“O meu campeonato não é o dos números, é o da qualidade”
A concorrência e os objectivos da MAGG analisados, em entrevista ao M&P, por Ricardo Martins Pereira, director-geral e publisher do projecto que arrancou esta segunda-feira e marca a entrada do Observador no segmento feminino.
Pedro Durães
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A concorrência e os objectivos da MAGG analisados, em entrevista ao M&P, por Ricardo Martins Pereira, director-geral e publisher do projecto que arrancou esta segunda-feira e marca a entrada do Observador no segmento feminino. Posicionando-se como uma magazine digital pensada para mulheres, este é o primeiro projecto autónomo do Observador desenvolvido em parceria, tendo sido criada a Creative Ninjas, empresa detida em 70% pelo Observador e em 30% por O Bandido Maneta, a nova empresa de Ricardo Martins Pereira, fundador e ex-director da revista digital de lifestyle NiT.
Meios & Publicidade (M&P): A MAGG marca a entrada do Observador no segmento feminino. Sendo este um dos segmentos com maior número de títulos em banca e com um projecto também exclusivamente digital recentemente lançado pelo Global Media Group, a primeira questão inevitável é se há espaço para mais uma publicação neste segmento?
Ricardo Martins Pereira (RMP): O nosso posicionamento não será como revista feminina mas sim como uma magazine digital pensada para mulheres. Não queremos excluir ninguém, não queremos olhar para o mercado de forma redutora, mas teremos sempre no nosso pensamento aquilo que são as preocupações reais das mulheres. O facto de existir apenas uma plataforma digital dirigida às mulheres é para nós sinónimo de oportunidade. Uma coisa seria haver dez títulos, outra coisa é quando há apenas um. Acredito que temos competências, qualidade e criatividade para criar um produto que vai acrescentar valor e que vai encontrar o seu espaço no mercado. Não acho que haja assim tanta concorrência. Quando se olha para o mercado e se pensa em publicações femininas, há duas coisas que saltam logo à vista: a primeira é que estão quase todas em papel ou os seus títulos fortes estão em formato papel apesar de muitas terem versões digitais mas sendo que essas versões digitais, dizem os números, não são muito lidas, têm números fraquinhos; por outro lado, essas mesmas publicações ainda olham para a mulher de forma um pouco redutora, reduzem muito as áreas de interesse das mulheres a coisas como a moda, beleza ou culinária quando, na realidade, as mulheres se interessam por praticamente tudo aquilo que existe hoje na sociedade, a única diferença é que olham para as coisas com uma prioridade diferente da dos homens. Ou seja, gostam de ler muitas das coisas que os homens também lêem, fazem-no é por uma ordem diferente, é o que nos diz a estatística. Um homem também gosta de ler um artigo sobre dietas mas se calhar é o quinto artigo que vai ler enquanto para a mulher será o primeiro. Por isso, aquilo que queremos fazer é produzir artigos que vão de encontro daquilo que são as preocupações reais das mulheres, uma abordagem que eu sinto que não existe no mercado. Não há nenhuma publicação digital que trate as mulheres da forma como eu acredito que a MAGG vai conseguir tratar.
M&P: Referiu uma oportunidade ao haver apenas um título digital no segmento, fazendo essa distinção para os títulos em papel. Identifica o Delas como o vosso principal concorrente?
RMP: Não. Sinceramente acho que o nosso principal concorrente é o Observador. Se olhar para o mercado e pensar quem é que pode produzir conteúdos como alguns daqueles que vamos tratar com o rigor, a qualidade e a criatividade que eu acho que a MAGG deve ter, penso que é o Observador quem melhor faz isso. A diferença é que se trata de um site de breaking news que ocupa 60 a 70 por cento do seu tempo diário a produzir notícias e depois dedica apenas 30 por cento do tempo a este tipo de conteúdos mais profundos e analíticos sobre temas relevantes para o universo feminino. A MAGG não vai ter de ocupar 70 por cento do seu tempo com breaking news por isso vai dedicá-lo todo a este tipo de conteúdos e, enquanto o Observador se calhar faz três a quatro artigos por semana que eu gostaria muito de ter na MAGG, espero que possamos fazer três ou quatro conteúdos desses não por semana mas por dia. Por isso, para mim o Delas não é o principal concorrente, é um site ao qual obviamente teremos de estar atentos, mas da mesma forma que estamos atentos ao que faz o Público, o Expresso ou o que o próprio Observador faz. Não considero o Delas um concorrente, até porque acho que no digital não concorremos por tipo de conteúdo, estamos todos a concorrer por tempo por tempo de atenção. Se as pessoas tiverem entre 45 minutos a uma hora para dedicar ao digital, todos teremos de competir para que sejam os nossos conteúdos a receber a atenção dos leitores nesse espaço de tempo. Nturalmente terão de deixar de ler alguma coisa para nos ler a nós e é essa a nossa ambição, perceber como podemos entrar no loop do dia das pessoas e ser a MAGG que as pessoas vão ler em vez de outros títulos.
M&P: Ainda assim, o mercado recorre a indicadores como o número de visitas e de pageviews e, nesse campeonato, de acordo com o Netscope, o Delas surge como líder do segmento. Têm a ambição de estar à frente também nesse tipo de indicadores?
RMP: O meu campeonato não é o dos números, é o campeonato da qualidade. Não vou estar minimamente obcecado a ver quem é que é líder, quem tem mais ou menos visualizações, não acho que seja isso que distingue um produto. Obviamente que o produto pode vender-se assim mas, mais do que isso, quero ter orgulho nos conteúdos que a MAGG vai produzir todos os dias. Claro que é hoje indissociável, quando há o lançamento de um projecto digital, a forma como o vamos rentabilizar e como vamos pagar os ordenados das pessoas no final do mês, e essa rentabilização passa pela publicidade. Naturalmente há marcas que querem saber quantas pessoas acedem aos conteúdos mas acredito que os anunciantes também estão a fazer essa viragem. As próprias marcas estão a querer anunciar em projectos de qualidade, projectos de referência nos quais também eles se orgulhem de estar, não necessariamente por estarem naqueles que são os mais lidos. Senão estavam todos nos sites que têm 50 milhões de visitas por mês e não estão todos aí. E não tem só a ver com segmentação, tem a ver com o posicionamento do produto. Não vou estar obcecado com os números, vou estar obcecado com a qualidade e rigor dos artigos que vamos fazer, com a criatividade que vamos acrescentar. Essa vai ser a nossa batalha porque também acredito que isso vai trazer leitores.
Poderá ler a entrevista completa a Ricardo Martins Pereira na próxima edição impressa do M&P