A voz das mulheres nos media

Florbela Barão da Silva, consultora de comunicação e fundadora da ViewPoint_PR
As mulheres representam hoje metade da população mundial. As mulheres estão sub-representadas em termos de share of quoted voices (um indicador que permite medir a presença no espaço mediático), seja como autoras de textos de opinião, em painéis de debate como especialistas, como comentadoras ou em apresentações públicas. A abordagem aqui é sobre a (in)visibilidade das mulheres na qualidade de autoras de textos de opinião. Uma das formas de se conquistar visibilidade é através da mediação pelos media como especialista conferindo-lhes autoridade. No meu caso é na área da comunicação e relações-públicas.
Na maioria dos países, os homens assinam 50 por cento mais notícias do que as mulheres, segundo o relatório da LLYC “Mulheres sem Nome: avanços na presença da mulher nos meios de comunicação e o desafio pendente”. Fazem-no 50 por cento mais e tendem a fazê-lo em secções e temas associados à economia, à política, à tecnologia e ao desporto, enquanto as mulheres tendem as escrever sobre cultura, saúde ou sociedade (LLCY; 2023: 5).
Em 2010, a presença das mulheres na informação foi quantificada em 23 por cento em Portugal pelo Global Media Monitoring Project (GMMP). Globalmente, em 2015, 19 por cento dos comentadores ou especialistas eram mulheres, percentagem inferior em relação a 2010[1]. As vozes de especialistas mulheres são ainda significativamente pouco relevantes em temas de alto perfil, como política e economia. Os dados obtidos foram coerentes com a marginalização de mulheres especialistas, segundo o estudo encomendado pela Fundação Bill e Melinda Gates, “A perspetiva esquecida das mulheres nos media”.
Não obstante, há cada vez mais mulheres a assinar, não só nos media generalistas, mas também nos media especializados, bem como nos media alternativos e colaborativos. As mulheres dão a sua opinião nos media em todas as áreas e campos sociais, da economia à gestão e negócios, da política à guerra, da sociedade à cultura.
O formato de opinião é hoje um espaço conquistado pelas mulheres. Enquanto exercício de cidadania e de participação política. Mas persistem ainda franjas na sociedade entre as mulheres de maior invisibilidade. É preciso quebrar essa invisibilidade feminina pública e exercer os nossos direitos humanos[2]. Garantir a visibilidade das mulheres enquanto líderes de opinião nos media tradicionais e novos media.
Mário Mesquita escreveu que “o jornalismo é a componente dos dispositivos mediáticos que mais de perto se relaciona com a visibilidade dos atores políticos, económicos, culturais, artísticos e desportivos” (in “Quando o Superman se disfarça de Clark Kent”, Público, 26/09/2004). No final do século XIX, uma obra literária cuja autora fosse mulher era apresentada por um nome masculino consagrado, que a protegia da exposição pública.
Assim, a coluna de opinião é um dispositivo mediático que confere visibilidade às mulheres, mas é também necessário que as mulheres ocupem mais cargos de responsabilidade em entidades públicas ou privadas e, nos media, já agora também ajuda. Congratulo-me por registar existirem cada vez mais mulheres à frente na direção editorial de jornais e revistas em Portugal. E por me poder aqui expressar e exercer a minha cidadania, a ter uma voz, uma opinião.
[1] The Missing Perspectives of Women in News, 2020
[2]Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, (Brasão; 2019: 7)
Artigo de opinião assinado por Florbela Barão da Silva, consultora de comunicação e fundadora da ViewPoint_PR
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