Neoportugueses
Bareme, mais uma vez. Duas entradas de notar: a revista “Xis”, que em poucos meses consegue a mesma audiência da “Pública”, e a “Roda dos Milhões”, que também surpreende no […]

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Bareme, mais uma vez. Duas entradas de notar: a revista “Xis”, que em poucos meses consegue a mesma audiência da “Pública”, e a “Roda dos Milhões”, que também surpreende no seu segmento. Saem duas publicações que a Marktest considerava de grande informação: a “Vida Mundial” e o “Jornal de Letras, Artes e Ideias”. Em que é que ficamos? Acredito que isto não quer dizer nada. Não me parece que queira dizer que os portugueses preferem as revistas de estilo mais ligeiro em detrimento daquelas que versam temas ditos “sérios”. Por outro lado, na minha opinião, o binómio peso/leveza editorial está ultrapassado. O povo português já não é o mesmo. Pensemos em neoportugueses. Os neoportugueses são os novos portugueses, incluídos numa enorme classe média. Não são o “povo”, tão-pouco são as “elites”, como antigamente. São pessoas que têm acesso á informação, regem-se por padrões de qualidade bastante superiores á geração que os precedeu, vão jantar fora ao “Porcão” ou á “Bica do Sapato”, pouco importa; vão ao cinema ver ” O Sem-vergonha” ou o “Inferno”, é indiferente, e conhecem vagamente o que se passa no mundo. Não se interessam necessariamente por literatura ou política internacional, por moda ou por temas esotéricos, mas se um editor os conseguir cativar, passam a interessar-se. A distinção entre estes não tem necessariamente a ver com a sua classe social ou a categoria socio-económica, tem a ver com a sua motivação para o consumo. Os neo-portugueses não são mais do que o expoente da sociedade de consumo. O que querem é consumir. Consumir produtos e consumir novidades. Se forem relativas a produtos “adquiríveis” com pouco esforço, tanto melhor. O sucesso de algumas publicações tem a ver mesmo com este facto. Lembro-me da “Volta ao Mundo”, pioneira dos que-querem-consumir-viagens, agora da “City”, pioneira dos que-querem-consumir-programas-modernos, e talvez agora da “Xis”, para as que querem-consumir-ideias-para-mudar. Julgo que esta abordagem editorial é a mais correcta, tendo em consideração o nível socio-cultural do país e considerando os produtos editoriais que são feitos nos países onde a população é toda deste estilo neo. Fico triste quando surgem projectos como a “Vida Mundial”, o “Já” e muitas outras publicações que querem ter sucesso nas bancas mas não sobrevivem por falta deste entendimento. A publicação não é tratada como um produto para o neoportuguês consumir. É feita para uma minoria, intelectual ou política, que não chega para viabilizar projectos que, embora tenham conteúdo, não estão devidamente embalados. Enfim, é tudo uma questão de equilíbrio. Equilíbrio editorial – porque todos, mesmo os mais cultos e exigentes, têm um pouco de neo – e equilíbrio entre todas as vertentes deste negócio. A edição, o marketing, a distribuição, o comercial. É, aliás, a busca constante desta harmonia que o torna interessante. Mas, por falar em neoportugueses e desta nova mentalidade, gostaria de aconselhar a leitura da edição especial da revista “Campaign”, a “Hall of Fame”. Entre outras matérias, são escolhidos os 100 melhores anúncios ingleses do século. Vale realmente a pena. É um hino á comunicação comercial. Embora as campanhas da “Ferrero Rocher” também passem em Inglaterra (ver rubrica “The Hall of Shame”), o que é certo é que este tipo de publicidade – permitam-me a expressão “fatela” – está em minoria. Os ingleses, neste aspecto, são há muitos anos como os neo-portugueses: querem ser bem tratados. Surpreendentemente bem tratados, com exigência e inteligência.