Cannes Lions: Há um grande prémio com criatividade portuguesa (com vídeos)

Bluesman, filme criado para a música de abertura do álbum do rapper brasileiro Baco Exu do Blues, tem criatividade a cargo da AQKA São Paulo, agência que tem o português Hugo Veiga como director criativo executivo. O projecto, que conquistou um dos grandes prémios na categoria de Entertainment for Music, consiste num filme de oito minutos em que o ritmo do blues como instrumento de libertação da população negra no Brasil serve como ponto de partida para apontar situações reveladoras de como o racismo ainda permanece impregnado na sociedade brasileira. Nas palavras de Paulette Long Obe, consultora musical que presidiu ao júri da categoria de Entertainment Lions for Music, “a questão do racismo no Brasil é algo muito importante” e “este grande prémio apresenta o blues como um movimento cultural e social para levar essa mensagem às pessoas e fazer a diferença”.

O protagonismo na categoria foi dividido já que o júri decidiu atribuir dois grandes prémios. O outro trabalho em destaque foi para outro videoclipe que aborda questões raciais e violência contra a comunidade negra, desta vez nos Estados Unidos: This is America, do artista norte-americano Childish Gambino, produzido pela Doomsday Entertainment.

Além dos vencedores na categoria de Entertainment for Music, esta terça-feira foram ainda atribuídos os grandes prémios nas categorias de Entertainment, Entertainment for Sports, Digital Craft, Film Craft e Industry Craft.

Entertainment

Nesta categoria o grande destaque foi para o documentário 5B da Johnson & Johnson. Criado pela UM Studios New York, Highway 61 Films e pela produtora Saville, o trabalho conta a história de um grupo de enfermeiras do San Francisco General Hospital que, quando o tema era ainda algo pouco conhecido e uma espécie de tabu nos anos 80, decidiram criar uma ala dedicada a cuidar de pacientes infectados com HIV.

Entertainment for Sports

Após ter conquistado no primeiro dia o grande prémio na categoria de Outdoor, a Nike repetiu o feito ao arrecadar também o principal troféu naquela que foi a primeira edição desta categoria com o anúncio da campanha Dream Crazy, que tem como um dos protagonistas Colin Kaepernick, jogador de futebol americano que ficou sem equipa no último ano depois de ter decidido ajoelhar-se durante o hino como forma de protesto contra a violência e discriminação raciais. A campanha, criada pela Wieden+Kennedy Portland, foi distinguida por ter arriscado ao usar a imagem do jogador num anúncio com o claim “It´s only crazy until you do it. Just Do It.”

Film Craft

O grande prémio foi para a série de filmes sob o lema The Truth is Worth It, criados pela Droga5 para o The New York Times, onde são traçados os passos de vários jornalistas do diário norte-americano na busca pela verdade nas reportagens reais em que trabalharam.

Industry Craft

Mais um grande prémio para a Nike, desta vez pelo projecto Just Do It HQ at the Church, criado pela Momentum Worldwide New York e Momentum Canada, que consistiu em transformar uma antiga igreja em Chicago num centro de cultura e desporto para crianças.

Digital Craft

Uma colecção de roupa exclusivamente digital foi o projecto distinguido com o grande prémio. O trabalho, criado pela Virtue Copenhagen para a marca de vestuário norueguesa Carlings, integrava a campanha Adress the Future e tinha como objectivo alertar para o desperdício ambiental gerado pela indústria da moda, um problema que se tem intensificado com o crescimento das redes sociais.