“A simples intenção de uma vez mais aumentar a oferta de espaço publicitário é contraproducente”
João Palmeiro, presidente da APImprensa e da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, comenta a proposta do PSD de privatização de “um dos canais públicos comerciais actuais” da RTP e o seu potencial impacto no sector dos media. Para o responsável é preciso uma “clarificação sobre o que é um canal comercial da RTP e as condições dessa alienação”.
Carla Borges Ferreira
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João Palmeiro, presidente da APImprensa e da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, comenta a proposta do PSD de privatização de “um dos canais públicos comerciais actuais” da RTP e o seu potencial impacto no sector dos media. Para o responsável é preciso uma “clarificação sobre o que é um canal comercial da RTP e as condições dessa alienação”.
Meios&Publicidade (M&P): Concorda com a alienação de “um dos canais públicos comerciais actuais” da RTP? Porquê?
João Palmeiro (JP): A resposta à pergunta exige uma clarificação sobre o que é um canal comercial da RTP e as condições dessa alienação. Não é a mesma coisa, nem tem os mesmos impactos no mercado, alienar uma autorização de difusão no cabo, como a RTPN, ou uma licença para emissão via hertziana com espaço publicitário legalmente definido ou apenas com o cumprimento da Lei da Televisão. Os impactos de cada uma destas possibilidades no mercado é totalmente diferente, quer no que diz respeito ao cumprimento do serviço público de televisão, quer no que diz respeito aos meios que absorverá ou libertará para ter êxito no mercado. Assim, a questão da privatização de canais ou frequências que eventualmente possam ser consideradas excedentes, em resultado da avaliação da reestruturação destinada a adequar o serviço público às possibilidades financeiras resultantes da taxa de radiodifusão e do investimento publicitário, só pode ser equacionada no âmbito de uma política nacional para o aproveitamento do Dividendo Digital.
M&P: Em termos de investimento publicitário que efeitos é que esta medida poderá acarretar?
JP: O investimento publicitário em Portugal está neste momento ao nível de 2002. O aumento do tempo disponível para o investimento publicitário em Portugal só poderá ser feito à custa de todos os outros suportes e, em especial, daqueles que, como a imprensa e a rádio, não dispõem ainda de ferramentas de planeamento baseadas em análises e modelos digitais.
M&P: O PSD pretende aplicar a mesma lógica às rádios públicas (Antena 1, Antena 2 e Antena 3), hoje sem publicidade.
JP: Não é possível a aplicação pura e simples às rádios da lógica da televisão, devido a modelos de cobertura completamente diferentes. No entanto, a simples intenção de uma vez mais aumentar a oferta de espaço publicitário é contraproducente, sobretudo para um suporte como a rádio, que ainda está refém de decisões tecnológicas no que diz respeito à migração para o digital.
Esta é uma das quatro entrevistas publicadas na edição de hoje do M&P, no âmbito de um trabalho sobre as propostas para a comunicação social dos partidos nas próximas legislativas. José Pedro Dias Pinheiro (CEO do GroupM e presidente da Associação Portuguesa de Agências de Meios), Manuela Botelho (secretária-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes) e Susana Carvalho (CEO da JWT e presidente da Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e Marketing) são os responsáveis do mercado também ouvidos pelo M&P e cujo testemunho publicaremos nos próximos dias.