Comunicar em tempos de covid-19

Por a 22 de Abril de 2020

DMdSA covid-19 chegou sem avisar e sobressaltou o mundo obrigando a que os governos, partidos da oposição, o tecido empresarial e as organizações internacionais respondessem de forma firme e sem hesitações a esta que é a crise sanitária mais feroz do século XXI. Esta pandemia, que culminará, seguramente, numa crise muito mais severa a nível mundial, obrigou-nos a repensar a forma como trabalhamos, como nos relacionamos e, naturalmente, como comunicamos.

Nunca, como hoje, estivemos tanto tempo encerrados entre quatro paredes e vimos o tempo a passar como se fossemos actores secundários da nossa própria vida. Nunca, como hoje, utilizámos tantas plataformas e tecnologia para comunicar entre nós. Nunca, como hoje, foi tão importante ter uma comunicação fluída, ágil e adaptada ao nosso público alvo: colaboradores, clientes e stakeholders. Nunca, como hoje, a comunicação, uma palavra, uma vírgula, uma expressão… tiveram tanta relevância. Nunca, como hoje, foi preciso adaptar as mensagens de forma tão célere e repensar a utilização dos vários canais de comunicação, sejam os mais tradicionais sejam os digitais, a esta realidade que ocupa, há já várias semanas, a nossa mente, as nossas vidas e os nossos negócios, e que ainda está longe de terminar.

Dentro da comunicação, podemos dividir esta resposta em duas grandes esferas: a comunicação interna e externa. A comunicação interna teve de ser ajustada a um público que já não interage fisicamente entre si e que, na grande parte dos casos, não está habituado ao teletrabalho. Um público que é bombardeado constantemente com informação online, dos órgãos de comunicação social e das redes sociais. Um público que procura que também a sua empresa assuma a sua responsabilidade perante a sociedade.

É por essa razão que muitas empresas optaram, em tempo recorde, por criar plataformas, comunicados e mensagens mais personalizadas para que, mesmo à distância, os seus colaboradores se sintam parte de uma organização forte e comprometida. Uma organização que quer ressalvar e agradecer, de forma continuada, a capacidade de adaptação e responsabilidade indubitável de todos os seus colaboradores. As mesmas têm, ainda, uma função adicional: motivação e tranquilidade.

Com respeito à comunicação externa, creio que a publicidade, nesta fase, ocupou um lugar secundário. Houve a necessidade premente de repensar todas as estratégias já definidas e acordadas para não ferir susceptibilidades nem causar entropias. As mensagens renovaram-se e ressalvam, como nunca, a serenidade, o positivismo, a confiança, a compreensão e de que tudo vai ficar bem. Os nossos clientes são permeáveis a receber informação publicitária, mas de uma forma menos agressiva. Também eles esperam que nós assumamos o nosso papel de agente de mudança.

Perante um contexto que nos afecta a todos, os esforços de todos centram-se em ultrapassar e ajudar todas as comunidades e a todos aqueles que, de forma mais severa, têm sido afectados por este flagelo. Multiplicam-se as doações, as iniciativas e os projectos para a disponibilização de material para ajudar tanto hospitais como profissionais de saúde e de segurança que têm lutado incansavelmente para nos ajudar.

Na perspectiva organizacional, temos a incumbência de contrabalançar as necessidades dos nossos negócios, que continuam a operar, com as da sociedade que se encontra ávida de outros conteúdos. Como responsáveis de comunicação temos um papel preponderante em todo este processo. Temos a missão de continuar a comunicar e a evidenciar o nosso compromisso, visão e valores, mas devemos fazê-lo de uma forma mais pessoal, focada e adaptada às circunstâncias tão adversas que estamos a viver.

Artigo de opinião assinado por Diogo Marques dos Santos, director de comunicação da Universidade Europeia, IADE e IPAM

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