Carlos Rodrigues: Painel da GfK “continua a inflacionar o consumo de free to air em detrimento do cabo”
Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da CMTV, canal líder do cabo, aponta para algumas “fragilidades” do atual sistema de medição de audiência, a cargo da GfK.

Rui Oliveira Marques
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Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da CMTV, canal líder do cabo, aponta para algumas “fragilidades” do atual sistema de medição de audiência, a cargo da GfK. O responsável foi ouvido pelo M&P, no âmbito de um artigo publicado na edição quinzenal dedicado ao impacto das buscas da Polícia Judiciária nas instalações da GfK, na confiança do sistema de audiências de televisão em Portugal. A RTP e a SIC preferiram não comentar o assunto, a TVI remeteu a sua posição para o comunicado que emitiu a 11 de outubro, aquando das buscas.
“Temos a certeza de que continuamos [CMTV] a crescer. Essa certeza vem do contacto diário com os portugueses. Mesmo que a audimetria nem sempre registe esse crescimento ao ritmo do crescimento que sabemos ser real. Porém, não nos queixamos, nem temos uma lógica de auto-complacência. Pelo contrário, no mercado televisivo, a CMTV está e estará sempre do lado da ética de relacionamento. Não colocamos dúvidas nem questões por via anónima, ou pela porta dos fundos”, disse Carlos Rodrigues, em declarações ao M&P.
O diretor-geral editorial da CMTV garante que “sabemos que o painel não representa na totalidade o consumo real de televisão, porque continua a inflacionar o consumo de free to air em detrimento do cabo. Sabemos, também, que a medição não decompõe convenientemente o consumo Not Set, e devia decompor”, aponta. O Not Set, também designado por Outros, engloba atualmente o visionamento em diferido (time-shift), canais não medidos, streaming e conteúdos “não TV”, como DVD ou videojogos.
“Todas estas fragilidades do sistema provêm da relação de forças que se estabelece no interior da CAEM, ou seja, podem ser facilmente resolvidas caso haja consenso entre os players desta indústria no sentido de melhorar a audimetria. Ora, a quem beneficiam essas fragilidades? Creio que a ninguém”, responde.
“O pior que pode acontecer a uma indústria é quando abandona o terreno comum que a constitui e estabelece um princípio de suspeição”, retoma. Mesmo com este contexto, Carlos Rodrigues assegura que os “anunciantes têm razões para confiar no sistema de medição de audiências. Devem pugnar pelo reforço dessa confiança, contribuindo permanentemente para que a audimetria seja cada vez mais fiável e mais próxima da realidade dos consumos. Na prática, que seja cada vez melhor”, remata.
A GfK, no dia 11 de outubro, emitiu um comunicado em que garantia que a metodologia de medição de audiências “obedece a critérios de total rigor, em conformidade com os procedimentos de controle de qualidade para serviços de medição de audiências e de acordo com as regras estabelecidas para a elaboração de estudos de mercado e com as diretrizes das associações de pesquisa de mercado e sociais”.
Por sua vez, a Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) assegurou ao M&P que “os resultados e a GfK merecem a confiança dos anunciantes”.