Com a evolução digital será o impresso o novo material premium?
Com certeza uma boa parte de nós já se questionou se o material impresso ainda é realmente importante nas nossas atividades pessoais e profissionais, estando a viver numa era onde o digital cresce de uma forma exponencial.
Tenho por hábito matinal, de há uns anos a esta parte, todos os dias religiosamente ler as capas dos jornais diários num site especializado. Ali leio as notícias de ontem e um assunto ou outro que me escapou nas notificações ativadas no telemóvel e nas newsletters que recebo no email. Esta rotina já vem desde o tempo dos jornais e revistas em escaparate nas lojas e quiosques de rua que atraiam os leitores regulares, os fiéis às suas publicações e os ocasionais e potenciais leitores ávidos das notícias do dia, e se estas eram quentes e boas.
A nível profissional, enquanto designer, as referências eram físicas, os livros, a aprendizagem, a resolução e os resultados da resposta ao briefing eram nos mais diversos formatos impressos possíveis e imagináveis como algo infinito e que iria perdurar no tempo e que se diferenciavam pelo seu branding, criatividade e formatos fora da caixa, houvesse budget, vontade e visão do cliente.
No fundo, sabíamos que a evolução da tecnologia e da rede de internet que iria suportar a comunicação do futuro, iria inverter o paradigma, não sabíamos muito bem era quando, como, qual a extensão das mudanças e a que níveis.
O que verificamos é que a comunicação de hoje é iminentemente digital, os desafios propostos e a sua resolução passam pela televisão, web, mobile e pelos novos media. Já não percecionamos o material impresso como objeto primordial de resposta ao briefing, apesar de o mercado de design e comunicação gráfica continuar vivo e de boa saúde, é certo, mas com muito menos volume de negócio e oportunidades de emprego. Contudo, penso que não podemos afirmar que o impresso tem os seus dias contados, pois é por meio deste que ainda podemos extrair experiências que o digital não alcança — o segredo é procurar construir estratégias onde este se possa encaixar e recriar.
A grande diferença, no entanto, está no tipo de publicidade e de mensagem que se veicula por meio do material digital em contraponto ao material impresso. No caso do material digital, o foco é o pouco conteúdo e as mensagens de fácil leitura. Um bom layout facilita também o modo como a mensagem é impactada e ao mesmo tempo de fácil identificação pelo público alvo. Da flexibilidade do digital resulta também uma comunicação mais ampla.
Apesar das inúmeras vantagens do material digital, nada substitui a riqueza da cor, a elegância da tipografia, os elementos gráficos dinâmicos, o layout do conjunto e a qualidade do material impresso final, resultando em algo personalizado e credível.
Concluindo, se as redes sociais são importantes na sociedade contemporânea, o material impresso é a sustentação da realidade e do modo como criamos relações reais, físicas e duradouras. Mesmo com todas as mudanças sociais, mercados e tecnologias, boa parte dos consumidores confiam e obtêm um entendimento mais profundo da informação quando impressa.
Os sinais de fadiga do digital e a preocupação evidente com a segurança e a privacidade geram uma constante procura de equilíbrio entre o material impresso e o material digital por parte de quem cria, observando atentamente a finalidade e o objetivo de cada ação de marketing e publicidade.
Artigo de opinião assinado por Alexandre Santos, coordenador pedagógico e formador na FLAG e designer