E o digital aqui tão perto
“O desconhecimento das vantagens, potencialidades e disponibilidade actual do serviço digital representa actualmente a principal barreira à adesão”.
Carla Borges Ferreira
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“O desconhecimento das vantagens, potencialidades e disponibilidade actual do serviço digital representa actualmente a principal barreira à adesão”. Esta é uma das principais conclusões do estudo TV Digital e Publicidade Interactiva – O Futuro Começa Hoje, análise qualitativa (focus groups) realizado pelo departamento Analytics & Insight da MEC, cujo objectivo foi compreender, a menos de dois anos do switch-off, o impacto que a TV Digital tem nos hábitos de consumo de TV e como poderá evoluir a comunicação publicitária. De acordo com o estudo, o contacto que a população teve com este tema foi “sobretudo em reportagens na TV e lojas de venda de LCD, no entanto, o interesse despertado pela informação obtida foi manifestamente reduzido”, o que se deve tanto a ainda faltar algum tempo para a transição como ao facto de ser uma tecnologia à qual “mais tarde ou mais cedo, vão ter acesso”. De acordo com o documento, a função de gravação, melhor qualidade de imagem/canais HD e a possibilidade de fazer pausas são os aspectos mais valorizados na televisão digital. Em contrapartida, o estudo dá conta da “desilusão” provocada pela ausência da possibilidade de acesso à internet, pelo conceito ficar aquém daquilo que se imaginaria como sendo um futuro relativamente próximo e pela informação do Guia TV estar disponível através do teletexto. O facto de se mostrarem satisfeitos com o serviço que possuem e o receio de que se trate de uma proposta mais caro fazem, por seu turno, com que os potenciais possuidores deste serviço “reiterem a sua falta de interesse no serviço digital”.
Mas, de acordo com a MEC, há efectivamente uma mudança na relação com a televisão, existindo agora um “maior match entre o espectador e os conteúdos visionados, maior imersão do espectador no ecrã -níveis de atenção aos conteúdos mais elevados -, melhor gestão e rentabilização do tempo em frente ao ecrã, maior independência relativamente aos horários dos programas, um visionamento mais selectivo – vê-se apenas o que se quer ver – mas, ao mesmo tempo, mais completo – não se perdem conteúdos de interesse”. E, de acordo com o estudo, existe igualmente uma menor exposição aos conteúdos publicitários. “O conceito de publicidade interactiva, provocou nos indivíduos reacções distintas entre si, com um maior interesse e entusiasmo inicial por parte do target geral e dos possuidores de serviço digital entre os 36-50 anos, este entusiasmo é, no entanto, contraposto por algum cepticismo da parte dos possuidores de serviço digital”. E são três os pontos que suscitam receio: “Aversão à publicidade televisiva (da qual se sentem mais “protegidos” com o seu serviço actual); receio de que a publicidade interactiva se possa tornar mais invasiva e impositiva (tanto em termos de estilo, como em termos de espaço ocupado nas grelhas) e consideração de que este serviço será com certeza mais limitado que a internet.”
A MEC assegura, contudo, que “à medida que se desenvolvia o tema, o receio começava a dar lugar a uma perspectiva mais positiva, com o conceito de publicidade interactiva a revelar potencial de engagement. Embora com diferentes graus entusiasmo, os vários grupos antevêem, de uma forma geral, os possíveis benefícios que a publicidade interactiva pode trazer”. E segundo os inquiridos, os vantagens seriam a “utilidade – em especial depois de consciencializada a necessidade ou intenção de compra de um produto: fase de prospecção e selecção”, a “comodidade/conveniência – necessidade de mais informação sobre um produto ou até mesmo sua compra deixa de significar deslocação à loja” e a “inspiração – poder tirar ideias e/ou escolher prendas (particularmente útil na época natalícia)”. Criatividade, personalização, interactividade, funcionalidade e clareza são critérios que servirão para avaliar a publicidade, com a qual “existirá uma nova relação”.