A rede da má-língua
É 100% portuguesa, dá pelo nome de Netalerta e oferece um produto único na Europa: pesquisa e controlo de informação na internet. Cerca de 20 empresas portuguesas já recorrem aos serviços destes verdadeiros caça-boatos!
De acordo com o último Bareme Internet, mais de 20% dos portugueses navega na internet. Se a este número juntarmos a facilidade e rapidez de circulação dos boatos na rede, o quadro torna-se alarmante para a maioria das PME nacionais e internacionais. Esta realidade é a principal responsável pelo actual sucesso da Netalerta. No entanto, os seus primeiros passos, em meados de 1999, esbarraram no cepticismo das empresas portuguesas. «Quando surgimos no mercado, as empresas não estavam muito sensibilizadas para os perigos da internet, apenas olhavam para os benefícios deste new media. O facto de sermos pioneiros, ao nível europeu, na oferta de um serviço tão específico teve custos elevados», destaca Filipe Lampreia, administrador da Netalerta.
De acordo com este responsável, 90% dos seus clientes pretendem saber os boatos que correm na rede sobre determinada empresa ou produto e 10% solicitam uma pesquisa da concorrência. «Nada melhor do que saber o que se diz da concorrência e identificar os seus pontos fracos para os tornar numa vantagem de quem nos contrata», afirma.
Um dos casos mais conhecidos de demonstração de desagrado face ao serviço prestado por uma empresa portuguesa surgiu em Janeiro de 1999, com a entrada online do site Teleporka — uma sátira ao site oficial da Telepac. Se a Netalerta já existisse na ocasião, o Teleporka teria sido imediatamente reportado á empresa visada, permitindo uma resposta pronta dos seus responsáveis. «A internet veio alterar a forma de comunicar. Qualquer internauta é um potencial jornalista e pode colocar online toda a informação que quer — verdadeira ou não. Curiosamente, os depoimentos colocados nos newsgroups são considerados, pela maioria dos leitores, muito credíveis», assinala Filipe Lampreia.
Para fazer face a este “perigo”, aquele responsável assegura que as ferramentas que utilizam para a pesquisa cobrem «85% da informação que circula na rede» e destaca a simplicidade do processo: «Imaginemos que a PT quer saber um determinado tipo de informação que circula na web relativamente ao serviço prestado nas suas lojas. Neste caso, contratualizamos a keyword “lojas PT”. É realizado um briefing e estabelecido um contexto — por exemplo: as reacções negativas dos internautas ás lojas PT. Finalmente, seriam identificados os parâmetros temporais dessa pesquisa.»
Actualmente, a Netalerta tem uma carteira de 30 clientes — maioritariamente das áreas farmacêutica, alimentar e governamental —, sendo que dez são internacionais. Depois de ter estabelecido parcerias em Itália, Espanha, França e Reino Unido, prepara-se, já este mês, para alargar horizontes e abrir escritórios na Irlanda e no Brasil.