Uma profissão por clarificar

Por a 6 de Abril de 2001

Ser comunicador empresarial em Portugal implica, hoje, algumas desvantagens. Embora a profissão seja de reconhecida importância

O auditório da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, foi palco de um forum sobre a profissão de comunicador empresarial, que contou com a presença de Fernando Otelo, presidente do conselho directivo daquela instituição de ensino. Organizado pela APCE – Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa, APECOM – Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas e SOPCOM – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, o evento teve como objectivo dar a conhecer a importância da profissão de comunicador empresarial, hoje unanimamente reconhecida.

A designação desta profissão ainda não é muito clara. Segundo Álvaro Baptista Esteves, presidente da APECOM, «hoje, as universidades formam cada vez mais técnicos de comunicação, estão a formar comunicadores em sentido lato. Mas os assessores de imprensa e os relações públicas, entre outros, não encontram ainda enquadramento fiscal». O objectivo deste forum foi também «encontrar uma designação aglutinadora que tenha expressão efectiva nas várias áreas que convergem nesta actividade», acrescenta o mesmo responsável. Neste sector, os norte-americanos estão uns passos á frente da Europa, dado que já há algum tempo institucionalizaram esta categoria.

A necessidade do reconhecimento da profissão de comunicador empresarial «deve-se também ás diversas transformações pelas quais temos passado, como as mudanças de século e de milénio, por exemplo. Todas estas alterações fazem sempre pensar, ainda mais porque vivemos numa época de globalização, de novas exigências, numa era em que tudo “já foi”», explica o presidente da APCE, Victor Baltasar.

Mas porquê agora? Segundo o responsável pela APCE, «alguma vez havia de ser. Não queremos de maneira nenhuma desempenhar qualquer papel á esquerda, corporativista». A APCE existe há dez anos e, segundo Victor Baltazar, «chegámos á conclusão de que chegara o momento de fazermos o debate. Antes, achávamos que não estávamos preparados, porque queremos que este debate tenha um cariz provocatório de nós para nós próprios».

Desta forma torna-se necessário lançar um grito para o exterior, mas também para o interior, isto é, «nós que exercemos esta profissão estamos de facto preparados para a exercer? Temos competência? Capacidade e conhecimento? Porque se quisermos transmitir uma mensagem não basta pensar: “mandei a mensagem, missão cumprida”. A missão só é cumprida quando o receptor a descodifica da forma que eu pretendo», conclui o presidente da APCE.

Em conclusão, ficou a certeza da necessidade de enriquecer e aprofundar o que deverá, de facto, ser a profissão de comunicador empresaria. No final do dia ficou agendado um novo encontro para Setembro.

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