A estratégia até 2025 e uma reflexão para o setor
Após um período de reestruturação e reorganização do grupo (2017-2019), que teve como objetivo reduzir a exposição a atividades e produtos com menor potencial de crescimento e concentrar as atividades da Impresa em instalações únicas com condições modernas, a partir de 2020, e já com as marcas mais relevantes a liderar – SIC e Expresso – o foco passou a ser o lançamento das bases para o posicionamento estratégico do grupo em áreas em expansão, como o streaming, o branded content e o áudio.
Tendo em conta as alterações que ocorreram desde então, incluindo o violento ataque informático de que a Impresa foi objeto, os confinamentos provocados pela pandemia, a guerra na Ucrânia, e a inflação e outros efeitos macroeconómicos que derivam dos referidos fatores, bem como o impacto que estes tiveram nos hábitos de consumo de media, a Impresa decidiu lançar um novo Plano Estratégico, cuja execução se iniciou em outubro de 2022.
Este novo plano tem como objetivo o aumento das receitas e da margem da Impresa, complementando as nossas atuais fontes de receitas com novas fontes de receitas e novas abordagens às atuais formas de atingir os nossos objetivos. A meta, para o final de 2025, é alcançarmos um crescimento de 15 a 20% na nossa faturação.
Para esse efeito, a Impresa focar-se-á em duas prioridades: no acelerar do desenvolvimento da sua atividade e fontes de receitas digitais e na transformação dos seus processos e métodos de trabalho.
Até 2025, o grupo pretende triplicar o peso das receitas oriundas do digital. Para esse efeito, a Impresa vai continuar a sua aposta na Opto, com mais conteúdos e melhor experiência para o utilizador, aumentando a faturação via subscrição e robustecendo o modelo de publicidade com o lançamento de canais FAST (free ad-supported streaming services, ou canais digitais lineares). A proposta de valor da SIC Notícias vai ser reforçada, com uma maior centralidade e diversificação no digital.
O grupo lançará em breve a comunidade Expresso, oferecendo mais benefícios aos seus assinantes digitais, como a interação com jornalistas, comentários aos conteúdos e newsletters personalizadas. O áudio vai funcionar ainda mais como um complemento da proposta de valor multiplataforma, com novos podcasts e reforçando a sua rentabilização através de novas abordagens comerciais. Nesta estratégia, insere-se a contratação recente de Tony Gonçalves, ex-administrador (chief revenue officer) da Warner Media, como consultor do grupo, nas áreas das receitas, oportunidades de crescimento e acompanhamento da execução do Plano Estratégico.
Sabemos que, para atingirmos os nossos objetivos, teremos não só que reforçar a nossa capacidade tecnológica como também dotar as nossas pessoas das ferramentas certas de desenvolvimento profissional no que respeita ao reconhecimento do seu desempenho, à autonomia e responsabilização no desempenho das suas funções e a um melhor planeamento do seu trabalho, que deverá passar pela eficiência das metodologias usadas e numa abordagem multidisciplinar às atividades internas e externas. Neste contexto, constituímos, por exemplo, uma Comissão Executiva Sombra composta por oito elementos que têm menos de 30 anos, com o intuito de nos apresentarem propostas concretas dirigidas aos jovens, e estamos a construir um plano de carreiras para todo o grupo. A mudança começa por nós próprios e apenas através dela seremos bem-sucedidos no cumprimento da nossa estratégia.
Partimos para esta nova etapa mais bem capacitados do que qualquer outra empresa do meio porque contamos com os melhores profissionais, que estão na Impresa por se sentirem orgulhosos das nossas marcas e porque se reveem nos nossos valores: a independência, a inovação e a excelência.
O mercado no qual operamos inclui demasiadas empresas que geram constantes prejuízos ou, pior, que são meros projetos de poder, e portanto pode e deve estar sujeito a consolidação ou reestruturação. Há algumas semanas, num encontro-debate promovido pela International Club of Portugal, abordei este tema precisamente no sentido de assinalar que o nosso país tem demasiadas empreitadas opacas sem qualquer sustentação. E, se é verdade que a concorrência desleal é um problema que afeta o setor, a concentração indevida também o será, ambas prejudicando o pluralismo e carecendo de intervenção regulatória.
Do nosso lado, por sermos o único grande grupo que vive só e apenas para a comunicação social, continuaremos a ser um farol que ilumina o caminho da liberdade de imprensa e da democracia em Portugal.
O crescimento que projetamos com o cumprimento dos nossos objetivos estratégicos levará ao cumprimento cabal do nosso papel na sociedade portuguesa. Esperam-nos muitos desafios nos próximos três anos, mas é por isso que somos e continuaremos apaixonados pela atividade dos media.
Por Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa