Fotografia digital, técnica de futuro
Sente-se realizado com o trabalho de agência, onde trabalha exclusivamente com máquinas digitais. José Manuel Ribeiro salienta a importância dos mais recentes e rápidos formatos de fotografia, que o mercado […]
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Sente-se realizado com o trabalho de agência, onde trabalha exclusivamente com máquinas digitais. José Manuel Ribeiro salienta a importância dos mais recentes e rápidos formatos de fotografia, que o mercado editorial exige cada vez mais
Estudou no Instituto Português de Fotografia e frequentou a Escola Superior de Belas- -Artes de Lisboa, embora nunca tenha concluído este curso. José Manuel Ribeiro, fotógrafo da agência noticiosa Reuters, passou por inúmeras publicações (“Público”, revista “Época”, entre outras) e também pela Lusa, mas acaba por ingressar na agência internacional, onde se encontra desde 1996 e descobre a sua verdadeira paixão. Para este fotógrafo, «em termos de importância, o fotojornalismo em Portugal ocupa um papel relevante. O país está muito ao nível do que se faz lá fora. Onde estamos pior é ao nível dos recursos”, pelo que lamenta que a imprensa portuguesa tenha «tiragens baixíssimas». Entre as várias publicações nacionais, ressalta o “DNA”, o “Público” e “O Independente”. Do melhor que se faz no estrangeiro, José Manuel Ribeiro destaca o jornal espanhol “La Vanguardia”, o francês “Liberation” e o inglês “Independent”, além dos norte- -americanos “Los Angeles Times” e “Boston Globe”. Segundo este fotógrafo, a mais- -valia dos jornais passa pela investigação, «que escasseia cada vez mais. À noite, as pessoas são bombardeadas pelas imagens que passam nos telejornais. De manhã, são bombardeadas pela rádio no caminho para o emprego. Quando chegam ao quiosque, o jornal traz pouco?» Como exemplo, aponta o caso de Moçambique: «Os jornais ainda não mostraram mais do que a televisão já mostrou. Ainda não se viu nenhum bom portfólio sobre esta tragédia!» Por outro lado, considera que «os jornais têm pouco conhecimento de fotojornalismo e que os fotógrafos que entram para os jornais apenas estudam fotografia». Por isso, entre os fotojornalistas da praça destaca apenas o nome de Daniel Rocha. Como fotógrafos de referência, nomeia Acácio Franco, Alfredo Cunha e Luís Vasconcelos. Os fotógrafos da Magnum são também uma referência, «só que vêem-se poucos trabalho». Mas os eleitos são mesmo Robert Doisnot e Josef Koudelka. Como reportagens mais marcantes, destaca a que fez em Israel, para o “Público”, por ocasião dos acordos de paz de Washington. Recorda ainda outra reportagem que realizou em Itália, em plena guerra do Kosovo. «Estava ao lado dos aliados, que se encontravam a bombardear a Jugoslávia, e ao telemóvel tinha um colega meu que estava na Jugoslávia debaixo do fogo das bombas que saíam exactamente do local onde eu me encontrava.» Na Reuters não seria possível trabalhar com os suportes analógicos tradicionais, por isso trabalha com câmaras digitais. «Há quase três anos que trabalho com câmaras digitais e há cerca de ano e meio que não utilizo um carreto», afirma. «O equipamento é igual, o suporte é que é um CCD, semelhante ao sistema de vídeo, onde a imagem é gravada, em suporte magnético, em formato digital», explica José Manuel Ribeiro. O fotógrafo ilustra as vantagens desta tecnologia contando que, há dois anos, foi enviado para o Mundial de Futebol de França e, «passados dez minutos do primeiro golo, a agência já estava a distribuir as imagens respectivas. Isto nunca seria possível com o sistema tradicional». Refere também que o material digital, embora mais caro a curto prazo, «acaba por ser abatido em cerca de dois anos e depois torna-se mais barato, pois não implica custos da revelação nem dos rolos». Acrescenta que o digital tem algumas limitações, mas que «para o trabalho de agência e para os jornais, é o mais adequado. A foto não pode exceder o formato A4, mas nenhum jornal publica fotos com esse formato». Trabalha com uma Canon EOS1-502, com 16 megas e com back digital Kodak, e considera a Leica «um disparate. A Leica está para a fotografia tal como o Cartier Bresson está para o fotojornalismo… É um objecto de culto. É o Ferrari das máquinas: usa-se como colar». Até porque, de acordo com José Manuel Ribeiro, é a lente que faz a diferença e não o corpo da câmara. Mesmo assim, confessa já ter «saudades do preto e branco, de revelar, de pegar nas fotos com as mãos». Mas se lhe dessem uma grande reportagem para fazer em três meses, do género National Geografic, «escolhia a máquina digital, sem hesitar. As máquinas digitais estão a evoluir, são cada vez melhores». Para provar que a película «já não faz sentido nos jornais dos dias de hoje», refere o facto de a televisão também já não trabalhar com película, mas apenas com vídeo. Segundo José Manuel Ribeiro, basta aplicar os conhecimentos de laboratório ao computador e, através de programas como o Photoshop, é possível fazer a revelação da fotografia. Mas, para já, na opinião do fotógrafo, «os jornalistas ainda vêem o computador como máquina de escrever e o fotógrafo vê o PC como um mero jogo do Solitário». Quanto á publicidade, apesar de já ter feito alguma no início da sua carreira, é absolutamente a favor da posição do Sindicato de Jornalistas, embora não a ponha de lado, se alguma campanha quiser aproveitar imagens do seu vasto arquivo. Mas teria de ser uma campanha mais fotojornalística. Caso contrário, «um fotógrafo não pode fazer publicidade a um refrigerante e depois fazer para o jornal onde trabalha uma reportagem sobre a poluição que a fábrica desse mesmo refrigerante causa nos rios». Mesmo assim, acha difícil viver apenas do fotojornalismo e, por isso, «muitos fotógrafos acabam por ter de viver da publicidade». Por outro lado, considera que a Benetton «veio baralhar isto tudo”. Isto é, «começámos a ver trabalhos de fotojornalismo em outdoors gigantescos? Não estávamos nada habituados». José Manuel Ribeiro gostava de fazer um livro e organizar exposições, mas não tem tempo. Em 1994 expõs em Angola um trabalho sobre o país e as suas gentes.