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SXSW 2024: Também somos feitos de água

Apesar de estarmos num enorme salão no centro de convenções de Austin, a verdade é que a SXSW arrancou bem longe dali, na Europa, a segunda maior lua de Júpiter. É lá que vai chegar ainda este ano uma missão espacial especial. Leva um poema escrito por Ada Limon, a 24ª poeta laureada dos Estados Unidos.

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SXSW 2024: Também somos feitos de água

Apesar de estarmos num enorme salão no centro de convenções de Austin, a verdade é que a SXSW arrancou bem longe dali, na Europa, a segunda maior lua de Júpiter. É lá que vai chegar ainda este ano uma missão espacial especial. Leva um poema escrito por Ada Limon, a 24ª poeta laureada dos Estados Unidos.

Sobre o autor
Miguel Moreira Rato

Ada passou vários meses na NASA a aprender mais sobre a missão espacial e ficou a saber que esta lua de Júpiter está coberta de gelo mas, muito provavelmente, terá um grande oceano de água por baixo dessa crosta gelada. Haverá vida? Irrelevante. Para Ada, a relação da água da lua de Júpiter com a do planeta Terra foi o ponto de ligação que serviu de arranque para o seu trabalho. We too are made of water. Também nós somos feitos de água.

E assim arrancou a SXSW deste ano, sobrecarregada de temas e ainda mais de sessões. Sinto que se houvesse mais hotéis nesta americaníssima cidade, mais sessões seriam criadas. Mais oradores seriam convidados. Também a minha cabeça ficou feita de água depois de concluir as minhas escolhas. Comecei pela Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa – uso de IA para criar novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos), mas antes passei pelos palcos das estrelas, para ouvir Meghan Markle a queixar-se do bullying de que foi alvo durante as suas gravidezes e Brooke Shields a falar do impacto que o ageism, ou preconceito da idade, tem na sua carreira.

Ouvi Meghan Markle a queixar-se do bullying de que foi alvo e Brooke Shields a falar do impacto do ageism, ou preconceito da idade,  na sua carreira

Começando por números que enchem o olho, o mercado da IA generativa está valorizado em 80 mil milhões de dólares. Em apenas dois meses, o Chat GPT alcançou mais 100 milhões de utilizadores. A oradora, Yolanda Dada, da McKinsey, diz que a IA generativa é um canivete suíço cheio de opções e que consegue fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo, o que vai implicar mudanças radicais na forma como olhamos para o mercado de trabalho.

Vendas, marketing, software, serviço a cientes são as áreas que mais vão mudar e já estão a mudar: há empresas a oferecer o Chat GPT como benefício a todos os colaboradores, hospitais em que os pacientes já preferem um modelo de IA generativa a médicos, e por aí em diante. O mercado da IA generativa promete alavancar a produtividade em 20%. Não é pouco. Saio da sessão a pensar que tenho muito que aprender nesta frente. Sem medos. Digo isto porque tenho alguns. Saio a correr da sala. Percebo que a minha próxima sessão é num dos três hotéis com o mesmo nome e, claro, não é o hotel onde estou. Lá vou eu a abrir rua abaixo. Também eu tenho agora os pés em água.

Da sessão onde chego atrasado, que tem como título “Como se diferenciar enquanto empreendedor?” retenho que temos que ser disruptivos, nunca dizer nunca, ser mil vezes melhores no serviço a clientes e imprimir sempre o nosso cunho em tudo o que fazemos. Saio a meio. Lugares comuns.

Faço fila para conseguir um lugar na sessão “O que deve ser uma revista na Era Digital?” onde fala um dos jornalistas que mais admiro, Sam Jacobs – editor da revista Time e também Nathan Lump, que lidera a redação da National Geographic. Sinto que finalmente vou assistir, descansadamente, a uma boa conversa. Gosto de ouvi-los dizer que é preciso uma mudança de mentalidade para que uma revista possa estar em diferentes plataformas, pois as redações ainda não estão preparadas para isso.

Um jornalista que escreve para print  normalmente não quer adaptar-se a digital. Mas precisa de o fazer. Precisa de adaptar a sua história a vários formatos. De pensar a sua história em vários formatos antes mesmo de começar a escrever. Penso no trabalho que fazemos na agência e o paradigma é o mesmo – pensar primeiro nas ideias, só depois nos formatos. Parte do processo é pensar qual será a melhor forma de contar a história e o ‘onde’ vem a seguir – vai ser um vídeo? Um post estático? Uma infografia? Uma revista? Há que desconstruir o ponto de partida. Não tem que ser sempre o mesmo: o papel não está morto, é só mais uma forma de contar uma história que deve ser pensada para audiências que querem ler, ouvir, assistir, ‘scrollar’ e que estão dispostas a pagar por isso. Corram-se riscos.

Atravesso a ponte por cima do lago Lady Bird a pensar que não consegui seguir uma linha coerente na escolha das sessões

Volto para o hotel quando o sol está a cair atrás de um prédio em forma de triângulo e mergulho no modelo ‘criatividade-estratégia-gerar conversa’ da Adagietto, que tão bem se adapta à conversa dos editores das revistas. Atravesso a ponte por cima do lago Lady Bird a pensar que não consegui seguir uma linha coerente na escolha das sessões, mas depressa confirmo que nenhuma das 300 mil pessoas que aqui estão o devem ter feito. Afinal, também nós somos feitos de água.

Sobre o autorMiguel Moreira Rato

Miguel Moreira Rato

CEO da Adagietto
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