Secretária de Estado da Igualdade considera anúncio da Caixa sexista (com vídeo)

Por a 4 de Maio de 2015

caixaA secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade considera que o anúncio de televisão De Volta da Caixa “fornece uma imagem da mulher contrária aos valores e princípios que norteiam a igualdade entre homens e mulheres”. O spot integra a campanha institucional lançada em Março, criado pela nova agência do banco, a Fuel.

No spot, um jovem a viver em Paris diz a mãe de que está de regresso a Portugal, uma mulher é pedida em casamento enquanto cozinha, um homem comunica à companheira que ela está grávida e um funcionário é informado de que a empresa onde trabalha vai contratar mais pessoas. O banco público pretende passar a mensagem de que “o futuro está de volta”. A secretária de Estado Teresa Morais fez saber que “discorda da imagem publicitária da mulher no anúncio em causa” e que quer combater a “transmissão de mensagens que promovam uma imagem subalterna e passiva das mulheres que as associe ao cumprimento de questões domésticas por contraposição à imagem dos homens detentores de poder e capacidade de decisão”. Contactada pelo M&P, a Caixa preferiu não comentar.

O governo pronunciou-se sobre o anúncio depois de inquirido pelo Bloco de Esquerda sobre a comunicação do banco público. Segundo o partido, o filme “retrata anacrónica, subalterna e ofensivamente as mulheres. Estas aparecem aqui representadas como seres passivos, incapazes de tomar decisões e relegadas para o espaço doméstico”, nomeadamente “papéis de mães, cozinheiras e futuras mães”. Para o Bloco de Esquerda, a campanha “contribui para a manutenção de estereótipos e preconceitos sobre as mulheres”.

O spot foi realizado por Fred Oliveira e produzido pela Krypton. Aquando da apresentação da campanha, os responsáveis adiantaram que em Abril a nova linha de comunicação seria lançada com foco nos particulares e, em Maio, nas empresas.

A alteração ao Código da Publicidade, que se encontra em discussão na Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, propõe a proibição de mensagens “com teor discriminatório, nomeadamente de teor sexista, racista, homofóbico ou contrário aos princípios, valores e direitos constitucionalmente consagrados”.

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