O Euro 2004 merecia melhor
Agora, por favor, mudem o logotipo! Caso contrário, o negócio gerado pelo merchandising deixará muito a desejar.
Liguei a TSF ás 14H30 e ali fiquei naquela meia hora “tuned” com a Rádio Oficial do Futebol que por vezes ligo quando assisto ás nossas enfadonhas e dolorosas transmissões televisivas. O tempo ia passando e eu aproveitava para ir falando com colegas e clientes… 15 horas, começa o discurso em Inglês com tradução quase simultânea em Português. Silêncio. 15 horas e uns minutos… Silêncio… É agora… E finalmente, soou… Portugal! E suou mesmo muito, a começar pelo Carlos Cruz e pelos trinta e tal mil anónimos (mais uns políticos conhecidos em pre-campanha), que desenharam no relvado o maior logotipo humano do mundo. Num país, muitas vezes de empatas, esta vitória tem, sem dúvida, um sabor muito especial. E agora, mãos á obra para que este ambicioso e mobilizador proejcto ombreie com a Expo’98. A dimensão destes acontecimentos empolga um país e um povo, e Portugal precisa destas coisas, até porque nós quando queremos somos tão bons como os melhores. É preciso é garra. Parabéns a todos aqueles que deram o máximo nesta competição contra os nossos rivais do costume. Agora, por favor, mudem o logotipo! Desde que o vi pela primeira vez na recolha das bagagens no aeroporto da Portela que me faz lembrar um selo dos CTT dos anos 70, e apesar da legenda “we love football”, não foi amor á primeira vista nem sequer me despertou qualquer emoção. Falta-lhe estilo e modernidade. Ou melhor, falta-lhe Arte e Criatividade e são estas duas características que fazem do futebol o desporto mais espectacular que se pratica á face da Terra. Como português, como publicitário e como amante deste país e do futebol, não posso ficar indiferente ao logotipo da nossa bem sucedida candidatura. É difícil imaginá-lo junto a grandes marcas possuidoras de brilhantes “logos” como a Coca-Cola, a Nike, a Fuji ou a PlayStation. Como costumamos dizer em publicidade, “não casa”. Mais ainda, se comparado aos logotipos criados para eventos idênticos ou Olimpíadas, nem se fala? Aliás, e ainda antes do veredicto final da nossa candidatura, a nossa proposta vs. Espanha e Áustria/Hungria ficava muitíssimo atrás. E se hoje, em 1999, o logotipo é altamente criticável, daqui a cinco anos, em 2004, ele será um logotipo perfeitamente jurássico. Quero com isto dizer que é uma pena não se estar a aproveitar o momento da entrada no novo milénio, em que temos o privilégio único de assistir á mudança de quatro algarismos de uma só vez no calendário e em que as pessoas estão muito mais “open minded”, para criar o tal logotipo á altura do “melhor europeu de todos os tempos”. Confesso que me é difícil imaginar um jingle, uma t-shirt ou um mero boné com este logotipo quadrado que, por acaso, é rectangular. Agora, por favor, mudem o logotipo! Caso contrário, o negócio gerado pelo merchandising deixará muito a desejar. A sério… (e se a UEFA ainda o permitir). Se permitir, a Abrinício (e acredito, outras agências) candidata-se desde já e com muito gosto a apresentar a sua proposta criativa.