“Xis” maneiras de continuar
Depois de em Fevereiro passado a Cofina ter anunciado o divórcio entre o “Correio da Manhã” e a revista “Xis”, Laurinda Alves “baralha e volta a dar”, preparando-se para relançar aquela publicação no próximo dia 5 de Maio como suplemento do jornal “Público”. Uma paixão secreta que resulta agora num “casamento perfeito”
Desenganem-se os que pensavam que a revista “Xis” tinha desaparecido. Após três meses de ausência nas bancas, o próximo dia 5 de Maio promete marcar uma nova etapa na vida daquela publicação, já que passa a ser distribuída ao sábado com o jornal “Público”. A Publicis foi a agência escolhida para fazer a campanha de relançamento que começará a ser vista já no final deste mês.
Surgida há dois anos como suplemento semanal do jornal “CM”, a “Xis” foi inicialmente idealizada para ser uma revista mensal. «O Carlos Barbosa acreditou muito no projecto e tornou-a semanal. Costumo dizer que eu e a Catarina Alves somos as mães da revista e o Carlos Barbosa é o padrinho», afirma a directora da publicação, Laurinda Alves. O facto de a “Xis” sair ao sábado — o dia por excelência dos semanários — e surgir como encarte num jornal diário com as características do “CM” não impediu, no entanto, um crescimento das receitas de publicidade na ordem dos 31%. Razões? Laurinda Alves apresenta algumas: «A revista tem três conceitos-base que explicam, em grande medida, o seu sucesso: construção — “melhor é possível”; transformação — “não vamos conseguir mudar o Mundo se não nos mudarmos a nós próprios, a maneira como olhamos as coisas e nos deixamos tocar por elas”; interactividade — “dirigida aos problemas e vidas reais dos leitores”.» Se dúvidas houvesse, os números não deixam mentir. A “Xis” começou nos 30 mil leitores suplementares e estabilizou nos 20 mil. «Mais do que isso», refere Laurinda Alves, «a audiência começou por ser 4,8%, que era a mesma audiência da “Pública”, uma revista do jornal “Público” com cerca de dez anos de existência e com um grande capital de prestígio».
A “Xis” volta a sair para as bancas, desta feita como suplemento do “Público”
A aquisição do “CM” pelo grupo Cofina veio baralhar o projecto de viabilização a três anos que aquela responsável tinha delineado com Vítor Direito e Calos Barbosa, os então responsáveis por aquele jornal diário. A separação consumou-se finalmente em Fevereiro. Laurinda Alves confessa que não ficou surpreendida, afinal «a lógica da Cofina é conhecida; é a lógica estritamente dos números, que não atende ao projecto, ás audiências e á fidelização dos leitores».
Um ano antes já a directora da “Xis” tinha sido sondada por José Manuel Fernandes, director do “Público”, que lhe manifestou o interesse no título. «O “Público” não tinha uma revista feminina e daí o interesse em cativar o público feminino através de um produto como a “Xis”», salienta.
Mas as novidades não se ficam por aqui. A “Xis”, manteve os mesmos objectivos e vai surgir com novas rubricas — “Pergunte que nós respondemos”, um consultório coordenado com a Deco; “Boas notícias”, para contrariar a lógica que good news are bad news; “Militância Cívica”, para que os leitores possam protestar, — e novos cronistas — Luísa Costa Gomes e José Manuel Barata-
-Feyo que, contrariando a sua imagem de grande repórter, passa a escrever histórias da vida real. E como, actualmente, a componente online não pode ser desprezada, a “Xis” prepara-se para ser englobada como um canal de um projecto mais vasto da Sonae.com — o portal Bikini.
O lema da “Xis” é “melhor é possível”. Afinal, como confessa Laurinda Alves relativamente á associação da “Xis” ao “Público”, «melhor é mesmo impossível».