O ritmo acelerado a que vivemos introduz, a cada minuto, novas mudanças que influenciam pessoas, marcas e empresas, impactando, não só preferências, mas inclusivamente padrões de consumo. À semelhança do ano anterior, também 2023 irá pautar-se pela preferência dos consumidores pela simplicidade, conveniência, pelo imediato, sem esquecer o foco na sustentabilidade e na diversidade.

Os tempos que se advinham parecem desafiantes, tanto ao nível económico como ao nível social. A taxa de inflação elevada, os preços da energia e o aumento do custo de vida são apenas alguns dos obstáculos que nos esperam este ano e, por isso, um verdadeiro teste para marcas e empresas. Este contexto exigirá soluções mais inclusivas, mas, adicionalmente, que ofereçam uma proposta de valor justa e adequada aos consumidores.

No entanto, existem tendências que se irão manter, como são exemplo a simplicidade e a conveniência. Os consumidores continuam à procura de serviços mais integrados, seja na componente dos seguros ou noutras, e, nesse sentido, as marcas terão de criar parcerias para oferecer ecossistemas convenientes e, em simultâneo, uma amplitude de novos serviços e produtos.

Também na ótica do consumidor, a aposta na hipersonalização na oferta de produtos e serviços será uma propensão muito valorizada este ano. Traduzir-se-á na orientação da comunicação e no desenvolvimento de soluções com base nas necessidades, características e estilos de vida dos consumidores.

Por outro lado, teremos mais automatização dos processos, em conjunto com a tecnologia. Vamos assistir a uma crescente procura de novas plataforma de pagamento como a Apple Pay, Paypal, Google Pay, Venmo, por serem métodos simples e convenientes, que não exigem cartões físicos ou informações de difícil acesso. Esta realidade reflete-se, ainda, na estratégia da omnicanalidade que, embora não tire relevância aos espaços físicos, será extremamente importante para a ‘consumer journey’.

A dependência do uso da tecnologia traz também consigo consequências menos positivas, como o aumento dos ataques informáticos, sendo necessário dar especial atenção ao tema da cibersegurança. Nesse sentido, a forma como as empresas e marcas protegem os dados dos seus clientes passará também a ser um fator de decisão na escolha do consumidor.

Por último, e não menos importante, a responsabilidade social será uma área que irá eclodir dentro das empresas. A diversidade e inclusão serão, talvez, dois dos temas mais relevantes para o setor do marketing durante este ano. As crescentes desigualdades e vulnerabilidades, agravadas pela pandemia, e o contexto macroeconómico irão exigir da parte das marcas/empresas uma oferta mais inclusiva. Assim, vai ser importante ter em consideração o desenvolvimento de produtos simples, que possam estar ao alcance de qualquer consumidor, independentemente do seu rendimento.

2023 será um ano de grandes desafios e, por isso, a aposta deverá passar por investir em propostas value-based que evitem o trade-down dos consumidores. Enquanto empresas e marcas deveremos proporcionar estabilidade, segurança e maiores garantias que contribuam para uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável para todos.

Artigo de opinião assinado por Gustavo Barreto, comissão executiva do grupo Ageas Portugal