As redes sociais vão às urnas
A exposição repetida a uma determinada mensagem cria de forma incremental votantes convictos, entre os indecisos ou voláteis, mas também os moderados que não identificam alternativas políticas

Uma análise exclusiva da Snack Content Portugal para o M&P indica que André Ventura é o candidato às eleições legislativas que gera mais envolvimento no Instagram, seguido por Mariana Mortágua, numa distante segunda posição.
Não é surpreendente, mas confirma aquilo que é observado de forma empírica: o elevado ‘engagement’ dos candidatos e os algoritmos contribuem para a ascensão do extremismo.
Este binómio amplifica os conteúdos mais polarizadores (o que justifica a segunda posição de Mariana Mortágua no ranking), por gerarem mais ‘conversa’ nas redes sociais; e cria ‘câmaras de eco’, que apresentam a mais utilizadores mais conteúdos semelhantes – com visibilidade desproporcionada em relação ao real peso político – num crescendo de isolamento informativo.
As mensagens de ‘conspiração’ ou de urgência de ação ajudam e ganham alcance com vídeos curtos, memes ou POV (situações do dia a dia que mostram o ponto de vista do emissor). A exposição repetida a uma determinada mensagem, por outro lado, cria de forma incremental votantes convictos, entre os indecisos ou voláteis, mas também os moderados que não identificam alternativas políticas.
Sem esquecer o efeito das ‘fakes news’. O TikTok removeu em Portugal 275 publicações por violarem as políticas de integridade cívica e eleitoral. Só entre 14 e 27 de abril, eliminou 45 mil contas falsas, 39 mil gostos falsos e 26 mil seguidores fictícios, e bloqueou a criação de cerca de 7.400 contas de ‘spam’.
Os debates para as legislativas perdem audiências, o que demonstra o menor interesse neste formato de ‘conversa’ política. Viralizam as entrevistas dos candidatos aos comediantes, que privilegiam o lado pessoal em detrimento das medidas políticas. Que a vitória no domingo não seja dada ao entretenimento nem às redes sociais.