“Muitas agências vão desaparecer num futuro próximo”
O aviso foi deixado por Per Pederson, global creative chairman da Grey, durante uma intervenção na Web Summit em que falou da transformação da Madison Avenue numa espécie de Silicon Avenue. “Tudo o que sabíamos sobre publicidade mudou e acabámos a convergir todos para este espaço. Nas agências havia diversão, liberdade, criatividade mas a Madison Avenue tornou-se corporate, transformámo-nos em instituições com demasiadas pessoas, com demasiados processos, com reuniões com gente a mais, deixámos de ser espaços de criatividade”, apontou Pederson.
O profissional considera, por isso, que “é preciso reinventar a agência de publicidade” sob pena de, caso isso não seja feito, “muitas agências vão desaparecer num futuro próximo”. “Temos de voltar a assumir aquela cultura de ambição de bater tudo e todos, de ter na rua as melhores ideias. Temos de voltar a colocar a criatividade e as grandes ideias no centro, temos de voltar a colocar os criativos no topo da gestão das agências, em vez de sermos liderados pelos chief finacial officers temos de voltar a ser liderados por criativos”, afirmou Per Pederson.
Olhando para aquilo que é o processo criativo actualmente, o global creative chairman da Grey, entre as várias transformações que impactaram a indústria publicitária, escolhe a data como aquilo que veio realmente mudar tudo. “Trouxe muitos benefícios e vantagens, mas também trouxe um lado negativo porque criou uma espécie de túnel de vento por onde tudo tem de passar e que mata a criatividade”, refere, sublinhando que “se colocarmos a data à frente de tudo não estaremos a comunicar realmente mas apenas a enviar mensagens”.
“É preciso quebrar as regras do corporate thinking senão a ideia vai acabar sempre em mais uma reunião, há demasiadas reuniões e com demasiadas pessoas”, afirma, deixando alguns conselhos sobre como o fazer: “Eliminem os processos estúpidos que matam a criatividade, se têm dez passos no processo reduzam para cinco, e não incluam demasiadas pessoas nas reuniões, se não conseguem partilhar uma pizza ou um táxi para regressar a casa é porque há pessoas a mais na sala.”