O que se passa com a TV Guia?
A editora TV Guia está em queda. Aquela que chegou a ser a principal editora do país em número de exemplares vendidos no auge da Casa Cheia (revista que sustentava um concurso da RTP1) está, aos poucos e poucos, a desaparecer.
No primeiro trimestre deste ano, a revista que é o estandarte da editora, a TV Guia, deixou de ser líder das revistas de televisão em Portugal, o que acontece pela primeira vez nos seus 23 anos de
vida. Fenómeno conjuntural ou não, a realidade é que esta perda da liderança para a TV 7 Dias é preocupante para uma revista que no ano 2000 vendeu em média mais 14 mil exemplares por semana que a TV 7 Dias.
O que se passa com a TV Guia pode, quanto a mim, resumir-se em duas palavras: má gestão.
Desde que, por razões que nunca se perceberam, uma das administrações PS demitiu de administrador-delegado Vieira Rodrigues, o homem que tinha levado a editora a ser uma das principais do país, a TV Guia tem vindo a perder publicações
e protagonismo.
Não lançaram mais revistas com o apoio de concursos, não renovaram o leque de produtos que editavam acompanhando as tendências do mercado, continuaram a permitir que a editora fosse a “prateleira” da RTP — numa palavra, não souberam gerir a empresa.
Há cerca de quatro anos, ciente da falta de capacidade de gestão e do défice crescente da RTP1, Arons de Carvalho pensou vender a editora, cedendo 49% do capital e a gestão da empresa ao comprador.
Na altura, as principais editoras nacionais e uma internacional mostraram-se interessadas em concorrer. Passados quatro anos, nada aconteceu por decisão das administrações da RTP e uma editora por todos apetecida vale bastante menos para o mercado. É incompreensível que uma editora com o potencial de sinergias como tem a TV Guia Editora — RTP1 e 2, Antena1, 2 e 3 — se deixe ultrapassar na liderança do sector e não tenha aproveitado os últimos cinco anos para actualizar o seu leque de revistas.