Quando o paraíso dos nómadas digitais parece ser o inferno dos outros
Artigo de Sofia Macedo (Sofiamacedo.com). Sofia Macedo partilha, todos os meses, a sua experiência como nómada digital.
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Quem anda no meio, sabe que há dois destinos de eleição para uma grande parte dos nómadas digitais deste mundo. São eles: Ubud na ilha de Bali, na Indonesia e Chiang Mai, no norte da Tailândia.
São locais que possuem uma série de qualidades, que aqueles que trabalham e viajam apreciam, como uma boa Internet, paisagens bonitas e um custo de vida mais baixo.
Se por um lado Bali tem a vantagem da praia, por outro Chiang Mai tem a proximidade com Bangkok, ideal para quem quer viajar pela Ásia.
Em ambos os locais é possível ter uma boa qualidade de vida. Não há invernos com temperaturas negativas, alugar uma mota é fácil e acessível e o estilo de vida aproxima-se bastante da ocidental, no que toca ao entretenimento, com uma vasta oferta de cafés, bares, restaurantes, cinemas, ginásios e centros comerciais.
Além disso, actividades que no país de origem são muitas vezes vistas como um luxo, falo de ir a uma massagem ou de comer num restaurante mais caro, nestes países (pelos padrões de vida) possuem preços bem mais acessíveis.
Recentemente, passei uma temporada em Chiang Mai. A primeira vez que estive nesta cidade tailandesa foi em Agosto de 2012 e a mudança e o crescimento foi incrível. Muitos dos sítios que eu conhecia e que frequentava já não existem. Embora, continuem a existir os mercados de comida de rua, estes são em menor quantidade e grande parte da comida pareceu-me adaptada para “turista comer”. Ao quinto McDonald’s parei de os contar! E a quantidade de centros comerciais que há agora? É certo que estamos na segunda maior cidade tailandesa, mas ainda assim Chiang Mai é uma cidade com cerca de 130 mil habitantes – em Portugal, Braga tem cerca de 136 mil.
Já Ubud, tive a oportunidade de visitar a cidade de Março de 2016, quando fui de férias para a Indonésia. Sinceramente, não consegui entender o fascínio de Ubud. Achei cara, suja, cheia de turistas e senti que grande parte da população já estava cansada de tanta gente. Noutras partes da ilha, como no norte; assim como da Indonésia, as reacções eram bem diferentes e aí, sim, deu para viver a experienciar a hospitalidade indonésia.
Em ambos os locais, ouvi pessoas a queixarem-se de como a vida estava mais cara, de como os preços das casas tinham subido e de como o salário delas se mantinha – é, meus amigos, a gentrificação não é apenas um problema europeu!
Não quero com isto dizer que que devamos ficar em casa ou não ter este estilo de vida. Bem pelo contrário, contudo ser um cidadão responsável neste mundo, significa também ser um turista responsável. Um viajante responsável. Um nómada responsável. Neste sentido, por que não apostar em novos locais? Ou consumir mais produtos, assim como os estabelecimentos locais? Interessam-se mais pelas pessoas que vos rodeiam, assim como pela sua história e cultura. Enfim, há uma série de pequenas coisas que podemos fazer no nosso dia-a-dia e que podem tornar a vida de todos, inclusive a nossa, melhor.
Artigo de Sofia Macedo (Sofiamacedo.com). Sofia Macedo partilha, todos os meses, a sua experiência como nómada digital.