O dilema de Miguel Paes do Amaral

Por a 23 de Março de 2001

Miguel Paes do Amaral quer aproveitar o momento ganhador que criou. Tem pouco tempo para o fazer e, ciente desse timing, tem apostado forte para alcançar o objectivo que se propõs.

Num só mês, Março, viu-se livre do principal “cancro” do grupo, “O Independente”, e lançou três revistas (“Lux Decoração”, “Lux Woman” e “Maxim”), para assim melhor compor o ramalhete que quer apresentar aos investidores:

Miguel Paes do Amaral quer colocar o seu Grupo na Bolsa. Depois de durante vários anos ter investido forte no sector dos Media, com um plano ousado e cumprido com rigor, fortemente apoiado pela Banca que, apesar do elevado montante da sua dívida, o continua a suportar acreditando na sua capacidade empresarial, o Presidente da Media Capital e os seus apoiantes sabem que têm que aproveitar o momento.

Gorada que estará a sua grande hipótese de vender o Grupo com uma mais-valia substancial, M.P.Amaral sabe que deve aproveitar o empurrão que o Big-Brother deu á TVI e esta a todo o Grupo, para o cotar, malgrado o mau momento que as bolsas atravessam.

Vai daí, viu-se habilmente livre de “O Independente” e lançou três revistas, as quais, embora não façam qualquer sentido no momento actual de recessão do mercado publicitário, ajudam a compor a história que o Grupo vai ter de contar a analistas e investidores.

As revistas não só não são nichos de mercado como não acrescentam em nada ás que já existem e, mesmo que vinguem, o que só acontecerá com um forte e sustentado investimento, só daqui a dois ou três anos é que terão lucro.

Mas M.P.Amaral, não sendo um homem do sector dos Media, criou do nada um Grupo de referência e, sendo um financeiro experimentado, sabe que a história que apresentar aos investidores tem que ter um passado honroso, um presente em crescimento e um futuro áureo, pelo que entendeu que para ir para a Bolsa essa história era mais importante que tudo o resto e resolveu arriscar.«

Resta saber se a sua estratégia ousada tem eco numa parceria que o ajude»

Para coroar a sua estratégia de desenvolvimento, o Presidente da Media Capital apostou forte na internet. É o Grupo de Media que mais investiu neste sector e melhor soube complementar a Media tradicional, publicações, rádio e televisão, com a internet. Resultado: ganhou notoriedade e audiência, mas “perdeu” centenas de milhar de contos, uma vez que esse investimento não gerou, nem é expectável que gere no curto prazo qualquer retorno, vindo apenas agravar a sua já complicada situação de dívida.

Por tudo isto, Miguel Paes do Amaral precisa de aproveitar o momento.

Resta saber se a sua estratégia ousada consegue ter eco numa parceria que o ajude a sustentar financeiramente o Grupo ou se, ultrapassado o mau momento da Bolsa, convence os investidores de que a MediaCapital tem um futuro… áureo.

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