Hoje no M&P: “Como é que vamos cobrar conteúdos online se o Murdoch não consegue?”
Numa altura em que se discute a perda de importância do papel, Martim Avillez Figueiredo, administrador da Sojormedia Capital e director do I, defende que só o papel tem a […]

Carla Borges Ferreira
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Numa altura em que se discute a perda de importância do papel, Martim Avillez Figueiredo, administrador da Sojormedia Capital e director do I, defende que só o papel tem a capacidade de criar uma marca de informação. Seis meses após o lançamento do título faz o balanço do projecto, traça os objectivos para a marca e também lança críticas a um mercado onde, por vezes, se esquece que “isto não é um jogo de Monopólio”. “O drama do meio não são os leitores, o drama do meio é que ele está mal gerido”, defende
M&P: Como é que pensam rentabilizar a Internet?
MAF: Se soubesse a resposta… Não sei, sinceramente. Sigo atentamente este combate que o Rupert Murdoch tem feito àquilo que chama ave de rapina, que é o Google. Eu percebo o que ele quer dizer.
Em todos os países da Europa houve uma espécie de alerta semelhante com as agências de cliping, explicando que eram das poucas empresas que não pagavam a matéria prima, o que não faz grande sentido porque, mais uma vez, isto não é um jogo de Monópolio.
E, no dia em que deixar de haver jornais, o Google perde uma fonte importantíssima do seu motor de busca. O Murdoch não lidera nenhum lóbi contra o Google, provavelmente usa-o como nós todos usamos. Mas se existem milhões de pessoas pelo mundo que gostam de compilar informação para seu gosto pessoal, também sabemos que existem negócios que vivem disso.
O Google ser absolutamente insensível a essa fatia do seu mercado parece absurdo. Tem que haver dinheiro. Estamos todos num negócio e tem que existir um valor ajustável ao esforço de cada um. E o Google não estar disponível para se sentar com esses grande grupos faz-me um bocadinho de aflição.
Como é que vamos cobrar aqui conteúdos online se o Murdoch não consegue cobrar os seus? Também sabemos que se amanhã fosse anunciado o fim de todos os títulos de imprensa em Portugal íamos ver aquelas manifestações de solidariedade, com velinhas e tudo. Mas nós não queremos velinhas, queremos é sentar-nos antes das velinhas, para todos percebermos do que é que estamos a falar. Às vezes parece que não sabemos do que estamos a falar.
M&P: Para a construção, e manutenção, de uma marca de informação o papel tem que existir?
MAF: Essa é uma resposta fácil. Conhece alguma outra plataforma que construísse marca em seis meses? Eu não conheço. O I é uma marca em seis meses porque tem uma plataforma em papel. O online gera receitas próximas de dois milhões de euros em seis meses? Se gerar 200 ou 300 mil já é uma conquista e com 20 ou 300 mil não se pagam salários. No outro dia o Boston Consulting Group emitiu um documento muito giro chamado The Marketing Chief Officer Dilemma. E dizia “os marketing officer estão a dizer que o online é que está a dar, o papel e as televisões estão a morrer”.
Estão a esquecer três pontos: se investem tudo no online, e investem pouco, vão desaparecer os produtores de conteúdos, porque deixa de ser possível pagar a qualidade. Depois, esquecem que não há filme nenhum do YouTube que atinja as audiências do Ídolos, duma final do Super Bowl ou dum jogo Benfica/Sporting, para falar de Portugal. Finalmente, se forem insensíveis a isto tudo, o que vai acontecer é que não vão chegar aos consumidores finais, porque eles continuam muito mais agarrados às plataformas tradicionais e no online têm uma dispersão que não têm no papel ou televisão.
No online não há grandes relações de afinidade com as marcas de informação. Depois insistia, insistia o relatório, conhecem alguma marca de informação online que não seja sustentada numa grande marca de informação em papel? No dia em que quebrarem este ciclo deixam de ter plataformas para comunicar, pensem nisto. O papel é um driver de relevância essencial, eu não conheço nenhum outro.
M&P: Não partilha portanto das visões mais catastrofístas sobre o fim so papel.
MAF: Em seis meses lançamos um jornal em papel, a circulação sobe, o taret foi atingido e nasceu uma marca.