Observador prepara novo projeto editorial focado na saúde mental
Mental, um novo projeto editorial do Observador que ficará online a partir da próxima segunda-feira, 6 de março, nasce com o objetivo, não só de informar, mas também de “contribuir para a redução do estigma em torno do tema da saúde mental”. O projeto, que assumirá a forma de uma secção com identidade própria e conteúdos regulares exclusivamente dedicados à saúde mental, surge na sequência da série Labirinto, dedicada à mesma temática, e será coordenado por Paulo Farinha, editor de inovação do Observador, com supervisão da subdiretora Sara Antunes Oliveira, que idealizou o projeto após ter sido a autora da maior parte das entrevistas da série Labirinto.
“O tema da saúde mental é prioritário para o Observador e o que veio marcar a diferença foi a pandemia. O problema não é novo, pelo contrário, mas os confinamentos, o isolamento social, as mortes, a gestão do luto e todas consequências daqueles tempos – também económicas – tiveram um peso enorme sobre a saúde mental das pessoas”, começa por enquadrar Paulo Farinha, explicando que, além de se ter começado a falar mais sobre o tema, “chegaram diagnósticos que estavam escondidos ou patologias que as pessoas nem sabiam que tinham e, mais importante, chegou uma normalização no discurso relacionado com a saúde mental”. Com isso, “chegou uma avidez de notícias sobre este tópico”, justifica, em declarações ao M&P, o editor do Observador e coordenador da nova secção.
“A série Labirinto surge da necessidade de falar mais sobre este tema. Ter pessoas conhecidas a falar abertamente da sua depressão, do seu burnout, da sua perturbação obsessivo-compulsiva, da sua adição, etc, ajudou os leitores a ouvintes a relacionarem-se mais – eventualmente porque se reviram em algumas daquelas partilhas”, considera Paulo Farinha, para quem os números alcançados pelo formato – “cerca de 1,3 milhões de visualizações só no YouTube e um alcance de 1,6 milhões só no Facebook e Instagram” – justificam maior atenção ao tema. “A secção Mental vem agora acrescentar mais uma camada a essa necessidade que já tínhamos identificado. Mas agora, em vez de entrevistas a figuras públicas (ou além disso), teremos mais conteúdos, mais abordagens e mais vozes”, antecipa.
Com o objetivo de desenvolver o tema de forma mais aprofundada, a nova secção promete agora dedicar espaço à saúde mental através de um espetro mais alargado de conteúdos, entre eles “entrevistas, notícias, reportagens, artigos de opinião e muito mais, em formato texto, vídeo, áudio e redes sociais”. Para isso contará também com o apoio do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses, além de ter como parceiros a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o Hospital da Luz. “Apesar de contarmos com o apoio de duas instituições, os conteúdos são decididos por nós, abordados por nós, tratados por nós, não há ingerência editorial da parte dos nossos parceiros”, assegura Paulo Farinha, garantindo tratar-se de “um conteúdo editorial independente”.
Entre os conteúdos já alinhados para o lançamento do Mental, estão formatos como Sair do Labirinto, que consistirá numa série de 12 entrevistas a psicólogos e psiquiatras na Rádio Observador, que ficarão também disponíveis também em podcast, sobre a especificidade de cada doença ou perturbação abordada na série Labirinto, ou um formato com 12 depoimentos em vídeo, registados na primeira pessoa, sobre um caso marcante na carreira de um psicólogo ou psiquiatra.
Haverá ainda um conjunto de 12 entrevistas sobre 12 bons exemplos no estrangeiro de políticas públicas de saúde mental, bem como 24 reportagens sobre projetos inovadores e boas práticas de saúde mental que estão a ser implementados em Portugal, tanto no SNS como no setor privado. Na calha estarão ainda 24 explicadores dedicados a esta temática e 52 crónicas assinadas por médicos, psicólogos, cuidadores, doentes, familiares, etc, sobre o dia a dia da doença mental e cuidados de prevenção.
“Estamos confiantes que, cada um à sua maneira, poderão tocar vários públicos, e decisões também”, começa por referir Paulo Farinha, quando questionado sobre quais os conteúdos que destacaria e em que medida trarão uma perspetiva nova sobre as questões de saúde mental. “Teremos, por exemplo, os explicadores, em que respondemos a dúvidas muito práticas sobre saúde mental – o que é e para que serve a psicoterapia, por exemplo. São conteúdos muito pertinentes”, indica, destacando também “os vídeos “Do outro lado”, em que, mais do que os casos em si, o que queremos perceber é a forma como influenciaram ou marcaram os psicólogos ou psicoterapeutas que os acompanharam”. “As entrevistas Sair do Labirinto também nos parecem particularmente interessantes porque fazem uma ligação aos sintomas descritos nos relatos para, a partir daí, os profissionais de saúde darem pistas sobre como lidar com uma depressão, como abordar um burnout ou como ultrapassar um luto patológico, acrescenta.
O projeto, que contará ainda com uma newsletter, será desenvolvido por Paulo Farinha, como coordenador, com supervisão de Sara Antunes Oliveira, envolvendo a participação de vários departamentos do Observador, da rádio ao multimédia, passando pela fotografia, programação, design ou redes sociais. Quanto à equipa, “conta ainda com a colaboração do realizador Nuno Neves e das jornalistas Catarina Pires e Sofia Teixeira, a que recorremos para esta iniciativa”, adianta Paulo Farinha, referindo que “a Catarina foi editora da Notícias Magazine e da DN Life (DN/JN) e, tanto ela como a Sofia, escrevem há muitos anos sobre saúde, saúde mental e comportamento”. “A Sofia é também uma das autoras das reportagens da iniciativa Mentes Brilhantes, sobre investigação científica de ponta”, acrescenta.
Questionado sobre a possibilidade de, além da presença online, o projeto avançar, no médio prazo, para a edição de uma publicação impressa dedicada a esta temática, à semelhança do que acontece, por exemplo, com a secção de lifestyle e com a revista Observador Lifestyle, Paulo Farinha não fecha a porta, dizendo apenas que “o Observador é uma marca muito dinâmica e ágil e dá passos estratégicos seguros”. Neste momento, aponta, “o que está previsto é que Mental seja uma secção do jornal, com identidade própria, conteúdos regulares e uma temática fechada”, sendo que “viverá também nas redes sociais e terá uma presença na rádio e podcast”.