Cofina Media
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Ana Marcela
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À espera de um canal de televisão
A ambição de um canal de televisão da Cofina é conhecida, não surpreendendo as expectativas do grupo de Paulo Fernandes face ao concurso da TDT. Até lá, o grupo reforçou o seu portfólio na imprensa com o lançamento de um gratuito, o Meia Hora
A adição de um canal de televisão ao seu portfólio de meios é uma das intenções do grupo Cofina. Um projecto manifestado por contínuas vezes e, por razões diversas, nunca concretizado. Não surpreende, portanto, que o grupo liderado por Paulo Fernandes encare com uma expectativa positiva recentes movimentações do mercado que estão a dar oportunidades, num sector algo estagnado e que “não cria muitas oportunidades de crescimento, quer orgânico quer por aquisições, embora se preveja que o mesmo possa vir a ser dinamizado com o concurso para a TDT e com o spin-off da PT Multimedia”, como destaca Luís Santana, administrador da Cofina Media. As expectativas concentram-se no concurso para a TDT e para a possibilidade de ser incluído no bouquet de oferta um canal free-to-air. “A Cofina tem, como se sabe, um projecto de televisão generalista preparado para arrancar logo que tal seja possível, preferencialmente antes da TDT”, relembra Luís Santana. “Um ou mais canais free-to-air terá o condão de dinamizar um segmento que se encontra estagnado e que é pouco diferenciado. As margens de negócio do mercado televisivo nacional deixam os operadores confortáveis, pois são das mais altas do panorama televisivo europeu e muitas vezes superiores à margem que se obtém em outros segmentos da comunicação social como a imprensa”, justifica o administrador.
Presença no audiovisual significava uma oportunidade de expansão para o grupo Cofina não só em termos de portfólio de meios como de receitas. Actualmente, a oferta do grupo concentra-se na imprensa onde se reúnem títulos como a newsmagazine Sábado, o desportivo Record ou o Correio da Manhã, actualmente líder em termos de audiências e circulação paga. O matutino da Cofina foi, aliás, um dos protagonistas, juntamente com o Diário de Notícias, de uma das maiores movimentações de quadros entre grupos em tempos recentes. João Marcelino sai da direcção editorial do título em Fevereiro para liderar o Diário de Notícias, depois de Joaquim Oliveira ter demitido a direcção do diário de referência da Controlinveste. Na sequência da sua mudança, outros profissionais o acompanharam, não só do título que até aí dirigia como de outros do grupo. Fevereiro e Março foi a época das transferências no que ao grupo Cofina e Controlinveste diz respeito.
Mudanças nos gratuitos
Movimentações que, todavia, não diminuíram a dinâmica de lançamento de produto do grupo de Paulo Fernandes. Em finais de Maio, o grupo surpreende o mercado com o anúncio de um novo produto editorial: o gratuito Meia Hora. Com lançamento a 6 de Junho, praticamente na época estival, altura em que os títulos gratuitos suspendem as suas edições, a opção foi encarada como uma tentativa de antecipação ao lançamento de um gratuito da Controlinveste há muito aguardado no mercado. Uma análise que, quando confrontado na altura da apresentação do título, Luís Santana negou. “Fizemos o lançamento agora porque sentimos que era o momento certo para colocar o projecto cá fora”, afirmou o administrador. Dois milhões de euros (com um break-even a três anos) foi quanto a Cofina e a Metro News investiram neste gratuito que se apresentou como posicionado num segmento de referência com vista a conquistar as classes A/B. 100 mil exemplares de tiragem, onde 50% serão distribuídos nos semáforos, foi a estratégia definida para a colocação no mercado do título liderado editorialmente por Sérgio Coimbra. Inicialmente com distribuição apenas na cidade de Lisboa, em Setembro o Meia Hora, à semelhança do que já tinha sucedido com outros títulos gratuitos, chegou à cidade do Porto.
O Meia Hora veio assim juntar-se a um outro gratuito do grupo, o Destak, que vê Isabel Stilwell, antiga directora da Notícias Magazine, assumir a direcção do título deixada em aberto com a saída de Luís Martins para assumir a direcção da TV Guia e da TV Guia Telenovelas. Uma mudança suscitada pela transição de Nuno Farinha, para o cargo de sub-director do Record, projecto que em Agosto foi objecto de uma reformulação. O título desportivo, alinhado com o segmento, registou quebras de circulação na ordem dos 11 mil exemplares, segundo os dados da APCT relativos ao primeiro trimestre. O mesmo ocorreu em títulos como a masculina GQ (-6.503 exemplares) e PC Guia (-4.905) que contribuíram para a quebra dos resultados do grupo de Paulo Fernandes, não compensada pela subida acima dos 20 mil exemplares da Sábado. O grupo fechou o primeiro trimestre com uma circulação média acima dos 584 mil exemplares, menos 2.408 que no primeiro trimestre do ano passado (variação negativa de 0,41%).
As contas semestrais do grupo mostram-se mais positivas. No primeiro semestre deste ano, a Cofina obteve um resultado líquido de 5,5 milhões de euros, ou seja, um aumento de 2,4% face ao mesmo período de 2006. “O volume de negócios situou-se nos 67 milhões de euros, uma progressão de 3% face a 2006, não obstante a queda verificada ao nível de receitas no marketing alternativo”, pode-se ler no relatório e contas relativo ao primeiro semestre deste ano. De facto, tanto na área jornais como revistas, o grupo cresce em receitas de publicidade e circulação, sendo a quebra nas receitas de marketing alternativo na ordem dos 14,7% nos jornais e de 40,1% nas revistas.
“O principal desafio da Cofina Media é manter o ritmo de crescimento nos sectores onde actua e manter a liderança na imprensa escrita e na internet. No curto prazo a Cofina quer estar presente no segmento de televisão e consolidar os projectos internacionais onde participa”, sintetiza o administrador da Cofina Media, quando questionado sobre o futuro a curto/médio prazo do grupo.