Impresa sobe salários até 2.500 euros em 4% e promete salário mínimo de 1.350 brutos até outubro

Por a 28 de Março de 2023

Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa

O salário mínimo ilíquido na Impresa passará dos atuais mil euros para os 1.175 euros em abril, estando previsto que volte a subir em outubro, para os 1.350 euros. A atualização para os salários mais baixos é acompanhada de um aumento de 4% nos vencimentos entre este valor e os 2.500 euros. A decisão da comissão executiva da Impresa, que começou por ser avançada esta tarde pela agência Lusa, foi entretanto confirmada ao M&P por fonte oficial do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão, que justifica desta forma as medidas escolhidas para dar resposta às reivindicações dos trabalhadores: “No atual contexto económico, o foco da Impresa é aumentar os salários mais baixos, os que estão abaixo de 2.500 euros.”

Neste enquadramento, sublinha a mesma fonte, “vamos subir o salário mínimo da Impresa em 35%, para 1.350 euros (ou seja, 1.000 euros líquidos), e proceder a um aumento salarial de 4% nos vencimentos mais baixos, entre 1.350 e 2.500 euros, com efeitos retroativos a janeiro”.

“O nosso esforço é no sentido de procurar contrariar o efeito da inflação e reconhecer o empenho dos nossos trabalhadores”, aponta o grupo, deixando garantias de continuar “a acompanhar este tema com toda a atenção que ele nos merece”.

No caso do aumento da remuneração mínima mensal, que até agora estava nos mil euros brutos, o aumento será faseado. A primeira atualização terá efeitos já a partir de abril, passando para os 1.175 euros ilíquidos. Para o próximo mês de outubro está prometida nova atualização, que deverá fixar a remuneração mínima mensal do grupo nos 1.350 euros ilíquidos.

A Impresa, recorde-se, registou uma quebra de 91,4% nos resultados de 2022, encerrando as contas do último ano com lucros de 1,1 milhões de euros. A evolução negativa dos resultados, que comparam com lucros na ordem dos 12,6 milhões de euros em 2021, foi atribuída pela dona da SIC e do Expresso ao impacto da guerra e da inflação nas contas da empresa, cenário agravado pelo ataque informático sofrido pelo grupo logo no arranque do ano.

No que diz respeito aos valores de faturação, apesar de serem apontados como os melhores resultados dos últimos cinco anos, os 185,2 milhões de euros encaixados pela Impresa entre janeiro e dezembro de 2022 traduziram um recuo de 2,6% quando comparados com o resultado alcançado no período homólogo de 2021, ano em que a operação do grupo que detém a SIC e do Expresso gerou receitas totais na ordem dos 190,2 milhões de euros. Apesar da quebra nas receitas totais, as receitas publicitárias registaram uma ligeira subida, de 0,2%.

Ao encaixe financeiro menos expressivo, correspondente a menos cinco milhões de euros, juntou-se, em 2022, um aumento significativo dos custos operacionais, que passaram dos 159,4 milhões de euros para os 168,5 milhões de euros. Uma subida de 5,7%, que corresponde a mais 9,1 milhões de euros, ao contrário da tendência verificada em 2021, ano que tinha encerrado com uma redução de 6,2% nos custos da operação. Este aumento, segundo o grupo, é “consequência, principalmente, da resposta ao ataque informático sofrido em janeiro de 2022, do aumento de custos com produção e energia, da cobertura da guerra na Ucrânia, do aumento da competitividade das grelhas da SIC e de indemnizações”.

Números que explicam o recuo na performance financeira da Impresa, com o EBITDA consolidado do grupo a fixar-se nos 16,8 milhões de euros em 2022, valor que representou uma diminuição de 45,5% relativamente aos resultados financeiros do ano anterior, que colocavam o EBITDA nos 30,8 milhões de euros. Considerando na análise os custos de reestruturação, o recuo seria atenuado, com o EBITDA fixado em 19,1 milhões de euros a comparar com os 30,8 milhões de euros reportados em 2021, traduzindo uma diminuição de 38%.

A Impresa encerrou as contas do último ano com uma dívida remunerada líquida de 107,2 milhões de euros, uma redução de 31,4 milhões de euros, quase um quarto do total (-22,6%), comparativamente à dívida de 138,6 milhões de euros com que fechou o exercício de 2021.

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