"Vamos continuar a crescer mas agora de forma mais moderada"
Uma Lei Geral da Publicidade, adaptada aos dias de hoje, é uma das ambições da Associação Angolana das Empresas de Publicidade e Marketing (AAEPM). A convivência com agências e profissionais […]
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Uma Lei Geral da Publicidade, adaptada aos dias de hoje, é uma das ambições da Associação Angolana das Empresas de Publicidade e Marketing (AAEPM). A convivência com agências e profissionais oriundos de outros países e a formação de quadros que permitam a “angolanização” do sector são outros dos temas abordados, num contexto que começa a ser de abrandamento do crescimento e diversificação da comunicação.
M&P: Há várias agências portuguesas que têm trabalhado marcas angolanas e/ou marcas portuguesas presentes em Angola, assim como agências que se estabeleceram no território. Como é que vêem a actuação destes players?
Nuno Fernandes (NF): Há de facto um número significativo de agências portuguesas a trabalhar para Angola ou em Angola. Estes players são encarados pela AAEPM de forma positiva, uma vez que tem contribuído, em parte, para o aumento qualitativo da comunicação e publicidade que é veiculada no nosso país. No entanto acreditamos que este contributo tenha que ser acompanhado pelo estabelecimento efectivo da sua presença em Angola. Com estabelecimento efectivo referimo-nos à sua constituição legal e consequente participação enquanto agentes económicos responsáveis e sérios, assumindo as suas contribuições ficais e o compromisso de capacitação dos quadros nacionais. A presença efectiva em Angola acarreta ainda benefícios, como a adequação da comunicação às múltiplas especificidades do nosso mercado e consequente aumento da relevância das mensagens e das suas formas e tons. Este factor constitui cada vez mais um elemento de diferenciação no nosso sector e é cada vais mais valorizado pelos anunciantes. As agências portuguesas têm aqui um desafio que só poderá ser superado com o contacto real e periódico com as nossas diversas componentes sociais, culturais, históricas e até mesmo politicas. Outro aspecto fundamental, na nossa perspectiva, é que as agências internacionais, portuguesas ou de outra origem, se relacionem formalmente com as estruturas representativas do sector, nomeadamente com a AAEPM. Só assim será possível garantir o compromisso de todos os players com os normas de actuação e princípios éticos que estão a ser assumidos pelos nossos associados. Em suma, assumindo os pressupostos legais, fiscais e associativos mencionados, gostaríamos de ver estas agências a participar de forma cada vez mais activa, fomentando a competitividade do sector e contribuindo para o aumento quantitativo e qualitativo da comunicação e publicidade no nosso país.
M&P: Em Portugal, e na Europa em geral, os últimos anos têm sido de retrocesso do investimento publicitário, tendência que se começou a inverter no ultimo ano. Em Angola, os últimos anos foram de crescimento, sendo as noticias mais recentes menos positivas. Como é que perspectiva este ano?
NF: Este ano será claramente um ano de abrandamento das taxas de crescimento verificados no nosso sector. Fruto das inúmeras dificuldades que o sector económico angolano está a atravessar, é natural que haja uma contenção do investimento por parte da maioria dos anunciantes. Esta redução do investimento em marketing e comunicação vai obrigar as agências a implementar medidas prudenciais, que possam responder à redução da receita e com isso garantir a continuidade do seu negócio. No entanto acreditamos que o actual momento que Angola vive, além dos inúmeros condicionalismos, apresenta também oportunidades para os players no nosso sector. Estas oportunidades estão relacionados com a necessidade de apoiar os programas públicos e privados de diversificação da economia, factor cada vez mais relevante para a sustentabilidade macroeconómica nacional. Deste modo as agências devem pensar em diversificar igualmente o seu portefólio de clientes e criar soluções eficazes de comunicação para as pequenas e médias empresas, factor que
constitui um elemento critico de sucesso para consolidar e credibilizar a produção nacional e dotar as empresas que actuam no sector produtivo de ferramentas de marketing e comunicação que as posicionem no topo da mente dos consumidores.
M&P: Quanto vale hoje o mercado publicitário em Angola? Perspectivam que este ano suba ou, pelo contrario, que comece a contrair?
NF: A valorização do mercado publicitário em Angola é sempre difícil de fazer, uma vez que ainda não temos informação consolidada sobre o investimento em todos os meios e veículos de comunicação. No entanto a AAEPM estima que o mercado valha cerca de 400 MUSD. Este valor representa o investimento, a preços de tabela, em Tv, rádio, imprensa a estimativa do investimento em outdoor, produção audiovisual, produção gráfica e de BTL (Eventos, Activações de Marca, entre outras), uma vez que mesmo sem informação auditada, estas componentes assumem uma fatia relevante do investimento das marcas em Angola. Para este volume de negócio contribuem maioritariamente o sector das Telecomunicações, Banca e Seguros, PayTv e Bens de Grande Consumo. Quanto às perspectivas para o futuro, e em linha com o actual cenário macroeconómico, estimamos que haja uma abrandamento da taxas de crescimento. Vamos continuar a crescer mas agora de forma mais moderada.
M&P: Globalmente, como definiria o sector da comunicação em Angola?
NF: O sector da comunicação vive hoje um bom momento. Temos um cliente e consumidor cada vez mais consciente e criterioso nas suas escolhas, uma maior segmentação dos públicos e stakeholders, e o surgimento e consolidação de vários nichos de mercado. Estes factores, associados à criação de mais e melhores empresas em Angola, tem feito com que as empresas sintam a necessidade de aumentar o seu investimento em marketing e comunicação. Este investimento começa também a ser efectivamente encarado como factor critico de sucesso da actividade empresarial. Este aumento na relevância do marketing e da comunicação em Angola tem sido acompanhado por um incremento significativo da qualidade das estratégias, planos e acções de comunicação que são desenvolvidas no nosso mercado. Presenciamos também um aumento da importância de disciplinas até agora consideradas como não tradicionais, como o digital, que tem cada vez um lugar maior no dia a dia dos angolanos. Há também uma tendência cada vez mais acentuada para a interacção entre as marcas e os seus clientes e consumidores, através das abordagens relacionais inerente aos eventos e activações de marca. Outro aspecto importante está relacionado com o surgimento de empresas nacionais especializadas nestas áreas, mas também em outras áreas criticas para o nosso sector, como a produção audiovisual.
O maior dinamismo do nosso sector tem sido acompanhando por um maior número de quadros qualificados, quer nacionais, quer expatriados, o que tem permitido a entrega de um serviço de nível internacional, mas com a adequação às especificidades do nosso mercado. No entanto, o nosso sector apresenta ainda inúmeros e complexos desafios, como a sua maior regulamentação, através de uma Lei Geral da Publicidade actual, eficaz e que salvaguarde os direitos e interesses quer do Estado, dos agentes económicos, como do próprio consumidor. Outro desafio de enorme relevância tem sido a necessidade de mais e melhores cursos técnicos e superiores na área da comunicação e publicidade, campo no qual a AAEPM sente que há efectivamente margem para melhoria significativa, e na qual pretende contar com o apoio e participação dos seus associados. Só assim será possível iniciar o processo de angolanização no nosso sector. Globalmente consideramos o nosso sector como uma sector de futuro, no qual contamos com a participação activa e responsável de todos os players, quer sejam se génese nacional ou internacional.