Impresa encerra primeiro semestre com prejuízos de 2,2 milhões de euros

Por a 28 de Julho de 2022

A Impresa regista neste primeiro semestre de 2022 uma evolução negativa do seu resultado líquido, encerrando o período com prejuízos a rondar os 2,2 milhões de euros. O ataque informático sofrido pelo grupo logo no arranque do ano, a par da guerra na Ucrânia e do impacto das pressões inflacionistas sobre o negócio, são apontados como decisivos para este resultado, que compara com lucros na ordem dos 3,3 milhões de euros no período homólogo em 2021. “O primeiro semestre de 2022 ficou marcado por eventos com um forte impacto negativo direto nos nossos resultados, como a guerra na Ucrânia e o aumento de custos com produção e energia”, justifica Francisco Pedro Balsemão, lembrando ainda que, neste período, o grupo que lidera viu a sua atividade “condicionada por um violento e criminoso ataque informático”. Nas palavras do CEO da Impresa, este ataque foi “um teste à resiliência e à capacidade de resposta de todos os trabalhadores do grupo que foi superado com distinção”.

É neste cenário que o grupo dono da SIC e do Expresso vê as suas receitas publicitárias crescerem apenas 1,3%, incremento que se revelou insuficiente para impedir as receitas totais de recuarem 4,2%, dos 92 milhões de euros encaixados nos primeiros seis meses de 2021 para perto de 88,2 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. Uma descida que fica a dever-se, de acordo com os números reportados pelo relatório enviado esta quinta-feira à CMVM, a quebras nos vários segmentos de negócio em que o grupo opera. Na área de televisão, que representa a maior fatia nos rendimentos do grupo, as receitas recuaram 3,7%, dos 80 milhões de euros para os 77 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2022, representando menos 3 milhões de euros encaixados por esta área de negócio na comparação com o semestre homólogo em 2021. No segmento de publishing, a quebra foi de 5,5%, passando dos 11,2 milhões de euros para os 10,6 milhões, enquanto a Infoportugal foi responsável por receitas a rondar os 648 mil euros, uma quebra de 27,8% face aos 897 mil euros registados no primeiro semestre do último ano.

Além do recuo nas receitas, a evolução negativa das contas do grupo fica a dever-se também a um aumento dos custos operacionais motivado, quer pelo impacto da inflação no preço das matérias-primas, com destaque para os custos do papel, quer pela necessidade de alocar recursos à cobertura da guerra na Ucrânia. Fatores que contribuíram para que os custos operacionais ascendam nestes primeiros seis meses de 2022 aos 84 milhões de euros, um incremento de 3,6% face a igual período em 2021, altura em que os custos operacionais da Impresa rondavam os 81,1 milhões de euros.

Números que explicam o recuo na performance financeira do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão, com o EBITDA a situar-se perto dos 4,2 milhões de euros, valor que traduz uma diminuição de 61,7% na comparação com os resultados financeiros do primeiro semestre de 2021, que colocavam o EBITDA da Impresa nos 10,9 milhões de euros.

Analisando o desempenho financeiro por segmento, a área de negócio da televisão regista um EBITDA na ordem dos 5,1 milhões de euros, um recuo de 49,1% na comparação com os 10 milhões reportados no primeiro semestre do ano anterior. As receitas da SIC totalizaram 77 milhões de euros, números que representam um recuo de 3,7% relativamente aos 80 milhões de euros encaixados nos primeiros seis meses de 2021. Do lado dos custos operacionais, esta área de negócio regista um aumento de 2,7%, subindo dos 70 milhões para os 71,9 milhões de euros, “sendo este desvio justificado, na sua maioria, pelos custos com a cobertura da guerra na Ucrânia e pelo ataque informático de que o grupo Impresa foi alvo”, esclarece a dona da SIC no comunicado endereçado à CMVM.

No segmento de publishing, onde os custos operacionais aumentaram 5%, dos 9,6 milhões para os 10,1 milhões de euros, sobretudo devido ao “aumento do preço do papel utilizado na impressão“ do Expresso, a performance financeira regista igualmente um recuo significativo. Fechado o primeiro semestre de 2022, esta área de negócio reporta um EBITDA próximo dos 443 mil euros, valor que representa um recuo na ordem dos 71,3 em comparação com o EBITDA de 1,5 milhões de euros registado nos primeiros seis meses de 2021. Neste segmento, as receitas totais diminuíram 5,5%, passando de 11,2 milhões para 10,6 milhões de euros.

O segmento Impresa Outras, onde estão incluídas as contas da Infoportugal, o grupo fecha os primeiros seis meses de 2022 com um resultado negativo de -1,3 milhões de euros, um recuo de 109,4% face ao EBITDA negativo em -637 mil euros registado em igual período do ano anterior. Neste segmento, as receitas rondaram os 574 mil euros, valor que traduz uma quebra de 26,8% na comparação com as receitas próximas dos 784 mil euros registadas no primeiro semestre de 2021. Do lado dos custos, há um aumento de 34,3%, para 1,9 milhões de euros.

No que diz respeito ao endividamento, a Impresa chega ao final do primeiro semestre de 2022 com uma dívida remunerada líquida de 140,2 milhões de euros, valor que representa uma diminuição de 14,2 milhões de euros em termos homólogos mas um aumento de 1,6 milhões de euros relativamente à dívida de 138,6 milhões de euros reportada pelo grupo no encerramento do exercício de 2021.

Na sequência dos resultados agora apresentados, Francisco Pedro Balsemão, assegura que o foco do grupo no segundo semestre estará “em aumentar a sua faturação e na eficiência operacional, com vista a melhorar o EBITDA e os resultados líquidos, em linha com o compromisso e percurso dos últimos anos”. “Mantém-se também o objetivo da redução da dívida líquida”, aponta o CEO da Impresa, lembrando ainda que o grupo inicia em setembro a implementação do seu novo plano estratégico. Em vigor até ao final de 2015, este plano visará “o crescimento e diversificação das suas receitas, com o reforço das atividades atualmente realizadas e o desenvolvimento de novos projetos inovadores, em antecipação das tendências e oportunidades que marcam a indústria dos media”.

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