Quebra de 91,4% deixa lucros da Impresa nos 1,1 milhões de euros em 2022

Por a 9 de Março de 2023

Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa

Após ter registado prejuízos de 2,2 milhões de euros no primeiro semestre, a Impresa conseguiu equilibrar as contas na segunda metade do ano para encerrar 2022 em terreno positivo. No entanto, os lucros de 1,1 milhões de euros agora reportados traduzem uma quebra na ordem dos 91,4% face ao resultado líquido alcançado no exercício anterior. A evolução negativa dos resultados, que comparam com lucros na ordem dos 12,6 milhões de euros em 2021, é atribuída pela dona da SIC e do Expresso ao impacto da guerra e da inflação nas contas da empresa, cenário agravado pelo ataque informático sofrido pelo grupo logo no arranque do ano.

“A atividade da Impresa foi condicionada por um violento e criminoso ataque informático, que nos prejudicou tanto pelo aumento de custos como pelas receitas digitais que não auferimos durante o primeiro trimestre”, justifica Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo, admitindo que os eventos de 2022, nomeadamente “a guerra na Ucrânia e o aumento dos custos com produção e energia, tiveram “um forte impacto negativo direto nos resultados”. Apesar da evolução negativa dos resultados financeiros, o líder da Impresa encontra “pontos positivos” no desempenho do grupo, salientando que em 2022 foi atingido “o segundo melhor valor em faturação desde a venda das revistas em 2017, apenas superado pelas receitas de 2021”, além de ter assegurado uma “redução expressiva da dívida, resultante de um conjunto de ações focadas no reforço da liquidez e na mitigação do risco das taxas de juro”.

A Impresa encerrou as contas do último ano com uma dívida remunerada líquida de 107,2 milhões de euros, uma redução de 31,4 milhões de euros, quase um quarto do total (-22,6%), comparativamente à dívida de 138,6 milhões de euros com que fechou o exercício de 2021, sendo ainda mais significativa se comparada com a dívida de 140,2 milhões de euros reportada no relatório anterior, correspondente ao primeiro semestre de 2022.

Já no que diz respeito aos valores de faturação, apesar de serem apontados como os melhores resultados dos últimos cinco anos, os 185,2 milhões de euros encaixados pela Impresa entre janeiro e dezembro de 2022 traduzem um recuo de 2,6% quando comparados com o resultado alcançado no período homólogo de 2021, ano em que a operação do grupo que detém a SIC e do Expresso gerou receitas totais na ordem dos 190,2 milhões de euros. Apesar da quebra nas receitas totais, as receitas publicitárias registam, segundo empresa, um ligeira subida, de 0,2%. Ao encaixe financeiro menos expressivo, correspondente a menos cinco milhões de euros, juntou-se, em 2022, um aumento significativo dos custos operacionais, que passaram dos 159,4 milhões de euros para os 168,5 milhões de euros, de acordo com o relatório enviado à CMVM esta quinta-feira.

Uma subida de 5,7%, que corresponde a mais 9,1 milhões de euros, ao contrário da tendência verificada em 2021, ano que tinha encerrado com uma redução de 6,2% nos custos da operação. Este aumento, segundo o grupo, é “consequência, principalmente, da resposta ao ataque informático sofrido em janeiro de 2022, do aumento de custos com produção e energia, da cobertura da guerra na Ucrânia, do aumento da competitividade das grelhas da SIC e de indemnizações”.

Números que justificam o recuo na performance financeira da Impresa, com o EBITDA consolidado do grupo a fixar-se nos 16,8 milhões de euros, valor que representa uma diminuição de 45,5% relativamente aos resultados financeiros do último ano, que colocavam o EBITDA nos 30,8 milhões de euros. Considerando na análise os custos de reestruturação, o recuo é atenuado, com o EBITDA fixado em 19,1 milhões de euros a comparar com os 30,8 milhões de euros reportados em 2021, traduzindo uma diminuição de 38%.

Na análise isolada a cada uma das áreas de negócio e fontes de receita do grupo, o destaque pela positiva vai para o segmento de publishing que, embora tenha menor peso nas receitas totais, é único a apresentar crescimento. Com um encaixe de 24,4 milhões de euros, esta área vê as suas receitas subirem 2,5% face aos 23,8 milhões de euros registados no exercício de 2021. Do lado dos custos operacionais há uma aumento de 9,5%, passando dos 20,1 milhões para os 22 milhões de euros. No encerramento das contas de 2022, esta área de negócio reporta um EBITDA de 2,3 milhões de euros, valor que traduz uma redução de 37,8% em comparação com o EBITDA de cerca de 3,7 milhões de euros comunicado no ano anterior. Os resultados ajustados de custos de reestruturação dão conta de um recuo menos expressivo, com o EBITDA nos 3,2 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 13,8%.

A área de negócio da televisão apresenta um EBITDA na ordem dos 17,1 milhões de euros no encerramento das contas de 2022, um recuo de 40,4% na comparação com os 28,7 milhões reportados no ano anterior. Levando em consideração os custos de reestruturação, o EBITDA situa-se nos 18,1 milhões de euros, suavizando a ligeiramente a quebra, que passa para a ser de 37,1%. As receitas da SIC totalizaram 159,9 milhões de euros, números que representam um recuo de 3,1% relativamente aos 165 milhões de euros registados em 2021. Do lado dos custos operacionais, esta área de negócio regista um aumento de 4,8%, subindo dos 136,3 milhões para os 142,8milhões de euros.

No segmento Impresa Outras, onde estão incluídos as contas da Infoportugal, o grupo encerra 2022 com um resultado negativo de -2,5 milhões de euros, agravando em 64,8% o EBITDA negativo em -1,5 milhões de euros registado no ano anterior. O EBITDA ajustado de custos de reestruturação seria de 2,2 milhões de euros negativos, uma diminuição de 42,8%. Para esta evolução negativa contribuiu, não só o aumento de 19,1% nos custos operacionais, dos 2,9 milhões para os 3,5 milhões de euros, mas também a quebra nas receitas, recuando 31,8% dos 1,4 milhões para os 900 mil euros.

Apesar do recuo de 2,6% nas receitas da Impresa, o CEO do grupo mantém as metas traçadas no plano estratégico cuja implementação arrancam no passado mês de setembro e se estenderá até ao final de 2025, reiterando como “um dos principais objetivos o crescimento de 15 a 20% na nossa faturação, com o triplicar do peso das receitas oriundas da atividade digital”.

Em 2023, aponta Francisco Pedro Balsemão num comentário aos resultados financeiros agora divulgados, “a Impresa focar-se-á na execução do seu novo ciclo estratégico, mantendo o objetivo de crescimento das receitas e da melhoria da margem operacional, através do complemento com novas fontes de receita, bem como a contínua aposta na qualidade, competitividade e diversificação da oferta de conteúdos multiplataforma”.

Deixe aqui o seu comentário