“Estamos confiantes na credibilidade que temos junto dos leitores e dos anunciantes”

Por a 28 de Dezembro de 2020
Rosália Amorim, directora do Diário de Notícias

Rosália Amorim, directora do Diário de Notícias

O Diário de Notícias regressa amanhã à periodicidade diária, após um ano e meio como semanário. “Mais do que um número numa folha de excel, o objectivo do Diário de Notícias é regressar às bancas, sem deixar ninguém para trás em termos de direito à informação”, diz ao M&P Rosália Amorim, directora do título desde o início de Novembro. “Os conteúdos noticiosos voltarão a ser reis, a ser a chave do jornal em papel e também no site, claro”, garante.

Meios&Publicidade: O que é que podemos esperar do novo Diário de Notícias neste seu regresso diário ao papel? Porquê comprar diariamente o jornal?

Rosália Amorim: Bom, primeiro o Diário de Notícias está de regresso às bancas, todos os dias, e julgo que país se pode congratular com esta aposta. Uma aposta que é, aliás, importante também para a liberdade e a democracia portuguesa, já que o Diário de Notícias é uma referência na comunicação social, que zela pela liberdade de informação e de pensamento e tem combatido activamente a desinformação e as fake news.

M&P: Porquê comprar?

RA: Ora bem, o novo Diário de Notícias chega às mãos dos leitores mais actual e mais inovador. No final de um ano marcado pela pandemia, – que ficará na história como o mais desafiante para humanidade-, e no arranque de uma nova década, o Diário de Notícias volta a surpreender, tal como fez exactamente há 156 anos! É incrível como esta marca resiste e como agrega em seu redor os portugueses, que a respeitam, admiram e têm uma forte relação emocional com este órgão de comunicação social escrito. Tem sido uma boa descoberta, para mim enquanto directora – e a primeira mulher em 156 anos – conhecer melhor a história e a relação do DN com todos os portugueses. Pelo desafio nesta conjuntura difícil e também por esse histórico, sinto uma enorme responsabilidade em conduzir este grande jornal e em poder contribuir, em conjunto com a minha equipa, para o seu renascimento enquanto diário.

Quando pergunta porquê comprar diariamente, é preciso afirmar que os conteúdos noticiosos voltarão a ser reis, a ser a chave do jornal em papel e também no site, claro.

Na era anterior, num semanário, seguiu-se um caminho mais revisteiro ou, se quiser, em estilo magazine. Já num diário, claramente o caminho terá de ser mais noticioso, marcando a agenda mediática e a agenda política, como fizemos recentemente na investigação à morte de Ihor às mãos do SEF, e na qual trabalham, há vários meses, duas das jornalistas do Diário de Notícias.

Terão destaque os grandes temas da política, mas também da economia – em que contamos com a redacção muito experiente e atenta do Dinheiro Vivo -, e ainda do que se passa na região metropolitana da grande Lisboa e noutras grandes cidades e que terão voz na nova secção de Local. E, claro, sem esquecer os temas da sociedade portuguesa, entre os quais hoje se destacam assuntos como a gestão da pandemia e a vacina covid-19, entre outros. Dito isto, deixe-me acrescentar que outras áreas editoriais, em que historicamente o DN sempre se destacou, continuarão a fazer parte do ADN do jornal: a área de internacional, do desporto e da cultura.

M&P: O conselho de redacção afirmou no início do mês que “não estão neste momento reunidas as condições necessárias – quer ao nível de meios, quer da reestruturação da redacção ou mesmo das propaladas sinergias internas no grupo – para que o Diário de Notícias se apresente em banca”. Estão? Tem as condições necessárias para fazer um diário em papel? O DN terá uma redacção de 20 pessoas. O Público, como dizia recentemente em entrevista ao M&P Manuel Carvalho, tem 120 a 130…

RA:  É natural que a equipa esteja preocupada, o desafio é grande: passar de um jornal semanal em papel para um diário em papel. A conjuntura actual não compreende modelos e dimensões do passado e é importante dar sustentabilidade aos projetos de media, que possam continuar a deixar marca na comunicação social, tal como o Diário de Notícias já faz há 156 anos. Além disso, as sinergias entre várias marcas do grupo serão uma realidade.

M&P: Quais são os objectivos em termos de circulação paga? Semanal, de acordo com dados APCT, está nos 2.886 exemplares vendidos em banca, 3466 se contarmos com vendas em bloco e assinaturas.

RA: O jornal é relançado numa conjuntura muito difícil de pandemia, como todos sabemos, mas cuja missão de informar se revela cada vez mais importante pela democracia, pela liberdade, pelo combate à desinformação e fake news. Assim, apesar do difícil contexto da pandemia covid-19 – um dos momentos mais desafiantes para a história recente da humanidade -, os accionistas do Diário de Notícias acharam por bem avançar e fazer esta aposta diária, a qual dirijo. Mais do que um número numa folha de excel, o objectivo do Diário de Notícias é regressar às bancas, sem deixar ninguém para trás em termos de direito à informação, preservando a liberdade de imprensa e o sentido de dever cívico de informar com transparência e verdade cada leitor, ou seja, o cidadão.

M&P: Qual é o racional do regresso diário ao papel? Passou a diário porque não era sustentável do ponto de vista económico. Agora esperam que seja?

RA: Cabe-me dirigir editorialmente o jornal mais antigo de âmbito nacional do nosso país. É uma honra e uma enorme responsabilidade. O título já passou por várias transformações, respondendo às dificuldades de cada momento histórico. Este momento que vivemos, de forte desinformação em várias plataformas de comunicação, exige claramente mais diários nas bancas, garantindo pluralidade. O racional económico foi apurado, em tempo próprio, pelos acionistas que são os donos do grupo Global Media e sua administração. O plano de negócios assenta numa racionalidade económica-financeira cuidadosa, que garanta a viabilidade financeira do jornal e tendo por base salvaguardar o exercício de um jornalismo exigente. Estamos confiantes na credibilidade que temos junto dos leitores e dos anunciantes, como o prova a edição de aniversário que bateu recordes comerciais.

* A entrevista completa pode ser lida na próxima edição do M&P

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