APCT: Público e Expresso fecham 2021 com mais circulação paga. No papel nenhum generalista escapa às quebras
A erosão da circulação impressa paga continuou a ser a realidade vivida pela imprensa generalista portuguesa em 2021, ano em que todos os títulos do segmento viram as suas edições em papel perder expressão. Público e Expresso, que também não escapam às quebras, são os únicos generalistas a encerrar o último ano com saldo positivo, apresentando uma evolução favorável da circulação total paga.
Pedro Durães
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A erosão da circulação impressa paga continuou a ser a realidade vivida pela imprensa generalista portuguesa em 2021, ano em que todos os títulos do segmento viram as suas edições em papel perder expressão. O crescimento registado no digital, que não chegou a todos os títulos, teima em revelar-se insuficiente para compensar o recuo no papel na maioria dos casos. As exceções são Público e o Expresso, os únicos generalistas a encerrar o último ano com saldo positivo, apresentando uma evolução favorável da circulação total paga: +16,1% no caso do diário da Sonaecom e +1,9% no semanário da Impresa.
As dificuldades enfrentadas pela imprensa portuguesa na tentativa de contrariar a erosão das vendas no papel, tendência que já se fazia sentir há vários anos e que acabaria por ser agravada na sequência da pandemia de covid-19, estão plasmadas nos números divulgados pelo mais recente relatório da APCT, relativos ao período compreendido entre Janeiro e Dezembro de 2021. Após um ano de 2020 que colocou obstáculos acrescidos à venda de publicações, a reabertura dos quiosques e o progressivo levantamento das restrições à circulação de pessoas ao longo do último ano acabaria por não se traduzir positivamente nos números da imprensa. Entre os generalistas, 2021 volta a ficar marcado, tal como o ano anterior, por quebras na ordem dos dois dígitos sofridas pela grande maioria dos títulos. O Expresso foi aquele que melhor resistiu, registando o recuo menos expressivo e o único no patamar de um dígito, ao passar de uma média de 56.606 exemplares vendidos em média por cada edição em 2020 para uma média de 52.769 em 2021, números que representam uma quebra de 6,8% mas permitem ao semanário da Impresa manter o estatuto de jornal com maior circulação impressa paga no mercado português, assumido pela primeira vez no primeiro semestre do último ano.
O Correio da Manhã, que historicamente tem mantido esse estatuto ao longo dos anos e vendia, em média, 58.165 exemplares por edição entre Janeiro de Dezembro de 2020, encerra pela primeira vez um ano na segunda posição, fechando as contas de 2021 com uma média de 51.034 exemplares vendidos por edição. O diário da Cofina regista assim uma quebra de 12,3%. O Jornal de Notícias, que continua a ser o terceiro jornal mais vendido, apresenta igualmente uma evolução negativa. O título detido pelo Global Media Group desce de uma média de 28.172 exemplares vendidos por edição em 2020 para uma média de circulação impressa paga de 23.932 exemplares em 2021, uma quebra de 15,1%.
Público e Diário de Notícias seguem a mesma tendência descendente. Com uma média de 11.846 exemplares vendidos por edição em 2021, o diário da Sonaecom regista uma quebra de 10,5% face aos 13.237 exemplares vendidos em média no ano anterior. Já o título detido pelo Global Media Group, o mais castigado entre a imprensa diária, cai 27,7%, passando de uma média de 3.564 exemplares vendidos por edição em 2020 para 2.577 exemplares no último ano. No entanto, recorde-se, o título da Global Media regressou ao formato diário a 29 de Dezembro de 2020, pelo que os números agora registados na circulação diária comparam com números de vendas de uma edição com periodicidade semanal ao longo de praticamente todo o ano anterior.
No quadro geral, os números do mais recente relatório da APCT vêm confirmar que o mercado está ainda longe de recuperar dos danos infligidos pelo contexto pandémico sobre a venda de jornais. Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público, os quatro diários generalistas auditados, venderam em média, e no seu conjunto, menos 13.749 exemplares por edição, o que representa uma queda na ordem dos 13,3% relativamente à circulação impressa paga registada entre Janeiro e Dezembro de 2020, altura em que as vendas de jornais eram já significativamente afetadas pela pandemia.
Analisando o segmento das newsmagazines, as quebras chegam aos 18,5%. Apesar de uma redução de 11,3%, dos 30.278 para os 26.860 exemplares vendidos por edição, a Visão mantém a liderança, assumida pela primeira vez no primeiro semestre do último ano. Isto porque a quebra da Sábado foi bastante mais acentuada, perdendo um quarto da sua circulação impressa paga. A publicação da Cofina, que vendia em média 30.815 exemplares por edição em 2020, caiu para os 22.934 exemplares vendidos em média no período entre Janeiro e Dezembro de 2021, um recuo na ordem dos 25,6%.
A análise às vendas em banca confirma a perda de expressão dos títulos de informação geral, que terá sido agravada pelas restrições à circulação que voltaram a fazer-se sentir no primeiro trimestre do último ano e pelo encerramento de alguns pontos de venda em virtude do contexto pandémico, não havendo nenhuma publicação com evolução positiva. Após ter sido o único a registar em 2020 um aumento das vendas, ainda que residual (+0,4%), o Expresso alinha em 2021 com os restantes títulos na redução das vendas. É, ainda assim, a publicação menos castigada, recuando 4,1%. Seguem-se a Sábado (-6,2%), o Público (-7,4%) e a Visão (-9,3%). Os mais castigados, com quebras na ordem dos dois dígitos, são Diário de Notícias (-49%), Jornal de Notícias (-14,3%) e o Correio da Manhã (-12,3%).
Como está a evoluir a circulação digital
O Expresso mantém o estatuto de líder neste indicador ao ver a sua circulação digital paga atingir os uma média 48.129 ao longo do último ano, uma subida de 13,5% face a 2020. Na segunda posição permanece o Público, que encerra 2021 com uma circulação digital paga de 39.721, média que compara com os 31.192 registados no decorrer do ano anterior. Além dos dois títulos que se destacam na circulação digital paga em Portugal, só o Correio da Manhã, o quarto título neste indicador, regista também uma evolução positiva. O diário da Cofina apresenta um crescimento na ordem dos 50,5%, passando dos 1.623 para os 2.443.
Em sentido contrário, os dois títulos do Global Media Group somam às quebras no papel um recuo também na circulação digital paga em 2021. O Jornal de Notícias, que se mantém como o terceiro título em circulação digital paga, desce dos 7.273 para os 4.000 (-45%). Já o Diário de Notícias desce dos 3.519 para os 2.031 (-42,3%). Entre as newsmagazines, a Visão, que assumiu este ano a liderança do segmento na circulação impressa, cedeu, por outro lado, a posição no digital. A publicação editada pela Trust in News vê a sua circulação digital paga recuar 15,9%, para os 2.279, números insuficientes para suster o incremento alcançado pela Sábado, detida pela Cofina, que dispara 230,6% no digital, passando de apenas 1.358 para 4.489.
Apesar do crescimento registado por vários títulos na circulação digital paga, continuam a ser escassos os casos em que este incremento se revelou capaz de compensar as quebras registadas na circulação impressa paga. Expresso e Público são os únicos títulos de informação geral a registar saldo positivo, com crescimentos igualmente ao nível da circulação total paga. No caso do Expresso, que lidera na soma da circulação impressa paga e da circulação digital paga, com 100.898, o recuo de 6,8% na primeira é compensado pelo crescimento no digital, com a circulação total paga a subir 1,9% em 2021 quando comparada com os números alcançados em 2020 (99.009).
Também com balanço positivo, o Público compensa a quebra de 10,5% na circulação impressa paga graças a um crescimento de 27,3% na circulação digital que coloca a circulação total paga nos 51.567, uma subida de 16,1%. Com saldo negativo ficam o Correio da Manhã, com 59.788 (-10,6%), o Jornal de Notícias, com 27.932 (-21,2%) e o Diário de Notícias, com 4.608 (-34,9%). Nas newsmagazines, também com saldo negativo, a Visão lidera com 29.139 (-11,7%), seguida pela Sábado, com 27.423 (-14,8%).