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“Somos mais uns tipos que querem fazer televisão”

Menos de três meses após a saída da SIC, Francisco Penim regressa ao activo como director-geral da Cherry Entertainment, empresa que tem como primeiro cliente o canal do Benfica. Em […]

Carla Borges Ferreira
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“Somos mais uns tipos que querem fazer televisão”

Menos de três meses após a saída da SIC, Francisco Penim regressa ao activo como director-geral da Cherry Entertainment, empresa que tem como primeiro cliente o canal do Benfica. Em […]

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Carla Borges Ferreira
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Menos de três meses após a saída da SIC, Francisco Penim regressa ao activo como director-geral da Cherry Entertainment, empresa que tem como primeiro cliente o canal do Benfica. Em entrevista ao M&P, Penim fala sobre o canal, o novo projecto e os dois anos de direcção de programas da SIC

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No final de Novembro de 2005 Francisco Penim prometia levar a SIC de novo à liderança. Dois anos depois a estação bateu o recorde de rentabilidade, mas tornou-se no terceiro canal em termos de audiências, o que ditou a sua saída da estação e, uma semana depois, da Impresa. Agora, menos de três meses depois, o ex-director de programas da SIC surge como um dos três responsáveis da Cherry Entertainment, unidade criada no seio do grupo Ativism e que tem como objecto de acção o entretenimento, um conceito que pode ir da produção de programas à abertura de restaurantes, desde que “diferentes”. O Benfica é o primeiro cliente.

Meios&Publicidade (M&P): No dia em que apresentaram a empresa anunciaram que o vosso primeiro cliente era o canal do Benfica. Como é que o ganharam?

Francisco Penim (FP): Andava muita gente atrás do canal… Na SIC liderei um processo de negociação que durou quase três anos com o Benfica. Na altura o Benfica apareceu a perguntar se a SIC estava em condições de fazer o canal com eles.

M&P: Aí seria mais um canal SIC?

FP: Seria um canal encomendado pelo Benfica à SIC. A SIC estudou o negócio, ficou entusiasmada e estivemos em negociações durante dois anos e meio. Depois o Benfica chegou à conclusão, e hoje em retrospectiva parece-me correcta, também porque estou deste lado, que o canal devia ser detido pelo clube. Seria sempre muito complicado um grupo de comunicação ter lá dentro, mesmo que fosse com uma equipa ao lado, um canal deste género, com uma implicação desportiva/informativa tão grande. No início deste ano, já depois de termos constituído a Cherry – eu, o Pedro Costa e o Gonçalo Castel-Branco – houve um telefonema da SAD a propor que fosse a Cherry a fazer o start um do canal.

M&P: Não participaram então em nenhum concurso? No início do ano o director de marketing do Benfica deu uma entrevista ao M&P onde dizia que estava a decorrer um concurso com produtoras para o canal.

FP: Na nossa perspectiva houve um cliente, o Benfica, que nos convidou para algo, que se chama direcção de projecto. O que é a direcção de projecto? É fazer uma implementação técnica do canal, do que necessita para estar a emitir, fazer um acompanhamento da imagem corporativa do canal – vai ser tratado por uma empresa que não é a Cherry, mas depois vamos fazer a adequação da imagem corporativa à linguagem televisiva, nomeadamente definir a artística do canal. A outra parte tem a ver com a adequação de uma grelha de programas, de projectos, de conteúdos a horários. Esse é um trabalho que a Cherry tem que fazer, em conjunto com uma pessoa que teremos que encontrar, porque faremos também um trabalho de head hunting para encontrar o director do canal e uma outra pessoa. Feitas estas partes todas a Cherry há-de preparar o caminho para o canal estar no ar, será lançado, acompanharemos um, dois ou três meses e terminará o contrato.

M&P: Está previsto um segundo contrato? Um eventual acompanhamento ou produção de programas?

FP: Está. Eventualmente podemos continuar a acompanhar ou não, podemos produzir ou não, mas não está contratado.

M&P: Mas faz sentido que produzam para lá, ou não?

FP: Faz, mas neste momento a Cherry não tem nenhum contrato de produção com o Benfica. Depois de estar identificado e contratado o director, ele é que tem que decidir. Ele é que tem que decidir que programas quer, qual é a grelha, os horários. Nessa fase, terá o mercado todo à disposição.

M&P: O director não vai estar muito espartilhado pelo vosso projecto?

FP: Não, não. Pessoalmente já pensei nesta grelha há três anos. Quando a Cherry foi contratada deixei bem claro que por muito que eu soubesse e já tivesse reflectido sobre a grelha, os conteúdos, os horários, isso seria alinhado com a estratégia do clube – e muitas coisas mudaram desde o início das negociações na SIC. Essa ajuda que a Cherry poderá dar será validada pelo director do canal. Essa pessoa nunca se sentirá espartilhada a dizer “isto é o que eu tenho que fazer”. Vai-lhe ser explicado que há uma estratégia e qual é. Basicamente a estratégia é que o canal tem que ser a voz do Benfica, tem que ter essencialmente futebol, não pode ter só futebol…

M&P: E não tem o exclusivo dos jogos do Benfica, não é?

FP: O clube há-de falar sobre isso. Eu não vou falar hoje sobre os conteúdos do canal. Estrategicamente é a voz do Benfica. Tudo o que é cultura benfiquista, tudo o que um adepto, sócio ou simpatizante, em Portugal ou no estrangeiro, pode querer ver sobre o seu clube de eleição vai poder ver na sua plenitude, e integrado no que é ser benfiquista… Sobre o resto não posso falar agora.

M&P: Disse ver em Portugal ou no exterior. Como é que poderá ser visto no exterior. Satélite, internet?

FP: O canal terá que estar disponível através de plataformas de massa. Quantas mais plataformas de massa tiver, melhor. Mas não vou tecer considerações sobre se é a plataforma A ou B. Mas, inevitavelmente, plataformas que cheguem ao maior número de pessoas é o que o canal vai querer.

M&P: O Benfica disse em Novembro que com a TV Cabo já não faria o canal. Faz sentido que seja noutra operadora, sendo que a TV Cabo tem uma dimensão superior?

FP: A minha opinião é: o maior número de plataformas será sempre bem-vindo para os benfiquistas. Portanto, limitar a uma plataforma, a duas, a plataformas mais pequenas, não faz sentido nenhum. Diria que o objectivo será estar em todas.

M&P: E será um canal premium?

FP: Não vou falar sobre isso.

M&P: Para além do canal, a Cherry pode fazer outras coisas para o Benfica?

FP: Estão a existir outras conversas exploratórias no sentido de fazermos outras coisas. É possível que aconteça, mas é muito cedo.

“Há abertura da SIC e da TVI”

M&P: Ao arrancarem com o canal do Benfica aparentemente começam logo pelo melhor. O que vier a seguir não vai parecer menos interessante?
FP: Não estou preocupado com isso. Este é, de facto, o melhor cliente que a Cherry poderia ter como o número um. Será sempre o número um. É um cliente grande, o negócio era muito procurado, havia grande expectativa sobre quem é ia fazer isto… Depois, ter a oportunidade de lançar mais um canal de cabo para mim é importante. Não estou nada preocupado com o segundo, terceiro ou vigésimo cliente. Apenas quero tornar a Cherry o mais rentável possível, com o break even já este ano. Se for possível ficarei muito contente.

M&P: Estamos a falar de uma facturação prevista de quanto?

FP: Não vou falar sobre números.

M&P: Tem-se falado de um investimento inicial de 500 a 600 mil euros. Este número é real?

FP: O capital social da Cherry é de 500 mil euros e parece-nos que no primeiro ano vamos conseguir o break even. É uma ambição da direcção.

M&P: De quem é a empresa? Está na Ativism, mas é do grupo? É vossa?

FP: A empresa é da Ativism, não é nossa, de todo.

M&P: Dizem que vão fazer tudo o que seja entretenimento, desde inauguração de restaurantes a programas de televisão. Não é demasiado abrangente? Como é que surgiu a ideia?

FP: Surgiu a ideia de não fazermos uma produtora de televisão, ou não fazermos uma editora discográfica, ou uma agência de agenciamento… Surgiu a ideia de fazermos um pouco de tudo, de nos rodearmos de pessoas que conseguissem compreender esta ideia mais global de entretenimento, onde basicamente quase qualquer coisa pode ser vista como entretenimento, desde que pondo de lado a parte da ficção, dos current affairs, e do hard news. Tudo o resto vamos querer fazer. É um projecto de intenções. Havemos de conseguir fazer umas coisas e outras não. Queremos lançar livros e revistas, mas não sei se revistas já…

M&P: Revistas corporativas ou outras?

FP: Podemos estar a falar de revistas corporativas, desde que as corporações sejam mais da área do entretenimento, ou que alguém nos peça revistas mais desse género. Desde que não sejam revistas de informação, vamos tentar fazer alguma coisa.

M&P: Informação no fundo é tudo.

FP: Informação no fundo é tudo, mas podemos fazer uma revista de música, espectáculos, bailado, brinquedos sexuais, não faço ideia… Desde que não seja uma revista sobre política ou uma newsmagazine…

M&P: Acredita realmente que vai fazer inaugurações de restaurantes, ou é uma forma muito lata de descrever a Cherry?

FP: É essencialmente uma forma lata, mas não lhe escondo que acredito. Acredito que a Cherry possa deter dois restaurantes, têm é que ser restaurantes diferentes. Não é propriamente abrir uma casa de pasto ou uma pizaria. Agora, se abrirmos uma pizaria onde os empregados cantam árias de ópera, parece-me diferente de apenas um restaurante. Tem que ter ali outra coisa… Ou porque se come no escuro ou descalços em cima de pedras… Não faço ideia, mas algo que sejam experiências que impactem pessoas, que as faça pensar “também me diverti, também me emocionei”.

M&P: Qual é a área que vai ter mais peso na Cherry? Este ano, com o canal do Benfica, provavelmente será televisão, mas e depois?

FP: Este ano a televisão vai ter uma grande preponderância, mas para o ano não faço ideia, até porque temos que ver o que é isto de agenciarmos pessoas, de lançar discos, fazer um livro ou dois.

M&P: Já têm ideias para algum livro?

FP: Perfeitamente, acredito que neste semestre será lançado um livro. Não será um romance, será uma coisa leve, mais cómica. Não posso dizer quem é o autor.

M&P: Na área do agenciamento têm os Anjos. Mais alguém?

FP: Estamos a ir buscar pessoas que estiveram conotadas com o último projecto dos três, o Família Superstar. Os Anjos, a Raquel Guerra, o Nelson Antunes, a Catarina Pereira, a família Correia, a Filipa Azevedo e o Hugo Araújo. Mas queremos agenciar também actores e apresentadores de televisão.

M&P: Está nos vossos planos trabalharem para os canais generalistas?

FP: Perfeitamente. Há abertura da SIC e da TVI e estou a ver se marco um encontro com a RTP, para uma reunião semelhante de prospecção.

M&P: Já falou com a SIC e TVI?

FP: Já. Com a RTP ainda não, mas é uma questão de timing para encontrarmos um dia. Na perspectiva dos canais generalistas somos mais uns tipos que querem fazer televisão. A nossa ambição, no entanto, é trazermos alguns formatos de fora para vender aos canais e, eventualmente, produzir. Mas também queremos ter ideias nossas e tentar a sua adaptação internamente e internacionalmente. Temos uns contactos em Espanha com produtores com quem estamos a selar parcerias, para coisas que possam vir de fora e seremos os agentes cá dentro, e de formatos que podemos, eventualmente em sonhos e porque somos loucos, identificar umas ideias, transformar em programas de televisão, que outros vendem internacionalmente.

M&P: Até pela sua experiência, sabe que é muito difícil os programadores apostarem em formatos próprios. Acredita mesmo que vão apostar em formatos não testados?

FP. É muito difícil. Ainda assim esta equipa provou que consegue criar programas do zero que tenham sucesso, como a Família Superstar. Esse projecto dá-nos algum crédito perante o mercado. É uma ambição, não quer dizer que seja assim. Qualquer programador tem imensa resistência em apostar num formato novo e não testado. Eu tinha a mesma perspectiva, apenas fui louco o suficiente para dizer “vamos para a frente”. Os outros programadores podem ser mais conservadores.

M&P: Já tem algum formato mais ou menos pensado?

FP: Já temos vários pensados, mas nenhum desenvolvido ao ponto de dizer “este é o formato para…”. Até porque temos que ter umas conversas sérias – já começámos a tê-las, sobretudo com a TVI e com a SIC – para perceber do interesse deles sobre determinado formato, se vale mais a pena investir nisso ou não. Os contactos internacionais também vão no sentido de identificar formatos que possam ser interessantes. Ainda assim, não deixa de ser um sonho. É uma loucura uma empresa que ninguém conhece de lado nenhum em Portugal dizer “nós agora vamos fazer formatos originais”. Isto é o que qualquer produtor em qualquer país quer.

M&P: Se encontrarem um formato que, convictamente achem que é o tal, podem avançar sozinhos ou vão esperar para que exista um canal interessado?

FP: Podemos. Uma das parcerias que estamos a fazer com uma produtora de Espanha pressupõe exactamente isso. Se nós e eles estivermos suficientemente convictos que o formato é suficientemente forte poderemos, em co-produção, fazer um número zero e apresentar em Portugal e Espanha.

M&P: Qual é a produtora?

FP: Não digo.

M&P: Há mercado para mais uma produtora em Portugal?

FP: Se houvesse, teríamos feito uma produtora só. Para uma produtora só a coisa é mais difícil. No entanto, por mais pequeno que seja o mercado, e por muito saturado que esteja, acho que precisa sempre de ideias novas, de pessoas novas e de idiotas novos.

M&P: Com a SIC, e não pondo em causa o mérito, não seria estranho trabalharem já a seguir? Estou a imaginar alguns títulos… Mesmo para a estação não é um risco acrescido?

FP: Essa pergunta tem que ser feita também à estação. A nossa consciência está tranquila e penso que a da SIC tranquila está. Não tenho nenhum problema em trabalhar como a SIC e como sei que da SIC há abertura, penso que é possível. Agora, se se vai concretizar ou não é outra questão. Independentemente dos títulos… Quero lá saber disso! E não me parece que o Nuno (Santos) esteja muito preocupado.

M&P: Como é que vê a chegada do quinto canal?

FP: Hoje tenho que ver como uma oportunidade. Agora, o mercado é muito pequeno para ter mais um.

M&P: Se a pergunta fosse feita há um ano, provavelmente a resposta seria que não há espaço, que o investimento em produção iria diminuir, que ao contrário do que diz a APIT a vida ficaria pior para todos.

FP: Eu acho que a vida não vai ser fácil. E não vai ser fácil porque o valor da publicidade vai descer e isso não são boas notícias para quem faz uma facturação extraordinária. A não ser que se preparem para o futuro, e eu sei que a SIC se prepara para o futuro, só para lhe falar do que diria há um ano. Agora, como novo player, um cliente como o quinto canal é bem-vindo, é sempre mais um. Mas o mercado é mínimo e não me parece que a solução da RTP continuar com publicidade seja extraordinária. É extraordinária para a RTP, mas para o mercado não me parece.

M&P: Mas enquanto a publicidade estiver ao serviço da dívida dificilmente deixa de existir. A não ser que o PSD ganhe as eleições e que seja com o actual líder.

FP: Pois, eu sei. Publicamente sempre fui contra a publicidade na RTP. Publicamente sempre manifestei isso, porque trabalhava para a SIC. Hoje não o renego, não me parece fazer grande sentido que a RTP seja financiada através de publicidade. Mas, é o que é. Quem disputa o mercado publicitário, que não sou eu, é que tem que pressionar.

 “A SIC para mim sempre foi o Benfica”

M&P: Deixou a SIC em Dezembro, depois de 25 meses como director de programas. O que é que correu mal?

FP: O que correu mal foram as audiências, que baixaram.

M&P: Mas porquê, em sua opinião? Vamos recuar até ao final de 2005. As expectativas eram altíssimas. Afirmava, sem meias palavras, que queria liderar em 2007 e acho que o mercado até acreditava que ia acontecer alguma coisa interessante nesse sentido. Dois anos depois, correu objectivamente mal. As audiências baixaram, a SIC passou a ser o terceiro canal e o regresso daquele élan que prometia não só não voltou como parece mesmo ter desaparecido.

FP: Repare, a SIC está em queda desde 1997. Há 11 anos que está em queda e todos os anos foi perdendo mais um bocadinho, até que perdeu a liderança. E o ciclo não voltou para cima. Agarrar numa estação que há sete anos está em queda não é fácil, no entanto isso não me assustou e pensei “vamos embora, isto é possível”. Sabia que seria complicado, mas não passa pela cabeça dizer o mercado “ui, isto vai ser complicado! Vai demorar muito tempo”. Apenas me lembro de ter dito “se a TVI demorou quatro anos a dar a volta, eu quero fazê-lo em dois”. E sabia que era ambicioso, mas não está em mim não ser ambicioso, não está em mim dizer “houve fulanos que conseguiram em quatro anos, acho que em quatro dá”. Vou sempre partir para uma meta mais ambiciosa e tenho que ser julgado por isso.

M&P: Sendo que da TVI não se esperava muito, porque nunca tinha sido ganhadora.

FP: A SIC para mim sempre foi o Benfica, que ainda hoje é a ambição de qualquer jogador. Passa-se a mesma coisa com a SIC. Chegar ao Benfica para um jogador é “uau, cheguei lá”. Mesmo que o clube não ganhe o campeonato todos os anos. Se ler os jornais desportivos no início de cada época dizem “este ano o Benfica vai ter que ganhar” e as pessoas na rua pensam “o Benfica este ano vai ter que…”. Está instituído na cultura portuguesa. Mesmo que o treinador seja mau, o estádio verde ou azul e os jogadores todos maus. Tem obrigação de ganhar. Porquê? Porque é o Benfica! É uma coisa que vem de trás. A SIC padece do mesmo mal, se é que é um mal. Tem uma história tão extraordinária que tem sempre a obrigatoriedade de ganhar, mesmo que o director de programas seja coxo, que os apresentadores sejam todos extraordinários, que a grelha seja mais ou menos e a imagem fora de série, ou outra combinação qualquer. A ambição e a obrigatoriedade é ser líder, até porque isso é incutido pelo dr. Balsemão. É preciso ser líder a todo o custo, fazer o melhor possível, na facturação e nas audiências. 2007 foi o melhor ano da história da SIC em termos de facturação e as audiências foram más. Portanto, imagine…

M&P: O aumento de receitas não veio da publicidade, que está relacionada com as audiências.

FP: Exacto, ou seja, veio do que dependia dos negócios que eu fazia, porque todas as áreas que não a publicidade tradicional reportavam a mim. Ou seja, parte do meu objectivo foi o melhor da história da SIC, desde sempre, mas a outra parte, as audiências, foi a pior. Julga-se deste modo. O que não correu bem foram as audiências.

M&P: Como é que audiências caíram tanto?

FP: Provavelmente fiz mais erros do que coisas boas, arrisquei demasiado, pus projectos no ar que não correspondiam. O dr. Balsemão disse-me “a primeira novela tem que ser um êxito”. Respondi que a primeira não ia ser, mas talvez a terceira ou a quarta. E depois enganei-me, a primeira foi o maior êxito desde sempre. E a Floribella não ganhava as audiência, não liderava…

M&P: A Floribella que em Espanha era transmitida uma vez por semana e de manhã.

FP: Sim, mas cá, em prime time, era uma loucura. Vendeu 20 discos de platina, o que é outra loucura, vendia saias, cuecas e meias como se não houvesse amanhã, vendeu musicais, DVD’s… Isto foi um fenómeno. Quando se decide fazer uma coisa destas têm-se a ideia que pode ser um sucesso, mas nunca que será o maior fenómeno que a SIC alguma vez fez ou que Portugal alguma vez viu na ficção. Com tudo isto, devo comprar a segunda série ou não? Como é óbvio compro, nem penso 30 segundos. Só que a segunda série tem cinco ou sete pontos menos de audiência, o que significa fracasso. A primeira é melhor do que a segunda? Devíamos ter morto o príncipe? O horário foi o correcto? Ninguém sabe a resposta. O que fica para a história é que a primeira foi o maior sucesso e a segunda não resultou. E eu desafio qualquer pessoa, na minha posição e com as condicionantes que só o director de programas conhece, a dizer “não, a primeira foi assim por sorte, portanto nem pensar na segunda”. Se eu não comprasse diziam “este tipo é um atrasado mental”. Lembro-me de ir a reuniões com clientes e dizer “vai haver uma coisa que é a Floribella”. E a resposta era “Floriquê?”. Na segunda, andava tudo a dizer “eu quero aquilo”. Depois teve metade da audiência… Azar! É culpa de quê? Não sei, mas seguramente é culpa minha.

M&P: O problema não foi só a Floribella.

FP: Não. Adiante, e falando só de ficção, que ocupava uma larga faixa do dia. Identificámos que tínhamos que ter três novelas em produção para conseguirmos economia de escala e produzirmos mais em conta. A segunda novela é a Jura, que nasce com esse estigma: “Se a primeira foi o que foi, a segunda tem que ser mais”. E sempre avisei as pessoas, inclusive a imprensa, que isso é a lógica da batata. Quando a Jura, que deu noutro horário, acabou, acontecem duas coisas: tinha menos share do que a Floribella mas mais do que a estação. E a imprensa diz “é um fracasso”. Onde é que está o fracasso? O que mede o sucesso na cabeça do programador é se o programa faz mais share do que a estação… No meu livro, se a Jura fez, foi um sucesso.

M&P: Seguiu-se a Vingança.

FP: Que levou muitas pessoas a voltar ver novela. Foi a novela com mais sucesso de todas, mas o que fica para a história é “a Floribella é que foi”. Os resultados de share da Vingança foram, em média, bastante superiores à Floribella. Depois, a quarta novela já não resultou, a quinta não resultou e a sexta também não. Depois de três sucessos, haver três fracassos… Podemos estar três dias a discutir e a dizer que é normalíssimo, mas o accionista não tem necessariamente a minha perspectiva. Apenas se lembra que pediu que a primeira fosse um sucesso, eu disse que não ia ser, foi e ele pensa “este tipo é parvo”. E depois a segunda ainda corre bem e a terceira é a melhor de todas… O accionista cria uma falsa expectativa de que tudo vai correr bem. Até que aconteceu a quarta, Floribella 2, que não resulta, a quinta, Chiquititas, que não resulta, e a sexta, Resistirei, que não resulta. Portanto, a três novelas que resultam seguiram-se três que não resultam. Para quem está a construir uma fábrica do zero, é muito complicado. Quando tenho três novelas seguidas que não resultam estou a mitigar por completo a audiência do dia. Quando começo a pôr coisas para mais cedo ou para o fim de semana para não prejudicar muito o dia, já estou é numa espiral de controlar danos.

M&P: Nessas circunstâncias não se pode cancelar a novela, pô-la às 3 da manhã…?

FP: É uma máquina em andamento. O que se consegue é fazer alguns ajustes que tem repercussão daqui a dois ou três meses, e eu preciso para amanhã. Pode-se melhorar a promoção, pode-se mudar de hora… Estas coisas foram feitas, mas nunca resultaram como queríamos. Depois foram as novelas da Globo, que estão a decair há muitos anos. Eu tinha novelas guardadas, que por obrigação contratual tinha que pôr no ar e pagar. E não as queria pôr no ar, porque eram demasiadamente más.

M&P: Não podia pagar e não transmitir, mesmo com os custo inerentes à decisão?

FP: Não, porque o contrato obriga a SIC a emitir e a pagar. Quando até os brasileiros percebem que a novela não é boa, para não exagerar, até eles se desculpam quando estreia à 1h, depois está às 2h e depois às 3h30. Não há nenhuma hora a que a novela Bang Bang consiga estar no ar em Portugal, o público não vai querer ver. A Amazónia já estava no ar às 4h30, em estreia, um produto caríssimo. É estúpido, mas o contrato obrigava. Esta franja são mais três horas, já são seis horas que não têm resultados extraordinários. A SIC é refém disso, mas não há programas que salvem canais de televisão, há canais que salvam programas. Quando o canal tem seis horas, em que uma está bem, outra mais ou menos e as outras mal, é muito difícil fugir. É difícil. Quando isso ocupa grande parte do seu orçamento de custos, não consegue inventar com pouco dinheiro coisas muito extraordinárias do pé para a mão. Consegue inventar um Família, manter um Contacto ou um Fátima que lideraram em 2007, o problema é que não chega. A informação também não funcionou suficientemente bem, porque uma coisa depende da outra. Eles fizeram um trabalho de excelência, mas o resto não puxava por eles. Foi o que correu mal, não foi fácil.

M&P: A SIC já voltou a liderar. Como é possível?

FP: Não vou tecer grandes considerações. Obviamente é porque as decisões tomadas agora foram as correctas e as anteriores não foram correctas. Se calhar a conjuntura é diferente e o futebol é uma ajuda enorme. Quando se comprou a Taça, no início de Dezembro, já foi na perspectiva de ter mais futebol, e isso seria determinante. Mas não chega. Ter jogos das competições europeias é muito decisivo. Ter esses mais a Taça é muito diferente.

M&P: Teve condições para fazer o que queria?

FP: Tive todas as condições. Não ouvirá de mim uma queixa sobre as condições que não tive, porque sempre tive todas.

M&P: O que é que se imagina a fazer daqui a dois ou três anos?

FP: Não faço ideia. Em qualquer projecto que esteja, desde que seja desafiante, vou achar que estou bem, que estou a fazer algo diferente. Por muitos mais anos que gostasse de continuar na SIC, cheguei à conclusão que não podia continuar e que tinha que sair para fazer qualquer outra coisa, sem uma grande preocupação do que seria. E hoje estou aqui, motivado para fazer muitos projectos e projectos diferentes, não só em televisão. Preciso de fazer outras coisas para não me desgastar.

M&P: Para não se desgastar?

FP: Sim. Os últimos dois anos foram um inferno. Não me está a apetecer ter mais anos de inferno.

M&P: Quando é que a SIC deixou de ser divertida, uma palavra que usava muito há dois anos?

FP: Dentro do inferno sempre foi divertido. Agora, foi um inferno.

M&P: Mas o que é o inferno? É o stress de gerir a programação ou é estar lá e pensar “agora só falam do Nuno Santos”, que era a sensação que se tinha cá fora?

FP: Não. Não, de todo. A responsabilidade e a pressão eram coisas de que não estava à espera. Não estava à espera que fosse tanta pressão, interna essencialmente, e não pensava que sentiria tanto o peso da responsabilidade. Quando eu, na SIC, tinha um dia mau, toda a Impresa tinha um dia mau, porque a Impresa tem um volume de facturação muito grande, mas grande parte depende do que a SIC faz. Se a SIC tem um dia bom a Impresa vai ter um dia bom, se tem um dia mau a Impresa também tem um dia mau. E não é só em termos de receitas, é também audiência e bolsa. Se a bolsa fosse receitas, a SIC estava extraordinária. Mas não é, a bolsa é uma coisa que ninguém sabe bem o que é. É seguramente percepções sobre as coisas… Essa pressão é muito grande. Há constrangimentos que só o director de programas consegue sentir, a responsabilidade é sempre dele. E isso é um inferno. Não deixa de ser um inferno divertido…

M&P: Mas é muito mais divertido quando os dias são bons.

FP: Não dormir durante dois anos não é nada divertido. Eu soube que ia sair da direcção de programas no dia 12 (de Dezembro) e na noite do dia 13 dormi sete horas. Não me lembro da última noite em que dormi sete horas nos dois anos anteriores. E isso é uma pressão desmesurada. Andar sempre no telefone, sempre no email, sempre a ver as audiências, sempre em reuniões, sempre com toda a gente a querer falar consigo, é muito complicado. Ter todas as pessoas a tentar influenciar todas as decisões, é suficientemente complicado. Depois lida-se com muito dinheiro, e por muito que eu seja desprendido, não sou porque é o dinheiro dos outros. Não é difícil de se lidar, lida-se, mas no ‘bolo’ é um inferno e isso eu não quero repetir, pelo menos para já.

M&P: Quando é que percebeu que a saída estava iminente?

FP: Eu não queria o cargo, mas tinha a certeza que um dia ia surgir um pedido e eu teria que dizer que sim. E sabia que no dia em que estivesse a dizer que sim, estaria implicitamente a dizer “um dia vou-me embora”. Eu queria ficar lá mais anos e com o cargo que tinha. Não posso dizer é que tenha sido uma surpresa. Era muito difícil continuar depois da sucessão de novelas que não resultaram. Depois da Chiquititas não resultar, percebi que mais dia ou menos dia ia acabar. A minha obrigação era então tentar fazer com que as audiências fossem o melhor possível, a facturação a mais alta possível e a transição entre direcções a mais soft possível.

M&P: No final de 2005, em entrevista ao M&P, afirmou que sabia que a sua “cabeça estava a prémio” e que um dia, passado uma semana ou dez anos, Francisco Pinto Balsemão o chamaria para dizer “Francisco, obrigado mas não dá mais”. Foi mais ou menos assim?

FP: Foi, foi feito como sempre acreditei que ia ser. Sempre acreditei que não ia sair da SIC nem da Impresa, que havia confiança suficiente para que houvesse uma proposta e uma negociação sobre o meu próximo passo dentro da empresa. E foi o que aconteceu, ninguém me disse “olha, vamos lá negociar a saída”. Foi proposta uma nova realidade, num outro cargo…

M&P: Na Impresa Digital.

FP:… E eu nunca achei que ia sair. O dia em que cheguei a essa conclusão foi muito triste para mim. Não estava à espera de eu próprio decidir sair, daí que quando me propuseram um novo cargo, o que senti foi “claro que vou dizer que sim”. Porque em mim estava o dogma que “obviamente não vou sair nunca da SIC ou da Impresa”. E numa semana mudei de ideia, é verdade. Reflecti, falei com algumas pessoas, aconselhei-me e achei que tinha sido irreflectido. Por muito que me custasse pessoalmente e emocionalmente, tinha chegado a altura de me ir embora.

M&P: O que é achou que ia fazer?

FP: Achei que ia pensar sobre o que ia fazer ou não. Que ia atender telefonemas, ir a reuniões. Foi o que acabou por acontecer.

M&P: Recebeu muitos telefonemas?

FP: Nunca pensei que o mercado se mexesse tanto. Mexeu-se muito mais do que esperava e isso foi bom registar.

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RTP transmite jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 em direto

As provas do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino da UEFA, competição desportiva em que a seleção portuguesa participa, são exibidas entre 5 a 18 de maio na RTP1, na RTP2 e na RTP Play. A final do torneio acontece a 18 de maio, na Suécia

De 5 a 18 de maio, os jogos do UEFA Euro Feminino Sub-17 podem ser visto em direto nos canais RTP1 e na RTP2 e na plataforma digital na RTP Play. “O pontapé de saída da seleção nacional acontece na segunda, dia 6, frente à seleção de Espanha. O jogo tem início às 17h30, em direto na RTP2. No dia 9, a equipa das quinas volta a entrar em campo para defrontar a seleção da Bélgica num jogo que poderá ser seguido a partir das 12h00, na RTP2”, informa a RTP em comunicado.

“No dia 12, Portugal tem pela frente o jogo com a seleção da Polónia, exibido às 14h30, na RTP1”, refere ainda o documento. Se a equipa portuguesa transitar para a fase seguinte, volta a jogar numa das meias-finais do Campeonato da Europa de Futebol Sub-17 Feminino, agendadas para 15 de maio, às 14h30 e às 17h30. A final da prova, que também será transmitida em direto, acontece a 18 de maio, às 16h, quatro horas depois da penúltima partida do torneio, que se realiza na Suécia.

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Crescer sozinha e em parceria não é uma contradição

Ao fim de um ano a operar sozinha com a Strategic Time, Sofia Jardim junta-se a Gonçalo Freitas e João Silva, que operam a partir do Dubai, para fundarem a Partners 4 Communication. Nova empresa integra os serviços de assessoria de imprensa e de relações públicas da Strategic Time e as valências de comunicação e marketing digital da Digital Connection, detida pelos outros dois sócios. As estruturas das duas empresas-mãe mantêm-se autónomas

A parceria com uma empresa de comunicação e marketing digital é o próximo caminho a seguir por Sofia Jardim, que desde abril de 2023 trabalha a solo, através da Strategic Time. Esta é a agência de relações públicas e assessoria de imprensa que cria, quando sai dos hotéis Sublime, ao perceber a procura por profissionais nesta área que entreguem um serviço personalizado e com um único interlocutor, em detrimento das agências de comunicação clássicas, em que o cliente interage menos com o líder da empresa.

O objetivo imediato da união da Strategic Time com a Digital Conection não é abandonar este posicionamento. É antes disponibilizar aos clientes de cada uma delas os serviços uma da outra numa perspetiva integrada de partilha de clientes, através da Partners 4 Communication.

Esta nova empresa é detida por Sofia Jardim e dois sócios no Dubai, Gonçalo Freitas e João Silva, licenciados em engenharia multimédia e em relações públicas e comunicação empresarial, respetivamente, e proprietários da Digital Connection, que tem clientes em Portugal, nos Emirados Árabes Unidos e em África.

Diana Abecassis, gestora de clientes, integra também a estrutura da nova empresa, que exigiu um investimento mínimo, uma vez que é suportada pelas estruturas da Strategic Time e da Digital Connection.

Um dos primeiros projetos em comum é o Hotel Baía, em Cascais, que a Digital Connection trabalha em termos da nova identidade corporativa, imagem e site, passando para a Strategic Time as áreas de comunicação, assessoria de imprensa e relações públicas. A Swimrun Portugal Series, uma espécie de Iron Man sem a prova em bicicleta, é outro dos clientes.

Para já, a Partners 4 agrega a comunicação e o marketing digital da Digital Connection, e a assessoria de imprensa e relações públicas da Strategic Time e estas duas empresas-mãe mantêm-se no mercado de forma autónoma e com clientes próprios, partilhados na nova empresa quando necessário.

Até chegar a esta parceria, Sofia Jardim faz um caminho longo. Primeiro como gestora de marketing em meios de comunicação, na antiga editora de revistas Abril Controjornal, entretanto integrada no Grupo Impresa, e no grupo hoteleiro CS (atualmente Nau).

Transita para a área da assessoria de imprensa e relações públicas, no regresso de um MBA em marketing, na National University, em San Diego, nos Estados Unidos, entrando ao serviço da Tempus (distribuição de relógios e lojas Boutique dos Relógios), de onde passa, 11 anos depois, para a comunicação e relações públicas dos hotéis Sublime, em Lisboa e na Comporta, onde trabalha durante cerca de um ano.

“Quando saí da Tempus, percebi que havia espaço no mercado para trabalhar individualmente em outsourcing, não fazendo parte dos quadros das empresas dos clientes, mas como uma extensão externa e fazendo um trabalho personalizado, à imagem do cliente”, explica Sofia Jardim, proprietária da Strategic Time e sócia da Partners 4.

É nesta lógica que fica responsável pela assessoria de imprensa e relações públicas do Club7, em Lisboa, desenvolvendo também parcerias entre o clube de fitness, bem-estar e lazer no Parque Eduardo VII e marcas, nomeadamente na área da beleza, como a iS Clinical e a Foreo, por exemplo.

O grupo Tempus e alguns clientes pontuais, como a Meo, são outros dos projetos da Strategic Time, aos quais se soma agora o lançamento da marca Bolky Swimwear. Dirigidos a um segmento mais alto e a mulheres com mais de 40 anos, os biquinis e fatos de banho Bolky são produzidos em Portugal com licras do Brasil e de Itália, destacando-se pelos acessórios e aplicações com pedras nos acabamentos.

Com a apresentadora Pimpinha Jardim como embaixadora, a marca está à venda online e, numa primeira fase e em exclusivo, nas lojas Ali-Jo (Príncipe Real, em Lisboa, e na Foz, no Porto), com um preço médio acima dos €150.

“Tenho trabalhado no segmento alto, sigo um estilo de vida saudável e faço desporto. As marcas com as quais trabalho têm de se identificar com os meus valores, para que haja um alinhamento, como acontece com o Club7 e com a Bolky, por exemplo”, salienta Sofia Jardim, referindo-se aos mercados para os quais aponta.

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Clube da Criatividade apresenta programa do 26º Festival CCP 2024 e da Semana Criativa de Lisboa

Ao longo da semana criativa que arranca a 17 de maio, o CCP apresenta uma programação com exposições, conferências, iniciativas e tertúlias, terminando com a gala da entrega de prémios e a festa de encerramento, a 24 de maio

O Festival CCP 2024 está de regresso à Fábrica do Pão do Bento Innovation District para a 26ª edição, de 17 a 24 de maio, para destacar a criatividade da comunicação comercial nacional nas categorias de Publicidade, Design, Digital, Criatividade em Meios, Craft em Publicidade, Experiências de Marca e Integração & Inovação.

O arranque da semana criativa é dado a 17 de maio com as conferências ‘Presidentes ao Palco’, com os presidentes de júri do festival a falar sobre design e publicidade. No mesmo dia é inaugurada a exposição dos trabalhos finalistas do Festival CCP, a exibição dos vencedores de ouro da 32ª edição dos ADCE Awards e a ‘Julgar um mercado pela capa’, que assinala a 20ª edição da Superbrands em Portugal.

O Dia Aberto CCP Empresas acontece a 21 de maio, com 12 empresas ligadas à criatividade a abrirem as portas a estudantes, profissionais e curiosos. No mesmo dia acontece a Tertúlia APAP Trabalho e Conhaque, para debater ‘O custo da invisibilidade’, seguida por um jantar no restaurante Praça. O dia 22 de maio é dedicado aos jovens criativos, com o regresso das iniciativas Ilustra 33, Portfolio Doctor, Alta Voz e Hora Feliz. Já o dia 23 de maio é dedicado às Conferências CCP “Crias ou Queres?”, com cinco conferências a decorrerem durante o dia.

A 11ª Semana Criativa de Lisboa termina no dia 24 de maio com a gala de revelação e entrega de prémios aos vencedores do Festival CCP, nas sete categorias, bem como os vencedores do Grande Prémio para o Bem, do Grande Prémio Jornalistas e do Grande Prémio CCP 2024. O programa completo está disponível online na página do Festival.

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Sónia Araújo e Mário Daniel são mecânicos por um dia em campanha da Mercedes (com vídeo)

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel

Enquanto embaixadores da C. Santos, a apresentadora de televisão Sónia Araújo e o mágico Mário Daniel foram mecânicos por um dia da Mercedes-Benz, para protagonizarem uma campanha publicitária que promove o desconto em manutenções programadas em viaturas com mais de quatro anos.

O vídeo da campanha “Exceder os limites” mostra Sónia Araújo e Mário Daniel a chegarem à oficina e a equiparem-se para iniciar o dia de trabalho, em que fazem o diagnóstico e a intervenção mecânica nos automóveis, com alguns truques de ‘magia’ de Mário Daniel. A assinatura da campanha ‘Exceder os limites’ remete para a ideia de superação da C. Santos, em termos do desconto pós-venda de €150 e €180 destinado a viaturas com mais de quatro e oito anos, respetivamente, válido até 31 de julho.

O filme e fotografias desta campanha foram realizadas nas instalações da Sociedade Comercial C. Santos, na Maia, com produção do departamento de marketing e comunicação da empresa. “Esta campanha foi mais um desafio aceite pelos nossos embaixadores, neste caso de atuarem como mecânicos, excedendo os seus limites. Foi estrategicamente criada pelo departamento de marketing da Sociedade Comercial C. Santos, num trabalho de equipa com o departamento de ‘customer services’”, refere a diretora de marketing da empresa, Ana Bolina.

 

 

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Perfect Storm produz nova campanha internacional da Coca-Cola (com vídeo)

A estrela do filme publicitário produzido por estúdio português e realizado por André Valenti Gaspar é o Coke SoundZ, instrumento desenvolvido com IA que reproduz o som de uma carica a ser retirada da garrafa quando surgem as primeiras bolhas de Coca-Cola. A DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira colaboram na campanha

O estúdio de produção criativa português Perfect Storm, sediado em Lisboa e com delegações na Alemanha e nos Estados Unidos, assina a nova campanha publicitária global da Coca-Cola. O filme publicitário que a integra, realizado por André Valenti Gaspar, produtor executivo e sócio da produtora, com direção de arte de Renato Marques, explora a experiência sensorial que o som da abertura das garrafas do refrigerante despertam nos consumidores, reproduzindo esse efeito no cérebro.

A partir de um trabalho de investigação da neurocientista norte-americana Katherine Lewis, a Perfect Storm desenvolveu o spot do Coke SoundZ, em colaboração com a DaHouse Audio e o produtor musical Fred Pinto Ferreira. O instrumento, criado pela AKQA e a WPP Open X, não só reproduz o som que se ouve quando é retirada a carica e surgem as primeiras bolhas como permite depois usar os fragmentos sonoros identificados para, com recurso a inteligência artificial (IA), fazer misturas musicais.

Psst! Fizz… Clink! Glug… e Ahh! foram os cinco sons identificados pela neurocientista. Depois de isolados, foram reproduzidos com o auxílio da IA e incorporados no sistema de algoritmos usado no Coke SoundZ. O instrumento está a ser distribuído a produtores musicais e DJ, para que incorporem os sons da marca nas misturas musicais que fazem. A versão digital, também disponível, pode ser descarregada gratuitamente na App Store e no Google Play na Europa e nos Estados Unidos.

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Carlos Maciel assume direção da Caras e da Caras Decoração. Mariana Correia de Barros convidada a dirigir Activa

O novo diretor da Caras e da Caras Decoração deixa a TV Mais. Rita Santos, até aqui jornalista da revista de televisão, é promovida a diretora-adjunta. Natalina de Almeida, que assumia a direção das três publicações, abandonou a Trust in News no final de março

Carlos Maciel é o novo diretor das revistas Caras e Caras Decoração. Após a saída de Natalina de Almeida, que acumulava a direção dos dois títulos com a direção da revista feminina Activa, no final de março, a direção interina das três publicações foi temporariamente entregue a Ana Oliveira, Teresa Mafalda e Cíntia Sakellarides, enquanto a administração da Trust in News (TIN), dona dos títulos, procurava uma solução interna para a substituição. A escolha recaiu sobre o diretor-adjunto da TV Mais, que vai ter Rita Santos, até aqui jornalista da publicação televisiva, como diretora-adjunta.

“Já serão eles a fazer as revistas a partir da semana que vem”, confirmou ao M&P Luís Delgado, proprietário da empresa. Embora a decisão da administração da TIN tenha sido chumbada pelo conselho de redação das publicações, que levantou reservas quanto à promoção de Rita Santos, a intenção de apostar na dupla foi levada avante, uma vez que o parecer daquele órgão não é vinculativo.

Mariana Correia de Barros, diretora da revista Prima desde o início do ano, foi convidada a assumir a direção da revista Activa, mas ainda não chegou a acordo com a administração da TIN para acumular os dois cargos. “Está em curso um processo de reestruturação interna, que está a andar bem”, garante Luís Delgado. “Estas mudanças vão potenciar uma maior sinergia interna no grupo, em particular nas revistas femininas, em tudo o que tem a ver com as equipas gráficas e os repórteres fotográficos”, refere.

“Não faz sentido irem dois fotógrafos de duas publicações a um evento quando um pode tirar fotografias para essas duas revistas”, exemplifica. “No trabalho de escrita jornalística, não, mas em tudo o que forem trabalhos que se possam usar, essa sinergia será feita e é importante que seja feita”, defende Luís Delgado, que continua expectante em relação à evolução do mercado publicitário em Portugal.

“Em janeiro, fevereiro e março, não sentimos melhoria nenhuma. Tradicionalmente, janeiro e fevereiro são meses péssimos mas, em março, o mercado começava a mexer. Este ano, não mexeu. Só começou a mexer em abril”, desabafa, sem desanimar. “Em breve, entraremos no período da boa sazonalidade, que acontece em julho, agosto e uma parte de setembro, altura em que as pessoas estão de férias e têm mais tempo para ler”, justifica o empresário.

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APECOM continua a crescer em número de associados

No ano em que faz 35 anos, a Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação recupera o dinamismo de outrora. O reposicionamento iniciado em 2021 tem vindo a atrair novas agências. A autorregulação setorial é um dos desafios que a APECOM tem em mãos

O GCIMedia Group, que integra as agências de comunicação GCI e Media Consulting, é um dos três novos associados da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM), desde os primeiros meses de 2024. É também a 13ª empresa a aderir à organização presidida por Maria Domingas Carvalhosa no espaço de três anos, no âmbito da nova estratégia de abertura e crescimento que tem vindo a ser implementada.

“Quando esta direção foi eleita em 2021, entre os principais objetivos assumidos pelo novo executivo estavam a redefinição e o reposicionamento da APECOM, que deveria ser mais abrangente e incluir entre os seus associados mais empresas, de diferentes dimensões, que integrassem não só os serviços tradicionais de consultoria de comunicação e assessoria de imprensa como outros que, atualmente, também são determinantes para responder às necessidades dos clientes, nomeadamente a representação legítima de interesses, vulgo lobbying, a comunicação digital, o marketing de influência e a ativação de marca. São tudo disciplinas que integram as relações públicas e que deveriam ser chamadas a integrar esta área”, justifica ao M&P Maria Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM.

O apelo feito ao setor não demorou tempo a surtir efeito. Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, entraram sete novos associados e, de lá para cá, aderiram mais seis, de dimensões distintas. “Acredito que começámos a ser ouvidos e que a estratégia foi compreendida. Todas estas adesões vieram reforçar a família da APECOM e empoderar ainda mais a associação que defende, em Portugal, os interesses do setor da comunicação e dos public affairs”, refere a responsável.

32 agências representam 60% do mercado

Fundada em 1989, a associação empresarial integra atualmente 32 agências e consultoras, que são responsáveis por cerca de 60% do volume de negócios e 60% da taxa de emprego do setor, segundo um estudo da Informa DB para a APECOM, referente a 2021 e baseado num universo de 121 empresas.

Para beneficiarem das iniciativas de defesa e promoção de interesses, de representação e de apoio ao desenvolvimento sustentado do negócio que a APECOM promove, os associados pagam uma quota anual que não é igual para todos. “É determinada de acordo com a sua dimensão”, esclarece Maria Domingas Carvalhosa, sem adiantar valores médios nem percentagens usadas para o cálculo dos valores que garantem aos associados as vantagens competitivas que a APECOM oferece.

“Temos estabelecido parcerias e protocolos com academias e entidades que os beneficiam, nomeadamente com o Instituto Superior de Gestão (ISG), a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e a FLAG, só para referir algumas. A APECOM é igualmente membro ativo da International Communications Consultancy Organisation (ICCO), organização mundial representativa do setor, que agrupa um milhar de consultoras em 30 países. O facto de pertencermos ao conselho de administração dessa estrutura traz vantagens acrescidas aos nossos associados em todas as ações de formação, workshops e eventos que a ICCO organiza anualmente”, esclarece a responsável.

Para além de formação especializada, os associados têm também acesso privilegiado a estudos setoriais, protocolos de estágios com universidades, oportunidades de comunicação em conferências e descontos em eventos de comunicação e nas candidaturas a prémios do setor.

Para satisfazer os interesses de todos os associados, independentemente da dimensão e de necessidades que podem ser distintas, a APECOM desenvolveu uma estratégia que não deixa nenhum de fora.

“Como todos temos a aprender com todos, vamos criando grupos de trabalho por temas consoante a atualidade. Temos atualmente em funcionamento um de lobbying, estamos a criar um de sustentabilidade e vamos criar um de marketing de influência”, anuncia Maria Domingas Carvalhosa.

“Acho que o grupo de trabalho de lobbying fez um belíssimo trabalho na dinamização da discussão pública do tema e, depois, ao avançar para a autorregulação, que está disponível, desde 1 de março, no site que criámos para o efeito. A boa notícia é que já aderiram 34 consultoras de comunicação”, informa a dirigente.

Necessidade de regulação une setor

A Team Lewis Portugal é uma das três empresas a adeir à APECOM nos primeiros meses de 2024. “Sendo a maior e mais relevante associação de empresas de comunicação em Portugal, fazia todo o sentido integrá-la. Esta adesão permite-nos colaborar em diversas frentes e enfrentarmos juntos as questões que têm importância para nós e que nos impactam enquanto setor”, justifica Inês Barbosa, diretora da agência de comunicação.

Quando assumiu a direção da Team Lewis Portugal, o ano passado, aderir à APECOM tornou-se logo ponto assente. “Um dos meus objetivos passa por fazer crescer a nossa presença em eventos e por colaborar mais com os nossos pares”, refere ainda.

Apesar de estar no mercado há mais de três décadas, só no início deste ano é que a UPPartner tomou a decisão de integrar a associação empresarial. “Consideramos crucial que exista uma união do setor em torno de questões que são transversais a todas as agências de comunicação e profissionais da área. Há temas, como o lobbying, em que é de extrema importância que falemos todos a uma só voz”, defende Hélio Soares, diretor-executivo da agência de comunicação.

Essa é também a visão do GCIMedia Group, que a 11 de abril também adere à APECOM e ao Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses, um documento que materializa a missão da organização.

“Reconhecemos que a criação de sinergias é crucial para o nosso futuro enquanto grupo e para a própria resiliência do setor da consultoria de comunicação. A representatividade através da APECOM espelha o sentido de cooperação entre as empresas e a riqueza que daí advém é crucial ao progresso”, considera André Gerson, diretor-geral do GCIMedia Group desde o início do ano.

Para a BloomCast Consulting, uma das três agências que se juntaram à APECOM em 2023, a possibilidade de ter uma voz mais ativa no setor foi um dos argumentos decisivos. “A divulgação do papel fulcral dos órgãos de comunicação social é essencial para a criação de uma democracia saudável e de uma sociedade melhor e informada”, defende Rodolfo Oliveira, sócio-gerente da consultora de comunicação. “A APECOM tem também pugnado por princípios de transparência e regulação, com os quais nos identificamos, que são pilares fundamentais do setor”, justifica ainda o responsável.

Após um afastamento de vários anos, a Porto de Ideias, liderada por Carlos Furtado em parceria com Isabel Côrte-Real, voltou a preencher a ficha de inscrição, regressando à APECOM em 2023.

“Acreditamos que a nossa atividade deve ser defendida e o nosso trabalho reconhecido perante todos os intervenientes profissionais do ecossistema em que atuamos. Essa defesa é mais bem conseguida debaixo de um chapéu associativo e a uma só voz. Por outro lado, tem havido uma proliferação de agências e, por isso, sermos associados desta organização é um fator distintivo que nos favorece enquanto profissionais de referência”, realça Carlos Furtado, diretor executivo da consultora de comunicação.

“No passado, já tínhamos sido associados, mas como sentíamos que estavam a ser cumpridos os desígnios que pressupunha a nossa participação, resolvemos sair”, justifica Carlos Furtado. A estratégia adotada por Maria Domingas Carvalhosa fê-lo mudar de ideias.

“Uma das vantagens de sermos associados é poder beneficiar da partilha de conhecimento e da participação em projetos comuns, como tem sido a criação do código de conduta do lobbying. Também é uma mais-valia podermos apresentar-nos aos nossos clientes e ao mercado com uma imagem de qualidade e confiança que se rege por códigos de ética internacionais”, refere ainda o responsável.

Novas adesões em perspetiva

Apesar de a APECOM estar a atrair mais associados, são muitas as agências que ainda não aderiram à associação empresarial. “Não tenho uma resposta concreta para isso. Como dizia a Mafalda do Quino, o que é urgente não deixa espaço para o que é importante, mas tenho de me debruçar sobre o assunto”, assume Liana Pinto, fundadora da YOLO.

“É algo a considerar seriamente num futuro próximo”, afirma também Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR. Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, também não exclui a hipótese de vir a aderir à APECOM.

Os requisitos exigidos pela APECOM

Para poderem ser aceites na APECOM, as empresas interessadas têm de ter, além da consultoria em comunicação e relações públicas como atividade principal, “pelo menos três anos de atividade permanente efetiva, um volume mínimo de negócios anual igual ou superior a €200 mil, um número mínimo de colaboradores com funções executivas a tempo inteiro (no quadro) de quatro”, estabelece a associação.

“Serão também admitidas as empresas candidatas com menos de três anos de atividade permanente efetiva, mas com sócios de reconhecida e comprovada experiência no setor, incluindo empresas internacionais membros de associações filiadas na ICCO quando proposta por dois sócios efetivos”, esclarece a APECOM. Terem sido constituídas no quadro da legislação portuguesa em vigor e com instalações permanentes em território português é outro dos requisitos.

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Microagências de comunicação estão a mudar paradigma

Há cada vez mais marcas nacionais e internacionais a trocar agências de comunicação de média e grande dimensão por estruturas mais pequenas, que já representam 86% do mercado. São também responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregam 53% dos consultores. Ainda faturam menos de €2 milhões, mas o negócio não para de crescer

Carlota Morais Pires iniciou a carreira como jornalista. Em 2017, sai da Vogue Portugal para trabalhar numa agência de comunicação. É nessa altura que começa a equacionar a possibilidade de se lançar sozinha num setor, até aí, dominado por agências de média e grande dimensão.

“Ser freelancer foi um passo natural. Tinha aprendido na revista a ser exigente com o texto e com a imagem, a compreender a relevância dos temas e a fazer uma curadoria. Sabia também como é que a imprensa precisava de receber a informação e também já tinha alguns contactos interessantes”, explica a fundadora e diretora de comunicações da The Communication Studio, uma das pequenas agências de comunicação que, nos últimos anos, surgem no mercado, disponibilizando serviços mais personalizados.

Numa fase inicial, Carlota Morais Pires trabalha com marcas portuguesas, que a vão recomendando a outras. “De um momento para o outro, já fazia sentido criar uma empresa e uma identidade e ter uma estratégia e uma carteira de clientes mais sólida”, recorda a empresária, que criou a The Communication Studio, sozinha, em 2021.

A maioria das microagências que hoje opera no mercado arrancou com uma ou duas pessoas. Pedro Salazar, sócio-gerente da Pedro Salazar PR, foi um dos primeiros a antecipar a tendência. “Quando fundei a agência em 2010, após passar pelo jornalismo e por três agências de comunicação e relações públicas, duas delas líderes de mercado na época, pareceu-me que havia espaço e oportunidade para desenvolver um modelo de negócio mais próximo, exclusivo e focado nos clientes e no potencial mediático das suas histórias. O modelo de agência boutique era, na altura, uma novidade”, recorda o empreendedor.

Bang & Olufsen, Volvo, Breitling, Lego, Air France, Toys ‘R’ Us, KLM, Lazartigue, Jack & Jones e Logitech são apenas algumas das muitas marcas internacionais que, em Portugal, em vez de recrutarem uma grande agência, preferem entregar a comunicação a organizações com estruturas mais reduzidas. “A opção por uma empresa muito pequena garante um serviço quase exclusivo e quase totalmente dedicado”, reconhece Maria Domingas Carvalhosa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação (APECOM).

“Parece-me difícil que, no geral, clientes muito grandes possam ter toda a sua comunicação assegurada apenas pelos recursos de uma empresa muito pequena. No entanto, isso tem de ser visto caso a caso, de acordo com as necessidades dos clientes”, opina a também diretora-geral da Wisdom, consultora especializada em comunicação e public affairs.

De acordo com um estudo realizado pela Informa DB para a APECOM em 2023, análise que tem por base dados financeiros referentes a 2021, em Portugal só 14% das agências de comunicação fatura entre €2 milhões e €10 milhões. As restantes 86% faturam menos de €2 milhões, apesar de serem responsáveis por 45% do volume de negócios do setor e empregarem 53% dos consultores.

Empatia favorece escolha

Num país onde 55% do volume de negócios do setor está nas mãos de agências de média e grande dimensão, com mais meios e recursos, investir numa microagência de comunicação é uma decisão arriscada. Apesar de estarem cientes desse facto, os que o fazem nunca duvidaram da recetividade do mercado.

“Há uma enorme vantagem em trabalhar com as agências mais pequenas no que respeita o serviço ao cliente. Posso afirmá-lo por ter trabalhado vários anos numa das maiores agências de comunicação do país. Era normal termos muitos clientes e não conseguirmos dispensar tempo de qualidade para eles e para nós. Agora, procuramos dar a mesma atenção a todos os clientes, com uma oferta de serviços idêntica às das grandes agências”, assegura Beatriz Almeida, diretora da 17.Com, agência que funda, em 2016, após deixar a GCI, onde trabalhou durante 15 anos. Arranca sozinha com três clientes. Hoje, tem sete avençados permanentes e já emprega cinco pessoas.

Inicialmente, a intenção de Beatriz Almeida ao investir numa estrutura pequena era ter mais tempo para dedicar aos filhos pequenos. Mas há quem se aventure neste negócio pela vontade de explorar outras áreas. “O meu intuito não era propriamente criar uma agência, queria abraçar outro tipo de projetos, nomeadamente na área da comunicação e produção de espetáculos, algo que não tinha a possibilidade de fazer na agência onde então trabalhava. A partir daí, fui desenvolvendo o conceito da Suit PR, o de termos tudo à medida de cada cliente como se fossemos alfaiates de comunicação. Sejam marcas grandes ou pequenas, temos esta liberdade de poder apresentar propostas à medida das necessidades, objetivos e orçamentos de cada cliente”, ressalva Paula Carvalho, fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

Abre a empresa, sozinha, em 2013 com três clientes. Hoje, tem 18 e está a recrutar o sexto colaborador. “Acima de tudo, penso que as grandes marcas internacionais investem em agências mais pequenas por uma questão de empatia. Por detrás das insígnias estão pessoas e essas pessoas querem encontrar alguém que compreenda a sua marca e que a comunique com paixão e propósito. Há empresas que preferem a estrutura de uma grande agência, mas outras preferem o conforto que as mais pequenas proporcionam”, assegura a empreendedora.

A cobrança de valores inferiores é, muitas vezes, apontada como uma das causas que tem favorecido o crescimento das microagências. Uma opinião que não é unânime. “Os haters dirão que é uma questão de preço. Acho que já não o é e até me questiono se algum dia o foi”, confidencia Maria Saldanha Daun, fundadora da agência com o mesmo nome, que continua a ter a dona como única colaboradora desde que é criada, em 2015.

“O rácio custo do serviço versus o retorno do investimento é relevante. Porém, especialmente em clientes com grande notoriedade, tanto nacionais como internacionais, os motivos para esta escolha vão desde a perceção entre resultados prometidos e obtidos e a flexibilidade e capacidade de resposta da agência às necessidades do cliente, até à proximidade entre o consultor e o cliente”, considera Pedro Salazar.

O fator humano é crucial. Nisso estão todos de acordo. “A agência, por muito próxima que seja, é sempre uma organização constituída por diferentes pessoas. O cliente confia na identidade de renome, mas nem sempre sabe ao certo com quem vai trabalhar no dia a dia e não escolhe os interlocutores. Com um freelancer ou com as agências pequenas, escolhe uma determinada pessoa, com uma determinada experiência e um determinado perfil. A somar a tudo isto, há também uma disponibilidade diferente e uma relação muito mais próxima. Na grande maioria dos meus clientes, sou parte integrante da estrutura de marketing ou da direção, participando em todas as decisões desde a ideia até à concretização. Isto requer tempo e disponibilidade, que eu atribuo a cada cliente de acordo com as necessidades e não com uma bolsa de horas contratualizada”, revela Maria Saldanha Daun. “Tenho clientes em Espanha há mais de dois anos que nunca vi pessoalmente, mas que considero amigos”, revela ainda.

Decisores procuram identificação

Ter uma boa rede de contactos é sempre imprescindível para o sucesso do negócio, mas na fase de arranque é crucial. Liana Pinto, cofundadora e diretora de comunicação da You Only Live Once, mais conhecida no mercado pela sigla YOLO, sempre o soube.

“Sou de instinto e de impulso, acreditei que conseguia criar a minha própria agência de comunicação e, em 2019, avancei, seguindo o exemplo de outras ex-colegas. Tinha os contactos, a experiência e a vontade e acreditava, como ainda hoje acredito, que há espaço para todos. As marcas não se esgotam e, como tal, a comunicação também não. O que muda é a forma de a fazer”, garante a ex-diretora de contas da GCI.

“Nesta atividade, é preciso ser um bom relações públicas, porque as marcas seguem as pessoas. Se eu saio de uma agência e crio uma, mesmo que pequena, a probabilidade do cliente ir comigo é muito elevada, visto que, na maioria das vezes, eu era o único interlocutor”, refere Liana Pinto.

A ex-colega Paula Carvalho é exemplo disso. Quando decidiu sair da GCI, a Lego, um dos seus primeiros clientes, acompanhou-a, até hoje. “Não sei se o aparecimento destas microagências é uma tendência, acho que tal sucede porque acaba por haver uma maior identificação dos decisores das marcas com a nossa visão da comunicação”, afirma a fundadora e diretora de clientes da Suit PR.

“Temos os mesmos picos de trabalho que as grandes agências, depende dos clientes, da época do ano e da agenda mediática. Temos a vantagem de poder escolher os projetos em que acreditamos e que realmente nos apaixonam. A principal desvantagem, que diria que com o tempo está a desvanecer, é a importância que as marcas atribuem às estruturas das grandes agências. Talvez por isso é que se nota uma maior flutuação de marcas grandes a transitar para agências mais pequenas”, afirma ainda Paula Carvalho. “Com tantas pequenas agências a dar provas de qualidade nos tempos que correm, o mercado começa a reconhecê-las e a dar-lhes espaço”, sublinha a empresária.

Marcas valorizam proximidade e personalização

Nas últimas semanas, a Toys ‘R’ Us trocou a ADBD Communicare, uma agência no mercado há 24 anos, pela 17.Com, a microagência fundada por Beatriz Almeida em 2016. “Fizemo-lo pela relação de proximidade, e até de uma certa intimidade, que se criou e que me permite sentir que conhecem realmente a minha empresa e que estamos a trabalhar verdadeiramente em equipa. Há uma maior rapidez de resposta com modelos e soluções que estão bem enquadrados nos nossos objetivos e com melhores níveis de eficácia”, assegura Susana Setúbal, diretora de marketing da Toys ‘R’ Us Portugal.

As marcas que têm trocado agências de comunicação maiores por microagências justificam a decisão com a maior proximidade e personalização que conseguem ter. “Procurávamos uma pessoa polivalente, capaz de se adaptar às nossas necessidades a cada momento, que tivesse flexibilidade e espírito de serviço ao cliente e que nos garantisse um acompanhamento personalizado e de confiança. Encontrámo-la na Pedro Salazar PR, que é a nossa agência em Portugal desde 2017”, explica ao M&P fonte da Air France-KLM.

A TK Elevators, antiga Thyssenkrupp, é outra das marcas a aperceber-se do potencial das microagências. “Houve uma ligação imediata com a YOLO. Procurávamos um parceiro que pudesse ser a extensão do nosso departamento interno, porém sem uma grande estrutura associada e sem que isso comprometesse a qualidade do trabalho. Confiámos na nossa intuição e estamos muito satisfeitos com a escolha que fizemos, há já quase cinco anos”, assume Helena Calado, diretora de comunicação, de marketing e de ambiente, social e governança corporativa da TK Elevators Portugal.

A transportadora norte-americana UPS também prefere a Suit PR a uma agência maior. “Escolhemo-la pela sua ligação à rede de meios e jornalistas portugueses e comprovada criatividade”, explica Natacha Montenegro, diretora de comunicações sénior da empresa na Europa, Médio Oriente, África e Índia.

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Oliveira da Serra explica importância de renovar, reciclar e reaproveitar com ajuda da McCann Lisboa (com vídeo)

A nova campanha, Juntos Podemos Fazer O Bem Pela Terra, dá seguimento à campanha O Bom, Pela Terra, lançada há um ano. O filme publicitário que a integra, realizado por Gonçalo Morais Leitão com produção da More Maria, foi recuperado. Os múpis são novos

A Oliveira da Serra está a dar seguimento à campanha O Bom, Pela Terra, lançada há um ano, com a campanha multimeios Juntos Podemos Fazer O Bem Pela Terra. A nova comunicação promocional, que inclui novos múpis com fotografia de Nuno Correia, explica importância de renovar, reciclar e reaproveitar, recuperando o filme publicitário da campanha anterior, com criatividade da McCann Lisboa e produção da More Maria, realizado por Gonçalo Morais Leitão, com direção de fotografia de Bruno Grilo, produção executiva de Alexandra Dias e direção de arte de Artur Pinheiro, com consultoria ambiental de Dörte Schneider.

Com planeamento de meios da Mindshare, a nova campanha está a ser divulgada em televisão, imprensa digital, múpis e pontos de venda, além das redes sociais. Ao longo dos próximos meses, a mensagem ecológica será amplificada através de ações de marketing de influência. “A campanha também inclui parcerias e colaborações com influenciadores que irão contribuir com conteúdos para as nossas redes sociais”, informa a Oliveira da Serra em comunicado de imprensa.

“Esta nova campanha reflete, uma vez mais, o nosso compromisso contínuo com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. Queremos inspirar os nossos consumidores a fazerem escolhas que beneficiem o planeta, enquanto destacamos algumas das ações que praticamos com esse mesmo objetivo”, refere Loara Costa, diretora de marketing e trade marketing da Sovena, que detém a marca. Além de usar embalagens 100% recicláveis feitas com plástico reciclado e utilizar eletricidade 100% verde, a Oliveira da Serra transforma caroços de azeitonas em energia no Lagar do Marmelo, em Ferreira do Alentejo.

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Audiências: TVI reforça liderança e pay TV atinge valor mais elevado do ano em abril

No quarto mês de 2024, o futebol volta a figurar entre os programas de televisão mais vistos, ocupando as três primeiras posições da tabela. O sucesso do reality show Big Brother, exibido pela TVI, também impulsionou o crescimento do canal de cabo TVI Reality

A análise de audiências de televisão da agência de meios Initative, que integra o grupo Mediabrands, revela que, em abril, o consumo televisivo em Portugal, em termos de audiência média, verificou uma diminuição de 5% face ao mês de março. Entre os canais FTA, a TVI, com um share de 15.4% (+0.5 p.p. vs. março 2024), reforça a liderança. A SIC ficou na 2a posição, com um share de 14.3% (-0.4 p.p. vs. março 2024). Em 3o, ficou a RTP1, que, apesar de ter o programa mais visto do mês, a 2a mão das meias-finais da Taça de Portugal entre o Benfica e o Sporting, registou um share de 10.3% (-0.2 p.p. vs. mês anterior).

Depois de, em março, terem registado o share mais elevado desde que há registo, em abril, os canais que integram a tipologia Outros verificaram uma diminuição de 0.5 p.p. vs. março. Em sentido contrário, encontra-se a tipologia de pay TV, que, com um crescimento de 0.5 p.p. atinge o valor mais elevado do ano.

No mês de abril, a pay TV registou um crescimento de 0.5 p.p. vs. março de 2024, com o TVI Reality (+0.4 p.p. vs. março) e a SIC Mulher (+0.2 p.p. vs. março) a serem os canais que assinalaram o maior aumento. Com o aproximar do fim do campeonato nacional de futebol, as últimas jornadas despertam um maior interesse junto dos portugueses. O mês de abril fica marcado por dois decisivos jogos na luta pelo título de campeão nacional (Sporting x Benfica) e (Porto x Sporting), que provocaram um crescimento dos canais Sport TV+ (+0.2 p.p.) e Sport TV1 (+0.1 p.p.) face ao último mês.

Em abril, o top 3 dos programas mais vistos voltou a ser novamente composto por jogos de futebol. A segunda mão da meia-final da Taça de Portugal Placard entre o Benfica e o Sporting, transmitido pela RTP1, foi o programa mais visto do mês. O jogo alcançou uma audiência média de 2 milhões e 229 mil telespetadores, o que representou um share de 42.1%. Os jogos dos quartos de final da Liga Europa, transmitidos pela SIC, entre o Benfica e o Marselha, ficaram na 2a posição. Os dois jogos contaram com uma audiência média de 1 milhão e 872 mil telespetadores e um share de 37.6%.

A completar o pódio surgem os jogos da Liga dos Campeões, transmitidos pela TVI. O Manchester City x Real Madrid e o PSG x Barcelona registaram uma audiência média de 1 milhão e 165 mil telespetadores, o que representou um share de 24.3%. Se retirarmos os jogos de futebol, podemos verificar que o Big Brother ocupa as quatro primeiras posições, com o programa Big Brother – Os Grupos a ser o programa mais visto com uma audiência média de 1 milhão de telespetadores e um share de 25.7%.

No que toca às audiências por período horário, durante o mês de abril, a SIC manteve a liderança durante o período do almoço e no primeiro prime-time com um share de 21.1% e 17.1%. A TVI, em contrapartida, mantém a liderança no segundo prime-time (22h30-24h) e no late night (00h-02h30) com um share de 17.2% e 16.6%, respetivamente. Em abril, a TVI consegue roubar a liderança à RTP1 no período da manhã (13.5% vs. 13.2% da RTP1) e no pré-prime (15.2% vs. 13.8% da RTP1). Consegue também ultrapassar a SIC no período da tarde (13.9% vs. 13% da SIC).

Fonte: Initiative

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