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A criatividade que se transforma em reconhecimento

Agências e produtoras apontam os prémios ganhos em festivais nacionais e internacionais que mais as marcaram, analisam o estado da criatividade e perspetivam o novo ano que se avizinha

Susana Marvão
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A criatividade que se transforma em reconhecimento

Agências e produtoras apontam os prémios ganhos em festivais nacionais e internacionais que mais as marcaram, analisam o estado da criatividade e perspetivam o novo ano que se avizinha

Susana Marvão
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Na última edição do ano, o M&P dá o protagonismo às equipas de talentos que em 2024 transformam criatividade em reconhecimento, com ideias que se materializam em projetos de comunicação comercial, que são distinguidos com prémios.

Num setor onde a capacidade de surpreender e inovar é o motor do sucesso, os prémios em festivais nacionais e internacionais são mais do que troféus nas prateleiras: são símbolos de excelência, credibilidade e inspiração. Estes galardões reforçam não só a reputação das empresas no mercado, mas também a confiança dos clientes e parceiros, elevando o potencial de novos negócios, crescimento e internacionalização.

Em 2024, o trabalho das agências e produtoras nacionais é reconhecido dentro e fora do país, desde os Prémios M&P, o Festival do CCP e os Prémios Eficácia, até aos internacionais Cannes Lions, One Show, ADCE e Clio Sports Awards, que são tidos em linha de conta para reunir aqui algumas das campanhas mais premiadas do ano.

Um prémio é mais do que um marco. É o reflexo de uma visão estratégica, do talento das equipas e do compromisso com a excelência. Representa também a responsabilidade de continuar a elevar os padrões, questionar o ‘status quo’ e inspirar o setor.

As perspetivas para 2025 são desafiantes, mas promissoras, com marcas e agências a terem de equilibrar a tradição criativa com a inovação tecnológica, a eficiência com a sustentabilidade e as emoções humanas com os dados digitais.

Bar Ogilvy
O triunfo de uma causa ambiental
Para José Bomtempo, cofundador e diretor criativo executivo da Bar Ogilvy, o projeto ‘The Endangered Typeface’ (na foto), desenvolvido para a WWF, é o grande destaque de 2024.

“A única campanha criada em Portugal com reconhecimento no Festival de Cannes e que confirma a capacidade de transformar uma causa ambiental num conceito verdadeiramente inovador, que consegue captar fortemente a atenção global para a mensagem da WWF”, justifica José Bomtempo.
Sobre o desempenho criativo das agências nacionais, o cofundador e diretor criativo executivo da Bar Ogilvy considera que “as agências portuguesas estão num momento interessante de transformação. Há em Portugal excelentes criativos, o problema é que o consumidor está cada vez mais rápido na sua alteração de hábitos de consumo”.

Ainda assim, José Bomtempo salienta que “é visível uma evolução positiva, especialmente nas agências que se antecipam às novas realidades e exigências dos anunciantes. Esta capacidade de antecipação tem sido um diferencial competitivo fundamental no mercado atual das boas agências”.

José Bomtempo defende que “só que tem multidisciplinaridade como oferta poderá apresentar bons resultados”

Em relação aos desafios e oportunidades para 2025, José Bomtempo sublinha que “o principal desafio será desenvolver a capacidade de responder de forma integrada, tanto no macro como nas microcomunidades de consumidores. Este é um equilíbrio delicado, que exige não só criatividade muito bem pensada e executada, mas também um profundo entendimento das diferentes dinâmicas de consumo e da comunicação. Só quem tem multidisciplinaridade como oferta poderá apresentar bons resultados”.

Quanto às ferramentas e estratégias criativas, a utilização da inteligência artificial (IA) de forma integrada é o caminho a explorar na Bar Ogilvy. “Na WPP, temos ferramentas verdadeiramente extraordinárias. No entanto, qual será o real valor de ampliarmos a integração com a IA se não cultivarmos um espírito criativo vibrante e presente em todos os departamentos da nossa agência? De que maneira podemos aproveitar ao máximo estas inovadoras ferramentas se não estivermos verdadeiramente preparados para superar os nossos receios e ousar fazer diferente?”, pondera José Bomtempo.

Para cofundador e diretor criativo executivo da Bar Ogilvy, o desafio está em “combinar a excelência tecnológica com uma criatividade cada vez mais inspiradora e vencedora”.

Bro Cinema
Aglutinar talento plural e interdisciplinar
Na Bro Cinema, a campanha ‘Magnetic Stories’ (na foto), com realização de Mário Patrocínio, é considerada a de maior destaque, em 2024.

“Teve um impacto internacional sem paralelo no panorama da comunicação. O Grand Prix no Cannes Lions demonstrou a capacidade de execução criativa da Bro Cinema, com dezenas de parceiros internacionais, e é um marco para todos os envolvidos, que criaram uma campanha de raiz que correu por todo o mundo e que teve um impacto social e humano que ainda hoje nos toca profundamente”, revela Mário Patrocínio, fundador da Bro Cinema.

O produtor reforça que esta campanha “define de forma efetiva o ‘know-how’ da Bro Cinema em aglutinar talento plural e interdisciplinar, e prova que as grandes campanhas são aquelas cuja capacidade transformativa cruza fronteiras e mercados”.

“O Grand Prix no Cannes Lions demonstrou a capacidade de execução criativa da Bro Cinema, com dezenas de parceiros internacionais”, diz Mário Patrocínio

No que toca à criatividade em Portugal, Mário Patrocínio acredita que “as empresas nacionais continuam a demonstrar uma enorme capacidade criativa, e essencialmente uma invulgar resiliência no mercado atual”. Contudo, sublinha que “o que continua a faltar é uma estratégia de divulgação e promoção destas mesmas campanhas e prémios, a nível de ‘networking’ internacional, com foco no ‘made in’ Portugal. Não só a nível de execução, mas essencialmente a nível de criação”.

No próximo ano, Mário Patrocínio aponta que o mercado enfrenta desafios significativos. “Um mercado saturado e que curiosamente se tornou muito previsível e repleto de demasiados riscos. O problema do politicamente correto e da ‘cancel culture’ estrangula cada vez mais a capacidade criativa e produtiva, e a relação entre agência e cliente. Uma indústria que se pautou sempre pela inovação e quebra de barreiras depara-se agora com uma estratégia de ‘grey áreas’, que liquida o espírito inovador que foi sempre o ADN deste mercado”.

No entanto, a Bro Cinema mantém o foco em dois eixos essenciais: “make it happen and make it memorable”. Para Mário Patrocínio, “a nossa capacidade de execução multidisciplinar e a mais-valia de uma experiência de mais de uma década em vários mercados internacionais permite-nos ter uma visão global e atuar de forma efetiva, com soluções inovadoras que se adaptam a contextos e circunstâncias específicos”.

Em 2025, o objetivo será “aumentar ainda mais a nossa capacidade proativa, e de oferecer propostas integradas que façam a diferença, sempre”, remata Mário Patrocínio.

Coming Soon
A criatividade vai muito bem, obrigada
Marcelo Lourenço, cofundador da Coming Soon, destaca como momento alto de 2024 a campanha ‘Surfing Through the Odds’ (na foto), criada para a SOMA Surf e a Betclic.

“Este ano, os festivais de criatividade foram muito generosos com a Coming Soon, em especial com a nossa campanha ‘Surfing Through the Odds’. Finalista no Cannes Lions e no The One Show, a campanha conquistou ainda dois Clios, um troféu no El Ojo de Iberoamérica e foi o Grande Prémio de Jornalistas no Clube de Criatividade de Portugal”, refere.

Além disso, Marcelo Lourenço sublinha a alegria de ter ajudado “o ActivoBank, um dos primeiros clientes a acreditar na nossa agência, a ganhar o seu primeiro troféu nos Prémios Eficácia. Uma alegria que entrou diretamente para o topo dos melhores momentos da Coming Soon em 2024”.

Sobre o panorama criativo nacional, Marcelo Lourenço vê um cenário muito positivo: “A criatividade portuguesa vai muito bem, obrigada. Nunca produzimos trabalho tão disruptivo e nunca ganhámos tantos prémios internacionais. Um movimento que teve início há cerca de uma década, quando as agências independentes começaram a mudar a cara da nossa indústria”.

O cofundador da Coming Soon salienta o impacto de algumas agências e profissionais nesta evolução: “Palmas para o Escritório e o Nuno Jerónimo, que desbravaram este caminho. Desde então, temos a Uzina, a Stream and Tough Guy, e tantas outras agências, todas com criativos em cargos de direção a destacar-se no mercado”.

“Nunca produzimos trabalho tão disruptivo e nunca ganhámos tantos prémios internacionais”, refere Marcelo Lourenço (à dir.)

Este movimento é, para Marcelo Lourenço, é evidente. “O impacto desta mudança é visível, por exemplo, no mais recente festival do ADCE, onde a criatividade portuguesa brilhou, com Portugal a destacar-se como um dos países com mais campanhas finalistas”.

Relativamente a expetativas para o próximo ano, Marcelo Lourenço reconhece a inteligência artificial (IA) como o maior elemento de disrupção. “Não há como negar: a chegada da IA é o grande desafio da nossa geração. Trata-se de uma revolução que vai alterar profundamente a nossa indústria”, sustenta o cofundador da Coming Soon.

No entanto, Marcelo Lourenço alerta para um problema maior: “O que realmente preocupa é o número de CEO que já começaram a decretar o fim da publicidade ‘feita por humanos’, como se a IA fosse a oportunidade perfeita para se livrarem, finalmente, dos criativos. Só quem trabalha nesta profissão e nunca teve uma ideia na vida é capaz de acreditar que os computadores vão fazer todo o trabalho. Mas aqui estaremos nós para provar o contrário”.

Em termos de estratégias para o futuro, Marcelo Lourenço reforça o compromisso da Coming Soon com a valorização da criatividade. “Somos uma das poucas agências do mercado – se não a única – que não cobra um ‘fee’ de produção sobre as campanhas. O nosso custo resume-se ao nosso ‘fee’ criativo. Parece-nos a maneira mais justa de remunerar uma agência criativa. Esperamos que em 2025 mais empresas voltem a investir o dinheiro onde ele realmente deve estar: numa grande ideia”.

Dentsu Creative Portugal
É urgente identificar espaços de inovação
Nos trabalhos premiados em 2024, Ivo Purvis, diretor criativo executivo da Dentsu Creative Portugal, salienta o ‘Drawn to Equality’ (na foto), desenvolvido para a Visa em colaboração com o jornal A Bola.

“É um projeto que surge proativamente por parte da agência num dos eixos que melhor nos define, a ‘new media’. A proatividade das agências, seja para clientes internos ou externos, é essencial para encontrar e explorar novas oportunidades criativas e de negócio. Neste caso, a Visa recebeu a ideia com muito entusiasmo, pois refletia exatamente a estratégia internacional da marca, de apoio ao futebol feminino”, explica Ivo Purvis.

O diretor criativo executivo da Dentsu Creative Portugal defende que o ajustamento de vários fatores determina os resultados. “Nada acontece por acaso e sabemos que o sucesso das ideias depende de uma quantidade de fatores que devem estar alinhados: interesse, vontade, investimento e mãos à obra. Fico feliz por ver este projeto a ser premiado internacionalmente nos Clio, no El Ojo, no Cresta e, mais recentemente, no Eurobest. É sinal de que estamos com o pensamento certo e isso dá-nos força para encontrar novas oportunidades”, salienta.

Ivo Purvis reconhece que algumas agências, em Portugal, ainda se preocupam em fazer trabalhos criativos, mas observa uma tendência preocupante. “As agências estão cada vez mais a lutar pela sua saúde financeira e acabam por deixar o ‘fazer diferente’ para segundo plano. Está-se muito focado na eficácia dos resultados, mas não podemos descurar a forma como os conseguimos atingir”, aponta o diretor criativo executivo da Dentsu Creative Portugal, que lança questões ao mercado publicitário.

“Queremos ser profissionais lembrados pelo quê? Por pormos em prática fórmulas de sucesso? Ou sermos aqueles que criam novos caminhos, que serão as fórmulas para quem as gosta de replicar ou até de cientificar?”, questiona Ivo Purvis.

“A proatividade das agências é essencial para encontrar e explorar novas oportunidades criativas e de negócio”, sustenta Ivo Purvis

O diretor criativo executivo da Dentsu Creative Portugal acredita, aliás, que as oportunidades residem na capacidade de identificar espaços para inovação, tendo em conta que “não existem pequenos formatos, existem grandes oportunidades”.

Entre os desafios para o próximo ano, Ivo Purvis destaca a necessidade de repensar os prazos e os processos criativos da indústria. “Um dos principais desafios que a criatividade vai ter de enfrentar em 2025 é o mesmo que já enfrenta há vários anos. Como podem as agências defender o processo criativo se queremos adotar processos ‘TikTokeanos’ para tudo e estrangular orçamentos e, por consequência, o ‘craft’?”, alerta.

Ivo Purvis vai mais longe e argumenta que “não podemos achar que qualquer coisa é válida para despejar na internet para cumprir uma urgência ou objetivo de última hora. Não devemos esquecer que a nossa pegada digital está em todo o lado e a das marcas também. E, no final, somos feitos daquilo que fazemos”.

Quanto às ferramentas e estratégias para 2025, Ivo Purvis aponta para uma colaboração mais estreita com algumas das valências do grupo mundial que integra. “Há dois anos, passámos de agência local para agência global. Com isso vieram novos desafios e novos processos dos mais variados quadrantes do globo, que juntamos à nossa experiência. Em 2025, vamos continuar a dar lugar de destaque a media nos processos criativos, mas estamos empenhados em colaborar mais com a Dentsu Labs e o seu novo estúdio em Amesterdão”, revela.

Ivo Purvis considera que este avanço representa um passo empolgante para o futuro da criatividade: “Este braço da Dentsu já existia em Tóquio para projetos experimentais e agora fica mais acessível de trazer para Portugal, nos projetos nacionais ou internacionais que exigirem ideias com desenvolvimento tecnológico e prototipagem. Antevê-se um ano excitante no âmbito das ideias”, refere o diretor criativo executivo da Dentsu Creative Portugal.

Graficalismo
O desafio da originalidade
O projeto ‘The Streaming Undies’ (na foto), desenvolvido para a marca de roupa interior Maison Pixel, é o ponto alto em 2024 para Cesária Martins, fundadora e diretora criativa da Graficalismo.

“Este projeto foi o resultado de um processo criativo colaborativo com a agência de referência Atlantic New York, o que enriqueceu a marca com uma visão global e inovadora”, salienta.

A fundadora e diretora criativa da Graficalismo revela que “a campanha gerou um enorme movimento dentro da nossa comunidade, abrindo uma conversa interessante. Teve um aumento de 27% nas vendas, o que acreditamos ser um reflexo direto da eficácia da criatividade”.

Sobre o panorama criativo, Cesária Martins vê as agências portuguesas a ganharem cada vez mais notoriedade internacional. “As agências nacionais estão a ocupar um lugar de protagonismo na paisagem do design internacional. O mercado nacional tem demonstrado um trabalho de altíssima qualidade, com um forte foco no ‘craft’, que é cada vez mais reconhecido globalmente”, argumenta.

Cesária Martins destaca ainda as mais-valias do digital: “Sentimos que há um grande potencial a ser explorado no universo digital, especialmente no binómio criatividade/design. Alguns estúdios mais pequenos, com uma abordagem mais experimental, têm conseguido destacar-se no contexto internacional com trabalhos de grande relevância”, refere.

“Queremos continuar a trabalhar com pessoas que admiramos”, refere Cesária Martins, cofundadora da Graficalismo, com Sebastião Teixeira

Quanto aos desafios em 2025, Cesária Martins aponta para a busca contínua de originalidade e relevância. “Em 2025, e sempre, a criatividade continuará a perseguir o seu desafio intrínseco: ser relevante, original e surpreendente, exigindo a capacidade de olhar para as mesmas variáveis sob uma perspetiva nova”, antevê a fundadora e diretora criativa da Graficalismo.

Em relação às estratégias criativas, a Graficalismo direciona-se não só para o digital como para o espírito colaborativo. “Interessa-nos o ambiente digital, a criação de conteúdo narrativo e a criatividade. Além disso, acreditamos profundamente no poder da colaboração”, avança.

A fundadora e diretora criativa da Graficalismo refere que “queremos continuar a trabalhar com pessoas que admiramos, pois essa troca de perspetivas é fundamental para manter a nossa criatividade viva e alinhada com o propósito de cada projeto”.

O espírito experimental também move este estúdio de design: “queremos envolver-nos em ideias e negócios que inventamos e que nos levam ao caos e desespero”, diz Cesária Martins.

Jungle Corner
Uma selva de criatividade
Inês de Almeida Martins, produtora da Jungle Corner, destaca em 2024 o trabalho desenvolvido para a Bar Ogilvy e a WWF (na foto), que conquista um Bronze no Festival de Cannes.

“Desde o primeiro momento percebemos que seria um trabalho especial. A genialidade da ideia criativa da Bar Ogilvy, associada à causa da WWF, foi motivo mais que suficiente para o nosso ‘sim’ sem restrições”, justifica Inês de Almeida Martins. A produtora da Jungle Corner salienta o impacto duradouro desta produção: “Quando temos em mão uma ideia criativa como esta, com um propósito prático e que vai durar no tempo, tudo se torna fácil e todo o tempo de produção gasto deixa de ser importante”, sustenta Inês de Almeida Martins.

A equipa da Jungle Corner destaca o ‘Endangered Typeface”, produzido para a Bar Ogilvy e que ganha Leão de Bronze em Cannes

Questionada sobre o panorama criativo nacional, a produtora observa um crescimento consistente no setor. “Temos tido a oportunidade de estar associados a prémios nos últimos três ou quatro anos e, olhando para o panorama nacional, vemos que a criatividade portuguesa tem tido sucesso crescente, tanto no número de trabalhos como de prémios. Isso estimula todo o setor a querer participar”, considera Inês de Almeida Martins.

Stream and Tough Guy
Prémios são ‘apenas’ resultado de bom trabalho
A campanha ‘Quando For Grande Quero Ser Contabilista’ (na foto), desenvolvida para a Ajuda de Berço, é a que João Ribeiro, CEO da Stream and Tough Guy, destaca em 2024.

O Grande Prémio do Bem no Festival CCP, o Grande Prémio Solidário nos APPM Marketing Awards e o Ouro na categoria A Força do Bem, nos Prémios Eficácia, são algumas das distinções que a campanha da Stream and Tough Guy acumula ao longo do ano.

João Ribeiro destaca quatro razões para a relevância deste projeto. “Trata-se de um trabalho consequente, pois os resultados que obteve em termos de negócio permitiram mais do que duplicar o valor angariado com a consignação do IRS, ajudando assim a instituição a ajudar mais crianças”, avança o CEO da Stream and Tough Guy.

A isto, João Ribeiro acrescenta que “o sucesso da campanha foi fruto de uma excelente articulação com vários parceiros, como a Arena, a Corpcom, a NEI, a Ordem dos Contabilistas, a Hand, a MOP e a JC Decaux, o que espelha bem a nossa forma de trabalhar”.

O CEO da Stream and Tough Guy não tem dúvidas de que “quando um projeto é destacado, de forma unânime, por vários grupos de jurados de diferentes festivais, fica evidente o impacto da ideia”.

Os prémios atribuídos a esta campanha, por outro lado, contribuem para que a agência fosse amplamente distinguida no Ranking do Clube da Criatividade de Portugal. “Os elementos da agência foram reconhecidos como Melhor Diretor Geral, Melhor Diretor de Estratégia, Melhor Diretor Criativo, Melhor Redator, Melhor Diretor de Arte, Melhor Diretor de Contas e Melhor Produtor do Ano. A Stream and Tough Guy foi também considerada a Agência do Ano em Publicidade e em Experiências de Marca no CCP”, recorda João Ribeiro.

“O sucesso da campanha foi fruto de uma excelente articulação com vários parceiros”, diz João Ribeiro

Relativamente ao panorama nacional, a indústria criativa tem alguns desafios pela frente. “No nosso caso em particular, o que podemos garantir é que tentamos sempre encontrar um ângulo estratégico relevante para cada ‘briefing’ e criar uma ideia que seja original, pertinente e, sobretudo, consequente. Se esse trabalho depois se traduz em prémios, é um complemento, mas não é o nosso objetivo”, garante João Ribeiro.

No entanto, o CEO da Stream and Tough Guy lamenta a falta de trabalhos estimulantes. “No panorama nacional, não há muitos exemplos de trabalho que nos entusiasme e vemos muito desperdício a ser cometido. Com algumas exceções, como é o caso da comunicação da Ikea, a maioria do trabalho deste ano foi banal e inconsequente”, considera.

Quanto a esta situação, João Ribeiro aponta responsabilidades a todos os profissionais envolvidos, porque “são poucos os marketers que querem assumir riscos e fazer diferente, e são muitas as agências que preferem jogar pelo seguro em defesa do seu negócio e não tanto da criatividade, o que prejudica a indústria”.

Por outro lado, considera que “é triste verificar que alguns trabalhos são apresentados nos festivais com uma narrativa que não corresponde à verdade do que realmente aconteceu, tentando, de certa forma, enganar algum jurado menos atento, demonstrando que os prémios são para algumas agências um fim e não uma consequência. Neste caso, a razão é a falta de ética de alguns profissionais”.

João Ribeiro critica também a existência de um grande número de festivais em Portugal e a falta de rigor em algumas avaliações. “Existem em Portugal tantos festivais, sobretudo aqueles que têm exclusivamente fins lucrativos, sem qualquer propósito em prol de uma associação, em que o rigor das avaliações não parece ser imperativo. Neste caso, há três responsáveis: o oportunismo de quem cria estes festivais, os profissionais que aceitam fazer parte do júri e as agências que decidem inscrever trabalhos”, aponta.

Rumo a 2025, o CEO da Stream and Tough Guy diz que “os principais desafios são os de sempre: combater a ‘mesmice’, fazer muito com pouco, ser original quando parece já ter sido tudo inventado, ser disruptivo tentando não ofender alguém, fazer com que a ideia sobreviva à opinião das muitas (demasiadas) pessoas envolvidas no processo, conseguir ter tempo para fazer as coisas – mesmo sabendo que há sempre urgências -, e ser resiliente apesar de todas as adversidades internas ou externas”.

Perante estes cenários, João Ribeiro confia no poder de uma boa ideia e na importância de um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. “A ferramenta: o cérebro. A estratégia: dormir bem, fazer exercício, comer saudável, passar tempo com a família, conviver com os amigos, ler, ouvir música, ir ao cinema, viajar e, quando for hora de trabalhar, estar rodeado do melhor talento possível e manter o foco”, argumenta.

This Is Pacifica
Há talento para competir a alto nível
O prémio Agência de Design do Ano no Festival do CCP é o maior destaque, em 2024, para Filipe Mesquita, cofundador e diretor criativo da This Is Pacifica.

Esta distinção “é particularmente relevante por refletir a consistência e qualidade global do trabalho desenvolvido ao longo do ano, para além do mérito de projetos específicos”, justifica.

Filipe Mesquita acredita que este prémio reforça a confiança no percurso traçado pela agência: “Este tipo de reconhecimento é, para nós, uma validação de uma visão que combina estratégia, empatia e excelência, sempre com o objetivo de criar trabalhos que gerem valor e impacto duradouro”, explica o cofundador e diretor criativo da This Is Pacifica.

Sobre o estado da criatividade, Filipe Mesquita considera que as agências em Portugal atravessam uma fase positiva. “As agências nacionais têm mostrado uma criatividade impressionante, comprovando que Portugal tem talento para competir ao mais alto nível, mesmo num mercado frequentemente condicionado por orçamentos mais reduzidos”, salienta, destacando ainda que “a crescente visibilidade em festivais internacionais é uma prova clara de que estamos a ultrapassar barreiras, destacando-nos pela originalidade e capacidade de inovação”.

Apesar dos desafios de operar num mercado competitivo, Filipe Mesquita observa que “estas pressões estão a motivar o setor a reinventar-se e a explorar novas possibilidades, criando soluções mais criativas e estratégias robustas”. Olhando para o que 2025 reserva, aponta para a necessidade de gerir fraquezas e forças do contexto do mercado publicitário.

O prémio Agência do Ano no Festival do CCP “reflete a consistência e qualidade do trabalho desenvolvido ao longo do ano”, refere Filipe Mesquita

“A criatividade enfrentará o desafio de responder a um mundo em constante mudança, onde a rapidez na adaptação será essencial. As transformações sociais e culturais pedirão narrativas que conectem diferentes públicos e valores, enquanto a gestão ética de dados se tornará indispensável para garantir confiança e transparência”, sustenta. Para o cofundador e diretor criativo da This Is Pacifica, as oportunidades, essas, estão na inovação, em particular “através da exploração de novos formatos interativos e comunidades digitais, que permitirão à criatividade chegar mais longe e de forma mais participativa”. No próximo ano, a This Is Pacifica planeia reforçar o compromisso com o design sustentável: “A certificação 14006 em Eco Design, que obtivemos em 2023, continuará a ser um dos pilares do nosso trabalho. Pretendemos investir cada vez mais recursos na implementação de práticas de design sustentável, envolvendo clientes e projetos num compromisso partilhado com a criação de soluções com menor impacto ambiental e maior valor social”, avança Filipe Mesquita. Sobre as ferramentas tecnológicas, o cofundador e diretor criativo da This Is Pacifica vê a inteligência artificial (IA) como um apoio estratégico. “Embora o uso da IA no processo criativo tenha o seu lugar, vemos estas ferramentas como complementares, ajudando a explorar possibilidades e a otimizar processos, mas nunca substituindo o papel essencial do pensamento humano e da sensibilidade que guiam o nosso trabalho”, argumenta.

Uzina
Uma estante recheada
Para Susana Albuquerque, diretora criativa da Uzina, realça em 2024 a campanha ‘Estante dos 75.800€’ (na foto), criada para a Ikea. “Foi Grande Prémio no Festival do CCP, Grande Prémio nos Prémios Criatividade do Meios&Publicidade, além de ter ganho vários Ouros nos Prémios APPM e nos Prémios Eficácia. É daqueles exemplos em que a criatividade que tem impacto na rua e no negócio da marca também dá bons resultados em festivais, e isso deixa-nos muito contentes”, refere Susana Albuquerque.

A diretora criativa da Uzina observa uma evolução positiva no mercado da criatividade. “Há cada vez mais agências e marcas que querem fazer bom trabalho e isso reflete-se na diversidade de premiados nos diferentes festivais. Se tudo correr bem, puxa-nos a todos para cima. Se correr mal, começamos a trabalhar para ganhar prémios em vez de trabalhar para resolver os problemas dos clientes, o que me parece errado. Mas sou otimista”, refere.

Construir relevância num mercado cada vez mais saturado é um desígnio em 2025. “Há sempre um grande desafio em cima da mesa nos últimos anos: o de criar marcas relevantes que digam alguma coisa às pessoas, quando é cada vez mais difícil que reparem em nós, quando há cada vez mais concorrência pela nossa atenção. Devemos ver em cada ideia, em cada campanha, uma oportunidade de lutar contra a invisibilidade da marca ou do produto que queremos vender”, sustenta a diretora criativa da Uzina.

“Devemos ver em cada ideia, em cada campanha, uma oportunidade de lutar contra a invisibilidade da marca ou do produto que queremos vender”, argumenta Susana Albuquerque

No que diz respeito às estratégias criativas, Susana Albuquerque mantém o foco nas referências humanas e no rigor da execução. “Sempre e, por isso, também em 2025, vamos procurar ‘insights’ humanos, verdades que tragam alguma surpresa, pois é graças a elas que as pessoas reparam e se ligam a nós. Queremos continuar a defender o ‘craft’ dos trabalhos, porque só com boas execuções e uma produção cuidada conseguimos dar força às nossas ideias”, argumenta.

A diretora criativa da Uzina vê também na inteligência artificial um aliado para o trabalho criativo. “A inteligência artificial tem sido uma boa ferramenta para agilizar a forma como contamos as nossas ideias”, acrescenta.

 

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Fred Perry faz queixa ao INPI contra logótipo da marca Curva Pinto da Costa

A marca britânica contesta as semelhanças visuais entre os logótipos das duas marcas, que utilizam a coroa de louro do imperador romano Júlio César. Sandra Madureira, adepta do FC Porto, tinha pedido o registo da marca em novembro

A Fred Perry (na foto, à esq.) acaba de apresentar uma queixa formal ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) por causa do logótipo da marca Curva Pinto da Costa (na foto, à dir.), criada por um grupo de apoio ao FC Porto, liderado por Sandra Madureira.

A marca britânica contesta as semelhanças visuais entre os logótipos das duas marcas, que utilizam a coroa de louro do imperador romano Júlio César. Os responsáveis pela Curva Pinto da Costa, que ainda não se pronunciaram publicamente, têm a oportunidade de apresentar uma defesa e contestar a acusação, noticia o jornal A Bola.

A queixa formal da Fred Perry ao INPI é apresentada a 4 de fevereiro, cerca de dois meses e meio depois de Sandra Madureira ter dado início ao processo de registo da marca portuense, a 21 de novembro, avançando para a venda de chapéus, t-shirts e sweatshirts, através das redes sociais, ainda antes de conseguir a aprovação.

A queixa da Fred Perry é apresentada no último dia do prazo previsto para a contestação. Apesar de só agora ter sido registada, a marca Curva Pinto da Costa é utilizada por um grupo de adeptos do FC Porto, inicialmente liderado por Fernando Madureira, marido de Sandra Madureira.

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The New York Times adota IA na redação

A redação não deverá utilizar IA para escrever ou rever significativamente um artigo, utilizar materiais protegidos por direitos autorais de terceiros, contornar restrições de acesso pago nem publicar imagens ou vídeos gerados por IA, sem os identificar

O The New York Times está a implementar ferramentas de inteligência artificial (IA) na redação, para editar textos, resumir informação, codificar e escrever, noticia a Semafor. O jornal nova-iorquino anuncia, num email interno, que as equipas editoriais e de produtos vão receber formação em IA e a integração de uma nova ferramenta interna de IA, a Echo, que permite resumir artigos e ‘briefings’, bem como agilizar outras atividades.

As equipas do jornal terão recebido novas diretrizes editoriais, que especificam a utilização adequada da Echo e de outras ferramentas de IA, incentivando o uso na sugestão de edições e revisões dos textos, bem como na elaboração de perguntas para entrevistas, geração de resumos e escrita de textos promocionais para as redes sociais e de títulos otimizados para os motores de busca.

Porém, existem restrições. A administração adverte a redação de que não deverá utilizar a IA para escrever ou rever significativamente um artigo, utilizar materiais protegidos por direitos autorais de terceiros, contornar restrições de acesso pago nem publicar imagens ou vídeos gerados por IA, sem os identificar devidamente.

A administração refere também outras ferramentas de IA aprovadas para utilização na redação, nomeademente o GitHub Copilot como assistente de programação, o NotebookLM e o Vertex AI da Google para o desenvolvimento de produtos, o ChatExplorer do próprio jornal, o API da OpenAI e alguns produtos de IA da Amazon.

Ainda não é claro o grau de edição de IA que o The New York Times vai permitir nos artigos publicados, mas a empresa garante, num memorando publicado no ano passado, que “o jornalismo do Times será sempre noticiado, escrito e editado pelos nossos jornalistas especializados”, reafirmando esse compromisso alguns meses mais tarde.

A decisão do jornal de utilizar ferramentas de IA surge num momento em que a administração continua envolvida numa batalha legal com a OpenAI e a Microsoft, devido à alegada utilização não autorizada de conteúdo do The New York Times para treinar o ChatGPT.

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Associação Portuguesa de Imprensa lança iniciativa para capacitar media regionais

O objetivo das Jornadas Técnicas da Imprensa Regional 2025 é fornecer ferramentas para os media regionais enfrentarem os desafios da digitalização e da sustentabilidade financeira

A Associação Portuguesa de Imprensa (API) vai realizar as Jornadas Técnicas da Imprensa Regional 2025, um conjunto de eventos que pretende capacitar os profissionais dos órgãos de comunicação social regionais, ao fornecer-lhes ferramentas para enfrentarem os desafios da digitalização e da sustentabilidade financeira.

A primeira sessão tem lugar em Setúbal, a 14 de março. Ao longo do evento, diretores, jornalistas e equipas comerciais de jornais e revistas regionais vão ter acesso a painéis de discussão, workshops práticos e momentos de ‘networking’, focados em inovação editorial, estratégias de monetização digital e adaptação às novas plataformas.

“Os desafios enfrentados atualmente pelos media, com a necessidade constante de captar a atenção dos leitores em diversas plataformas digitais, ao mesmo tempo que procuram manter uma edição em papel atrativa e financeiramente viável, exigem capacitação e adaptação. É esse apoio que queremos dar aos nossos associados e a todos os profissionais do setor”, enfatiza Cláudia Maia, presidente da direção da API, em comunicado de imprensa.

A presidente da API destaca ainda o esforço da associação em concretizar esta iniciativa, sublinhando que “só com a união de todos podemos mostrar um setor forte, coeso e preparado para enfrentar os desafios da sociedade digital”. A API apela à participação de todos os meios de comunicação social, sejam ou não associados da API, reforçando que este é um evento de interesse estratégico para a imprensa regional em Portugal.

As Jornadas Técnicas da Imprensa Regional 2025 contam com o apoio do Fundo Cultural da Visapress, que financia a iniciativa, e de parceiros locais, como o Município de Setúbal, que se associa à primeira sessão, proporcionando o apoio logístico necessário para a sua realização. A segunda e a terceira sessão têm lugar em Aveiro, a 4 de abril, e em Braga, a 9 de maio, respetivamente.

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YSL Beauty e APAV unem-se contra a violência no namoro

“Com a iniciativa ‘Abuso Não é Amor’, queremos reforçar a consciencialização dos sinais de alerta junto dos jovens, para que estes consigam identificá-los antes que uma relação se torne abusiva”, explica Nuno Saraiva, diretor da divisão de luxo da L’Oréal Portugal

A YSL Beauty e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) estão a reforçar a colaboração no programa internacional ‘Abuso Não é Amor’, para alertar os jovens para a violência no namoro e em outras fases de um relacionamento íntimo. Esta iniciativa internacional quer sensibilizar a população, educar para a identificação precoce dos sinais de violência entre parceiros íntimos e apoiar organizações locais na prevenção deste problema.

“Na YSL Beauty, definimos a prevenção da violência entre parceiros íntimos como uma prioridade. A APAV é o parceiro ideal para este compromisso, graças à sua experiência e conhecimento especializado. Com a iniciativa ‘Abuso Não é Amor’, queremos reforçar a consciencialização dos sinais de alerta junto dos jovens, para que estes consigam identificá-los antes que uma relação se torne abusiva. O nosso objetivo é chegar a cada vez mais jovens e fazer a diferença onde realmente importa”, explica Nuno Saraiva, diretor da divisão de luxo da L’Oréal Portugal, na qual a marca YSL Beauty se enquadra, citado em comunicado de imprensa.

O programa materializa-se na formação para lutar contra a desigualdade de género e a violência por parte de um parceiro íntimo, pretendendo fazer a diferença na vida de todos os indivíduos, especialmente as mulheres vítimas de abuso, através do diálogo sobre comportamentos abusivos, com o foco na prevenção, educação e apoio. Em Portugal, a APAV é a organização parceira do projeto desde 2021.

“A parceria entre a APAV e a YSL Beauty, através do projeto ‘Abuso Não é Amor’, tem sido fundamental na sensibilização e educação dos jovens sobre a violência nas relações íntimas. Há quatro anos que este apoio permite a realização de ações de sensibilização que alcançam anualmente mais de quatro mil alunos em escolas de todo o país. Juntos, capacitamos as novas gerações para reconhecer e prevenir a violência, promovendo relações mais saudáveis e seguras”, declara João Lázaro, presidente da APAV.

Através de ações de sensibilização em estabelecimentos de ensino, o programa impacta cerca de quatro mil alunos por ano, promovendo a educação para o desenvolvimento de relações saudáveis. A iniciativa está presente em 25 países e tem como meta educar dois milhões de pessoas em todo o mundo, até 2030.

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Um ‘copy’ que impossibilita o ‘skip’ (com vídeos)

‘Losing Control – The Day You Went to Work’ da M&C Saatchi London é a campanha que João Ribeiro gostaria de ter feito, revela na rubrica do M&P, Como É Que Não Me Lembrei Disto?. ‘Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo’ é a que o cofundador e sócio-gerente da Stream and Tough Guy mais gostou de fazer

Catarina Nunes

A aparente simplicidade com que os ingredientes que uma ideia deve ter são integrados faz com que a campanha ‘Losing Control – The Day You Went to Work’ seja uma fonte de inspiração para João Ribeiro. Quando não tem ideias, porém, o ‘stream’ da Stream and Tough Guy pede ao sócio criativo da agência, Miguel Durão (o ‘tough guy’), que faça o trabalho dele.

“A minha base é a estratégia e nem sempre tenho oportunidade de dedicar muito tempo à resolução criativa dos projetos”, explica João Ribeiro, no contexto da rubrica do M&P, Como É Que Não Me Lembrei Disto?, dedicada à criatividade. No caso da campanha ‘Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo’, a solução surge-lhe dez minutos depois da colocação do problema.

Qual é a campanha que gostaria de ter feito?

A campanha ‘Losing control – The Day You Went to Work’, da M&C Saatchi London, para a Transport for London (TFL), empresa que gere os transportes de Londres.

Quais são as razões dessa escolha?

Não é preciso um ‘videocase’ para explicar a ideia, que nasce de um ‘insight’ que poderia passar despercebido nas estatísticas sobre acidentes e prevenção rodoviária, mas que é muito relevante para a alteração de comportamento dos condutores.

Qual é o ‘insight’ e como é materializado?

O ‘insight’ desta campanha é baseado no dado de que a maioria dos acidentes ocorrem quando estamos perto de casa, porque ficamos mais descontraídos e menos atentos aos percalços na estrada.

O filme dramatiza a rotina do quotidiano de um homem, onde se sente que tudo decorre como o habitual, desde que acorda até chegar ao trabalho. No entanto, um imprevisto altera negativamente a vida desse homem (e de quem vive à sua volta) para sempre.

O que é que lhe chamou mais a atenção, o texto, a imagem ou o protagonista?

O ‘copy’, o ‘copy’ e o ‘copy’. Apesar de ter a duração de um minuto, passados cinco segundos já é impossível fazer ‘skip’, porque se fica preso ao ritmo da narrativa. O anúncio não tem música, mas o tom cru e realista ajuda no impacto da mensagem.

Esta campanha inspirou-o a nível criativo?

É inspiradora pela aparente simplicidade com que integra todos os ingredientes que uma ideia deve ter: observação relevante (neste caso, o comportamento das pessoas a conduzir); história bem contada que prenda a atenção; e mensagem clara e transmitida de forma memorável.

Qual é a campanha que fez que mais o concretizou?

A campanha ‘Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo’, campanha de ‘crowdfunding’ para o Museu Nacional de Arte Antiga. Apesar de ao longo da minha carreira já ter tido algumas ideias que resultaram em campanhas, a minha base é a estratégia e nem sempre tenho oportunidade de dedicar muito tempo à resolução criativa dos projetos.

A ideia que tive para angariar os €600 mil, para manter em Portugal o quadro ‘A Adoração dos Magos’, de Domingos Sequeira, realizou-me profundamente porque foi distinguida a vários níveis.

A campanha ultrapassou o objetivo de donativos em mais de €145 mil, que é o resultado mais importante, e, entre muitas outras distinções, foi premiada com o Grand Prix no Clube da Criatividade de Portugal, nos Prémios M&P e nos Prémios Eficácia. Fez o pleno nos três principais festivais de criatividade nacional.

Como é que chegou a esta ideia e avançou para a execução?

Numa conversa sobre o problema com a Bárbara Reis, que na época era diretora do Público, e o Miguel Barros, antigo CEO da Fuel, cheguei à solução em, literalmente, dez minutos. Foi uma epifania.

Pensei no ângulo estratégico de fazer da causa um desígnio nacional e pedir pouco a cada pessoa (0,60€), na materialização criativa de dividir o quadro em dez milhões de pixels (um pixel por cada habitante, sendo que as pessoas podiam escolher os ‘pixels’ que quisessem), e no conceito criativo, ‘Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo’.

Antes de escrever o ‘briefing’ criativo, já tinha encontrado a solução. A equipa depois ‘só’ teve de lhe dar forma. Não sou egocêntrico, mas esta ideia encheu-me de vaidade. O impacto desta campanha na sociedade portuguesa até deu azo à tese de doutoramento do professor Nuno Cintra Torres.

É comum começar pela resolução criativa?

No caso do Sequeira, começou-se pela estratégia. Simplesmente, tanto a estratégia como a criatividade ficaram logo resolvidas porque a ideia surgiu de imediato. O ‘briefing’ foi elaborado depois, para sintetizar a conversa que tivemos e para que a ideia ganhasse forma em termos gráficos e audiovisuais.

Às vezes, as ideias surgem aquando da reunião de passagem do ‘briefing’ que o cliente entrega à agência, mas não é assim tão frequente. Outras vezes, surge no processo habitual, em que só depois do ‘briefing’ criativo, é que a ideia surge.

Na maioria das vezes, chegar a uma boa ideia demora muito tempo. Muito tempo mesmo. E é o ingrediente-chave para a criatividade. Sem tempo, fica-se quase sempre pela ideias superficiais e menos originais.

Com a publicidade cada vez mais focada na racionalidade dos dados, estudos e métricas, as campanhas ganham ou perdem com isso?

Quanto mais informação tivermos melhor. O desafio continua a ser o mesmo: separar o essencial do acessório e encontrar um dado relevante que seja transformador.

Quando a criatividade é alavancada numa mensagem que tem um dado relevante sobre o consumidor ou sobre o produto ou serviço, conseguem-se melhores resultados.

O que é que faz quando não tem ideias?

Peço ao meu sócio Miguel Durão, sócio criativo da Stream and Tough Guy, para fazer o trabalho dele. É um privilégio ter uma agência assente no calibre criativo do ‘tough guy’.

Quais são as ferramentas, humanas ou tecnológicas, que utiliza para chegar a uma estratégia?

Conversarmos primeiro com o cliente sobre o âmbito do projeto, para definirmos uma proposta comercial com metodologia, prazo e preço, mas sem participarmos em concursos que envolvam criatividade. Após a adjudicação, fazemos uma reunião de passagem de ‘briefing’.

Em seguida, fazemos um ‘debrief’, em que solicitamos informação complementar caso sintamos necessidade e entrevistamos individualmente quatro a cinco elementos-chave da equipa do cliente envolvida no projeto. Às vezes, conversarmos com potenciais consumidores e/ou atuais clientes.

Complementamos a informação recolhida com a nossa análise de ‘desk research’ e de ‘benchmark’ e definimos a abordagem estratégica para a comunicação da marca, tendo por base os elementos do mercado, do ‘target’, da marca e do produto, que consideramos diferenciadores para o projeto.

Quando João Ribeiro, o ‘stream’ da Stream and Tough Guy, não tem ideias pede ao sócio criativo da agência, Miguel Durão (o ‘tough guy’), que faça o trabalho dele

Com a estratégia delineada, fazemos uma apresentação presencial com o cliente onde solicitamos a aprovação do caminho estratégico definido. Com base nessa validação, e tendo em conta o orçamento disponível para produção, desenvolvemos uma proposta criativa que materialize a estratégia, considerando todos os pontos de contacto em termos de meios que façam sentido para a campanha.

Após a aprovação da ideia criativa, recomendamos os parceiros para produção mais adequados e acompanhamos o processo desde o desenvolvimento até ao ‘airing’. Se correr tudo como esperado, passados uns meses, estamos a subir ao palco nos Prémios Eficácia, que a partir deste ano passam a Effies, com um caso elaborado por nós.

Ficha técnica

Campanha ‘Losing Control – The Day You Went to Work’
Cliente Transport for London
Agência M&C Saatchi London
Diretor criativo Graham Fink
Diretor de arte Curtis Brittles
Redator Will Bates
Produtora Kate Havers
País Reino Unido
Ano 2006

Ficha técnica

Campanha ‘Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo’
Cliente Museu Nacional de Arte Antiga + Público
Agência Fuel
Diretores criativos João Ribeiro, Ruben Andrade, Marcelo Lourenço e Pedro Bexiga
Web designer Hugo Raminhos
Diretores de arte André Navarro, Nuna Martins, Mariana Reis e Pedro Bexiga
Redatores João Ribeiro, Rafael Canário, Richard Warrell e Marcelo Lourenço
Diretor de estratégia João Ribeiro
Planeamento estratégico João Coelho
Diretor de contas Duarte Simões
Produtor Pedro Silva
País Portugal
Ano 2015

 

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NetAudience: SIC aproxima-se da TVI

A TVI volta a liderar o ranking netAudience de Entidades da Marktest, em janeiro, com 37,9% de quota. A SIC mantém-se em segundo lugar, a subir dos 31,3% em dezembro para 37%. O Nónio, com um alcance de 63,4%, ocupa o primeiro lugar do ranking netAudience de Redes

Em janeiro, a TVI mantém-se na liderança do ranking netAudience de Entidades da Marktest, com um alcance de 37,9%, face aos 37,8% registados em dezembro. O segundo lugar volta a ser ocupado pela SIC, com 37%, um valor acima dos 31,3% conseguidos no mês anterior.

Os dois canais estão separados por 72.142 utilizadores, menos de um quinto em comparação com dezembro de 2024, quando a diferença é de 554.622. As plataformas digitais do canal da Media Capital registam um alcance de 3.253.349 indivíduos e as da estação da Impresa chegam a 3.181.207 consumidores.

O JN recupera a terceira posição, perdida em dezembro, com um ‘share’ de 32,4% e 2.785.037 leitores, revela a análise de audiências auditadas, agora divulgada. Novamente em quarto lugar, o Correio da Manhã tem uma quota de 29,3%, à frente do Expresso, que permanece em quinto, com 28,8%.

O Observador sobe uma posição, para o sexto lugar do ranking, com 27%, à frente da NiT que tem 26,7% e desce para a sétima posição. O Postal do Algarve continua no top 10, no oitavo lugar da tabela, com 22%, face aos 23% do mês anterior.

O nono lugar do ranking, que a Marktest apresenta mensalmente desde maio de 2019 com os números relativos ao alcance agregado dos títulos das entidades subscritoras com tráfego auditado, volta a ser ocupado pelo OLX, que sobe uma posição, ao atingir uma quota de 21,6%. A Flash, com 20,7% de ‘share’, fecha o top 10.

 

 

O ranking netAudience de Redes da Marktest é dominado, em janeiro de 2025, pela Nónio, com um alcance multiplataforma de 63,4%, face aos 60% de dezembro de 2024. Em termos totais, é acompanhado por 5.449.435 indivíduos. Está à frente da Media Capital, novamente em segundo lugar, com um ‘share’ de 49% e 4.213.138 pessoas alcançadas.

Em terceiro lugar, permanece a Impresa, com 46,4%, à frente da Medialivre, que figura em quarto lugar com 42%. Os dois grupos de media estão separados por 379.759 indivíduos, face aos 90.708 do mês anterior, dado que a dona da SIC termina o mês com 3.986.955 utilizadores e a rede da antiga Cofina com 3.607.196.

A Notícias Ilimitadas, que tinha ocupado o lugar do Global Media Group em dezembro, permanece em quinto lugar. A empresa, que detém títulos como JN, TSF, Notícias Magazine, O Jogo, Volta ao Mundo e Evasões, termina janeiro com um ‘share’ de 37%, face aos 34,4% do mês anterior.

O Global Media Group continua a descer, agora da oitava para a nona posição, com uma quota de audiência de 16,8%, um valor abaixo dos 40,5% de novembro e dos 18,2% de dezembro.

 

 

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Arcádia entrega comunicação digital à Keep it Real

“Gerir redes sociais não é só publicar conteúdos, é criar ligações genuínas e partilhas que fazem sentido. A Keep it Real destaca-se pela abordagem criativa, autêntica e alinhada com os nossos objetivos”, justifica Rute Pinheiro, diretora de marketing da Arcádia

A Arcádia acaba de entregar a comunicação digital à agência Keep it Real. O contrato assinado contempla a criatividade, a estratégia e a gestão das redes sociais (Instagram, Facebook, TikTok e LinkedIn) da marca de chocolates, amêndoas, drageias, pastelaria e gelados, fundada em 1933 pela família Bastos.

“Sabemos que gerir redes sociais não é só publicar conteúdos, é criar ligações genuínas e partilhas que fazem sentido. A Keep it Real destaca-se pela abordagem criativa, autêntica e alinhada com os nossos objetivos”, justifica Rute Pinheiro, diretora de marketing da Arcádia, citada em comunicado de imprensa.

Com cerca de 40 lojas espalhadas por 16 cidades do país, a marca procura manter-se atual e reforçar a ligação com os consumidores, através de conteúdos e de campanhas de comunicação que promovam os produtos que comercializa e que reforcem o posicionamento da Arcádia no mercado nacional.

“Este novo desafio é um reflexo do compromisso da Keep it Real em criar experiências autênticas e envolventes nas redes sociais. Queremos não só reforçar a presença digital da marca, mas também criar uma comunicação mais próxima e emocional com os seus seguidores/consumidores”, explica João Pedro Ferreira, CEO da agência, citado no documento.

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“Pensamos mais fora da caixa do que os italianos”

Elsa Lourenço, produtora no Dialogue, estúdio de ‘motion design’ e animação português com delegação em Itália, vive em Roma. Ter nascido e trabalhado em Portugal dá-lhe uma astúcia para lidar com os desafios que não identifica nos italianos

Em Roma, onde reside com a família, Elsa Lourenço trabalha como produtora no Dialogue, estúdio de ‘motion design’ e animação português com delegação em Itália, que, para de publicidade e pós-produção audiovisual e cinematográfica, também desenvolveu o ‘branding’ da edição de 2024 do festival de efeitos visuais e animação da Associazione Effetti Visivi (AVFX), que se realiza na capital italiana.

Emigrou para Itália para acompanhar o marido, mas acabou por transformar a decisão numa oportunidade de crescimento profissional, num país onde considera que o foco nos objetivos a atingir continua a ser preterido em função de uma forma de organização laboral que se assemelha à portuguesa.

Trabalhar fora de Portugal era uma ambição ou houve uma circunstância a determinar a saída?

Trabalhar no estrangeiro nunca foi uma ambição pessoal, e, na verdade, foi uma saída por amor. O meu marido recebeu, em 2008, uma proposta de trabalho para uma multinacional sediada em Roma, inicialmente por dois anos.

Na altura, decidimos que era uma experiência que queríamos abraçar, até porque Roma é uma das minhas cidades favoritas. Portanto, era uma espécie de sonho, que não sabia que tinha, a tornar-se realidade.

O que fazia em Portugal?

Era produtora no Teatro A Barraca, em Lisboa. Numa fase inicial, mantive a minha ligação ao teatro. Estive em teletrabalho muito antes de se tornar algo comum. Dezassete anos, dois filhos e uma cachorra depois, continuamos em Roma, a cidade eterna.

Trabalhou sempre para empresas portuguesas?

Estive vários anos em Itália a trabalhar para Portugal e voltei a fazê-lo, nos últimos três anos, para o Dialogue. Ainda em Itália, tive uma breve passagem pela Agência Espacial Europeia, quando estava grávida do meu primeiro filho, que tem agora 14 anos.

Depois de um breve período em Madrid, regressámos a Itália e juntei-me ao Forgotten Project, projeto de valorização da arquitetura contemporânea através da arte urbana, e, depois disso, à Pedius, uma startup de carácter social focada no empoderamento da população surda.

Em termos profissionais, quais são as diferenças entre trabalhar em Portugal e em Itália?

Não sinto grandes diferenças em termos de trabalho, honestamente. Tal como em Portugal, há muito a ideia de que é preciso estar um determinado número de horas no local de trabalho, com as organizações a focarem-se pouco nos objetivos a atingir.

O panorama mudou ligeiramente durante a pandemia, mas a maioria das empresas está a voltar ao regime presencial, quase a 100%.

Mas existem diferenças?

Uma grande diferença que sinto em relação a Portugal tem a ver com o apoio à família e à conciliação laboral para mães trabalhadoras. Em Roma, as escolas públicas terminam as 16h30 ou às 14h a partir do 6º ano, não existindo uma rede de ATL como em Portugal, o que obriga as famílias a depender de parentes ou de atividades privadas.

Nesse contexto, torna-se determinante criar uma rede de apoio, que, no nosso caso, não tendo família por aqui, se baseia na rede de pais e mães de colegas de escola, que, entretanto, se tornaram amigos. Vamo-nos revezando para conseguirmos ter horários que nos permitam conseguirmos trabalhar.

Elsa Lourenço, produtora do Dialogue, não tinha a ambição de emigrar antes de ir para Itália

No meu caso, trabalhando em casa, num sistema remoto, é-me mais fácil conciliar as coisas, mas, ainda assim, é muito difícil o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Essa é uma das principais diferenças que noto.

Quais são as mais-valias e os obstáculos que o ser portuguesa tem no seu trabalho?

Sempre senti que ser portuguesa era uma mais-valia, porque acabei sempre por desempenhar funções onde falar português era um requisito fundamental. Somos flexíveis, resilientes e ‘problem solvers’, peritos na arte do desenrasca.

Conseguimos pensar mais fora da caixa do que os italianos, que são muito mais especializados em funções específicas. Como sempre fiz um pouco de tudo, consigo atirar-me a desafios e a coisas diferentes com maior facilidade.

Quais são as particularidades do mercado italiano na sua área, em termos de desafios e de diferenças, em relação ao português?

O mercado europeu tem mais semelhanças do que diferenças. Ao longo da minha experiência profissional no estrangeiro, tive a oportunidade de trabalhar em projetos internacionais e quase sempre com equipas multiculturais. Embora as diferenças culturais influenciem a forma como as mensagens são construídas, vejo-as mais como nuances e não como algo que defina mercados completamente diferentes.

Qual é o momento que o mercado italiano atravessa na sua área de atividade?

Na área da animação e dos efeitos visuais (VFX), o mercado italiano é muito mais maduro do que o português. Há uma indústria que em Portugal estamos ainda a desenvolver.

Tenho visto, nos últimos anos, o crescimento do setor em Portugal e termos tido um filme de animação português candidato a um Óscar em 2023 [A curta-metragem de animação portuguesa ‘Ice Merchants’, de 2022, escrita e realizada por João Gonzalez] e o ano de 2024 dedicado a Portugal no Annecy International Animation Film Festival, o mais importante festival europeu do setor, tem vindo a aumentar o interesse na área.

Enquanto estúdio, para além do nosso trabalho habitual, somos responsáveis pelo Atlas Festival, que vai para a quarta edição. É um festival dedicado às áreas da animação, efeitos especiais e ‘gaming’, que nasce da necessidade de juntar o talento português espalhado pelo mundo. Temos conseguido reunir profissionais excelentes, que trabalham para os mais renomados estúdios a nível internacional.

Que funções desempenha atualmente e que projetos tem em mãos?

Desde 2022, sou produtora no Dialogue, um estúdio de ‘motion design’ e animação com sede em Lisboa. Trabalhamos maioritariamente em publicidade com diversas agências e produtoras, nacionais e internacionais, mas também com clientes internacionais diretos.

Foi o caso da Associazione Effetti Visivi (AVFX), associação de efeitos especiais italiana, para quem desenvolvemos todo o ‘branding’ da edição de 2024 do Festival degli Effetti Visivi e dell’Animazione CGI. Neste momento, temos vários projetos em mãos, mas nenhum que possa revelar por agora.

Qual foi a experiência profissional que teve em Itália que mais a marcou?

A experiência que mais me marcou foi fazer parte do Forgotten Project, projeto que nasceu, em 2015, da exigência de valorizar o património arquitetónico contemporâneo da cidade de Roma, através da arte urbana.

Representou o regresso ao trabalho ativo, numa altura em que os meus filhos tinham cinco e dois anos, apesar de ser um trabalho voluntário. Por detrás do projeto estava uma associação sem fins lucrativos.

Porque é que foi marcante?

Esta iniciativa proporcionou-me uma série de contactos diretos com o tecido social e com as instituições romanas, porque os murais tinham de ser todos devidamente autorizados e a burocracia italiana é grande.

Com muita teimosia e vontade de deixar uma marca na cidade, conseguimos trazer cinco artistas portugueses, Add Fuel, Frederico Draw, Bordalo II, MaisMenos e Daniel Eime, que fizeram os seus primeiros murais no centro de Roma. O projeto culminou numa mostra no MACRO, museu de arte contemporânea de Roma, totalmente montada por nós. Dez anos depois, os murais continuam de pé e fazem parte da cidade.

Em termos profissionais, do que é que tem mais saudades, em relação ao mercado português?

Não sinto saudades do mercado português porque continuo ligada a ele, uma vez que, no Dialogue, trabalhamos com o mercado nacional e com o internacional.

Portugal valoriza o talento nacional?

Portugal deveria a apostar mais em valorizar o talento nacional e o encontro anual de talentos do setor que promovemos é um exemplo interessante, já que permite partilhar conhecimentos, criar uma comunidade, valorizar as instituições de ensino nacionais e abrir portas para alunos e futuros profissionais.

Pensa regressar a Portugal?

Penso sempre, apesar de ter cada vez mais a certeza de que isso não irá acontecer a curto prazo, porque tenho filhos adolescentes na escola, com os amigos e as redes relacionais em Itália. Mas não me imagino a envelhecer noutro sítio que não seja Lisboa.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Audiências semanais: RTP1, SIC e cabo em crescimento

Na semana de 10 a 16 de fevereiro, o consumo global de televisão aumenta cerca de um minuto por dia. A RTP1, a SIC e o cabo são os únicos canais que aumentam a quota de audiência. Nos canais por cabo, a CMTV continua destacada na liderança

Esta semana, o consumo global de televisão reverte a tendência registada nas últimas semanas, aumentando cerca de um minuto por dia face à semana passada, o que corresponde a um consumo diário de cinco horas e 35 minutos. Em termos de variações da quota semanal, a RTP1, a SIC e o cabo são os canais que reforçam a quota de audiência, ao contrário do que se verifica com a TVI e o ‘outros’ (que inclui o visionamento em ‘time shift’, ‘streaming’ e vídeo/jogos), que descem.

A RTP1 aumenta quatro décimas e tem agora 11% de quota semanal, enquanto a SIC sobe duas décimas e atinge os 13,7%. A TVI, pelo contrário, diminui ligeiramente, atingindo agora os 15%. O cabo também reforça a quota de audiência semanal, alcançando os 41,6%, enquanto o ‘outros’ regista a tendência oposta, descendo ligeiramente para 17,7% de quota semanal.

Quanto à tabela dos canais mais vistos da televisão por cabo, a CMTV, a CNN Portugal e o Star Channel continuam a ocupar o pódio. Nas restantes posições do top 10 não entram novos canais, com os lugares seguintes a serem ocupados por SIC Notícias, Star Movies, Hollywood, Globo, SIC Mulher, Star Life e News Now, que fecha o ranking da semana.

O concurso de final da tarde da RTP1, ‘O Preço Certo’, lidera a tabela global dos programas mais vistos. Seguem-se o programa de humor de Ricardo Araújo Pereira e companhia na SIC, ‘Isto é Gozar Com Quem Trabalha’, a novela ‘A Promessa – 2.ª Temporada’, também da SIC, mais uma edição de ‘O Preço Certo’, da RTP1, e o ‘reality show’ da TVI ‘Secret Story – Desafio Final’, que fecha o top 5 da semana.

O programa desportivo da CMTV, ‘Duelo Final/Farense X FC Porto’, lidera esta semana o ranking dos programas mais vistos da oferta de canais de televisão por cabo, com ‘Golos: Primeira Parte/Mónaco X Benfica’ e ‘Golos: Segunda Parte/Mónaco X Benfica’, ambos conteúdos da CMTV, a seguirem-se. Nas posições seguintes encontramos mais um programa desportivo, o ‘Liga d’Ouro/Champions’, e ainda o ‘Grande Jornal – Noite’, também da CMTV.

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VASP organiza conferência para celebrar 50 anos

“O percurso da VASP está intimamente ligado à história do jornalismo e da liberdade de imprensa em Portugal. Este evento é uma oportunidade para refletir sobre o legado construído e sobre os desafios do futuro”, salienta Marco Galinha, presidente do conselho de administração da VASP

A VASP está a organizar uma conferência que reúne ‘stakeholders’ e intervenientes relevantes ligados aos media, para assinalar os 50 anos de história da empresa distribuidora de jornais e revistas e projetar o futuro da empresa. O evento, a 19 de fevereiro, na sala Almada Negreiros do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pretende reforçar o compromisso da empresa com o futuro da distribuição e do setor editorial em Portugal.

“O percurso da VASP está intimamente ligado à história do jornalismo e da liberdade de imprensa em Portugal. Este evento é uma oportunidade para refletir sobre o legado construído e sobre os desafios do futuro”, salienta Marco Galinha, presidente do conselho de administração da VASP e CEO do Grupo BEL, citado em comunicado de imprensa.

Além de Marco Galinha, entre os convidados e oradores encontram-se Fátima e Paulo Jesus, proprietários das papelarias Rima, Manuel Fonseca, presidente do conselho de administração da editora Guerra e Paz, José Carlos Lourenço, presidente do conselho de administração do grupo Media N9ve, Francisco Rebelo dos Santos, diretor do jornal Região de Leiria, Rui Moura, administrador da VASP, Sérgio Sousa Pinto, deputado e autor, e Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares.

Ao longo de cinco décadas, a VASP, que é detida pelo Grupo Bel desde 2024, desempenha um papel central na distribuição de jornais e revistas em todo o país, acompanhando a evolução da imprensa e da democracia em Portugal. Atualmente, a empresa tem vindo a diversificar a sua atividade para áreas como a impressão, a distribuição postal, a distribuição de encomendas expresso, as vendas diretas e o trade marketing.

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