APCT: Público com saldo positivo na circulação paga. No papel nenhum generalista foi capaz de contrariar a erosão das vendas
A erosão da circulação impressa paga continua a fustigar a imprensa generalista portuguesa. Nos primeiros nove meses deste ano todos os títulos do segmento viram as suas edições em papel perder expressão. No digital, com exceção do Público, o único a alcançar saldo positivo na circulação total paga, os crescimentos registados voltam a revelar-se curtos para equilibrar a balança.
Pedro Durães
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A erosão da circulação impressa paga continua a fustigar a imprensa generalista portuguesa. Nos primeiros nove meses deste ano todos os títulos do segmento viram as suas edições em papel perder expressão. No digital, com exceção do Público, o único a alcançar saldo positivo na circulação total paga, os crescimentos registados voltam a revelar-se curtos para equilibrar a balança. Com uma quebra de 6,2% na circulação impressa paga, a segunda menos expressiva no segmento, o crescimento próximo dos 17,1% no digital permitiu ao diário da Sonaecom fechar as contas do período entre janeiro e setembro com um incremento de 11,7% na circulação total paga. Todos os outros títulos registam evolução negativa neste indicador, apesar de Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Sábado e Visão alcançarem igualmente crescimentos na circulação digital paga.
Os números do mais recente relatório da APCT, relativos aos primeiros nove meses de 2022 e divulgados esta quarta-feira, voltam a evidenciar as dificuldades vividas pela imprensa generalista portuguesa, sobretudo nas vendas em papel, cuja tendência de erosão persiste. O Expresso, que mantém o estatuto de jornal com maior circulação impressa paga no mercado português, regista 47.862 exemplares vendidos, em média, por cada edição publicada entre os meses de janeiro e setembro deste ano, números que representam um recuo de 12,65% na comparação com o período homólogo em 2021, quando o semanário da Impresa alcançava uma média de 54.793 exemplares vendidos por edição. O Expresso, recorde-se, tinha sido o título que melhor resistiu ao impacto da pandemia em 2021, encerrando o ano com um recuo de 6,8% num contexto em que os restantes títulos do segmento registaram quebras no patamar dos dois dígitos.
O Correio da Manhã, que vendia, em média, 52.041 exemplares por edição entre janeiro e setembro do último ano, ocupa a segunda posição no segmento, sendo líder entre os jornais diários, ficando agora também abaixo da fasquia dos 50 mil exemplares. Com uma média de 44.273 exemplares vendidos por edição nos primeiros nove meses de 2022, o diário da Cofina viu a sua circulação impressa paga recuar 14,93% no período analisado. Já o Jornal de Notícias, que continua a ser o terceiro jornal mais vendido, surge como o título menos castigado nestes primeiros nove meses do ano. Ainda assim, o diário detido pelo Global Media Group viu a sua circulação impressa paga recuar 5,53% relativamente ao período homólogo em 2021, descendo de uma média de 23.833 exemplares vendidos por edição para 22.514. A segunda quebra menos acentuada foi registada pelo Público, que, com uma média de 11.178 exemplares vendidos por edição entre janeiro e setembro, regista um recuo de 6,24% face aos 11.922 exemplares vendidos em média no mesmo período do ano anterior. O Diário de Notícias sofre a quebra mais pesada, vendo a sua circulação impressa paga cair 28,54%, passando de uma média de 2.817 exemplares vendidos por edição nos primeiros nove meses de 2021 para 2.013 exemplares entre janeiro e setembro deste ano.
Analisados no seu conjunto, os quatro diários generalistas auditados pela APCT não deixam dúvidas quanto à dura realidade vivida pela imprensa generalista portuguesa. Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público venderam, em média, e no seu conjunto, menos 10.635 exemplares por edição, um recuo de 11,74% relativamente à circulação impressa paga registada entre janeiro e setembro de 2021.
Em linha com este cenário, no segmento das newsmagazines as quebras chegam aos 12,81%. A Visão, apesar de uma queda de 14,07%, dos 27.639 para os 23.749 exemplares vendidos por edição, mantém a liderança do segmento. Com uma média de 21.097 exemplares vendidos por edição, a Sábado regista um recuo menos acentuado (-11,34%) face aos primeiros nove meses de 2021, altura em que a publicação da Cofina vendia em média 23.795 exemplares por edição.
A perda de expressão dos jornais generalistas e newsmagazines nas bancas volta igualmente a acentuar-se. Neste caso, o Público que surge como o título menos castigado, recuando 6,46%. Apenas a Sábado regista recuo também no patamar de um dígito, vendo as suas vendas em banca diminuírem 9,1%, enquanto todos os restantes títulos de informação geral apresentam quebras na ordem dos dois dígitos quando analisadas as vendas em banca: Jornal de Notícias (-11,95%), Expresso (-12,1%), Correio da Manhã (-14,97%), Visão (-15,73%) e o Diário de Notícias (-29,24%).
Expresso segura liderança no digital
Com uma circulação digital paga de 46.986 no período entre janeiro e setembro deste ano, o Expresso segura o estatuto de jornal mais vendido no digital apesar da aproximação do Público, que fecha este período nos 46.210. Os dois títulos apresentam, no entanto, evoluções distintas. Os números registados pelo semanário da Impresa, que foi alvo de um ataque informático no arranque deste ano, traduzem um recuo de 2,34% face à circulação digital paga de 48.114 que o título apresentava entre janeiro e setembro de 2021. Já os números agora alcançados pelo diário da Sonaecom representam um incremento de 17,06% comparativamente à circulação digital paga de 39.475 reportada entre janeiro e setembro do último ano.
O Jornal de Notícias mantém-se no terceiro lugar, vendo também a sua circulação digital paga reforçada em 10,29%, passando dos 3.879 nos primeiros nove meses de 2021 para os 4.278 em igual período deste ano. Também com evolução positiva, a mais expressiva em termos percentuais, surge o Correio da Manhã, quarto neste indicador, com uma média de 2.869, um crescimento de 18,7% face aos 2.417 registados nos primeiros nove meses do último ano. Já o Diário de Notícias, com uma média de 1.512, apresenta uma quebra de 27,9%.
Entre as newsmagazines, a Visão, líder do segmento na circulação impressa paga, vê a Sábado alargar novamente a vantagem no que diz respeito à circulação digital paga. A publicação detida pela Cofina cresce 39,61% no período em análise, passando de 4.413 para 6.161. A newsmagazine editada pela Trust in News vê a sua circulação digital paga evoluir favoravelmente também, mas cresce apenas 3,2%, para os 2.420.
Crescimentos no digital não travam quebras na circulação paga: Público é a exceção
Perante as quebras na circulação impressa paga registadas pelos títulos de informação geral, os crescimentos registados na circulação digital paga continuam a revelar-se curtos para equilibrar a balança e garantir uma evolução favorável da circulação total paga. No período entre janeiro e setembro deste ano, o Público surge como a única exceção, sendo o único título, segundo os dados divulgados no mais recente relatório da APCT, a registar saldo positivo. O diário da Sonaecom regista um crescimento de 11,66% na circulação digital paga, passando dos 51.397 para os 57.388.
O Expresso, que continua a deter o estatuto de líder na soma da circulação impressa paga com a circulação digital paga, e que habitualmente apresenta também saldo positivo, regista nestes primeiros nove meses de 2022 um recuo de 7,83%, de uma média de 102.907 entre janeiro e setembro de 2021 para 94.848 em igual período deste ano. Igualmente com saldo negativo ficam o Correio da Manhã, com 47.142 (-13,43%), o Jornal de Notícias, com 26.792 (-3,32%) e o Diário de Notícias, com 3.525 (-28,27%). Nas newsmagazines, a Sábado lidera com 27.258 (-3,37%), seguida pela Visão, com 26.169 (-12,72%).