Ideias e conceitos inovadores no turismo
Projectos, marcas e conceitos inovadores na área do turismo, num percurso que começa em Pedras Salgadas e só termina em Vilamoura. Aqui o branding, design e comunicação têm uma palavra […]
Rui Oliveira Marques
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Projectos, marcas e conceitos inovadores na área do turismo, num percurso que começa em Pedras Salgadas e só termina em Vilamoura. Aqui o branding, design e comunicação têm uma palavra a dizer
1. Entre as sardinhas e a rota nas Caldas
A marca Bordallo Pinheiro ocupou um terreno da iconografia de Lisboa, ao mesmo tempo que se tornou em bandeira de promoção das Caldas da Rainha.
Por ano são produzidas cerca de 100 mil sardinhas Bordallo Pinheiro, representando 11 por cento da da facturação total da empresa. O projecto de diversificação das sardinhas começou a ganhar forma a partir de 2003, a partir de uma colaboração com a EGEAC, uma vez que a partir da sardinha original de Bordallo foram desenvolvidas novas propostas de imagem. A colecção Sardinha by Bordallo Pinheiro chega a 2018 com uma colecção composta por 80 sardinhas: 46 do acervo da EGEAC, 33 da autoria de artistas portugueses e estrangeiros, às quais se junta a sardinha original e, pela primeira vez este ano, uma sardinha de vidro. A sardinha original e a sardinha farol são as duas mais vendidas.
No última década a Bordallo Pinheiro mudou radicalmente. Em 2009 a empresa das Caldas da Rainha passou a ser detida pelo grupo Visabeira. Se na altura a Bordallo apresentava prejuízos, no ano passado o volume de negócios ultrapassou os seis milhões de euros, com um EBITDA foi de 22 por cento. Actualmente a exportação vale 43 por cento da facturação, o plano é que chegue aos 75 por cento. Este é ainda o ano em que vão ser inauguradas as três primeiras lojas da marca no estrangeiro: uma em Madrid e duas em Paris. Nas próprias ruas das Caldas da Rainha sente-se a presença da marca. Foram produzidas peças gigantes para integrar a rota Bordalliana, dedicada ao criador e que inclui peças como Zé Povinho, a Saloia, o Padre Cura, rãs, gatos, sardões, caracóis ou folhas de couve. Não fica por aqui. A Visabeira Turismo venceu o concurso para concessão dos pavilhões do Parque D. Carlos I para a instalação de um hotel de cinco estrelas. O futuro Montebelo Bordallo Pinheiro Caldas da Rainha Hotel, promete actividades ligadas ao trabalho da cerâmica, visitas ao Museu e à Fábrica Bordallo Pinheiro.
2. O hotel que deu que falar
Quando o WC Beautique Hotel abriu portas em Outubro do ano passado na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, multiplicaram-se as notícias e as referências nas redes sociais, ou não tivesse este design hotel de quatro estrelas uma temática inusitada.
Com decoração a cargo do Atelier Nini Andrade Silva, todo o ambiente remete para o conceito de casa de banho, desde as duas banheiras na zona da recepção (com funcionários com robe e toalha na cabeça), ao tom azul-água que domina o ambiente, até aos quartos decorados com espelhos e azulejos. No WC Beautique Hotel existem quatro tipos de quartos, sendo que os cinco deluxe apresentam camas redondas – uma vez que os próprios quartos são circulares, aproveitando a forma do edifício, encaixado num gaveto. Existe ainda um quarto prime bathtub em que a banheira está instalada aos pés da cama.
O projecto de naming, branding e as peças de comunicação do hotel têm assinatura da Happy Brands. Como recorda Tiago Charrua, responsável pela agência, “fomos escolhidos para trabalhar o mais arrojado hotel da cadeia hoteleira The Beautique Hotels: o WC Beautique Hotel. A agência desenvolveu o branding do Hotel, bem como todas as peças de comunicação, incluindo as peças de estacionário, material promocional, fardamento e sinalética”.
Também com decoração de Nini Andrade Silva, a cadeia The Beautique Hotels detém outra unidade na Praça da Figueira, com pormenores decorativos que remetem para aquela árvore de fruto. Além disso, existem mais dois hotéis em construção e que deverão abrir ao público no próximo ano, no centro de Lisboa: o Madalena Beautique Hotel e Dos Reis Beautique Hotel. O Madalena, já se sabe, será dedicado à mulher portuguesa.
3. Não é uma agência de viagens qualquer
A Nomad apresenta-se como uma agência de viagens de aventura, que nasce do desejo de criar experiências diferenciadoras. O certo é que tem conseguido cumprir a promessa, indo além da organização de viagens. No Mercado de Matosinhos mantém O Manifesto, um espaço de revistas e publicações seleccionadas, com café e uma galeria dedicada à fotografia documental. Além de organizar exposições, sessões de filmes e de ter lançado vários livros, em colaboração com a revista Nevoazul, a Nomad avançou com uma edição especial da revista dedicada apenas às viagens, com um preço de capa de 17 euros.
“Um dos valores intrínsecos à Nevoazul é a crença de que a mudança depende do conhecimento que temos sobre o que nos rodeia, algo também partilhado pela Nomad, que procura continuamente apoiar acções com um impacto positivo no mundo. O nosso objectivo com esta parceria teve em vista a criação de uma edição especial da revista que demonstrasse como o acto de viajar nos pode ajudar a compreender melhor o que nos rodeia”, comenta ao M&P Inês Pinto, editora da Nevoazul e responsável pelo Manifesto.
Esta edição da revista contou com o trabalho de edição e design da equipa da Nevoazul e com as histórias e fotografias de várias pessoas ligadas directa ou indirectamente à Nomad. Nas páginas encontram-se textos sobre as montanhas Tien Shan e ao deserto de Wadi Rum com o propósito de descobrir o que significa ser nómada no século XXI, um olhar sobre as ruas de Varanasi e um relato a bordo do transiberiano. “Quisemos também abordar o impacto das alterações climáticas e da globalização em pontos distintos do globo. Enquanto nas ilhas do lago Titicaca a modernidade e o turismo vivem num equilíbrio delicado, a norte do Círculo Polar Ártico, o degelo da Gronelândia tem vindo a ameaçar o postal de visita que todos conhecemos”, prossegue Inês Pinto. É ainda publicado um excerto do livro Uma Casa em Mossul do jornalista Paulo Moura. “Acima de tudo, com esta parceria, criámos uma publicação que faz uso da intemporalidade do papel para retratar um mundo que muda cada vez mais rápido”, resume.
4. Os voos retro da TAP
Uma experiência de voo que faz os passageiros recuarem até à década de 70. É este o propósito do projecto retro do A330 da TAP que tem também servido para activação de marcas. A companhia recria, para esta experiência, a atmosfera dos anos 70, desde os balcões de check-in, com etiquetas de bagagem e bolsas para cartões de embarque retro, ao fardamento e entretenimento a bordo.
No voo para Nova Iorque, os passageiros de classe executiva tiveram um pijama, água-de-colónia Lavanda da Ach. Brito, creme de mãos Benamôr e uma pasta dentífrica Couto. Marcas como a Coca-Cola e a cerveja Sagres também marcam presença a bordo, servidas em garrafas de vidro e com o rótulo dos anos 70.
Quando o avião retro viajou até ao Funchal no âmbito das comemorações dos 600 anos do Descobrimento da Madeira e do Porto Santo estiveram em destaque os produtos regionais, como o Bolo de Mel, Brisa Maracujá e Vinho da Madeira e foram oferecidas argolas de garrafa em linho, com bordado da Madeira, no âmbito de uma parceria com a Associação de Promoção da Madeira. Quem viajou em executiva teve como menu peixe-espada com banana, molho de maracujá e milho frito. Em económica foi servida uma sandes de bolo do caco. Até o jornal Diário de Notícias da Madeira voltou ao grafismo dos anos 70, tendo sido distribuído aos passageiros.
5. Pedras Salgadas com museu
O Pedras Salgadas Spa & Nature Park, detido pelo Super Bock Group, foi inaugurado em 2012, em pleno Parque de Pedras Salgadas. Desde este Verão que conta com o Pedras Experience, um museu com sete salas instalado no antigo edifício dos Serviços Sociais, onde é possível conhecer o espólio da marca desde que foi considerada especialidade farmacêutica até chegar a água de mesa. Um gabinete médico, um balneário termal ou um quarto típico do final do século XIX são alguns dos elementos expositivos, onde não falta o relato sobre a história da publicidade de Pedras.
Já no âmbito do Parque de Pedras Salgadas é possível conhecer o Balneário Termal, o antigo Casino e as várias fontes termais. O projecto turístico inclui 14 Eco Houses e duas Tree Houses, assinadas pelo arquitecto Luís Rebelo Andrade. Siza Vieira desenhou o Spa Termal. Cerca de 30 por cento dos turistas que pernoitam são estrangeiros.
6. O primeiro Anantara na Europa
A aquisição da rede hoteleira Tivoli (ex-Grupo Espírito Santo) pelo grupo tailandês Minor Hotels implicou a reorganização do portfólio em Portugal, alinhando com a estratégia multinacional. A marca Tivoli manteve-se para um target premium e entraram em cena a rede de hotéis Avani (preços mais acessíveis e boa localização) e a rede de resorts Anantara.
Se o antigo Tivoli Jardim, em Lisboa, deu lugar a um hotel Avani, mais a Sul, no Algarve, o primeiro Anantara na Europa nasceu a partir do Tivoli Victoria de Vilamoura, quando a 1 de Abril de 2016 abriu ao público o resort de inspiração tailandesa. “Quando o grupo Minor comprou o Tivoli percebeu que esta propriedade era perfeita para o ADN da marca Anantara”, comenta ao M&P Cristina Borges Carvalho, directora de relações públicas do grupo Minor no Algarve. Nos próximos dois anos o grupo Minor espera acrescentar mais dez unidades Anantara à sua oferta. “Trata-se de um plano de expansão brutal. Se dentro desses 10 Anantaras vai estar um país na Europa, ainda não posso dizer, mas temos um plano de expansão que passa pela Tunísia, Marraquexe e Brasil”.
“Todos os Anantaras do mundo têm esta característica: cruzam o luxo e a hospitalidade tailandesa com as especificidades do lugar”, prossegue a responsável. Isso significa que, em Vilamoura, são vários os elementos que remetem para o Algarve: decoração, menu dos restaurantes, onde é possível pedir um peixe grelhado na brasa tal como se estivesse em Quarteira, a cortiça, cerâmicas e uma loja do projecto Tasa, que promove o cruzamento entre o artesanato regional e o design. A filosofia tailandesa encontra-se logo à chegada, em que os hóspedes, em vez de fazerem o check in em pé ao balcão, são convidados para irem a uma zona lounge, onde são recebidos com sumo de laranja, figos, amêndoas e um detox de alfarroba. “Existem dois momentos grandes de stress: quando chegam e quando se vão embora. Tentamos diluir esse stress através destes pequenos rituais”, prossegue.
Também no spa existem vários elementos regionais, como os óleos de laranja e de amêndoa. “Damos muita importância às nossas ligações com a comunidade. Temos parcerias alavancadas com produtores locais e com projectos comunitários que permitem fazer workshops e experiências que vão mais além do live cooking ou passeio de balão ou de cavalo na praia. Permitem, por exemplo, que um velho artesão abra as portas para ensinar a fazer barro ou cestaria ou tecelagem”.
Até à abertura em Vilamoura, a marca de hotéis de luxo, resorts e spas estava presente na Ásia, África e Médio Oriente. Daí que muito do trabalho que Cristina Borges Carvalho desenvolve seja para divulgar a marca no mercado europeu, a par dos Estados Unidos e Brasil, onde são cada mais frequentes os turistas que visitam Portugal e optam por um percurso dentro do país com paragens em várias cidades. “O meu maior desafio é, sem dúvida, aumentar a notoriedade da marca em Portugal e a nível mundial. Para isso faço muitos roadshows pelos nossos key markets”, comenta a responsável, que já passou pela Microsoft, Siemens em Munique, Renault em Paris e pelo Ghobash Group no Dubai.
7. Uma nova capital do techno em Portugal
Só no ano passado decorreram 272 festivais de música em Portugal, contando com mais de 2,5 milhões de espectadores. Perante tamanha oferta, não é tarefa simples criar uma comunicação diferenciadora, ainda mais numa área onde festivais com naming sponsors conseguem ter maior presença no espectro publicitário.
Mas parece haver formas alternativas de criar uma narrativa em torno de um festival. A campanha da edição deste ano do Neopop, criada pela Partners, atingiu nas redes sociais mais de 400 partilhas nas duas primeiras horas e hoje já conta com 3700 partilhas. “É um valor muito acima da média para um festival de nicho como é o Neopop. Foi o primeiro vídeo de um festival de música electrónica que conseguiu furar largamente para além da comunidade de fãs do género musical. Em muito pouco tempo a aceitação da campanha abrangeu todo o tipo de pessoas e faixas etárias”, comenta Ivo Purvis, director criativo executivo da Partners, a propósito do spot para o festival de música electrónica de Viana do Castelo, que teve produção da Show Off e realização a cargo de Bruno Ferreira.
O ritmo do filme é marcado por música, criada por Moullinex, que mistura o folclore minhoto com electrónica, isto é, promove um festival de techno em simultâneo com a cultura popular. “Penso que o sucesso desta campanha deve-se ao facto de as pessoas verem retratada a portugalidade de uma forma que nunca pensaram ser possível. Misturar o universo da música techno com as nossas tradições e o local onde o festival se realiza, revelou-se explosivo. Explosivo porque todos nós gostamos de Portugal e vê-lo retratado de novas maneiras e sem perder a sua identidade é algo louvável nos tempos que correm”, comenta Ivo Purvis. Para reforçar o posicionamento do festival, foi lançado o site Allfortechno.org onde são recolhidas assinaturas para a petição para declarar Viana do Castelo como a Capital do Techno.
“A cidade de Viana do Castelo foi visionária na associação que fez com o Neopop. Encontrou na música electrónica o seu espaço nos festivais de verão portugueses e na cena dos melhores festivais internacionais do género. De ano para ano a quantidade de pessoas que visita a cidade na altura do Festival tem vindo a aumentar, principalmente porque o próprio festival não se resume ao recinto” do Forte de Santiago da Barra, prossegue Ivo Purvis, destacando que o evento também acontece nas ruas da cidade com uma programação que percorre vários espaços, fomentando o comércio local. “Viana passou a estar na rota dos melhores festivais do mundo e tanto o número de estrangeiros que visitam a cidade como as notícias que saem sobre o festival têm vindo a aumentar de ano para ano, o que nos leva crer que cada vez mais Viana se prepara para ser a Capital do Techno durante uma semana de Agosto”, declara. Este ano o festival decorre entre 8 e 11 de Agosto. No cartaz constam nomes como Jeff Mills, Ben Klock, Joseph Capriati, Solomun, St Germain e Rui Vargas.
8. Cada cidade pode ter a sua NiT
Setúbal é a primeira cidade portuguesa a contar com uma revista digital de lifestyle sob a chancela da NiT, a New in Setúbal. No próximo mês de Agosto o conceito New in chegará a outra cidade e mais se seguirão.
“O projecto New in já estava a ser pensado pela MadMen há vários meses. É um caminho natural para uma empresa que tem uma plataforma de lifestyle como a NiT, que é capaz de dar notícias de todas as cidades do país”, considera Jaime Martins Alberto, director-geral da empresa, que explica ao M&P como surgiu este conceito, cuja primeira aplicação recaiu sobre a cidade de Setúbal através de uma parceria entre os criadores da NiT e a autarquia. “A estrutura já estava montada, no fundo o projecto New in amplia o foco da redacção sobre determinada zona”, resume o responsável, referindo que “foi muito fácil fechar a parceria com a Câmara Municipal de Setúbal”.
Na prática, o resultado é uma revista digital de lifestyle específica para a cidade onde é aplicada, em tudo semelhante à NiT mas com um espaço próprio incorporado na plataforma da marca que lhe dá origem, contando ainda com páginas próprias nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram. “A estrutura da nova revista é muito semelhante à da NiT, o que permite que os nossos leitores de Setúbal tenham um acesso mais rápido e intuitivo a todas as notícias”, explicava, aquando do lançamento do projecto, João Cristóvão Baptista, que assumiu a direcção executiva da New in Setúbal com o objectivo de replicar o conceito da NiT à escala da cidade, dando a conhecer os “novos restaurantes, bares, lojas, ginásios, peças de teatro, concertos e todas as actividades e eventos em Setúbal”.
Ao M&P, o director-geral da MadMen, reforça que “a ideia é replicar este modelo por várias cidades do país”. “O projecto New in nunca poderia ser aplicado isoladamente em cada cidade, os custos da estrutura seriam inviáveis financeiramente. Este projecto assenta na estrutura nacional que a NiT montou ao longo do último ano”, explica o responsável. Questionado sobre se o formato será sempre resultado de uma parceria com as autarquias ou se poderá passar por parcerias com meios de imprensa regional ou empresas privadas, Jaime Martins Alberto deixa claro que “não há nenhuma dependência das autarquias”.
Com o objectivo traçado de lavar a marca NiT e o conceito New in a outras geografias, o responsável afirma apenas que este “é um investimento a médio prazo”, escusando-se a apontar o que representa ou é esperado que venha a representar este projecto ao nível do negócio. “A MadMen tem uma situação financeira estável que lhe permite investir em novos modelos de negócio, como o New in. Recentemente lançámos uma rádio digital, a NiTfm, outro projecto a médio/longo prazo”, refere, sublinhando que “quando se tem uma marca tão forte e reconhecida pela mercado como a NiT, temos de ter a capacidade de perceber e antecipar os vários caminhos por onde ela pode evoluir. A alternativa é a estagnação”.