Humanos 2.0

Por a 5 de Maio de 2023

Ao longo da História da humanidade, desenvolvemos diversas ferramentas que ajudam o nosso corpo a realizar tarefas. Essa é a essência da criação das máquinas: elas são criadas para tornar o trabalho humano mais fácil, independentemente da necessidade.

A tecnologia tem avançado em ritmo acelerado, e a inteligência artificial (IA) tem-se destacado como uma das áreas de maior crescimento e inovação. À medida que a IA evolui, também surgem questões complexas e desafiadoras, incluindo o papel dos humanos num mundo cada vez mais automatizado e digitalizado. Neste contexto, é importante refletir para onde vamos evoluir enquanto humanidade e qual o futuro papel dos humanos no mundo. O que nos leva à necessidade de uma reflexão sobre como pudermos fazer este caminho e como, enquanto sociedade e todas as camadas da indústria se podem adaptar a esta nova realidade na busca por novos caminhos.

Nos últimos meses temos vindo a ser impactados diariamente por avanços tecnológicos notáveis, a IA têm agora uma expressão transversal e uma aplicabilidade cada vez mais ao alcance de todos, transformando radicalmente a forma como nos relacionamos e usamos estas ferramentas e como as empresas se envolvem com os seus clientes. Desde o uso de chatbots para atendimento ao cliente, estratégias de personalização com base em dados e automatizações, até à análise de dados para segmentação de mercado, a IA tem permitido que as empresas tomem decisões mais informadas e ofereçam experiências mais personalizadas aos consumidores. No entanto, essa evolução também levanta várias preocupações sobre o impacto económico e social assim como o papel das pessoas nas organizações.

À medida que a IA se torna capaz de realizar tarefas repetitivas e analíticas com maior eficiência, os profissionais precisam de se reinventar, acrescentando capacidades que não possam ser replicadas por uma IA, como pensamento crítico, empatia, sentimento e a capacidade de relacionar todas as suas experiências e vivências, assim como a sua capacidade de compreender e usar a IA de forma vantajosa nas suas tarefas pessoais e profissionais. É fundamental em todas as áreas profissionais e não só que sejamos capazes de aprender a trabalhar em colaboração com a IA, aproveitando o seu potencial para automatizar tarefas, servir de apoio na aquisição de conhecimento, potenciar processos de decisão mais informados e libertando tempo e recursos para que possamos criar, cada vez mais, um mundo inovador, ágil e seguro.

Existem vários desafios que devem ser endereçados, como a transparência dos dados, modelos de treino da IA na coleta e uso de informação sensível, regulamentação e segurança, entre outros que são fundamentais para uma evolução positiva da tecnologia.

Iremos estar cada vez mais rodeados de IA para nos auxiliar e até para nos desafiar, iremos assistir a mudanças nas mais variadas vertentes da nossa vida enquanto humanos, desde a vertente da saúde, da economia, educação, e na nossa vida social. Iremos assistir ao nascimento de novas profissões e, inevitavelmente, à contração ou mesmo desaparecimento de outras. Enfrentamos constantemente desafios à nossa frente, mas como seres humanos, temos demonstrado ao longo da história a capacidade de superação e evolução. Portanto, o que está por vir irá trazer oportunidades para crescer e continuarmos o nosso caminho enquanto espécie.

Iremos caminhar para uma maior conexão entre a tecnologia e o ser humano, iremos interagir com produtos, serviços e marcas de formas completamente diferentes e muito mais naturais, com padrões de conhecimento e identificação praticamente sem esforço. Até que ponto estaremos conectados enquanto humanos às nossas inteligências artificiais, que podem auxiliar-nos em processos de escolha, compra e gestão da nossa vida diária, onde uma simples compra pode ser feita através do nosso futuro assistente, que se baseia no nosso pensamento, analisando e interpretando as nossas ondas cerebrais e ajudando em todo esse processo de forma completamente linear, até ao nosso próprio médico, que nos monitoriza constantemente e nos auxilia a termos uma vida mais saudável. Este futuro conectado poderá não estar a anos-luz, mas cada vez mais perto.

A forma como hoje nos relacionamos, enquanto humanos, de forma cada vez mais digital e a forma como compramos, pesquisamos, socializamos e trabalhamos está em constante mudança. Basta olhar para a forma como o ChatGPT chegou ao milhão de utilizadores e a forma como um chat mudou a nossa abordagem ao efetuar pesquisas, procura de conhecimento, na educação e mesmo no nosso dia-a-dia profissional. Como tal, os nossos padrões de interação com tudo o que nos rodeia irão continua a evoluir para formas cada vez mais simples e “humanas” de vivermos conectados.

Acredito que iremos evoluir individualmente e enquanto sociedade fazendo uso e potenciando todo este avanço tecnológico de forma a sermos mais eficientes, mais produtivos e criando bens e serviços inovadores, mas, acima de tudo, que conseguiremos ver além do “terror” inicial de que iremos ser substituídos pela IA.

Artigo de opinião assinado por Ricardo Melo, head of frontend na Fullsix

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