André Gerson, director da Media Consulting
“O mercado não tem uma percepção completa do que é a Media Consulting”
Depois da saída de Paula Gustavo, André Gerson deixou a C&C e assumiu o cargo de director da Media Consulting. Na primeira entrevista no cargo, explica ao M&P qual a estratégia que vai seguir.
Pedro Durães
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Ainda nem há dez anos, André Gerson dava os primeiros passos no seu percurso profissional no mercado da comunicação precisamente na Media Consulting. Estamos em 2005 e Paula Gustavo acaba de assumir a direcção-geral da agência. Dois anos depois, o profissional ruma à C&C onde viria mais tarde a desempenhar funções como director de serviço a clientes. Agora, André Gerson regressa à sua primeira casa como director-geral para encontrar uma agência com “mais áreas de negócio, mais estruturada do que quando saí”. O responsável apresenta os planos da Media Consulting para as áreas da comunicação, publicações e produção áudio e TV.
Meios & Publicidade (M&P): Qual foi a primeira decisão que tomou quando chegou à agência?
André Gerson (AG): Já tomei algumas. Mas entrar na direcção da Media Consulting não significa que venha a alterar a estrutura da empresa, até porque a estrutura está oleada, já deu provas do seu valor, tem um posicionamento sólido. Uma das decisões passa por reforçar algumas áreas estratégicas, que considero que até então estavam implementadas mas demasiado low profile. Penso que o mercado pode não ter uma percepção completa do que é a Media Consulting e uma das decisões passou por reforçar essa visibilidade de algumas áreas estratégicas, nomeadamente no que diz respeito aos nossos projectos de internacionalização e às nossas ligações a redes internacionais que permitem aos nossos clientes comunicar além-fronteiras. Estamos, nesse sentido, a reforçar as nossas ligações a networks de PR internacionais e também a desenvolver já mais projectos de internacionalização.
M&P: Que tipo de projectos?
AG: Levar títulos de comunicação além-fronteiras, onde estão as comunidades portuguesas. Somos responsáveis pelo Correio da Manhã Canadá, estamos num mercado com cerca de 500 mil portugueses. O projecto é Media Consulting em parceria com a Cofina, e isso foi uma decisão já tomada, de pegar nesse eixo, que já temos esse know-how. Queremos pegar noutros títulos, estamos em negociações nesse sentido, para avançar também para outros mercados que não só o Canadá.
M&P: Estamos a falar de outros títulos da Cofina ou de outros grupos?
AG: Ainda é prematuro adiantar, mas não necessariamente da Cofina. Temos essa parceria, mas este é um nicho de mercado que tem muito potencial, sobretudo com este novo boom de emigração em que as comunidades portuguesas estão ávidas de informação sobre o seu país. Vamos avançar por aqui seguramente.
M&P: A ideia passa por criar uma espécie de departamento editorial na agência?
AG: Nós temos esse departamento já a funcionar, no caso do Correio da Manhã Canadá temos uma permuta de produção de conteúdos com a Cofina e com outros membros de redacção em Toronto, passando para outro mercado iremos certamente reforçar parcerias e reforçar também o nosso departamento interno a esse nível.
M&P: Quanto é que vale a MC Publicações nos negócios da agência?
AG: Não consigo precisar, sei que é um projecto que tem crescido muito, mas é importante sobretudo pelo potencial que representa.
M&P: Como foi regressar ao ponto onde começou como profissional mas agora para o cargo de director? Quais foram as principais diferenças que encontrou relativamente a quando deixou a agência há cerca de sete anos?
AG: Sem dúvida que houve uma grande evolução. Temos muito mais áreas de negócio, a empresa está mais estruturada do que quando saí. Houve uma especialização em função de determinadas áreas da comunicação que na altura não existia, ou pelo menos não estava tão implementada. Ao nível da equipa, esta foi reforçada com elementos especializados. Conto actualmente com uma equipa muito mais sólida, mais especializada. Estamos agora a falar de um grupo que abarca diferentes áreas de negócio, sendo uma delas que vem desde 1984 com a Sonamage, a produção de imagem. A Sonamage está agora integrada dentro da Media Consulting.
M&P: Há nove anos que a Paula Gustavo era a cara da agência. O que vai mudar com a sua chegada à liderança da agência?
AG: Não tenciono mudar, tenciono acima de tudo incutir maior dinamismo e a minha atitude. A estrutura está criada e oleada. O meu contributo será sobretudo ao nível da liderança, que passa por trazer uma nova abordagem ao mercado, maior dinamismo e como uma vantagem: eu já estive cá, saí, absorvi conhecimentos de outras áreas e outros segmentos de negócio. Trago todo esse conhecimento num olhar que ainda é externo à empresa, com maior capacidade de identificar quais os caminhos a seguir, quais as prioridades e as decisões a tomar.
M&P: E quais são essas prioridades? Quais são os seus principais objectivos para a agência?
AG: Ainda é um pouco prematuro identificar todas as prioridades. Mas mais do que uma mudança, trata-se de limar arestas e potenciar os eixos estratégicos da Media Consulting, desde logo na questão da internacionalização como referi. Outro objectivo passa por demonstrar ao mercado as nossas valências enquanto agência de comunicação integrada porque, embora os clientes saibam as nossas valências, a verdade é que no mercado isso pode não ser tão claro. É o caso da área de produção de vídeo, em que já temos historial e trabalhos como o Minuto Seguro do ACP ou o programa da Marketeer, mas é necessário torná-la mais activa e mais visível. Outra área que tenciono desenvolver passa pela formação em comunicação para clientes ao nível de media speech training, por exemplo, temos um estúdio que nos permite fazer isso in house. É uma área com muito potencial, temos os recursos na empresa e podemos seguir por aqui também.
M&P: A agência presta serviços em várias áreas, desde as RP ao design, passando pelo planeamento estratégico. Quais as áreas que mais têm crescido e quais aquelas onde o negócio tem vindo a estagnar?
AG: Não diria estagnar, a vantagem de termos várias áreas de negócio em comunicação é que se promove um equilíbrio entre elas, porque acabam por ser transversais. Um cliente que nos chega para activar uma assessoria de imprensa, como somos um fornecedor all-in-one, se calhar daqui a seis meses está a perceber que as nossas valências são de tal forma integradas que podem ser úteis noutra área, como a publicidade, a compra de espaço ou até a produção do vídeo institucional. Estamos organizados em quatro eixos: Marketing, PR, Events & Communications, a área mais comum no mercado de agências de comunicação; uma área de Advertising & Production, que vai desde o conceito criativo ao planeamento e compra de espaço; uma área de Design; e a área de Film, Photography & Audiovisual Media, que abarca uma grande parte da empresa na produção de vídeo e fotografia, onde está integrada a Sonomage.
M&P: E quais são as áreas que estão a crescer mais?
AG: A parte do vídeo tem registado um crescimento muito sustentado nos últimos tempos, e além do crescimento é para potenciar porque à margem para crescer mais. Hoje em dia, todas as marcas comunicam através de vídeo, seja nos formatos mais tradicionais seja online, temos cada vez mais pedidos dos nossos clientes para esta área.
M&P: Actualmente, quantas pessoas tem a agência e por que áreas estão distribuídas?
AG: Recursos directos, integrados na estrutura, temos neste momento 18 membros na equipa. Temos um cérebro estratégico em comunicação transversal a todas as áreas, que é a parte da consultoria em comunicação, onde temos cinco consultores especializados em comunicação, que faz a ponte com os outros elementos. Temos o departamento de vídeo, que absorve grande parte da empresa, em que se juntar a parte audiovisual e de fotografia temos sete elementos. Depois temos o departamento de publicidade, design e webdesign com três elementos na equipa. Em traços gerais é esta a estrutura, a que se acrescenta a estrutura de direcção, que é composta por mim e pelo CEO [Jorge Passarinho].
M&P: Em termos de peso das áreas de negócio, são também as áreas de vídeo e de comunicação que absorvem grande parte da empresa?
AG: Acaba por ser ingrato fazer essa avaliação porque tenho um grande peso na empresa do departamento de advertising porque nós fazemos compra de espaço e há clientes só nesse segmento. Nem todos os clientes que estão nas RP tocam as outras áreas e vice-versa. Todos os clientes e áreas de negócio têm um peso importante para a empresa, diria que se complementam. Essa para mim foi a principal evolução da Media Consulting, esse equilíbrio entre áreas que se torna fundamental para a evolução da empresa.
M&P: Consegue adiantar valores de crescimento esperados para este ano?
AG: Esse objectivo está sempre em cima da mesa, a empresa tem vindo a crescer, temos clientes importante e que estão connosco há muitos anos, tenho clientes que trabalhei na altura em que cá estive há sete anos. Isso compõe uma base muito sólida e é um ponto de partida para reforçar crescimentos. Sei que vamos crescer, não tenho margem para dúvidas, há vários projectos em carteira com muito potencial, portanto temos essa expectativa, mas realista face às condicionantes que o mercado nos tem apresentado.
M&P: A Media Consulting tem perdido algumas contas importantes como foi o caso recente da Cabovisão (passou para a Lift). Isto está a afectar o funcionamento da agência?
AG: Uma eventual perda de clientes na Media Consulting, como foi o caso da Cabovisão, é absorvida pelo crescimento de outro. Daí esta estrutura fazer sentido e eu não a querer mudar, porque perder um cliente em assessoria de imprensa é sempre uma perda, não podemos minimizar isso, mas sempre ouvi dizer que saem uns, entram outros. É o ciclo normal do mercado. Há clientes que não querem estar mais do que três a cinco anos com a mesma agência. A vantagem que temos no nosso modelo de negócio é que a saída de um cliente na área de assessoria, o impacto é compensado por um crescimento de uma área de vídeo ou de compra de espaço. Conseguimos ir mantendo esse equilíbrio.
M&P: Diz que quando saem uns, entram outros… Desde que chegou, já entraram outros?
AG: Tenho alguns projectos que estão a ser delineados, alguns pontuais. Estamos em concursos. Não tenho nenhum contrato adjudicado mas existem muitas portas que se estão a abrir. E fico agradado por o mercado reconhecer que a entrada de um novo membro de direcção não agita a empresa, mas valoriza e incute dinamismo.