Está a inovação limitada à tecnologia?
Inovar é algo que estamos cada dia mais “forçados” a fazer enquanto sociedade, organizações e indivíduos. Todos os dias lidamos com a pressão de fazer mais e melhor, mais rápido, fazer com menos e com maior eficiência.
Inovação significa criar algo novo, quer seja uma ideia, metodologia, processo, produto ou serviço. No entanto, tendemos atualmente a olhar para inovação como algo mais conectado com tecnologia e produtos tecnológicos ou digitais, Mas, na verdade, inovação é um processo bastante mais complexo e profundo e que precisa de uma estratégia e um foco bem definidos de modo a prosperar.
Mas estão as organizações preparadas para uma cultura baseada na inovação?
Os desafios que as organizações atravessam atualmente num mercado altamente competitivo, e também incerto devido ao panorama geopolítico e económico que atravessamos no mundo, faz com que seja cada vez mais importante olhar para a inovação como um pilar das organizações.
Por exemplo, inovar um processo de recrutamento pode trazer uma melhor identificação de talento, trazer maior assertividade e eficiência e ser disruptivo com o modelo atual e, com isso, dar também um estímulo aos candidatos sobre a forma como a organização se posiciona e sobre o que lhe poderá vir a proporcionar no futuro enquanto colaborador. Romper com padrões atuais e potenciar novas experiências pode, não só ser mais eficiente, como trazer melhores resultados.
Atualmente vivemos rodeados de questões como work-life balance e propostas de semana de quatro dias de trabalho como tendências que derivam de processos de inovação ou apenas por mudanças na nossa forma de vida e obrigação de procurar algo diferente?
E inovar estes mesmos conceitos e ideias?
Em vez de falarmos de work-life balance, falarmos de life first (life-work balance) e de que forma podemos inovar a nossa relação com o trabalho e com as organizações, com maior qualidade na nossa vida pessoal, e de que forma isso pode potenciar e melhorar a nossa vida profissional e como pode afetar a nossa performance individual e coletiva.
Os quatro dias de trabalho devem ser vistos de forma generalizada ou poderá ser algo que venha a ser individualizado nas organizações? Que melhoria (inovação) podemos fazer sobre esse modelo? Será esse o modelo que serve a todas as pessoas e organizações?
A mudança destes paradigmas será certamente definida como inovação e devemos tratá-la nas organizações como tal e não subestimar um processo que permita inovar de forma sustentada, onde será fundamental criar uma estrutura, condições e processos que tenham por base incentivar e desenvolver a inovação como um pilar estratégico e operacional. Existe cada vez mais uma preocupação de desenvolver essas valências nas estruturas das organizações, como por exemplo a posição de chief innovation officer (CINO), que tem por objetivo o foco em gerir o processo de inovação, criação de novas oportunidades, de criar, reconhecer e avaliar ideias inovadoras de outras pessoas tanto internamente como externamente. É importante um elemento com essa responsabilidade de forma a garantir todos estes processos e ter um papel proativo na evolução das organizações.
Inovar porque somos obrigados, ou porque se segue uma tendência, raramente irá trazer os resultados esperados, porque na verdade apenas se segue um caminho que poderá não ser o mais adequado para a organização e não se trilha um novo mais em linha com a sua cultura e essência.
Acredito que é fundamental para as organizações do futuro desenvolverem uma cultura de inovação na sua estrutura e focarem-se em processos de inovação que sejam core e que venham a potenciar resultados, criando assim uma organização mais ágil para a mudança e mais preparada na sua amplitude para futuros desafios.
Se “a sorte favorece os audazes”, arrisco-me a dizer que “a inovação favorece os sonhadores”.
Artigo de opinião assinado por Ricardo Melo, head of frontend Fullsix Portugal