“Estamos a assistir à profissionalização das fontes e à proletarização do jornalismo”
Os assessores que “nem sempre distinguem as fronteiras que separam uma actuação que facilita de uma outra que manipula informação”, considera Felisbela Lopes

Rui Oliveira Marques
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O alerta foi deixado por Carlos Magno. “Está-se a assistir a movimentos pendulares: o da profissionalização das fontes e o da proletarização do jornalismo”, disse o presidente da ERC durante a apresentação do livro “Jornalista, profissão ameaçada”, que decorreu esta quarta-feira, em Lisboa. O livro de Felisbela Lopes, que chega sexta-feira às livrarias, tem como ponto de partida o depoimento de 100 jornalistas sobre os constrangimentos que afectam a profissão.
As maiores pressões sobre os jornalistas não vêm da política mas da área da economia e dos grupos de pressão, considerou Carlos Magno, sustentando que é preciso reforçar o papel dos editores nas redacções. “Estão lá para serem responsáveis pelo espaço editorial. Têm de recusar as interferências e saber lidar com as pressões”.
A questão das pressões sobre os jornalistas foi depois retomada por Felisbela Lopes, que apontou para as fontes de informação que “trazem consigo o peso dos constrangimentos económicos que sufocam os projectos editoriais onde trabalham”. Como consequência, os jornalistas acabam por “agendar acontecimentos sem relevância jornalística”, “aceitam pressões daqueles que são mais frequentemente notícia” e “aceitam participar em conferências de imprensa sem direito a perguntas”.
A investigadora da Universidade do Minho relembrou que “desde sempre, a relação jornalistas e fontes é complexa. Os jornalistas precisam das fontes para informar, mas precisam igualmente de cultivar em relação a elas uma distância que lhes garanta um espaço de independência”. A autora considera que as fontes “lidam com grande perspicácia com as redacções, gerindo tacticamente o que querem dizer conforme os movimentos que pretendem fazer para conquistar mais poder”, referiu, destacando ainda o papel das agências de comunicação que “podem agir ora de forma musculada, ora de forma subtil, mas firme para promover o agendamento de eventos/pessoas, por vezes sem isso reunir valor noticioso”. E apontou o dedo aos assessores que “nem sempre distinguem as fronteiras que separam uma actuação que facilita de uma outra que manipula informação”.
O livro explicita os problemas que afectam a profissão, apresentando alguns caminhos alternativos. “A renovação do jornalismo será sempre uma competência exclusiva dos jornalistas. São eles que devem reformatar um campo que lhes pertence”, sublinha Felisbela Lopes.