.
O mesmo se passa no Jornal de Notícias, com 26.514 (-5,08%). O Diário de Notícias, que recua nos dois indicadores, encerra o último ano com uma circulação total paga de 3.388 (-26,48%). Nas newsmagazines, a Sábado lidera com 26.347 (-3,92%), seguida pela Visão, com 25.935 (-11%).