Portugal contado no estrangeiro

Por a 7 de Setembro de 2001

A Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal existe há mais de duas décadas para defender os direitos destes profissionais que trabalham no nosso país

Com a revolução de Abril, Portugal tornou-se numa das “mecas” da informação, atraindo jornalistas provenientes dos quatro cantos do mundo. Se, até então, a conjuntura política impedia a circulação de informação, o volte-face que se deu veio dar origem a uma situação nova: «Logo após o 25 de Abril juntou-se em Portugal um enorme grupo de jornalistas estrangeiros, chegámos a ser mais de 700.

Só o Le Monde tinha sete jornalistas a acompanhar os acontecimentos. E é neste contexto que surge a Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP)», explica Eva Birgitte Henningsen, actual presidente desta entidade.

«Apesar de todas as liberdades, havia alguma dificulade, pelo que esta iniciativa surge com o objectivo de defender os direitos e interesses dos profissionais estrangeiros que aqui trabalhavam. Um

dos principais problemas era o acesso ás fontes oficiais, cuja

igualdade era necessário assegurar», acrescenta a jornalista de

origem dinamarquesa.

Além disso, esta associação promove «a existência de contactos comuns, a troca de experiências entre profissionais de diferentes origens, a organização de conferências e seminários, viagens de estudo — a próxima será ao Alqueva —, reuniões com membros do Executivo… enfim, tentamos facilitar o exercício da nossa profissão áqueles que escolheram este país para a exercer».

Por vezes, a AIEP presta também algum apoio a jornalistas portugueses que se deslocam ao estrangeiro.

Eva Henningsen veio para Portugal em 1978. «Não pude vir antes porque em 1974 fui mãe. Portanto, também tive a minha revolução nesse ano», comenta.

Começou por trabalhar numa editora literária, abraçando posteriormente o jornalismo, como correspondente do jornal Politiken, além de fazer colaborações para rádios do seu país.

Os anos que se seguiram á revolução de Abril foram profícuos em informação, uma vez que «as permanentes tensões e transformações político-sociais faziam as delícias dos jornais estrangeiros», recorda Eva Hennhingsen.

Contudo, muita coisa mudou e a AIEP conta hoje com apenas 62 associados: «A situação é muito diferente. Portugal é um país tranquilo, com uma vida calma, onde não há grandes notícias que prendam a atenção do mundo.

Além disso, com a entrada na União Europeia, quase metade das grandes notícias europeias acontecem em Bruxelas e 80% das leis mais importantes também são decididas aí», conclui.

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