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Especial Imprensa regional – Um país, várias imprensas regionais

Os números falam por si. Oitenta por cento da imprensa regional portuguesa é composta por micro-empresas, tem menos de 10 trabalhadores e apresenta volumes de facturação que, numa parte significativa (40 por cento), não excedem os 100 mil euros.

Ana Marcela
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Especial Imprensa regional – Um país, várias imprensas regionais

Os números falam por si. Oitenta por cento da imprensa regional portuguesa é composta por micro-empresas, tem menos de 10 trabalhadores e apresenta volumes de facturação que, numa parte significativa (40 por cento), não excedem os 100 mil euros.

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Os números falam por si. Oitenta por cento da imprensa regional portuguesa é composta por micro-empresas, tem menos de 10 trabalhadores e apresenta volumes de facturação que, numa parte significativa (40 por cento), não excedem os 100 mil euros. Os resultados financeiros também não revelam motivos de grande animação: de 2006 a 2008, o sector, de acordo com o estudo A Imprensa Local e Regional em Portugal, realizado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), tendo por base um amostra de 155 empresas, apresenta um EBIT em quebra: De 64,7 mil euros em 2006, o segmento apresenta no ano seguinte 1.042.160 euros negativos e em 2008 fixa-se nos 1.340.007 euros negativos (ver caixa). A evolução do lado das receitas de 2009 para este ano também não parece dar mostras de inversão desta tendência. No primeiro semestre o volume de investimento canalizado pela agência de meios Meio Regional, para as mais de 170 publicações com quem colabora, “caiu na ordem dos 40 por cento”, revela Rui Paulo, director-geral da agência de meios especializada neste segmento de imprensa, uma quebra resultante de uma “redução da actividade económica” das marcas, tendo sido o “sector das telecomunicações aquele que mais contribuiu” para essa descida. A diminuição, descreve Rui Paulo, “afectou mais o interior do que o litoral”, sendo os títulos do interior “sempre mais massacrados” em termos de investimento, já que as opções neste campo são “sempre mais centradas nos grandes centros de comunicação” e de consumo.

Filomena Moreira, directora-geral da Publimpor, agência de meios especializada neste segmento de imprensa, diz não sentir “uma redução significativa no volume de investimento que valha a pena assinalar”, nem uma “grande oscilação em termos de tipologia de anunciante”. “O actual momento da imprensa regional é um reflexo das condições do país… Alguns meios têm interrompido as suas edições, manifestamente por falta de receitas e muitos outros se vão mantendo. Os que se mantêm são fruto de uma gestão muito rigorosa”, comenta a responsável.

“O nosso mercado permite-nos estar a facturar este ano mais seis por cento do que o ano passado”, afirma por seu lado Joaquim Emídio. “Temos muito que trabalhar para ganharmos a confiança das empresas que ainda não perceberam que nós somos melhores a vender que os jornais de Lisboa e do Porto. O mercado está quase todo por explorar. A comunicação social não pode viver do anúncio de agência. O resto está escrito nos livros”, comenta o director-geral de O Mirante.

“O Diário do Sul tem tido a mesma percentagem de redução de publicidade que os nacionais, e a nível regional vive dos seus melhores anunciantes que acreditam – e agora o estudo da ERC confirma – que o Diário do Sul é o veículo privilegiado para publicitar em todo o Alentejo e que os ajuda na promoção das suas empresas realçando o seu valor no desenvolvimento e no crescimento do emprego na região”, comenta José Piçarra. Contudo, o administrador do título regional concretiza as razões da quebra de investimento. “Toda a quebra de publicidade sentida no nosso jornal provém do não cumprimento da distribuição da publicidade do Estado pela imprensa regional, pela má aplicação das verbas dos organismos e instituições do Estado que desperdiçam fundos em folhetos, cartazes, sacos de plástico em árvores, e outras formas de comunicação que em nada servem o propósito da informação ao público e prejudicam a imprensa no seu papel fundamental de informação independente do poder político e económico”, acusa, apontando ainda o dedo às políticas agressivas de descontos a preços de tabela que não têm contribuído para uma melhor saúde financeira do sector de imprensa. “Temos a noção, pelo que os nosso colegas falam, e pela publicidade que vemos na imprensa, que houve uma redução muito grande do investimento publicitário, mas temos a certeza que na publicidade existente o desconto comercial é ainda pior, rondando os 60 por cento”, afirma. Já Rui Paulo dá uma visão mais optimista no que toca à ‘sangria’ provocada pelos descontos, afirmando que o sector “conseguiu conter essa descida do preço”. “A partir de determinada altura os editores não desceram mais”, diz.

A diferença de ser local e regional

Com mais de 700 publicações de índole local e regional registadas na ERC, o administrador do Diário do Sul faz uma clara distinção entre comunicação social local (constituída por “pequenas publicações, de periodicidade mensal ou quinzenal, tiragens reduzidas e circunscritas às cidades onde estão sediadas”) e regional (que “cobrem o concelho ou a região, têm dezenas de trabalhadores, são de periodicidade diária ou semanal e as tiragens superam os cinco mil exemplares”). “Podem identificar-se em Portugal cerca de 20 publicações – nas palavras de Afonso Camões (Lusa) – que têm potencial de crescimento e que podem dinamizar todo o sector, com mais emprego para jornalistas, melhor qualidade dos jornais, produzir mais conteúdos e reafirmar a liberdade e independência política e económica do poder”, considera José Piçarra. E não está só nesta apreciação. Também para Rui Paulo, da Meio Regional, não se pode olhar para a imprensa regional como um bloco único, considerando que da panóplia de títulos existentes há “10 a 15 projectos de imprensa sólidos”, considerando que “a grande maioria das empresas de pequena dimensão por si só não representa a totalidade da imprensa regional” e que “grande parte do investimento está a ser canalizado para 10 a 15 projectos”. Para o responsável da agência de meios, o facto do sector ter poucos títulos com periodicidade diária não é necessariamente negativo, numa referência ao recente estudo do organismo regulador para a comunicação social que considerava que esse facto podia ser indiciador de falta de pluralismo, frisando que também em termos nacionais o número de diários não é abundante, e o mesmo se aplica aos semanários. “Agora é tempo de olhar a sério para os projectos, controlar os custos, melhorar a eficácia, de encontrar novas fontes de financiamento, de desenvolver novos modelos de distribuição. Não é altura de estarmos quietos. As empresas têm de olhar de dentro para fora”, considera o responsável da agência de meios.

“O momento actual é crucial para a imprensa regional e nomeadamente para os projectos que querem e têm potencial de crescimento, pois se podemos afirmar que para a imprensa local o panorama não se vai alterar – pois quem é pequeno assim continuará, porque não é afectado pela quebra publicitária ou de leitores e assinantes – e quem pertence a grupos de imprensa regional não vai sentir a crise pela absorção dos custos no conjunto da empresa”, diz, por seu turno, José Piçarra. “É a imprensa regional que quer expandir-se nos concelhos ou nas regiões, os jornais que querem mais jornalistas e que procuram mais produção de conteúdos de produção própria e aqueles que procuram maior isenção e pluralismo que estão a ser afectados, nos últimos anos com a redução do incentivo à leitura/porte pago, redução de publicidade do Estado, aumento de custos, taxas, e impostos”, argumenta o administrador do Diário do Sul. Para este responsável, a imprensa regional “só poderá crescer se o Estado decidir apoiá-la cumprindo a lei da publicidade institucional, desviando o restante investimento público dos suportes apenas publicitários para a imprensa, encerrando publicações públicas e autárquicas, tais como boletins e outros, se restringir os conteúdos informativos das autarquias em todas as plataformas, apoiar a distribuição de jornais aos assinantes em função da periodicidade e oferecer um incentivo de subsídio ao leitor à assinatura de jornais regionais, em resumo, deixar para a imprensa regional o papel da comunicação, promoção do Estado e autarquias nas regiões onde estão sedeadas”.

O que o futuro reserva a este sector?

Joaquim Emídio acredita na imprensa regional, sector que considera ter “todas as condições para se afirmar em tempo de crise”, afinal, “as histórias de sociedade aumentam quanto mais aumenta a fome, a miséria social e a discriminação”, temáticas que poderiam ser melhor trabalhadas pela imprensa regional.“Leio regularmente jornais espanhóis e franceses e quase metade da informação é sobre problemas com imigrantes ou sobre cultura e economia relacionado com o espaço europeu onde estamos integrados. Acho que se investe pouco e mal na imprensa regional nomeadamente neste capitulo”, afirma o director-geral de O Mirante. “E há por aí muita gente instalada que fala de boca cheia de liberdades e garantias mas que se portam como senadores do jornalismo quando não passam de assalariados. A maior parte deles não escreve uma boa história há anos. Custa-lhes puxar pelos neurónios. Vivem à sombra da falta de visão dos empresários e eles próprios sustentam-se e sustentam o sistema à espera da idade da reforma”, acrescenta o responsável. Talvez por isso o director-geral de O Mirante não se mostre muito preocupado com eventuais futuros encerramentos de títulos regionais, onde vê uma oportunidade de renovação do sector. “Quanto mais morrerem de velhos melhores jornais renascerão. A necessidade aguça o engenho. Há jornais cheios de vícios sem profissionais que jamais se renovarão. Têm que morrer para dar lugar aos novos, ou seja, à necessidade de criação de novos projectos. A revolução também se pode fazer sem sangue”, diz.

“Obviamente que acreditamos que mais alguns títulos venham a fechar”, afirma Filomena Morais, directora-geral da Publimpor, apontando esse potencial desfecho à situação da economia e das finanças de alguns dos títulos. “A imprensa regional é uma imprensa de sobrevivência. Enquanto certas estruturas estiverem à frente dos projectos vão levá-los os projectos até onde for possível”, diz Rui Paulo, da Meio Regional.

José Piçarra não ficaria surpreendido com notícias dando conta do encerramento de títulos regionais, já que alguns, diz, estão já “com a situação no limite com dívidas ao Estado e a terceiros”, o que é de lamentar pois, com o seu fim desaparece “parte da história do país verdadeiro”. Mas, ressalva, “encerram também projectos de imprensa regional que não eram mais do que formas encapotadas de publicações de publicidade com notícias misturadas que desfalcaram o mercado publicitário quer por ilusões gráficas ou de promessas de projectos impossíveis ou de tiragens fictícias”.

Multiplataforma, parcerias e a publicidade do Estado

Mas o que poderá ser feito para contornar os problemas que afectam este sector de imprensa? Rui Paulo acredita que determinados projectos já estão a preparar-se para dar o passo em frente e a “posicionar-se de forma a não estarem dependentes de um único produto: um jornal em papel”, sendo que “alguns estão preocupados em diversificar” para novas áreas, à semelhança da imprensa nacional, entrando em sectores como eventos, conferências e debates, “agilizando esse tipo de ofertas nas suas regiões”. “Este ano é muito importante para o próprio sector que terá de ter capacidade de se reinventar. Dentro do que é a sua realidade terá de fazer alguma coisa”, acredita. No caso da Meio Regional, empresa que desde Outubro passado deixou de fazer parte do universo da Lena Comunicação – através de um processo de Management Buy Out (MBO), concretizado por Rui Paulo, que comprou os restantes 75 por cento da empresa por um valor que se escusou a revelar -, a aposta passou por, em Junho, expandir a sua panóplia de serviços. A empresa de meios regional passou a representar, embora em regime de não exclusividade, a publicidade exterior da Publifunchal (Madeira) e a Açormedia (Açores), iniciativa que visou “aprofundar a relação com os meios, passando também a ser interlocutor dos restantes suportes que têm”, explicava na época ao M&P Rui Paulo. Isto porque a Meio Regional representa a venda de espaço para o Diário de Notícias da Madeira (da Empresa Diário de Notícias, detida a 60 por cento pelo grupo Blandy, proprietário da Publifunchal) e do Açoriano Oriental (da Açormedia) e, com esta iniciativa, adicionar ao seu portfólio 234 faces (quatro circuitos) no Funchal (inclui mupis, Look Vespas, Look Walkers e Look Cards) e 34 faces em Ponta Delgada.

“Não há soluções milagrosas para fazer funcionar o mercado. Tudo se fará no seu tempo”, comenta por seu turno Joaquim Emídio, que considera que o futuro do sector de imprensa regional poderá estar na adição de produtos multiplataforma. “Acho que com a televisão regional haverá mais descentralização e o mercado de trabalho será mais rico. Ninguém quer trabalhar fora dos grandes centros. Sem bons profissionais e sem uma boa escola de jornalismo de proximidade nunca haverá grandes projectos fora dos grandes centros de Lisboa e Porto”, acredita o responsável de O Mirante, que defende ainda parcerias com grupos de media. “Os grandes grupos serão os nossos melhores parceiros. Se não quiserem pior para eles. Já ninguém cresce fora de Lisboa e Porto. Com as parcerias os grupos só teriam a ganhar. Há condições para imprimir edições diferenciadas em papel. E este é só um exemplo”, diz. “O Mirante tem uma redacção de 13 jornalistas com variadas áreas de residência que vão de Vila Franca a Tomar. Fazemos o jornalismo mais caro do mundo e não temos parceiros para o rentabilizar. Mas que raio de país é este?”, questiona. Na calha, revela, depois da edição Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Vale do Tejo “temos prevista uma edição para o norte de Lisboa. E queremos a televisão regional. Por cabo ou seja lá como for uma televisão regional faz-nos falta”.

Planos de expansão também não faltam ao Diário do Sul. A “curto prazo e em parceria com a Vasp”, o título – um dos braços do grupo regional que detém uma rádio local e uma web TV – quer estar à venda em banca “em todo o distrito de Beja com especial destaque para o litoral Alentejano, colmatando a falta de imprensa regional na região, e passar a estar disponível diariamente em todo o Alentejo”, anuncia José Piçarra. O administrador do Diário do Sul enumera uma lista de obstáculos com que o sector se debate actualmente, como “a redução no apoio à distribuição que leva à redução de circulação paga de jornais regionais e à alteração da periodicidade dos mesmos de forma a reduzirem despesas, promovendo a imprensa gratuita sem controlo de tiragens dependente exclusivamente do poder económico e político”. E aponta soluções: A “classificação dos títulos regionais por circulação paga auditada pela APCT, por índice de leitura pela Marktest e apoio à distribuição consoante a periodicidade”. E o papel do Estado e da administração pública também não está isento de críticas, do seu ponto de vista. Piçarra fala em “critério duvidoso da publicidade do Estado, das instituições, das empresas públicas em plataformas de publicidade – a saber, pendentes de sacos de plástico, publicidade exterior, cinema, e muitas outras – que absorvem a maior parte do investimento publicitário retirando as verbas, inclusive as legalmente impostas à imprensa regional (12,5 por cento) – impedindo os meios de comunicação social de usarem todo esse investimento para a produção de informação, que depois é exigida em nome do interesse público, pelas mesmas entidades”. E, mais recente, a “tentativa de produção de informação que o Estado, as instituições, as empresas públicas e as autarquias têm vindo a produzir quer através de jornais, boletins, sites ou portais na internet, webTV, newsletter ou outros de forma a iludir o leitor de que está a ver, ler ou ouvir informação jornalística, quando não passa de propaganda política ou institucional”, alerta. “Pensamos não haver dúvida de que a medida correcta aqui a aplicar seria a proibição legal das entidades produzirem informação jornalística para todas as plataformas e de contratarem jornalistas profissionais e empresas de comunicação para esse fim”, propõe.

O M&P tentou obter um comentário da Lena Comunicação, um dos grupos mais relevantes em termos de imprensa regional, mas não foi possível.

– Retrato de um sector

Até 7 de Dezembro do ano passado estavam registadas na ERC 728 publicações periódicas de âmbito local e regional em Portugal Continental e Regiões Autónomas. Desse lote de títulos, apenas 2,5 por cento têm uma periodicidade diária, sendo que a maioria apresenta uma periodicidade mensal (37,5 por cento), seguida de semanal (29,4 por cento), quinzenal/bimensal (23,9 por cento) e, por fim, bissemanal, trissemanal e trimensal (2,5 por cento) e, “um total de 4,3 por cento das publicações são editadas exclusivamente online”, descreve o estudo A Imprensa Local e Regional em Portugal, realizado pela ERC e apresentado em finais de Junho. O facto de apenas uma ínfima parte dos títulos ser diário levanta algumas questões, como realça o estudo. No entender do organismo regulador, existirem apenas 18 diários regionais “dificulta o cabal cumprimento do papel que cabe à imprensa regional”, o que se torna “mais importante pelo facto de a imprensa nacional não favorecer a cobertura da actualidade local e regional e de ser escassa a existência de edições regionais dos diários nacionais”. Além de que, para o organismo regulador, “a cobertura jornalística da actualidade regional é um elemento essencial a uma democracia pluralista”.

O estudo também faz uma análise económico-financeira do sector, tomando por base as contas de uma amostra de 155 empresas relativas aos anos de 2006 a 2008. O cenário descrito não é animador. A maioria das empresas que constituem a amostra (40 por cento) apresenta um volume de negócios que não excede os 100 mil euros, “sendo muito reduzido o número de empresas cujo volume atinge o milhão de euros”. Uma percentagem elevada da amostra revela um tecido empresarial composto maioritariamente por micro-empresas (80 por cento) “cujo o volume de negócio não excede os dois milhões e o número de trabalhadores é inferior a 10”. Apenas 19 por cento são pequenas empresas e o restante (1 por cento) corresponde a empresas de média dimensão.

Trata-se de um “sector deficitário, o que é revelado por resultados líquidos negativos nos três anos analisados, além de um baixo desempenho pela maioria das empresas em termos de volume de negócios, facturação média, receitas e número de trabalhadores”. Efectivamente, entre 2006 e 2008 verifica-se uma diminuição do activo líquido e do capital próprio de 84 e 79 por cento, respectivamente, sendo essa descida mais acentuada a partir de 2007, realça o estudo. No período detecta-se igualmente um decréscimo das dívidas a curto-prazo (-20 por cento). Contudo, paralelamente as dívidas a terceiros de médio e longo prazo aumentam 92,5 por cento. Em 2006 a amostra obteve receitas de 121,3 milhões de euros, 126 milhões no ano seguinte, registando uma quebra em 2008 para os 124,4 milhões de euros. Os custos variaram entre 107,6 milhões de euros e 112,2 milhões de euros, tendo em 2007 atingido o valor mais elevado: 114,4 milhões de euros. Os custos com pessoal representam apenas 30 por cento, o que apesar de ser o segundo item mais elevado na estrutura de custos, são valores “relativamente baixos, o que significa que se trata de empresas com escasso número de trabalhadores, elemento indiciador de um menor grau de profissionalismo”. O EBITDA revela uma tendência de queda: em 2006 este situava-se nos 12,7 milhões de euros, fechando o triénio com 10,7 milhões de euros, o que representa uma queda de 15,5 por cento. E o mesmo sucede com o EBIT: de 64,7 mil euros em 2006, cai no ano seguinte para os 1.042.160 euros negativos e em 2008 fixa-se nos 1.340.007 euros negativos. Resultados que empurram o sector para resultados líquidos negativos de 5 milhões para 6,6 milhões de euros.

Sobre o autorAna Marcela

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APAV assinala 50 anos do 25 de Abril com campanha da Solid Dogma

Com design e supervisão criativa de Hugo Dias, a ação de sensibilização da Associação Portuguesa de Apoio à Vitima revisita a iconografia dos cravos, símbolo da revolução, em mensagens que apelam à liberdade para todas as pessoas

“Democracia é liberdade para todas as pessoas” é o mote da campanha de sensibilização da Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV) que assinala os 50 anos da revolução do 25 de Abril de 1974. Desenvolvida pela Solid Dogma, com design e supervisão criativa de Hugo Dias, “assinala um marco do passado, celebra o presente e abre as portas a um futuro com liberdade para todas as pessoas”, explica em comunicado de imprensa a agência criativa fundada por Pedro Pires e Alexandre Farto, em 2015.

“O 25 de Abril é liberdade para todas as pessoas”, “O presente é liberdade para todas as pessoas” e “O futuro é liberdade para todas as pessoas” são as frases que, associadas às palavas Futuro, Liberdade e Democracia, se evidenciam, em verde e vermelho, num fundo cor de rosa. “Porque quando uma pessoa é vítima de crime ou violência, vê a sua liberdade ser tolhida, a APAV trabalha diariamente para apoiar e proteger os direitos das vítimas de crime e violência em Portugal”, refere ainda o documento.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Já são conhecidos os 14 representantes portugueses no Young Lions

As sete duplas criativas, selecionadas entre os 70 pretendentes que participaram num bootcamp em Lisboa, vão competir entre 17 a 21 de junho, em Cannes. VML, Arena Media, LLYC e Judas são as agências mais representadas na competição internacional

Já são conhecidos os nomes dos 14 vencedores da Tangity Young Lions Portugal que, entre 17 a 21 de junho, terão a oportunidade de representar o país na competição internacional que integra a 71a edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, em França. A partir do dia 17 de junho, as sete duplas selecionadas receberão os briefings de uma instituição de solidariedade social ou de uma organização não-governamental, tendo apenas 24 horas para a concretização de uma estratégia que vá ao encontro do desafio proposto. A exceção é a dupla selecionada para a categoria de Filme, que terá 48 horas para o executar.

Foram 70 os finalistas que participaram no bootcamp de seleção, realizado na NTT Data, em Lisboa. “Com a determinação e paixão demonstrada nos últimos dias, os 14 jovens profissionais selecionados representarão a alma da criatividade nacional, ao mais alto nível”, garante Ana Paula Costa, representante nacional do Lions Festivals. “Este ano, registámos um aumento de 16% do número de candidaturas, um crescimento que espelha a vontade dos jovens profissionais em ir mais além. As duplas vencedoras têm, agora, a oportunidade de ficar na cabeça e no ouvido das mentes mais criativas”, refere ainda.

“Costumo dizer que os Young Lions representam o futuro do setor da publicidade, criatividade e marketing e são sempre uma fotografia do setor. Este grupo de 70 jovens reflete isso mesmo, uma mistura de jovens de grande qualidade que trabalham em agências e empresas consagradas com outros de novas agências mais recentes que cada vez mais têm dado cartas neste mercado”, sublinha também Vasco Perestrelo, CEO da Multimédia Outdoors Portugal (MOP), entidade representante do Lions Festivals em Portugal. “Esse é o espírito certo que queremos para os jovens criativos nacionais”, acrescenta ainda o responsável.

As duplas vencedoras

 

Media (Leroy Merlin)

1º lugar: João Santos (Arena Media) + Débora Jaime (Arena Media)

2º lugar: Margarida Brilhante (Mindshare) + Bernardo Graça (Mindhsare)

3º lugar: Leonor Moniz (Group M) + Mafalda Aleixo (EssenceMediacom)

 

PR (EDP)

1º lugar: Beatriz Raposo (LLYC) + Rita Paulo (LLYC)

2º lugar: Sofia Melo Mendes (Verlingue) + Inês de Amorim Almeida (EDP New)

3º lugar: Hernâni Correia (Leo Burnett) + Manuel Menezes (Havas)

 

Marketing (Worten)

1º lugar: Mariana Coimbra (Era Imobiliária) + Francisco Vaz Santos (Nova SBE)

2º lugar: Sara Aguiar (P&G) + Filipe Santiago Lopes (Nos)

3º lugar: Catarina Espírito Santo (Nos) + Vanessa Marques (Nos)

 

Filme (Turismo de Portugal)

1º lugar: Francisco Machado (Judas) + Daniel Gordon (Trix)

2º lugar: Carlota Real (Judas) + Luís Ferreira Borges (Stream and Tough Guy)

3º lugar: Miguel Valente (Bar Ogilvy) + Beatriz Roque (BBDO)

 

Imprensa/Outdoor (Betclic)

1º lugar: Maria Branco (Judas) + Catarina Araújo (VML)

2º lugar: Joana Quintela Moura (Havas) + Mariana Trindade (Uzina)

3º lugar: Guilherme Kaufmann (FunnyHow) + Rúben Vilaça (FunnyHow)

 

Digital (Nos)

1º lugar: Tomás de Matos Almeida (BBDO) + João Chicau (VML)

2º lugar: Nuno Miguel Coelho (Acne Lisboa) + Tomás Toste (freelancer)

3º lugar: Welzimar Silva + Pedro Silva (O Escritório)

 

Design (MOP)

1º lugar: David Canaes (Fuel) + Francisco Roque do Vale (VML)

2º lugar: Michelle Silva (Judas) + Carolina Gonçalves (Judas)

3º lugar: Mercedes Alves (This is Pacifica) + Eduardo Abilheira (Abilheira.design)

 

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Bar Ogilvy e Penguin Random House põem ícones da literatura a comentar publicações nas redes sociais (com vídeo)

O Instagram e o X foram as plataformas digitais usadas pela editora Penguin Random House, que, em parceria com a agência Bar Ogilvy, criou perfis para autores como Fernando Pessoa, Virginia Woolf, Eça de Queirós, Charles Bukowski, Jane Austen e George Orwell

Desenvolvida pela Bar Ogilvy para a Penguin Random House, Comentários de Autor é o nome da campanha publicitária que a editora livreira encomendou para promover o Dia Mundial do Livro, que se assinala anualmente a 23 de abril. Com direção criativa de João Amaral e Nuno Riça, direção de arte de Catarina Moura e Rita Alvarez e produção de Nuno Calado, tem redação de Beatriz Martinho, Jorge Simões e Gonçalo Neves e pôs ícones da literatura a comentar publicações nas redes sociais ao longo das últimas semanas.

Fernando Pessoa, Virginia Woolf, Eça de Queirós, Charles Bukowski, Jane Austen e George Orwell foram alguns dos autores usados nos perfis que foram criados no Instagram e no X. “Os livros comentam o mundo” é a afirmação que está na génese da ação promocional, gerida nas duas redes sociais selecionadas para a campanha por Tatiana Duque. O filme que a integra, divulgado a 23 de abril, foi produzido pela Jungle Corner, com sonoplastia da Estrela de Alcântara e locução de Joana Manuel.

“Há um ano, um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que 58,1% dos portugueses não leram um único livro em 2022. Um valor que nos surpreendeu a todos, sobretudo numa altura em que todos os nossos familiares e amigos não param de falar de coisas que leram, mas nas redes sociais”, explica Nuno Riça. “Quisemos levar os livros para onde os portugueses leem mais”, justifica também João Amaral.

“Cada autor comentou notícias, posts e tweets com excertos particularmente relevantes das suas obras. Com dezenas de comentários, os portugueses acabaram por ler grandes clássicos da literatura, mesmo sem se aperceberem”, esclarece a editora em comunicado de imprensa. “Cada perfil criado oferece mais informação sobre os autores, como um link direto para mais detalhes sobre as suas obras”, refere ainda o documento.

“Esta campanha é uma forma surpreendente de dar a conhecer os autores, aumentar a curiosidade para as suas obras e promover os hábitos de leitura no geral”, afirma Marta Cunha Serra, diretora de marketing e comunicação da Penguin Random House. O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor foi instituído na 28ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1995, com a ambição de promover a literatura e os hábitos de leitura um pouco por todo o planeta.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Business Connection: evento exclusivo de networking reúne empresários e executivos numa experiência gastronómica com a Chef Justa Nobre

Na quinta-feira, dia 18 de Abril, cerca de 40 empresários e executivos marcaram presença na primeira edição do Business Connection, evento de networking exclusivo, acompanhado de pratos únicos de autoria da renomada Chef Justa Nobre, em Lisboa.

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Durante o encontro, os participantes tiveram a oportunidade de criar e fortalecer conexões, desenvolver parcerias estratégias, conhecer as últimas tendências de mercado e receber insights valiosos vindos de profissionais de diversas áreas.
O Business Connection foi realizado pela E-goi – plataforma de automação de marketing omnicanal – com o objetivo de criar um ecossistema de oportunidades e inovação, acompanhado de uma experiência gastronómica. “A concepção do evento surgiu de uma necessidade de promover um ambiente dinâmico e inovador, no qual as oportunidades de negócio fossem uma consequência positiva. Fomos na contramão dos eventos mais tradicionais, um momento de descontração, bastante intimista, e as conversas surgiram naturalmente sobre Marketing, Inteligência artificial,  transformação digital, Ecommerce, Phygital, discutindo ações, estratégias e tendências”, explica o CEO da E-goi, Miguel Gonçalves.
Este evento de networking contou com o patrocínio da VTEX (plataforma de comércio digital), MEO Empresas (empresa de telecomunicações) e DreamMedia (plataforma Out-Of-Home).
Está previsto realizar-se a próxima edição em junho no Porto, num momento que certamente será marcado pela geração de novas oportunidades de negócio e o acompanhamento das últimas tendências do mercado.
Sobre a E-goi
A E-goi é uma empresa especializada em Automação de Marketing Omnicanal e Inteligência Artificial. Com 20 anos de história, auxilia empresas de mais de 40 países nas suas estratégias de comunicação com o cliente, para aumentar as vendas. Aliada à Inteligência Artificial, desenvolve soluções de Tracking 360°, Customer Data Platform, Loyalty, Hipersegmentação e projetos à medida, integrados às principais plataformas do mercado.
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Antena 3 aproveita 30º aniversário para renovar grelha e anunciar novos animadores

Inês Henriques, Luana do Bem e Alexandre Guimarães integram o programa matinal da estação liderada por Nuno Reis, que conta com dois reforços a partir de 29 de abril. Alexandre Guimarães e Catarina Palma são as novas contratações

Alexandre Guimarães e Catarina Palma são os novos animadores da Antena 3. Além de integrar os painéis da manhã e da tarde da rádio, também vão conduzir programas de autor, uma das apostas da estação da Rádio e Televisão de Portugal (RTP). As mudanças na grelha fazem-se ouvir a partir de dia 29 de abril e são parte integrante do programa comemorativo do 30º aniversário da rádio, que se assinala três dias antes, a 26 de abril.

O programa matinal da Antena 3, Manhãs da 3, recebe três caras novas. Inês Henriques, Luana do Bem e Alexandre Guimarães são os novos reforços do formato. “O que pode parecer socialmente bizarro tornou-se numa sinergia muito bonita entre mim, a Inês, a Luana e o Emanuel [Silva] na produção. Estamos com muita vontade de passar as ideias para o microfone”, assume Alexandre Guimarães.

“O trio vai acordar o país logo a partir das 7h, com muita música, conversas, notícias e o indispensável bom humor que já faz parte do despertar de muitos milhares de pessoas, como Vamos Todos Morrer de Hugo van der Ding, Portugalex de António Machado e Manuel Marques, o magazine de Bruno Aleixo, a histórica Linha Avançada de José Nunes e a rubrica Voz de Cama, com Tânia Graça”, informa a estação em comunicado.

Às 16h, Tiago Ribeiro, que agora apresenta Manhãs da 3, transita para a tarde, com Catarina Palma, para três horas de Logo Se Vê, “com música cultura, dramas do pop, visitas de estudo e muito mais”, refere do documento. “É tudo novo. Eu sou nova nesta rádio, o Tiago é novo para mim, eu sou nova para quem já ouvia a Antena 3. Sinto que sou aquela personagem que entra na 3ª temporada de uma série”, graceja Catarina Palma.

No dia 26, depois da estreia de Novos Cantos Novos, uma produção da Antena3Docs em parceria com a RTP2, a Imagem e Inovação e Música e as Artes de Palco, com seis músicos nacionais a levarem as suas cantigas a locais emblemáticos da Revolução dos Cravos, o dia é marcado por uma emissão especial de aniversário. Entre as 7h e as 19h, são muitos convidados a passarem pelo recém-inaugurado estúdio António Sérgio, na RTP, em Lisboa.

Serão também muitas as canções escolhidas pelos ouvintes a animar a programação. “Ao longo de três décadas, soubemos sempre renovar-nos, sem perder o nosso ADN, ligado ao apoio à nova música portuguesa e ao novo talento nacional. Queremos continuar a crescer no FM e nas novas plataformas digitais. Por isso, temos que ser inovadores na produção de novos conteúdos e formatos”, refere Nuno Reis, diretor da Antena 3.

O 30º aniversário da rádio é ainda comemorado com uma festa na Musa de Marvila, em Lisboa, com entrada livre, a partir das 19h de dia 26, ao som da música de Joaquim Paulo, Isilda Sanches, Rui Estevão, Luís Oliveira, Nuno Reis e Marta Rocha b2b João André Oliveira. A entrada é livre. No sábado, dia 27, é a vez do Plano B, no Porto, a partir das 00h, com música escolhida por Fernando Alvim, Inês Henriques b2b Tiago Ribeiro e Nuno Calado.

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Marketing

Intermarché patrocina festival de música Beach Party by Nova Era

A 14a edição do evento, que decorre nos dias 28 e 29 de junho em Leça da Palmeira, em Matosinhos, é patrocinada pela primeira vez pelo retalhista francês. Promovido pela Nova Era, o festival é organizado pela Música no Coração, dona da rádio

Hardwell, Timmy Trumpet e Oliver Heldens são alguns dos artistas já confirmados no festival de música Beach Party by Nova Era. A 14a edição do evento, que decorre nos dias 28 e 29 de junho em Leça da Palmeira, é patrocinada pela primeira vez pelo Intermarché. Promovido pela rádio Nova Era com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, o festival atrai anualmente 30 mil visitantes. Martin Garrix, Steve Aoki, David Guetta e Avicci figuram entre os artistas que já lá atuaram.

“Ao estarmos presentes como patrocinadores deste evento, pretendemos criar uma ligação emocional com os nossos consumidores, neste caso junto de um público mais jovem, gerando neles um sentimento de presença da insígnia e confiança em nós. Este apoio é a prova do nosso contínuo compromisso em estarmos mais próximos dos clientes e da comunidade”, justifica Mário Rosa, diretor de marketing do Intermarché.

“Vamos estar presentes no recinto do festival com várias surpresas, num ambiente descontraído e informal. Vão também existir passatempos para os festivaleiros nas nossas redes sociais”, informa ainda o Intermarché em comunicado de imprensa. Maddix, Miss K8, Third Party, Neelix, Olly James, Ricardo Lomar, Will Sparks, Radical Redemption, Virtual Riot, Curbi e Matisse & Sadko são outros dos nomes confirmados. A organização está a cargo da Música no Coração. 

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Media

Audiências: TVI continua a liderar quota de audiência semanal

Na semana de 15 a 21 de abril, o futebol europeu ocupa a primeira posição do ranking global da programação, segundo a análise Data Insights do Havas Media Group. SIC e Outros reforçam a quota, RTP1 e TVI descem. O canal da Media Capital mantém a liderança semanal por duas décimas

O consumo global de televisão volta à tendência de recuperação, depois da quebra da semana passada, aumentando esta semana cerca de 10 minutos por dia, e estando agora nas 5h12m diárias. Nas contas da quota de audiência, SIC e Outros são os canais que reforçam o valor da sua quota semanal, ao contrário de RTP1, TVI e Cabo, que descem.

Apesar da descida, a TVI mantém a liderança semanal, com uma vantagem de duas décimas sobre a SIC. Desta forma, a RTP1 desce até aos 9,8% de quota, ao contrário da SIC, que esta semana cresce até aos 15,5% de quota semanal. A TVI também recua, a sua quota esta semana é de 15,7%.

O Cabo desce ligeiramente até aos 40,2% de quota, Outros (que inclui o visionamento em time shift, streaming e vídeo/jogos) por seu lado, reforça o valor da sua quota, que esta semana é de 17,1%. A CMTV continua na liderança da tabela dos canais mais vistos da cabo, que não sofre alterações face à semana passada nem no pódio, nem nas posições que se seguem até ao sexto lugar.

Sendo assim, a CNN Portugal e a SIC Notícias completam o pódio da semana, a que se seguem a TVI Reality, o Star Channel e o Hollywood. Nas restantes posições estão o Star Movies, de regresso à listagem dos mais vistos esta semana, a TVI Ficção, o AXN – outro regresso – e a SIC Mulher, que encerra o top 10 da semana.

Os jogos das competições europeias continuam a ocupar as primeiras posições do ranking de programas da semana, com a transmissão de Futebol – Liga Europa/Marselha X Benfica, feita pela SIC, a posicionar-se no primeiro lugar, e com Liga dos Campeões/Manchester City X Real Madrid, transmitido pela TVI na posição seguinte.

As três restantes posições estão mais uma vez ocupadas pelo reality show da TVI, com Big Brother – Especial, seguido por Big Brother e por Big Brother – Os Rivais, estes dois últimos blocos do serão de domingo.

O desportivo da CMTV Golos: Primeira Parte/Sporting X V. Guimarães, ocupa a primeira posição no ranking dos programas mais vistos da cabo, seguido por Grande Jornal – Noite. No restante top 5 estão desportivos, também da CMTV: Duelo Final/Casa Pia X FC Porto, Tempo de Descontos/FC Porto X V. Guimarães e Golos: Segunda Parte/Famalicão X Sporting.

Análise Data Insights do Havas Media Group

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Comunicação

Comunicar-se adere ao código de autorregulação do lobbying

Por considerar a falta de legislação específica para a regulação da representação legítima de interesses, conhecida como lobbying, a Comunicar-se associou-se à APECOM, e assinou o Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses

A Comunicar-se acaba de aderir ao código de conduta de assuntos públicos para a representação legítima de interesses, lançado pela APECOM (Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações-Públicas). A empresa de consultoria de comunicação defende a regulamentação do lobbying, em linha com aquela que já existe em 17 dos 27 estados-membros da União Europeia, que dispõe de uma regulamentação específica que tem contribuído para aumentar a transparência, o escrutínio e a confiança nos processos de tomada de decisão.

Por considerar a falta de legislação específica para a regulação da representação legítima de interesses, conhecida como lobbying, a Comunicar-se associou-se à APECOM, e assinou o Código de Conduta de Assuntos Públicos para a Representação Legítima de Interesses, alinhando-se com o objetivo da associação em avançar para a autorregulação. A autorregulação do setor, orientada por este Código de Conduta, irá durar enquanto Portugal permanecer sem legislação específica para a regulação da representação legítima de interesses, vulgarmente conhecida como lobbying. De acordo com a APECOM, o Código de Conduta já conta com cerca de 30 agências aderentes.

“Lamentavelmente, há mais de dez anos que Portugal falha na regulamentação do lobbying e no enquadramento jurídico da representação legítima de interesses. Houve tentativas e debates, mas os diplomas nunca se concretizaram. A omissão legislativa penaliza a nossa atividade, por isso, o esclarecimento e compreensão junto da sociedade são cruciais. Vivemos presentemente um momento-chave e com a APECOM damos um passo no sentido da autorregulação, com transparência e ética. O paradigma tem de mudar e nós, agências de comunicação, somos um claro agente de mudança”, sublinha Raquel Garcez Pacheco, diretora-geral da Comunicar-se.

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M&P exclusivo

“Vemos os influenciadores como um canal de media que deve estar ligado ao desempenho e ser visto ao lado de outros canais de media”

Um ano depois da aquisição da The Goat Agency pela GroupM, Paul Scannell, líder regional para a EMEA, vem a Lisboa para o lançamento da agência em Portugal. Em entrevista exclusiva ao M&P, explica a aposta no marketing de influência e os desafios deste mercado

Catarina Nunes

Paul Scannell, líder regional da The Goat Agency para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA), veio a Lisboa para o lançamento em Portugal desta agência de marketing de influência, adquirida pela GroupM em 2023. Em entrevista ao M&P, fala sobre o posicionamento da Goat, as questões em torno da transparência das publicações de influenciadores nas redes sociais, a necessidade de autorregulação e a importância dos dados primários neste mercado.

Por que razão a GroupM está a investir agora em marketing de influência com uma agência própria, que comprou em 2023?

O marketing de influência já era uma parte interna do nosso negócio, mas agora a WPP investiu fortemente. No espaço de um ano, comprou as empresas Obviously, a Village Marketing e a The Goat Agency, três grandes investimentos em marketing de influência.

Há anos que o marketing de influência é uma tendência. A WPP está a entrar tarde?

Acho que estamos ainda no início da jornada. A indústria do marketing de influência, dependendo dos dados que lermos, estava avaliada em 21 biliões de dólares (€19,3 mil milhões), em 2023, o que é menos de 2% do mercado global de publicidade. Li uma citação do Goldman Sachs que referia que a economia dos criadores vai duplicar nos próximos cinco anos e vai ser cada vez mais importante. Isto decorre do facto de que estamos a passar por uma grande mudança na forma como consumimos media, em particular nas gerações mais jovens. Sou parte da geração mais velha que ainda liga a televisão todas as noites, mas as pessoas já não consumem media assim. Está a acontecer uma mudança geracional. A forma como consumimos conteúdos agora é no que chamaríamos de plataformas sociais, que já nem são propriamente sociais, são apenas plataformas de conteúdos, como o TikTok e o YouTube, que mudaram completamente o paradigma.

Qual é a origem da denominação da agência, Goat?

Foi a primeira pergunta que fiz também [risos]. Toda gente julga que é porque somos os melhores de todos os tempos [GOAT é o acrónimo de greatest of the all time], mas os fundadores da Goat [Arron Sheperd, Nick Cooke e Harry Hugo] gostam de manter a explicação do nome relativamente desconhecida. Anteriormente, tiveram a empresa Sportlobster [app de envolvimento de fãs de desporto] e, quando se lançaram como uma agência de influenciadores, quiseram manter a coisa animal. Os três fundadores mantêm-se na Goat e ajudam no crescimento da agência. O Arron é o CEO global da empresa, o Nick é o diretor de clientes e o Harry é o diretor de campanhas e, dependendo de a quem perguntar a origem do nome da Goat, a história é diferente.

É responsável pela EMEA. Nesta região, quais são os países onde os consumidores se envolvem mais e menos com o marketing de influência?

Há mercados que são mais emergentes. Estivemos na Polónia, há cerca de um mês, a falar com a nossa equipa, que tem cerca de 29 pessoas a trabalhar no negócio da Goat. Olhámos para mercados como Eslováquia, Chéquia, Hungria e todos os mercados do Leste Europeu, para tentar perceber se é possível uma abordagem central, se são ou não muito diferentes culturalmente. Diria que estes mercados ainda não descolaram em termos de marketing de influência. Mas, nos grandes mercados, nos cinco grandes na Europa, há muito marketing de influência já a acontecer.

A Goat afirma-se como líder mundial nas agências de marketing social. Quais são os dados que sustentam esta afirmação?

Agora, que temos o negócio integrado, temos cerca de 450 pessoas a trabalhar em todo o mundo, em 36 mercados diferentes, com campanhas ativadas em 70 países distintos. Não vemos mais ninguém que esteja a fazer marketing de influência neste nível de escala, globalmente. Também entendemos que o nível de dados que temos em termos de desempenho, dados que impulsionam todas as nossas tomadas de decisão e a forma como trabalhamos com influenciadores e como os selecionamos, é mais avançado do que qualquer outro que tenhamos visto. Tendo trabalhado na indústria durante oito anos, diria que somos os maiores e os melhores. Depois de ter observado tudo e de todas as maneiras possíveis de analisar a escala, acho que não há mais ninguém que possa competir connosco.

E em termos de receitas do negócio?

Não sabemos as receitas de todas as agências de influenciadores do mundo. Em relação às da Goat, se as partilhasse, o que não posso fazer, alguém provavelmente cortar-me-ia a cabeça, mas posso dizer que somos uma grande parte de uma indústria de 21 biliões de dólares (€19,3 mil milhões). Temos um vlog, e, se seguir a agência no LinkedIn, verá os vídeos que criamos três a quatro vezes por semana, todas as semanas, que são um meio de documentar a ascensão dos fundadores e a mostrar o que eles têm vindo a fazer desde há dez anos.

O vlog fala das receitas, dos números do negócio da Goat?

O vlog é sobre construir um negócio de um bilião de dólares, que é o valor a que estamos a tentar chegar, o que lhe pode dar uma ideia da escala.

O que é que a Goat tem de diferente de outras agências de marketing de influência?

Muita da diferença prende-se com os dados e com a tecnologia que alimentam a nossa abordagem ao marketing de influência. Quando os fundadores começaram a Sportlobster, em 2012 – há muito tempo, ainda antes de o marketing de influência ser realmente relevante – começaram a trabalhar com influenciadores, com uma app de redes sociais para tentar impulsionar downloads. Cada vez que trabalhavam com alguém, reuniam todos os dados, quanto pagavam, quantos downloads de aplicações eram feitos e todo o tipo de informações.

A Sportlobster é a empresa que gere os dados e a tecnologia?

É a empresa que precedeu a Goat, o negócio original dos fundadores. Quando eles viram o poder do marketing de influência, com esse tipo de influenciadores de nicho a falar para comunidades de nicho com os seus conteúdos, direcionaram o negócio para uma agência de influenciadores. Depois, passaram os oito anos seguintes a construir a que era, na época, a maior agência de influenciadores independentes do mundo. Sempre que alguém fazia uma publicação ou uma campanha para a Goat, rastreavam-na e mediam-na, construindo uma enorme base de dados numa pilha de tecnologia que nos permite tomar decisões sobre os influenciadores com os quais trabalhamos e para que clientes, sempre tendo em conta os objetivos da campanha que temos de entregar.

Qual é a diferença em relação a outras agências que também têm dados?

A nossa principal diferença é que estamos a mudar o marketing de influência a partir de uma abordagem baseada em relações públicas, através da qual se tenta que os influenciadores façam as coisas de graça, e eles não são valorizados como um canal de media. Isto funciona muito bem para as marcas, mas nós vemos os influenciadores como um canal de media que deve estar ligado ao desempenho e ser visto ao lado de outros canais de media, para ser possível comparar, contrastar e medir.

Os influenciadores são os novos meios de comunicação?

Acho que sim. O MrBeast é o maior, mas, se olhar para o número de visualizações que ele gera em comparação com a visualização de televisão em horário nobre nos Estados Unidos, no Reino Unido ou em qualquer outro lugar, é um canal de media genuíno por conta própria, apenas com o canal no YouTube. É desta forma que muitas pessoas estão, hoje, a consumir os media e, por isso, temos de o tratar como um canal de comunicação social.

Houve, no passado recente, o movimento de ‘desinfluenciar’, que promovia a autenticidade e a verdade nos influenciadores. Ainda é uma tendência que esteja a moldar a indústria?

Acho que sim. Provavelmente ganhou mais manchetes do que potencialmente teria ganho se não fosse uma parte emergente de um negócio sobre o qual o mundo inteiro está a falar. O interessante é que a tendência de desinfluência ganhou dimensão porque os influenciadores estavam a promovê-la, conferindo-lhe uma dimensão maior. Isto mostra o poder dos influenciadores na visibilidade de uma tendência que é sobre influência. Todas as pessoas que trabalham bem o marketing de influência entenderam sempre como fundamental trabalhar com alguém que seja autêntico para uma marca. Falamos muito sobre os dados e a tecnologia, mas, quando estamos num processo de seleção de influenciadores, estamos realmente perante uma verdadeira arte e uma ciência. Trabalhar esta área obriga-nos a tentar perceber quais os que vão impulsionar melhor o desempenho, mas é preciso encontrar pessoas que falem autenticamente sobre a marca para as suas audiências, sem causar problemas. Caso contrário, poderá gerar uma perceção negativa, se o influenciador trabalhar com uma marca que nunca ressoaria com o seu público.

Isso acontece muito…

Pode parecer estranho, mas a grande maioria dos influenciadores com os quais trabalhamos rejeita muitos negócios, por não serem adequados para eles. Dizem aos clientes para os voltarem a contactar quando tiverem uma marca que se encaixe no seu perfil, porque eles conhecem bem o seu público. Como passaram anos e anos a construir as suas comunidades, não vão querer arriscar, são muito profissionais, pelo menos a maioria dos influenciadores com os quais trabalhamos.

O que é mais importante: o perfil e o número de seguidores do influenciador ou os valores e a narrativa da marca?

O mais importante é encontrar alguém que seja autêntico para a marca. Trabalhamos com grandes influenciadores e até já trabalhámos com o MrBeast, mas a maior parte do trabalho que fazemos é com influenciadores de nicho, que podem tocar uma comunidade mais segmentada. Depende também da marca e dos seus objetivos, porque, às vezes, apenas querem um alcance de massa e trabalhar com alguém que é enorme e relevante. E é por isto que o endosso de celebridades é procurado. Todos os anúncios do Super Bowl têm uma celebridade endossada porque, às vezes, funciona para o que se quer.

Funcionam na conversão em vendas?

Tendemos a achar que as campanhas que funcionam melhor são as que…. Como sabe, as pessoas vão para as redes sociais para encontrar a sua tribo e subcultura. E é por isso que as pessoas se conectam. Encontram o seu pequeno nicho e pessoas que falam sobre ele de uma maneira que lhes agrada, envolvendo-se com elas. É esta a razão pela qual as pessoas realmente se sintonizam.

A sua empresa está a vender produtos.

Sim, mas pode vender produtos… Por exemplo, fazemos muito trabalho para a empresa 3M, que produz tudo. Aliás, um dos seus slogans é “Nunca está a mais de dez pés [três metros] de distância de um produto 3M”. Eles estavam a tentar vender capacetes de soldadura e, na América Latina, havia uma comunidade de pessoas que foram viver na floresta, construíram as suas próprias casas e criaram comunidades sociais. Mesmo quando se tenta vender capacetes de soldadura, que acho que custavam 500 dólares [€461], é possível encontrar as pessoas certas, se se souber onde procurar e encontrar as comunidades de nicho certas. Quem é que vai ser capaz de falar com essa audiência de determinada forma? Pode ser esta comunidade que construiu esse público ao longo do tempo.

Quando fala em nicho, isso é diferente de microinfluenciadores?

Há muitas maneiras diferentes de falar, cada qual tem a sua maneira de referir-se a diferentes tipos de influenciadores. A maioria das pessoas vai dizer que um microinfluenciador tem entre 10 mil e 100 mil seguidores, mas acho que é mais complicado do que essa distinção. Porque um microinfluenciador na área da beleza pode parecer muito diferente de um microinfluenciador que é um consultor em tecnologia de informação B2B. Mas as pessoas têm de ser colocadas em categorias porque a indústria em que trabalhamos funciona assim. O nicho tem mais a ver com o alcance da comunidade, que é diferente da quantidade de seguidores.

Como é possível uma marca destacar-se no ultrapovoado cenário digital?

Uma das coisas que a Goat tem é uma equipa de estratégia, que fala muito sobre a ideia do efeito oddball, porque há muitos conteúdos nas redes sociais que parecem o mesmo. A equipa de estratégia tem uma apresentação com uma dezena de imagens num ecrã, que um influenciador fotografou num barco num lago, que mostra também um pequeno clipe com um urso. Depois, perguntam qual é a imagem que apareceu no ecrã durante mais tempo. Toda a gente diz sempre que foi a imagem do urso, mas, na verdade, todas elas estiveram o mesmo tempo de exposição no ecrã. A equipa depois fala sobre isto, numa perspetiva criativa, sobre a relevância da irrelevância daquilo com que trabalhamos.

Qual é a conclusão?

Quando trabalhamos com influenciadores que são relevantes para a marca em causa, eles têm os mesmos valores. Mas é preciso criar algo que se destaque, algo criativo e ligeiramente diferente do que as outras pessoas estão a fazer.

Acertar nisso é rocket science.

Sim, e nem sempre acertamos. Mas a ideia é ter um pensamento criativo e estratégico para entender a plataforma, as tendências e como funciona o marketing de influência, para ter ideias incríveis que permitam que algo se destaque num mercado saturado. Acho que é isto que está em causa quando se trata de pessoas e criatividade.

Com tantas plataformas digitais que existem, e que continuam a aparecer, qual é o desafio?

Isso pode ser um desafio e uma oportunidade. Há campanhas em que posso inclinar-me para o YouTube, se quero entregar uma determinada mensagem para um determinado público de uma determinada maneira. Depois, há campanhas que me inclino mais para o TikTok ou para o Instagram. Penso que dão-nos mais opções, mais capacidade para trabalhar com criadores de uma maneira diferente. Os criadores do TikTok são muito diferentes dos do YouTube.

Não é mais difícil trabalhar com muitas plataformas?

Só porque existem mais plataformas não significa que em cada campanha se deve acrescentar mais. Trata-se de encontrar as pessoas certas. Se existirem mais, isso só dará mais capacidade de trabalhar com pessoas mais interessantes de maneiras mais diversas, que criam diferentes tipos de conteúdos que atraem públicos diferentes.

Os consumidores estão saturados de tantas plataformas?

Não vejo isso. Não acho que as pessoas não se lembram das marcas por causa do número de plataformas, a questão prende-se com a mensagem. A saturação é uma desculpa. Sempre tivemos desculpas suficientes para nos distrairmos. Durante anos, houve horas e horas de conteúdos publicados em todas as plataformas. Trata-se de criar coisas que se destaquem e atraiam o público. Se conseguirmos isto, quer haja uma dezena de plataformas ou um milhão, não importa. Se encontrarmos o público certo, é possível atingi-lo com as pessoas certas no momento certo, o conteúdo vai destacar-se e as pessoas vão lembrar-se.

Como é que vê as questões em torno dos influenciadores, com as publicações comerciais não identificadas, a legislação e respetiva fiscalização?

Esta questão é mesmo muito importante. No Reino Unido, somos membros fundadores da organização Influencer Marketing Trade Body (IMTB), desde há quatro anos. É uma entidade de autorregulação porque acreditamos que temos de dar esse primeiro passo, para que não sejamos regulados por pessoas que não entendem a indústria. Criámos um código de conduta, há dois anos, que todos subscrevemos enquanto membros e que se tornou o padrão na abordagem aos influenciadores, do ponto de vista da transparência em relação às audiências. Porque não queremos apenas uma regulamentação de governos, que estão a tentar dar um ponto de vista político a coisas que não entendem sobre esta indústria.

Porquê?

Temos de ser capazes de nos autorregular, mas, para fazer isso, precisamos que as pessoas que são influentes no marketing de influência colaborem e se certifiquem de que estamos a trabalhar juntos para garantir que todos estão a fazer as coisas da maneira certa. Infelizmente, o espaço de marketing de influência cria muito ruído e muitas manchetes e os políticos de todo o mundo podem usá-lo para uma voz política, em vez do que deveriam estar a fazer. Parece atrair muito mais atenção os influenciadores serem pagos para ir a um determinado lugar e não divulgarem isso no post versus o mundo editorial, em que não sei o quanto tudo é escrito nos mesmos termos, por exemplo, quando escrevem sobre um top 10 de destinos de férias. Não me parece que isto tenha o mesmo nível de atenção, mas, se calhar, é porque estou no espaço dos influenciadores.

Jornalismo é diferente de publicidade.

Exatamente. Mas onde é que essa linha é traçada? No universo do
marketing de influência, eles recebem presentes e escrevem sobre essas ofertas.

E são pagos para fazerem isso.

Às vezes. A questão é que a quantidade de conteúdos que as pessoas consomem de influenciadores e de criadores de conteúdos tornou-se um tema quente de debate. A minha opinião pessoal é pela autorregulação, que é o caminho a seguir, mas tem de ser feito corretamente.

Concorda com as publicações identificadas como publicidade?

Sim, absolutamente. Se alguém pagou a um influenciador para falar sobre uma marca, essa situação deve ser identificada, como em qualquer outro meio de comunicação.

Isso é suficiente?

É o requisito mínimo. Se os influenciadores estão a construir negócios, a criar conteúdos, a trabalhar com marcas, a construir marcas e negócios para elas, então estão a agir com um canal de media.

A relação dos influenciadores com as marcas é totalmente transparente, em relação, por exemplo, ao número de seguidores que podem ou não ter sido comprados?

Isso é algo em que os estamos a pressionar há anos. A grande maioria do mundo dos influenciadores ainda é construído em capturas de ecrã dos dados das plataformas.

Dessa forma, os números podem ser alterados no Photoshop.

Potencialmente, mas não trabalhamos dessa forma. Trabalhamos com dados de API [Application Programming Interface], que são retirados diretamente da plataforma. Pedimos aos influenciadores que se conectem à plataforma precisamente por esse motivo.

A questão da transparência dos influenciadores é com os utilizadores, os seguidores e com as empresas com as quais trabalham, as marcas.

Obviamente, alguns influenciadores estão a tentar ganhar a vida e, portanto, o incentivo deles é mostrar que entregam uma audiência e impressões. Mas fomos sempre muito claros sobre o facto de trabalharmos com dados primários, diretamente da plataforma. É por isto que considero que o mundo dos influenciadores precisa de continuar a amadurecer, de continuar a crescer. A questão não é se os influenciadores devem fornecer dados primários, isso é uma necessidade porque temos de ver esses dados. Sempre fomos muito inflexíveis nisto. A transparência é absolutamente tudo, porque, caso contrário, prejudica toda a indústria.

A inteligência artificial (IA) é uma oportunidade, uma ameaça ou ambas?

Essa é uma grande pergunta. Provavelmente, as duas coisas, porque já vimos as últimas coisas que a OpenAI está a produzir, de texto para vídeos, e o quanto a edição está a ser alterada pela IA. Há uma parte de mim que pensa que, se as pessoas podem ser mais produtivas e produzir mais vídeos de alta qualidade mais rapidamente, isso é ótimo. Mas, então, onde é traçada a linha que deixa claro que foi um vídeo produzido com IA? Porque, obviamente, todos usamos o Photoshop há anos. Mas, à medida que vamos mais longe, o influenciador terá de declarar que produziu uma legenda com recurso a IA? Há muita coisa que precisamos de melhorar e ninguém tem todas as respostas neste momento, porque estamos a aprender à medida que avançamos. Mas uma grande parte de fazer parte do IMTB é ter estas conversas com as pessoas que lideram a indústria. É preciso ser capaz de abordar estas questões e de tomar decisões sensatas e adultas, que garantam que a indústria se mantém saudável.

Qual é a sua opinião sobre os influenciadores digitais gerados por IA?

Na nossa equipa, há alguns exemplos de trabalhos com avatares artificiais e IA com várias marcas importantes, mas ainda não têm escala. É algo que ainda estamos a descobrir a coisa certa a fazer. Acho que, desde que as pessoas saibam que é media social de animação com IA, que não é real, não vejo nenhum problema nisso. Neste momento, não é uma parte significativa da nossa oferta, mas não vejo razões para que não o seja no futuro.

Qual é a plataforma de redes sociais que vê como dominante no curto prazo?

É difícil de dizer, porque, muitas vezes, não se consegue ver até ao momento em que acontece. A BeReal foi uma das redes sociais de que falamos até à exaustão o ano passado e agora já não se fala. Antes, tinha sido aquela plataforma de áudio Clubhouse. Toda a gente estava no Clubhouse, que entretanto morreu.

Qual é a plataforma que usa mais?

Sou velho…

O Facebook?

Sim… [risos] Estou a começar a estar mais no TikTok mais do que na maioria das outras redes sociais, porque o algoritmo leva-me a ver o conteúdo que quero mais rapidamente.

Acha que o TikTok virá a tornar-se na maior das redes?

Sim, mas depende muito da política e do que está a acontecer nos Estados Unidos [o projeto de lei que pode banir o TikTok do país] e o que isso significa em termos de regulação. O TikTok é incrível, provavelmente é um dos maiores agora. É lá que o público jovem está a gastar o seu tempo. Vamos ver o que acontece.

Todas as marcas precisam de marketing nas redes sociais?

Enquanto marcas, por tudo aquilo que envolvem, seria insensato não estarem nas redes sociais, porque, presumivelmente, têm a intenção de fazer crescer o seu negócio. Para o expandirem, precisam de encontrar mais clientes e, hoje, praticamente toda a gente está nas redes sociais. Esta é a mudança geracional de que falámos no início desta conversa. É nas redes sociais que as pessoas estão a passar o tempo e a envolver-se com conteúdos gerados por utilizadores, pessoas que conhecem e de quem gostam e que seguem porque querem experimentar esses conteúdos. Acredito que possam existir marcas que não precisem de estar nas redes sociais, mas eu não conheço nenhuma. Acho que é mau não estar, mas tenho a certeza que alguém vai ler esta entrevista e dizer que a marca X não precisa das redes sociais.

Perfil
Paul Scannell, líder regional da The Goat Agency na EMEA

 

Da televisão até aos influenciadores

Qual foi o seu percurso antes de chegar à liderança regional da The Goat Agency?

Comecei nos media, em 2005, a vender publicidade em televisão para clientes e agências, até mudar para a venda de espaço publicitário em cinemas, o que era fácil, falava sobre filmes o dia todo. Depois transitei para o suporte digital e, mais tarde, para os anúncios nativos e depois para os influenciadores.

Quando é que entra na WPP?

Entrei para a GroupM, que integra a WPP, em 2016. Estou lá há oito anos.

Por que razão escolheu a área do marketing de influência?

Há um momento em que estava a trabalhar com um anúncio digital para uma campanha de uma nova rota da easyJet para Alicante. Queria medir se as pessoas expostas a esse anúncio tinham conhecimento dessa rota ou não. Trabalhávamos em direcionamento comportamental e em como veicular o anúncio no momento certo para a pessoa certa e aprendemos muito sobre segmentação e cookies. Fizemos um estudo em que analisámos os que foram expostos ao anúncio versus os que não foram e concluímos que não havia diferença. Aliás, as pessoas que foram expostas aos anúncios eram menos propensas a conhecer a nova rota.

Isso criou um problema com a easyJet?

Era o líder deste cliente e pus-me à procura de desculpas, a gritar com toda a gente, a questionar por que razão é que não tinha funcionado. Até que a pessoa da área de pesquisa perguntou como era o anúncio. Ninguém sabia. Recebemos uma linha de código que carregámos num servidor de anúncios. Não tinha ideia sobre a criatividade da publicidade nem de como era importante. O que aconteceu foi que o anúncio não mostrava a rota para Alicante antes dos seis segundos. No digital, ninguém chega lá e na agência, na altura, ninguém sabia desta situação. Foi um momento em que questionei o que andava a fazer. Estava a aprender tudo sobre dados, segmentação e todo este tipo de coisas, mas não sabia nada sobre criatividade.

Com esse discernimento, o que fez a seguir?

Iniciei uma jornada, fui ouvir podcasts e ler livros sobre marketing de conteúdo e marketing criativo. Depois, tentei arranjar um emprego em publicidade nativa para tentar perceber melhor, por se tratar de um tipo de conteúdo de formato longo, muito presente nas páginas de internet das editoras. Fiz isto durante algum tempo e, nessa fase, apercebi-me do aumento dos media sociais e do número de criadores de conteúdo. Todo o meu percurso decorre disto, de estar apenas a executar uma campanha sem saber qual é o aspeto visual da parte criativa. É isto que estamos a tentar fazer e foi isso que me levou ao caminho do marketing de influência, onde estou há cinco, seis anos.

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

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Campanha da Caetsu Two para o Turismo do Porto e Norte premiada em Nova Iorque (com vídeos)

Produzida pela Lobby Productions, a campanha promocional, que integra cinco filmes publicitários, ganhou um galardão de bronze nos New York Festivals TV & Film Awards, na categoria Filmes de Turismo. A versão portuguesa tem locução de Pedro Abrunhosa

Vê-se Mesmo Que É Do Norte, a campanha promocional que a Caetsu Two desenvolveu para o Turismo do Porto e Norte, foi premiada com bronze nos New York Festivals TV & Film Awards, na categoria Filmes de Turismo, em Nova Iorque. Produzida pela Lobby Productions, integra um filme genérico sobre a região e quatro filmes que mostram as principais atrações turísticas do Porto, da região do Douro, do Minho e de Trás-os-Montes com maior pormenor.

A versão portuguesa tem locução do cantor, compositor, instrumentista e produtor discográfico Pedro Abrunhosa mas os cinco anúncios também estão disponíveis em inglês. “Além do prémio, a campanha também garantiu pontos para o Ranking CIFFT, que reúne os vídeos e campanhas turísticas mais premiados de cada ano e é responsável por consagrar os melhores filmes de turismo do mundo”, informa o Turismo do Porto e Norte em comunicado.

“Esta campanha é a prova de que realmente há muito para ver no Porto e no norte de Portugal. Este é um destino com paisagens inigualáveis, uma gastronomia única e uma enorme riqueza cultural. Mas o que realmente faz a diferença é a autenticidade e generosidade das gentes do norte. São as pessoas que transformam esta região num destino memorável”, assegura Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal.

Elaborado pelo International Committee of Tourism Film Festivals (CIFFT), o Ranking CIFFT é atualmente liderado pela campanha portuguesa Nazaré – Bigger than Life, idealizada e produzida pela Oonify, agência nazarena especializada em marketing digital e vídeo. O sexto lugar da tabela é ocupado por outra campanha promocional portuguesa. Intitulada Covilhã, Have Time For Yourself, também foi produzida pela Lobby Productions.  

 

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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