Como conseguir mais produções de filmes publicitários em Portugal
Com todas as condições a ditarem uma boa relação qualidade/preço, com boa luz e locais de filmagem, capacidade de resposta e profissionalismo das equipas e condições financeiras entre as mais vantajosas da Europa, o que faltará então ao mercado de produção português para ser ainda mais procurado e mais competitivo para filmar para os mercados internacionais?
Pedro Durães
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Com todas as condições a ditarem uma boa relação qualidade/preço, com boa luz e locais de filmagem, capacidade de resposta e profissionalismo das equipas e condições financeiras entre as mais vantajosas da Europa, o que faltará então ao mercado de produção português para ser ainda mais procurado e mais competitivo para filmar para os mercados internacionais? “Apoio do Estado”, resume Filipa Schlesinger. “O principal responsável pela economia em Portugal deveria ver com bons olhos a entrada de serviços de produção no território nacional”, afirma, explicando que não tem sido isso que se tem verificado. “Ao longo dos anos são, na maioria, as entidades publicas a causar graves entraves para a produção fluída de campanhas internacionais”, alerta. Posição subscrita por Margarida Adónis, que considera que “às nossas instituições falta conhecimento da nossa indústria, visão e estratégia conjunta”. A general manager da Ready to Shoot “gostava que as autarquias, nomeadamente a de Lisboa, bem como as instituições e empresas publicas deste país, não nos dificultassem a viabilidade dos pedidos de filmagens e nos ajudassem a tornarmo-nos mais production friendly, de forma a que a competitividade crescesse e a reputação do país melhorasse, resultando na produção de projectos de maior responsabilidade e visibilidade para o nosso país”. “Infelizmente, muitas das instituições das quais dependemos, sobretudo as públicas, vêem na produção de publicidade internacional um meio de facturar tudo de uma vez e chegam a pedir fees de aluguer que nem em Hollywood, por isso os orçamentos não passam e os trabalhos não se fazem em Portugal”, lamenta a responsável. Um exemplo? “Estávamos a fazer um filme para o mercado angolano e para o mercado brasileiro cuja ideia era mostrar postais ilustrados de Lisboa. O IGESPAR, em vez de ter visão e perceber que beneficiaria de publicidade gratuita para Portugal, deixando-nos filmar com uma taxa simbólica, optou por autorizar filmar um plano simples com a Torre de Belém ao fundo pedindo-nos 30 mil euros para direitos de imagem por quatro horas, é ridículo”. “Deviam pagar-nos, isso sim, benesses fiscais em sinal de agradecimento porque exportamos, promovemos Portugal a muitos mais níveis que não só o cinematográfico”, aponta. Um sugestão: “Começassem por fazer ajustamentos nas leis de reembolso do IVA e ganhávamos logo 20 por cento de competitividade.”
Também Patrícia Lino, considera que “as entidades publicas deveriam desburocratizar e diminuir o tempo necessário para obter as autorizações de filmagens, que é muito maior do que o dos nossos concorrentes internacionais”. “Ao nível fiscal deveriam ser criados incentivos para atrair produções internacionais, tal como acontece na Bélgica, Alemanha, República Checa, Roménia, França, etc., o que iria gerar maior criação de trabalho e maior investimento externo e interno”, sugere a partner da Production Portugal. “Um melhor entendimento das autoridades estatais e autárquicas do nosso país relativamente às especificidades desta indústria teria com certeza um impacto positivo na nossa competitividade”, considera também, por sua vez, António Simão. Além disso, diz, “um maior empenho destas na comunicação internacional das intrínsecas qualidades do nosso país para a indústria da publicidade seria a cereja em cima do bolo”. Também Miguel Varela sublinha que é necessário um mercado “menos burocrático, de forma a prestar melhores serviços e mais rápidos, bem como colocar mais património ao serviço das rodagens, já que quando estas existem trazem mais consumo tanto a nível de hotelaria como de serviços em geral”. A partilhar esta opinião está Alberto Rodrigues, da Ministério dos Filmes, para quem filmar em Portugal é “ainda demasiado burocrático, sobretudo na área de Lisboa”. “Creio que uma solução seria criar um departamento na CML, que se dedicasse a tempo inteiro a estas questões, embora exista finalmente um interesse por parte das autoridades da cidade em aligeirar processos ultimamente”. Um esforço que parece não estar a ser suficiente. Para Leonel Vieira, “importa melhorar uma questão já muito antiga, um processo mais rápido no licenciamento por parte das câmaras municipais para rodagem em espaços públicos”. E nas palavras de Paola Maluf, “o único aspecto que dificulta cada dia mais filmar em Portugal, por incrível que pareça, são as burocracias para pedidos de autorizações dentro das próprias câmaras municipais”. “Hoje em dia o nosso maior ‘problema’ é a Câmara Municipal de Lisboa”, aponta, deixando uma crítica: “É um aspecto interessante, pois ao mesmo tempo que o país não tem dinheiro para nada, deixa de facturar com um mercado bem lucrativo.”