RDP critica, Marktest responde
Após críticas da RDP ao estudo de audiências de rádio a Marktest defende-se, embora nunca tenha sido formalmente referida
«Surpreende-me este comunicado da Marktest, uma vez que em momento
algum nos referimos a esta empresa. Não se compreende por que motivo
vem agora responder áquilo que não dissemos.» Foi assim que António
Ribeiro, director de estudos da RDP, reagiu quando confrontado com o
comunicado emitido por aquela empresa no passado dia 15. No texto,
intitulado «A RDP e as audiências de rádio», pode ler-se
que «contrariamente ao que diz a RDP, não é verdade que as suas
estações sejam tratadas de modo diferente no estudo da Marktest»,
acrescentando ainda que «a RDP África (…) não é referida no estudo
por não atingir os patamares mínimos de audiência».
Estas palavras pretendem ser uma resposta ás declarações de António
Ribeiro que, em conferência de imprensa, a 4 de Fevereiro, não
poupou críticas ao sistema de audimetria: «Deixa legítimas dúvidas»
e o método «distorce a realidade do mercado», não se coibindo mesmo
de afirmar que em «certos estudos de âmbito nacional» a lista
apresentada aos inquiridos «privilegia estações que são clientes
habituais do próprio estudo». António Ribeiro socorreu-se de três
estudos da Eurosondagem, nos quais a RDP África era apresentada como
um exemplo da influência da metodologia nos resultados finais.
Aliás, António Ribeiro é peremptório: «Estamos muito satisfeitos com
a RDP. Trata-se de um canal muito prestigiado e que tem feito um
excelente trabalho.»
No comunicado pode ainda ler-se que «a Marktest utiliza as técnicas
mais modernas, segue metodologias iguais ás que se seguem, por
exemplo, em França, na Holanda e noutros países europeus». Quanto á
medição de audiências de rádio por sistemas electrónicos, a cautela
impera: «Quando os resultados, neste momento ainda inconclusivos,
aconselharem o uso desta tecnologia, decerto que ela será proposta e
eventualmente introduzida no nosso país.» O texto termina realçando
que «os estudos de rádio realizados em Portugal pela Marktest [são]
amplamente supervisionados e auditados pela instância representativa
dos utilizadores, a Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM),
onde a RDP teria naturalmente assento, caso o desejasse, e onde
poderia de forma mais adequada levantar as questões técnicas ou
metodológicas que bem entendesse».
António Ribeiro replica: «Não consideramos pertinente a nossa
presença [na CAEM] nem somos obrigados a lá estar.»