Publicitários intelectuais

Por a 19 de Novembro de 1999

Como ao CNAP chega publicidade de todo o mundo, pelas mãos de Anne Saint-Dreux passa material suficiente para que ela possa esboçar quais são as mais recentes tendências publicitárias, pelo menos em termos do conteúdo dos anúncios: «Penso que em França a tendência passa cada vez mais por intelectualizar as mensagens», afirma. Algo que deverá ter chegado ao seu país através do Canal da Mancha. Saint-Dreux argumenta que «a publicidade inglesa é uma das melhores do mundo por ser muito pertinente na sua reflexão. Os britânicos são muito bons em marketing sem aborrecer as pessoas. Pode ser-se inteligente e ao mesmo tempo bom comerciante. Penso que os franceses não são forçosamente bons comerciantes», argumenta. «São bons comunicadores mas isso não quer dizer que sejam comercialmente eficazes», por contraposição aos norte-americanos, que Saint-Dreux acusa de abusarem do “hard-selling”: «Os americanos não compreendem porque é que nos nossos anúncios não se fala do produto mas de outras coisas e só se mostra o produto no fim do filme». «Nos Estados Unidos tudo é directo», considera. «Dizem: o meu produto é bom, comprem-no, não se vão arrepender. E a venda é baseada numa noção de confiança: se o Paul Newman diz que um molho para esparguete é bom, as pessoas vão acreditar. Se o Alain Delon surge em França a dizer que um perfume é óptimo, as pessoas vão rir-se dele. Os franceses são muito críticos e tornam-se desconfiados quando se fala de dinheiro. É a nossa cultura…» Segundo a presidente da Maison de la Pub, «hoje, em França, os publicitários dizem-se cada vez menos publicitários: afirmam-se como pessoas da comunicação comercial. Agora, as agências intitulam-se conselheiras de comunicação dos seus clientes em vez de agências de publicidade, porque a publicidade acaba por ser apenas uma parte da comunicação comercial».

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