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‘O preço médio dos meios em Portugal está a subir’

Em Janeiro, arrancou uma nova unidade dentro do Group M dedicada exclusivamente ao search marketing. Mas no último ano ocorreram mais alterações no grupo de meios que concentra a Mediaedge:cia, Mediacom e Mindshare.

Pedro Durães
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‘O preço médio dos meios em Portugal está a subir’

Em Janeiro, arrancou uma nova unidade dentro do Group M dedicada exclusivamente ao search marketing. Mas no último ano ocorreram mais alterações no grupo de meios que concentra a Mediaedge:cia, Mediacom e Mindshare.

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Em Janeiro, arrancou uma nova unidade dentro do Group M dedicada exclusivamente ao search marketing. Mas no último ano ocorreram mais alterações no grupo de meios que concentra a Mediaedge:cia, Mediacom e Mindshare. O Group M conta desde o ano passado com uma nova agência de meios, a Maxus, e destinou a Publimeios apenas a negócios locais. Em entrevista concedida ao M&P, José Dias Pinheiro, CEO do Group M, explica os negócios do grupo e traça ainda uma previsão sobre o mercado de meios para 2010, tocando a questão das medições em televisão. Sobre a esperada associação das agências de meios, que continua sem avançar, o responsável pelo grupo escusa-se a avançar pormenores. “O que lhe posso dizer é que as agências de meios, enquanto conjunto, estão completamente activas, atentas e intervenientes naquilo que se está a passar no mercado em Portugal. Não estão longe desses acontecimentos, não deixam de tomar posições colectivas quando as têm de tomar. Mais do que isto não quero falar para já”, diz.

Meios & Publicidade (M&P): O grupo tem uma nova empresa, a Search Marketing. Como é que surgiu esta nova unidade de negócio?

José Dias Pinheiro (JDP): Nós comprámos a empresa, que se dedica ao search e que existia há dois ou três anos. Concluímos a aquisição no final do ano passado e a empresa está a operar connosco desde Janeiro. Era uma empresa local que passa agora a estar inserida dentro da oferta do grupo, que se dedica exclusivamente ao search e se assumiu como uma opção para reforçar a oferta do grupo em Portugal. Eles já estavam a trabalhar connosco enquanto fornecedores há cerca de um ano e agora são uma empresa do grupo e apoiam a oferta de cada uma das nossas unidades. É uma empresa inteiramente dedicada ao search marketing. Portanto, actua na área de search engine optimization, ou seja, optimização de sites para que sejam eficientes nos motores de busca, e do search marketing propriamente dito, isto é, optimização dos conteúdos para que os sites tenham visibilidade e favorecer aquilo a que se chama, nos motores de busca, pesquisa natural.

M&P: Foi uma aquisição da totalidade do capital?

JDP: É uma aquisição praticamente a 100 por cento, mantém uma percentagem nos sócios locais durante algum tempo com opção de compra nossa.

M&P: Que balanço faz, para já, deste início de operações?

JDP: É uma área onde queremos liderar e o balanço é totalmente positivo. Estamos ainda no início da operação em conjunto, apesar de já haver um ano de trabalho em comum. É uma área que consideramos muito importante para o futuro e onde a nossa oferta tem vindo a crescer ao longo deste último ano, pelo que é uma aposta do grupo.

M&P: Estando já a trabalhar com esta empresa há um ano, o que motivou o grupo a avançar para a aquisição?

JDP: A alternativa era criar a competência internamente e nós, por uma questão de velocidade e de competência das pessoas, decidimos enveredar pelo caminho da aquisição. Esta área de negócio é fundamental e está claramente a assumir uma importância relativa muito grande. O grupo optou por fazer um forte investimento nesta área. Em alguns países o crescimento foi orgânico e noutros foi feito através de aquisições, que foi o caso em Portugal.

M&P: Como é a estrutura actual desta unidade?

JDP: Tem 17 pessoas, com um director executivo que é o Ricardo Freire dos Santos.

M&P: Qual foi o investimento envolvido nesta aquisição?

JDP: Não quero adiantar esse tipo de pormenores. Não é o mais relevante aqui. O mais relevante é que, em todas as áreas ligadas ao digital, queremos liderar nos próximos anos. Este investimento foi feito de uma forma muito calma e serena, e há mais alguns em curso. Todas as empresas locais nesta área são relativamente pequenas pelo que os investimentos não são o aspecto significativo deste negócio. Não estamos a comprar nenhum gigante. Estamos apenas a aumentar a nossa capacidade de oferta nesta área que consideramos importante.

M&P: Quais são as expectativas para este primeiro ano de operação?

JDP: São boas. É um sector que está em franca evolução e, portanto, a expectativa é de que haja efectivamente esse reforço na nossa oferta e que a qualidade dessa nossa oferta seja reconhecida pelos nossos clientes. Não vou adiantar nada relativamente a volume de negócios. O que lhe posso dizer é que os investimentos na área digital em Portugal rondam os cinco por cento, talvez mais um pouco nesta altura, com mais ou menos peso em cada um dos grupos. Não estamos a falar ainda de dimensões superiores a este valor. A tendência desta área é o crescimento. Portugal está ainda um pouco atrasado relativamente a outros países da Europa, mas é natural que os investimentos na área do digital venham a crescer e a assumir um peso maior. Neste caso, estamos a falar de uma empresa que vai trabalhar na plataforma internet, que tem um peso que não excede os cinco ou seis por cento do investimento publicitário. Mas todo o mercado e plataformas vão digitalizar-se, talvez com excepção do outdoor, pelo que o sentimento de necessidade existe por parte de todas as agências.

M&P: Ao nível de estrutura e clientes, esta unidade está a ter algum tipo de sinergia com as restantes empresas do grupo?

JDP: Está a trabalhar os clientes que já tinha antes da aquisição e conjuntamente com cada uma das nossas agências de meios porque o search só faz sentido se for trabalhado de uma forma integrada. Portanto, está a reforçar a oferta de cada uma das nossas agências.

M&P: Falou há pouco no crescimento do digital. Ao nível do grupo, quais são as perspectivas para este ano? Em que áreas vão apostar mais?

JDP: O Group M vai crescer este ano no seu todo, mas naturalmente vai crescer mais nas áreas digitais do que nos meios tradicionais. Na área digital crescerá seguramente a dois dígitos, em termos globais não crescerá mais do que aquilo que o mercado crescer, que poderá rondar os três por cento. Ao nível do investimento estamos a apostar claramente em reconverter e reforçar a nossa oferta na área digital.

M&P: Está a ser ponderada a abertura a novas áreas de negócio este ano?

JDP: Vai passar muito pelo reforço das áreas de negócio que já temos. Quanto a outro tipo de projectos é prematuro falar. Claro que um grupo desta dimensão tem sempre várias coisas a andar, as coisas vão acontecendo de uma forma natural, as negociações com parceiros demoram sempre mais tempo do que se espera… Mas será tudo no sentido de reforçar a nossa oferta e a nossa posição no mercado, que é já uma posição forte e que precisamos de manter e reforçar.

Estratégias para a Maxus e Publimeios

M&P: Relativamente à questão do surgimento da Maxus e do fim da Publimeios…

JDP: Maxus e Publimeios são dois assuntos que nada têm a ver um com o outro. A Maxus é a quarta marca global do grupo. A razão pela qual este grupo tem várias marcas globais tem a ver com a gestão do portfólio de clientes porque entendemos que não podem coabitar na mesma agência clientes que operam no mesmo sector, com as mesmas necessidades, sem que isso implique uma equipa totalmente exclusiva. A Maxus vem responder apenas a isso. Com o crescimento que tem tido nos últimos anos, o grupo viu-se obrigado a criar mais uma operação global. A Maxus nasceu em Portugal quando ganhou internacionalmente o grupo Fiat e depois cresceu, fez o seu caminho, criou o seu posicionamento, fez um ano de 2009 muito bom apesar de ser um ano de arranque. Já está presente num número significativo de países.

M&P: O arranque da Maxus em Portugal não coincidiu com o fim da Publimeios?

JDP: Não, a Publimeios não chegou nem vai chegar ao fim. O que acontece é que estes grupos, por razões históricas ou por razões tácticas, podem por vezes ter pequenas operações locais. E é isso que se passa com a Publimeios. É uma operação local, com uma vocação claramente local. A Publimeios continua perfeitamente activa, continua a fazer parte do grupo e a ter os seus clientes. Até haver uma decisão em contrário que não está prevista.

M&P: Mas deixou de constar no organigrama do grupo.

JDP: Não consta. A empresa existe mas, enquanto grupo, não damos visibilidade às operações locais. A Publimeios é, historicamente, uma empresa muito vocacionada para trabalhar com pequenas agências criativas. O seu tipo de negócio é mais este, que já existia antes da criação do próprio Group M, e mantém-se assim, não tendo como objectivo concorrer com as outras agências de meios. É uma operação muito local, tem um posicionamento muito forte nesse sentido, e a nossa opção é não dar visibilidade porque o Group M dá visibilidade às quatro marcas globais.

M&P: Referiu que foi um bom ano de arranque para a Maxus. Já tem um peso significativo no grupo?

JDP: Ainda não tem um peso muito significativo, só começou a operar em Fevereiro do ano passado, mas já tem alguns clientes interessantes como o grupo Fiat e o Lidl. Acabou por fazer um ano de arranque muito positivo. A Maxus tem uma equipa muito sénior, não é uma equipa que tenha nascido ontem nem foi nada construído à pressa e sem bases. O nosso objectivo, sendo um grupo global, é servir os nossos clientes de uma forma muito próxima da excelência e isso foi conseguido. Tudo o resto que venha é ganho.

M&P: Antecipa um ano mais difícil do que o último ou prevê um início de retoma?

JDP: Não me parece que seja mais difícil que o anterior mas acho que não podemos falar num início de retoma. Ainda estamos longe de um período sustentável. Vamos passar um período de três a cinco anos ainda complicado, com os investimentos a tender para uma estabilização, mas obviamente que essa estabilização tem razões. Em 2010, por duas ou três razões, é provavelmente um ano de crescimento. O mercado deverá crescer à volta dos três por cento e este deverá ser o crescimento das entidades a operar no mercado. Muito motivado por uma recuperação do preço, provocada pelas televisões, e no segundo trimestre com o Campeonato do Mundo de Futebol na África do Sul, que também reforça um pouco o investimento em meios. Mas não prevejo que este crescimento seja sustentado.

M&P: De um modo geral, qual está a ser a evolução de preços?

JDP: Este ano houve um movimento de retracção, houve um rappel do lado das televisões. Esse movimento foi uma forma que as televisões inventaram e exploraram para puxar o preço em alta de uma forma significativa em 2010. Há uma questão onde, eventualmente, as agências de meios estão mais vulneráveis. Hoje, e sobretudo desde 2008, os clientes forçam as condições de remuneração das agências em baixa. E não acredito que esse processo esteja terminado. Mas também não acredito que se possa ir muito mais longe sem pôr em causa a qualidade do serviço aos clientes. Esteve cá há pouco tempo Martin Sorrell e ele próprio reconhecia que os clientes querem o mesmo por menos, em alguns casos por muito menos, e que isso não é sustentável tendo em conta a natureza do nosso negócio. Mas acredito que o mercado vai encontrar um equilíbrio. Em 2010, o preço médio dos meios em Portugal está a subir, provocado pela subida de preços em televisão. Isto não era expectável em 2009 mas juntaram-se uma série de factores e parece que essa recuperação do preço está a acontecer.

M&P: No que diz respeito às métricas de audiências, considera que a amostragem para televisão está desajustada, com uma subvalorização do cabo/satélite, que começa a ter cada vez mais importância?

JDP: Todas as metodologias que estão a ser utilizadas são reconhecidas e aprovadas pelas partes envolvidas. Por isso, não considero nada. Agora, o dados são o benchmark para a formação do preço e, nessa medida, o importante é que a realidade não seja adulterada. O que se fala hoje sobre a penetração do cabo e a importância que tem na medição das audiências, acho que é uma falsa questão. A forma como deve ser visto o cabo não é comparável. Não podemos tratar aquilo que é a oferta dos canais de cabo, normalmente temáticos, que têm pouca audiência total mas uma grande afinidade com determinados grupos alvo, com aquilo que é a oferta das televisões generalistas porque a função é totalmente diferente. Nem sequer faz sentido comparar audiências, não se está a falar da mesma coisa. Conceptualmente é como comparar dois meios diferentes. O suporte é o mesmo mas a natureza da audiência é completamente diferente. Num tem uma audiência mais massificadora enquanto no outro é uma audiência mais para targeting. Acho que a natureza e a função se vão separar de uma forma absoluta e não faz sentido comparar as métricas. Se as métricas fossem diferentes não se perdia nada. Pelo contrário, ajudava a diferenciar as funções que cada um pode ter, apesar de fazerem parte do mesmo meio. O próprio approach criativo conceptual, se calhar, tem de ser visto de forma diferente porque os meios são diferentes apesar de o suporte ser o mesmo.

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“As marcas de distribuição jogam no próprio estádio e definem as regras, das quais nenhuma marca de fabricante beneficia”

A escassez de espaço para as marcas de indústria nas prateleiras dos supermercados, o impacto económico e reputacional das cópias parasitárias, o potencial de comunicação do retail media e a ameaça à inovação que as marcas de distribuição representam para as marcas de fabricantes são alguns dos temas abordados por Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, em entrevista exclusiva ao M&P

A poucas semanas do 3º Congresso das Marcas, a 28 de maio no Centro de Congressos do Estoril, que assinala também o 30º aniversário da Centromarca, Pedro Pimentel antecipa o que esperar do encontro subordinado ao tema ‘Cocriar o Futuro’. Partilha ainda os desafios das marcas de fabricantes e as razões para a necessidade de harmonização do IVA alimentar, uma reivindicação antiga da associação que dirige e que representa as empresas de produtos de marca, com cerca de 50 associados que detêm mais de 800 insígnias, totalizando no mercado nacional vendas anuais de cerca de €6 mil milhões.

A lista de preocupações da Centromarca divide-se entre consumidor, mercado, marca, regulação, fiscalidade e sustentabilidade. Qual destas é preponderante?

O ponto final é o consumidor final, que não pode ser prejudicado e, de preferência, deve ser beneficiado pelas novas regras, sejam quais forem e em qualquer matéria. Beneficiado não só financeiramente como em termos de escolhas mais transparentes e com mais opções, porque o mercado é bastante condicionado a nível da oferta disponível.

Condicionada em que sentido?

A prateleira é ocupada por poucas referências. A escolha é muito curta em bastantes lojas, por causa das marcas próprias dos retalhistas, que muitas vezes são os únicos produtos na prateleira, ou não são os únicos mas têm muito pouca concorrência de outras marcas. Isto pode trazer uma vantagem aparente para o consumidor, do ponto de vista financeiro – podem ser mais baratos ou não, mas isto é uma outra questão -, mas do ponto de vista de escolha está a ser-lhes retirado espaço.

Qual é a consequência dessa retirada de espaço?

Há uma segunda derivada que é a retirada de espaço para a inovação. Não é dado incentivo para colocar produtos novos no mercado porque não há espaço para os vender.

Isso está a acontecer?

Está. A inflação ajuda a justificar as necessidades das pessoas de adaptarem os orçamentos disponíveis àquilo que podem comprar, além do encarecimento real gerado por situações que não têm a ver com as empresas, como os custos associados às matérias-primas, à energia e por aí fora. Do ponto de vista dos retalhistas, a inflação levou a uma aposta cada vez maior em produtos das suas marcas, que no último ano e meio cresceram quase 10 pontos percentuais, que representa mais de €1.000 milhões transferidos das marcas de fabricantes para as marcas de distribuição.

É um número preocupante?

É preocupante para quem vende os produtos que deixaram de ser vendidos, mas há a diminuição da escolha para o consumidor, que é por onde esta transferência tem custos. A partir do momento em que os produtos que queremos não se encontram nos sítios onde vamos ou vamos a outro sítio ou compramos o que está lá. A partir do momento em que compramos o que lá está, porque muitos não têm liberdade de mobilidade e de tempo para andar à procura em outros sítios, estamos muito condicionados à oferta.

Essa situação acontece nos maiores grupos de grande distribuição?

Em Portugal, oito operadores representam quase 90% do mercado, o que faz com que os grandes retalhistas tenham quase 90% do mercado. É muito complicado uma empresa sobreviver sem estar presente nestes grandes grupos, porque não tem massa crítica para criar valor nem para ter uma operação minimamente sustentável do ponto de vista económico.

Além de a própria indústria retrair os investimentos em inovação?

Porque não consegue fazer o payback. Se a indústria investiga e lança um produto novo no mercado, que depois não consegue chegar à mão do consumidor, a capacidade de ter sucesso é muito baixa. As marcas próprias, normalmente, refletem os produtos das marcas dos fabricantes, porque a distribuição não tem fábricas. Há três tipos de fabricantes de marca própria: os que só fazem marca própria, as empresas que fabricam marcas líder e que também fabricam marcas próprias e as empresas que, com a ausência de espaço para os seus produtos, são conduzidas para o fabrico de marcas próprias, mesmo não sendo essa a sua estratégia.

É por isso que se vê nos supermercados as marcas de distribuição a apresentarem mais inovação do que as marcas de fabricantes?

Chama-lhe inovação porque não vê os produtos das outras marcas. Se um produto lançado por uma empresa tiver sucesso, daqui a meia dúzia de dias terá uma marca própria igual. As cadeias de distribuição, com muito raras e honrosas exceções, não têm fábricas. Podem ter departamentos de procura de inovação, mas não têm departamentos de desenvolvimento de inovação.

O que é que isso significa?

Quando não encontramos as marcas de indústria nos supermercados, essa marca pode surgir sob as vestes de uma marca própria. Mas, se deixarmos de apostar na diferenciação, amanhã não há roupa que sirva a marca própria, porque não há nada de novo para copiar. A questão prática é que quem faz inovação tem de ter capacidade de a pôr ao serviço do consumidor, sob pena de todo aquele esforço e investimento serem deitados ao lixo. Um produto que não seja patenteado é lançado no mercado e tem uma vantagem competitiva curtíssima. Porque, se o produto funcionar bem para o consumidor, vai aparecer uma marca própria no dia a seguir. Se não funcionar bem, vai deixar de ser vendido e isso não interessa nada à marca própria, o que faz com que o sucesso de um produto seja sempre trabalhado do lado de quem o lança no mercado.

A distribuição não lança produtos novos no mercado?

Lança, por uma razão simples: vai buscá-los algures, à Suécia, à Grécia ou a outro sítio qualquer. Mas esses produtos tiveram de ser criados, desenvolvidos e testados em algum sítio, e o risco associado a isto passa sempre pelas empresas fabricantes, o que é absolutamente relevante para as segundas e terceiras marcas porque, quando há concorrência na prateleira, a marca líder não desaparece.

Há categorias em que já nem existe uma marca líder?

Essa é a questão. Onde não está o líder, o que é que acaba por acontecer? Vamos ter alguma inovação durante algum tempo, mas a prateleira vai-se tornar amorfa, porque não há desenvolvimento de produtos novos. O nosso mercado já é relativamente pequeno, somos 10, 11 milhões de pessoas e com pouco poder económico. Se não há espaço na prateleira, há empresas que começam a fazer contas se vale ou não a pena continuar a apostar em Portugal. Mas, se não tiverem capacidade de pôr os seus produtos à venda, como é que conseguem ser uma empresa forte no mercado internacional, se no mercado local não têm espaço para vender? O investimento tem de começar em casa, porque uma empresa não consegue ser forte no mercado externo se não for uma empresa relativamente forte no mercado interno, que está muito condicionado.

Há algum objetivo com esse condicionamento?

Não digo que seja uma questão de opção clara, que se esteja a fazer isso com o intuito de destruir. Mas ao condicionar a oferta, de acordo com regras que aparentemente são aquelas que satisfazem uma fatia grande de consumidores, esquece-se os outros consumidores e o impacto que isto está a ter na economia.

Qual é o problema de base na questão das prateleiras?

O retalhista tem o supermercado. É o dono da prateleira e tem legitimidade para escolher o que é vendido. O que não é legítimo é percebermos que a forma como os produtos estão nas prateleiras pode não ser leal. É natural ter produtos com regras de acesso, por custo, contrapartidas que se têm de dar ou por necessidades do próprio retalho, mas isto cria condicionantes. Se um produto de marca de fabricante quiser estar numa prateleira, paga muito mais do que um produto da marca própria, que é da casa. O retalho entende que há consumidores que primam pelo preço, muito antes da questão da diversidade. O que entendemos é que há espaço para todos.

Os produtos de marca própria têm cada vez mais diversidade e qualidade. Acredita que as marcas de indústria vão desaparecer?

Não acredito. A qualidade dos produtos das marcas próprias só é melhor porque há um desenvolvimento do lado da indústria que o permite fazer. Mas podemos ter um futuro em que só existem as marcas retalhistas, não é impossível. Temos é a certeza de que não é o retalho que desenvolve esse produto, é a indústria que o faz, para as suas próprias marcas e criando o mercado. Claro que o retalho conhece os consumidores de forma mais próxima do que o fabricante, respondendo às suas necessidades. Mas quem estuda e antecipa as necessidades dos consumidores é a indústria, criando produtos não só para hoje como para amanhã.

Já há situações, em Portugal ou lá fora, em que retalhistas ou grandes grupos de distribuição estejam a comprar as fábricas das marcas?

Em algumas áreas, sim. Há o Marks & Spencer e alguns grupos nos Estados Unidos que têm uma integração vertical, com marcas próprias e desenvolvimento dos seus produtos. Em Portugal, o grupo Jerónimo Martins tem algumas unidades próprias para alguns produtos, como laticínios, aquacultura e carne, que são bens de primeira transformação. Mas quanto mais transformados mais os produtos são desenvolvidos inicialmente pela indústria. É um jogo que a distribuição quer e agradece, mas, ao apostar em ter menos produtos na prateleira, está a ser como o escorpião: gera um efeito pernicioso para si próprio. Hoje, resolve um problema, mas está a criar um problema de diversidade e oferta para amanhã, quando não tiver onde se abastecer com produtos diferenciados.

Essa dinâmica foi sempre um tema. Está mais agudizada nos últimos anos?

Não está mais agudizada, está influenciada pela inflação, que tem um impacto no orçamento disponível nas famílias e o retalho responde àquilo que é a exigência do consumidor. Quando o consumidor sente que a oferta é demasiado curta e não o satisfaz, o retalho vai ter de responder acrescentando oferta na prateleira.

Conferência Centromarca

Se experimentar a marca própria, que seja igual ou melhor do que a da indústria, acha que o consumidor vai fazer esse regresso?

Esse é o risco. A adesão à marca própria não é só uma questão socioeconómica, tem a ver com a sua disponibilidade. Na questão do ser melhor, há duas componentes: o melhor absoluto e a relação qualidade/preço. Na marca própria, não há produtos melhores, há produtos que se tornam tão bons como ou quase tão bons como, porque são feitos no mesmo sítio dos das marcas de fabricantes. Em muitas áreas, como a cosmética, a marca própria não tem a insígnia do retalhista e os consumidores compram produtos sem terem a consciência clara que são produtos de marca própria. Porque é que esses produtos de marca própria não têm a denominação do retalhista?

Por que razão?

Porque o retalhista entende que para determinadas categorias de produtos, a sua insígnia não é relevante nem atrativa. Pode ser para pôr numas salsichas ou numa garrafa de água, mas não para pôr num creme de rosto ou num uísque. A distribuição tem feito o seu caminho, e bem, não há nenhuma discussão em relação a isso.

E, nesse caminho, tem estado aliada com a indústria ou contra a indústria?

Aliada da indústria não o será. Quando se inunda a prateleira com produtos de marca própria, queira-se ou não, há produtos que vão ter de sair e normalmente saem os das marcas de fabricante. Mas não tem de ser assim para todo o sempre e aqui entra a questão da condição económica. A pressão destes últimos anos foi excessiva, mas é uma resposta ao orçamento disponível dos consumidores e também à entrada de operadores no mercado com uma filosofia diferente, como o Lidl e o Mercadona, que obriga os que estão instalados a reagirem. Mas reage-se jogando o mesmo jogo – e quem decide isto são os retalhistas – ou reage-se com uma opção diferente da que é oferecida pelos que estão a entrar?

Qual é a opinião dos fabricantes?

A questão é perceber se cadeias como a Jerónimo Martins, Auchan, Sonae Intermarché, e por aí fora, devem ou não ser seguidistas do modelo do Lidl e do Mercadona, que têm outra dimensão e racionalidade. O que assistimos é ao crescimento destas marcas, mas, do lado dos outros, há uma resposta muito próxima, que faz com que alguns consumidores não tenham as suas ofertas. Vão a essas cadeias e não encontram as marcas que procuram, mas, quando vão às outras, também não há.

As marcas de distribuição são uma concorrência desleal?

As marcas de distribuição, enquanto jogadores no próprio estádio, definem as regras do jogo, das quais nenhuma marca de fabricante beneficia. Se, por absurdo, o Continente resolver vender a marca própria no Pingo Doce, ou o Pingo Doce decidir vender no Auchan, passando a ser uma marca como outra qualquer, a vantagem é a mesma? Acha que a empresa que vende 40% de marca própria nas suas lojas vai conseguir vender os mesmos 40% se for uma marca como outra qualquer em outros supermercados? A vantagem não deriva do produto ser melhor do que o da concorrência, deriva de ser o dono da prateleira e de ser ele a marcar o preço. É uma relação enviesada, construída para um determinado espaço, mas essa vantagem competitiva perde-se quando se sai da própria porta. Não sendo ilegítimo, cria uma dificuldade adicional para as marcas.

As cópias parasitárias ou copycats têm a ver com as marcas da distribuição?

Não só, mas também. Quando uma marca é criada há quem tente aproveitar a imagem, a embalagem, as cores e o tipo de letra de outras marcas. Não há nenhuma cola de supermercado, por exemplo, que não tenha um C a remeter para a Coca-Cola. Claro que não posso dizer que nenhuma água pode ter um rótulo azul porque a Luso é azul, porque há cores que estão associadas a um tipo de produto. O problema é ver cópias absolutamente fiéis, inclusive em marcas não são da distribuição, como o chá Tley quando há a marca Tetley. O que acontece é a pessoa levar para casa e consumir um produto sem ter noção de que foi enganada. Com o atum acontece muito: vê-se uma lata amarela e julga-se que é Bom Petisco e chega-se a casa e percebe-se que não é. Pior ainda é quando isto acontece e o consumidor nem percebe que cometeu o erro.

É pior porquê?

Porque consume o produto e diz ‘isto é uma porcaria, vou deixar de comprar Bom Petisco’. Há uma consequência prática do que alguém vendeu nas costas de outra marca, denegrindo a qualidade do produto. Alguém cujo argumento de venda é ‘se o meu produto for parecido com este, pode ser que a pessoa se confunda’. Quando são as marcas próprias é um jogo diferente, em que tentam associar-se à imagem da marca líder, para criar a ideia de que o consumidor está a comprar um produto parecido porque a marca própria é fabricada e tem uma embalagem muito parecida com a do líder. A confusão na prateleira com cópias parasitárias tem consequências negativas para a reputação das marcas, mas também económicas porque uma marca deixa de vender para a outra vender, sendo desleal para o consumidor.

Há dados sobre as compras por confusão de marcas?

Em Portugal, não temos nenhum estudo sério sobre isso. Foi feito um, mas não foi bem construído, porque não teve as perguntas corretas. No Reino Unido, há quatro ou cinco anos, foi feito um estudo que indicava que em cada 100 cestos de compras, 35 tinham um produto errado, no mínimo. Em 35 das 100 idas às compras foi levado para casa, pelo menos, um produto errado, por confusão. Fazendo as contas das cópias parasitárias no mercado inglês, que é sete vezes maior do que o nosso, estamos a falar de um problema em Portugal que representa €€100 milhões, em termos do valor por ano que os detentores das marcas que são copiadas perdem em vendas para marcas que não são as suas, o que no fundo é uma transferência de compra.

Como é que se resolve o problema das cópias parasitárias?

Quando é entre fabricantes e distribuidores, a discussão tem uma componente mais difícil porque é um quadro de relação entre dois competidores. Não se pode hostilizar. Nos casos de falsificação, há uma fiscalização da ASAE, relativamente simples. É difícil uma cadeia de distribuição ter à venda um produto contrafeito, mas tem copycats, porque a legislação parte do princípio de que quem avalia é que tem de achar se é parecido ou não e isso introduz uma interpretação. Mas há questões que não são subjetivas, como a embalagem, o tipo de letra ou as alegações publicitárias que são colocadas nos produtos. Olha-se para esta questão, às vezes, não com os olhos do entendimento normal e da capacidade de uma pessoa ser ou não confundida, mas pela perspetiva pessoal do ‘não sou tonto e a mim ninguém me engana’. O que queremos é transformar este ‘achismo’ numa questão linear do ponto de vista da legislação, porque este não é só um problema português, é internacional. Tem de existir uma forma mais forte de controlar o problema e de educar os meios jurídicos para perceberem a situação, que tem impactos económicos brutais.

No retail media, o poder dos retalhistas também sai reforçado?

O retail media permite ir mais além no comércio eletrónico e dá mais poder aos retalhistas, mas também tem uma concorrência, que são os media normais. A questão prática é que são raríssimas as pessoas que andam na rua com um jornal na mão, mas toda a gente anda com o telemóvel. Há uma transferência da nossa vida e da comunicação para o digital. Por outro lado, a comunicação social está a atravessar dificuldades, que em parte se prendem com os modelos associados às publicações em papel, que têm uma representatividade importante do ponto de vista reputacional, mas que são modelos muito curtos em termos da expressão das vendas.

Como é que vê o papel do retail media?

O retail media é o aproveitar do ‘dois em um’ que tem um impacto em termos de comunicação, até mais do que de vendas. Terá algum impacto na construção de marca porque tem presente as próprias marcas das cadeias de distribuição, mais as que quiserem pagar por isso. Não deixa de ser uma relação relativamente próxima daquela que existe na prateleira, não é uma coisa completamente nova.

É uma evolução da prateleira?

Sim, sendo que o retail media traz componentes que, apesar de tudo, são relativamente inovadoras. Já temos hoje locais físicos que promovem a venda digital, enquanto o retail media, principalmente no FMCG [bens de consumo rápido e custo baixo], faz o inverso. Ou seja, vai-se conhecer o produto digitalmente para depois o comprar na prateleira, porque não faz sentido comprar online um produto de €3 ou €5, com os custos associados à entrega em casa. A outra componente é que o digital permite uma personalização da mensagem, que é onde a grande evolução se vai fazer. A questão prática é a utilização da parte de media com personalização – que é um dos dois P’s adicionais no marketing, além da proximidade -, quer por marcas como por retalhistas, e que vai fazer muito a diferença. Uma empresa, supermercado ou fabricante de uma marca tem de ser capaz de comunicar de forma que não seja igual para todos, para isso existe a televisão.

O comércio eletrónico já faz essa personalização. Qual é a camada extra ou formatação diferente do retail media?

Correndo o risco de ser desmentido, diria que o comércio eletrónico, no caso do retalho alimentar, é uma operação em que ninguém ganha dinheiro. Faz-se porque é preciso, para um número de consumidores reduzido, mas com alguma expressão, e os custos associados são muito altos. Quando se compra online um telemóvel de €500, um senhor numa mota vai entregá-lo dentro de uma caixinha e está feito. Quando se faz uma compra de €100 no supermercado – que podem ser 50 produtos diferentes -, uma camioneta tem de ir a casa e leva sacos com congelados, outros com produtos frescos e outros à temperatura ambiente. Do ponto de vista operacional, desde a preparação até à entrega, é incomparavelmente mais caro. Quando se faz retail media estamos a conduzir as pessoas à loja, não estamos a levar as pessoas da loja para comprarem em casa.

É a evolução do folheto de supermercado?

É a conversão do folheto com aspetos que o retail media pode fazer que num folheto é difícil. Por exemplo, quero cozinhar strogonoff de frango e o retail media apresenta-me os ingredientes necessários, com soluções que não existirão numa loja física. O retail media pode trabalhar de forma diferente e, para as marcas, isto não é forçosamente negativo. Vai implicar que as empresas tenham linguagens digitais completamente trabalhadas. Há muitas empresas que já a têm, mas haverá outras que terão de evoluir. Outra vantagem é a conformidade conseguida com a digitalização da prateleira, que permite alteração de preços sem ser com papéis. Já há algumas grandes superfícies com prateleiras digitais, julgo que a Sonae, mas não terá em todas as lojas. Do lado das marcas, por outro lado, há uma série de regulamentações difíceis de verter para a embalagem. A tecnologia de código QR permite isso, em que o retail media pode ter ecrãs táteis digitais nas lojas, em que se acede à informação sobre determinado produto.

As marcas em geral estão mais fortes ou mais fracas?

Globalmente, as marcas estão mais fortes porque têm feito um esforço grande de inovação e crescimento de negócio para muitas áreas geográficas onde não existiam, mas também porque existe um movimento de empresas pequenas em nichos de negócio, que as grandes marcas percebem que são relevantes e acabam por as comprar. Numa perspetiva mais local e de curto prazo, as marcas, nos últimos dois anos, perderam claramente espaço de venda. Por outro lado, as crises separam as marcas que têm um papel na vida das pessoas, que não as esquecem nem abandonam, das que não têm. O que significa que as marcas que são irrelevantes, porque deixaram de comunicar ou foram atrás do preço mais barato face às outras marcas, acabam por perder espaço na cabeça e na carteira das pessoas. Quando não conseguimos o cérebro das pessoas, o resto vai por inerência e nisto a comunicação é fundamental.

As marcas portuguesas estão mais fracas?

Proporcionalmente, não estão mais fracas do que as restantes. Há um fenómeno típico de períodos de maiores dificuldades, que é o consumidor procurar o que é nacional e regional, para contribuir para um bem maior. As marcas portuguesas nestes períodos sofrem, mas não sofrem mais do que as internacionais, por haver a tendência para defendermos aquilo que é nosso. As marcas não são só um logo, são um storytelling e, para os consumidores portugueses, as marcas nacionais têm esse storytelling.

Congresso para pensar o futuro das marcas
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Quais são os temas centrais do Congresso das Marcas?
Pensar o futuro de uma forma construtiva em algumas áreas fundamentais, falando do contexto económico e social. Partindo daqui, entramos numa lógica sequencial, em que começamos por questionar o que é o consumidor, se há um consumidor de futuro e se há, efetivamente, uma transição de consumo. Em segundo ponto, abordamos a relevância da comunicação para fazer chegar o produto ao consumidor. A seguir, há um tema central dedicado à forma como a modificação demográfica em Portugal afeta o mercado. Ou seja, falarmos sobre a baixa natalidade, o envelhecimento e a imigração em termos de consumo. Temos em Portugal mais de 800 mil pessoas de nacionalidade brasileira, o que é mais do que o distrito de Braga. Nenhuma empresa em Portugal deixa de trabalhar com o distrito de Braga, mas, às vezes, as marcas esquecem que há 800 mil brasileiros como mercado. É pensarmos num país que vai precisar de trazer pessoas de fora que, além de fazerem o trabalho que não queremos fazer, são consumidores. Somos capazes de atrair e reter uma imigração válida para Portugal e o consumo ajuda. Se encontrarem os produtos próximos das suas raízes, se alguém pensar, trabalhar e comunicar para eles, essas pessoas estarão cá mais confortáveis. Algumas marcas já fazem isto, mas de uma forma que ainda tem de crescer no futuro.

Que outras questões serão abordadas nessa lógica de futuro?
Vamos falar também na ética e na intrusão, de como os cidadãos são confrontados com mensagens publicitárias. Em cada consumidor há um ser humano e, se queremos conquistar o consumidor, temos de conquistar o ser humano. Temos de o entender pelo que compra, mas muito pelo que não gosta eticamente. A seguir vamos abordar como podemos ter marcas em Portugal que sejam globais, a partir da forma como a marca é desenhada e construída. Podemos ter a veleidade de achar que somos capazes de fazer isso? Há outra parte sobre digitalização e inteligência artificial (IA) e como isto vai evoluir em termos de retail media. A fechar, temos uma discussão entre o presidente da Centromarca e o presidente da APED. Mesmo com todos os problemas que temos entre nós, há um espírito positivo e muitas coisas comuns e partilhadas. No final, temos um orador internacional, um espanhol especialista em inovação, que falará sobre como é que as marcas podem fazer inovação que tenha valor adicional para as pessoas, com relevância e propósito. Numa altura em que as prateleiras são mais curtas e há uma otimização de sortidos – que na verdade se chama redução de sortidos -, é preciso entender que as empresas têm de deixar de disparar a metralhadora e usar uma carabina, sendo mais consciencioso no lançamento de produtos, sob pena de fazerem investimentos inadequados. As marcas têm de antecipar, em vez de responder às necessidades dos consumidores.

A sustentabilidade e os desafios da indústria na adaptação aos objetivos da Agenda 2030 não estão no programa. Porquê?
A sustentabilidade vai estar quando falarmos na ética – que esses objetivos não são só ambientais – e também na IA, na parte em que serve a sustentabilidade no controle de cadeias e de garantias de origens. No final, na intervenção sobre inovação, espero que se faça perceber que uma parte substancial da inovação relevante tem de dar resposta a essas questões. Não é possível fazer inovações que não respondam também, simultaneamente, a esses objetivos. A sustentabilidade, hoje em dia, é pré-requisito não é diferenciação.

 

Harmonização do IVA e atrasos nos pagamentos
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A Centromarca tem uma lista de oito prioridades. Quais são as mais importantes?
A questão do IVA é absolutamente fundamental e é relevante do ponto de vista económico e do consumidor. A experiência com o IVA Zero na alimentação demonstrou que as medidas políticas têm impactos práticos na vida das pessoas. Mais do que a questão económica, está em causa a desorganização dos impostos, com produtos muito semelhantes com taxas diferentes. Há uma manta de retalhos que acaba por introduzir vários efeitos práticos. Primeiro, uma concorrência desleal entre produtos, muitas vezes semelhantes mas que têm tratamentos fiscais diferentes. Segundo, a confusão do consumidor, que aconteceu com o IVA Zero, em que muitas pessoas estavam convencidas que determinados produtos estavam beneficiados, porque, por exemplo, uma taxa era aplicável ao atum em lata, mas não era aplicável ao atum cru.

Qual é a vossa proposta?
Os 6% ou a taxa que se entender, não somos completamente dogmáticos. É importante que não haja uma perda significativa de receita fiscal. Há dois pontos-chave: primeiro, a consciência clara de que a alimentação não é um luxo e não devia nunca ser tratada como tal, e, segundo, qualquer produto novo lançado no mercado, por definição, tem sempre a taxa máxima de 23%, porque não está previsto no código. Qualquer produto inovador tem logo uma desvantagem no mercado de 17%, relativamente a um produto que já existe.

Por que razão há essa diferenciação?
O código do IVA diz que todos os produtos são taxados a 23%, ‘a não ser que’. Então, criam-se listas quase nominais de produtos que são beneficiados, que dizem, por exemplo, que inclui o sumo de banana com morango, mas se for um sumo de banana com morango feito de uma maneira diferente, já não está abrangido. Cada vez que é lançado um produto efetivamente diferente, não existe nestes códigos e é penalizado automaticamente. Se tivéssemos uma taxa aplicável ao alimentar, que não tivesse este tipo de descrição, havia um encaixe automático.

Harmonizar o IVA na alimentação significa perda de receita fiscal. É uma hipótese realista?
Numa proposta que se faça – que tem e vai ser apresentada o mais rapidamente possível – temos de ter a noção que o Estado não pode perder muita receita fiscal e que temos de fazer alguns trade-offs. A taxa hoje de 6% poderá ser de 7% e a perda de receita tem de ser compensada, de forma efetiva e que o Estado entenda. Temos taxas diferentes de Portugal para a Espanha, que são penalizantes para os produtos, porque as pessoas são convidadas a fazer as compras do lado de lá da fronteira. Perde-se duas vezes: as empresas que estão cá e o Estado português, porque as pessoas estão a pagar do lado de lá. Estas contas ajudarão, esperamos nós, a convencer o Estado de que esta medida é necessária, por questões de justiça social básica e de valorização económica dos produtos, mas também de equilíbrio de contas entre Portugal e Espanha e de contas do ponto de vista da relação das pessoas com um produto básico, que é a alimentação.

A harmonização do IVA é uma reivindicação antiga da Centromarca. Há quantos anos andam nessa batalha?
Não é de agora e teve os seus altos e baixos. A questão do IVA Zero, no ano passado, introduziu este tema muito mais na agenda. As entidades perceberam os efeitos práticos, inclusive do ponto de vista de controle da inflação, e tiveram de fazer escolhas, porque não era possível o Estado absorver todos os produtos. O que é relevante é que, quando fazemos escolhas, estamos sempre a beneficiar alguém em prejuízo de outro alguém, quer seja o consumidor – que muitas vezes está a consumir aquilo que não seria a sua preferência -, quer as empresas, porque a empresa que produz o produto que é beneficiado é sempre beneficiada relativamente àquela que não é.

Qual é a segunda prioridade da Centromarca?
Há um dossiê em discussão em Bruxelas, vamos ver se vai ser ainda decidido no quadro desta legislatura, que tem a ver com os atrasos dos prazos de pagamento dos fornecedores, em qualquer setor de atividade. Os aumentos das taxas de juros e o consequente aumento do custo do dinheiro fazem com que este assunto, sendo sempre muito relevante, tenha assumido uma preponderância maior nos últimos anos. A vantagem maior é termos um mercado mais fluido e a redução do recurso ao crédito.

O que é proposto nesse regulamento?
Propõe um prazo normal de 30 dias para pagamentos de todo o tipo, que pode ser alargado até ao máximo de 60 dias, se houver um acordo entre as partes. O que há hoje é uma regra genérica na União Europeia que diz que o prazo normal são 60 dias, que tem um encurtamento para um prazo de 30 dias. Há uma segunda condicionante que é a existência de uma liberdade contratual, mas passará a haver um teto mais normal. Em Portugal, temos um histórico de atrasos de pagamentos. É um problema quase endémico. Paga-se tarde porque se recebe tarde, e recebe-se tarde porque se paga tarde.

Qual é o prazo médio de pagamento dos associados da Centromarca?
Não há um prazo médio, cada cliente tem prazos muito diferenciados e há regras, quer de contratos como de acordos financeiros que são feitos, no sentido de encurtar os prazos. Mas é seguramente acima dos 30 dias e, em muitos casos, acima dos 100. Seria razoável estes 60 dias que são propostos porque não introduz alterações significativas para os pagadores regulares. Aos pagadores mais relapsos, os que têm atrasos maiores, vai exigir algum esforço adicional.

Sobre o autorCatarina Nunes

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Marketing

Uso de IA generativa faz disparar produção de conteúdos promocionais

Até 2030, de acordo com um estudo internacional elaborado pela empresa Bynder, serão produzidos, em todo o mundo, mais de 72 milhões de conteúdos promocionais com recurso a esta tecnologia. 79% dos inquiridos considera estas comunicações mais criativas

Desde que o ChatGPT foi lançado, a 30 de novembro de 2022, a produção de conteúdos promocionais com recurso a inteligência artificial (IA) generativa aumentou 57%, avança um estudo internacional elaborado pela empresa tecnológica neerlandesa Bynder, a que o M&P teve acesso. Segundo a análise, elaborada a partir das respostas a um inquérito dadas por dois milhares de participantes, os consumidores globais estão atualmente a recorrer à IA para descobrir novas marcas e interagir com as empresas que as produzem e comercializam, com 76% a não se importarem com o uso de imagens e comunicações produzidos através desta tecnologia generativa.

De acordo com o estudo, só 26% é que consideram as insígnias impessoais por usarem conteúdos promocionais que não foram desenvolvidos por humanos e só 20% é que lhes chamam preguiçosas por fazê-lo. Um quinto dos inquiridos (19%) considera as empresas que o fazem pouco criativas, ao contrário dos 79% que defendem o oposto. A Bynder estima ainda que, até 2030, serão produzidos, em todo o mundo, mais de 72 milhões de conteúdos promocionais com recurso a IA generativa para as redes sociais e as plataformas digitais, o que prefigura um aumento de 23% face aos números atuais.

“Há medida que a IA evolui, há mais profissionais de marketing a usá-la para a produção de conteúdos, mas é importante nunca perder de vista as boas práticas. Este nosso estudo volta a demonstrar que os marketeers nunca se podem esquecer que o elemento humano é o mais importante das campanhas”, sublinha Warren Daniels, diretor de marketing da Bynder. “Ainda que a IA possa beneficiar muito o trabalho que desenvolvem, todos os anos surgem novos desafios que exigem conhecimentos mais aprofundados. Apesar de ser um apoio a considerar, deve ser sempre priorizada o uso de IA de forma responsável”, defende o responsável.

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Digital

YouTube reforça estratégia de comércio eletrónico para criadores de conteúdo

As novas funcionalidades permitem aos criadores de conteúdo criar uma loja virtual com coleções de produtos (deles ou de terceiros), ter um centro de afiliados para os criadores estabelecerem parcerias com marcas e facilitar aos criadores de conteúdo a integração das suas próprias lojas digitais no YouTube

O YouTube está a lançar três novas funcionalidades na plataforma de comércio eletrónico YouTube Shopping, dirigida a criadores de conteúdos. As novas funcionalidades permitem aos criadores de conteúdo criar uma loja virtual com coleções de produtos (deles ou de terceiros), ter um centro de afiliados para os criadores estabelecerem parcerias com marcas e facilitar aos criadores de conteúdo a integração das suas próprias lojas digitais no YouTube.

Na funcionalidade que permite criar coleções de produtos, os utilizadores podem visualizar e comprar os produtos selecionados pelo criador do conteúdo. As coleções vão aparecer na lista de produtos do criador, no separador Loja e na descrição dos vídeos do criador. Numa fase inicial, os criadores só poderão criar coleções no YouTube Studio no telemóvel, mas está prevista a integração em computadores em breve.

O novo centro de afiliados, por seu lado, serve para facilitar aos criadores de conteúdo o estabelecimento de parcerias com marcas e a procura de informações sobre a lista mais recente de parceiros de compras, taxas de comissão competitivas e códigos promocionais, e vai ser integrado na aplicação do YouTube. Os criadores de conteúdo também vão poder utilizar o centro de afiliados para solicitar amostras das marcas. O YouTube afirma em comunicado de imprensa, que a ideia do novo centro de afiliados é facilitar aos criadores o planeamento de vídeos de compras.

A terceira nova funcionalidade é a integração do Fourthwall, uma plataforma de criação de websites, na lista de plataformas integradas do YouTube. Ao permitir que os utilizadores liguem a sua loja digital Fourthwall ao YouTube, a criação e gestão dos conteúdos e produtos dos criadores é facilitada, sendo feita diretamente no YouTube Studio. Recorde-se que o YouTube já oferece esta integração com a Shopify, a Spreadshop e a Spring.

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Snowberry e Les Diables assinam nova campanha da MO (com vídeo)

Picnic By The Sun é o nome da campanha publicitária multimeios que apresenta as novidades da marca de moda para a primavera/verão de 2024. Fotografada por Joel Bessa e filmada por Les Diables, no Alentejo, foi desenvolvida em colaboração com a Snowberry

Fotografada por Joel Bessa no Alentejo, a campanha publicitária que promove a coleção de primavera/verão 2024 da MO foi idealizada pela Snowberry. O filme de 90 segundos que a integra, também disponível numa versão de 30 segundos, foi filmado por Les Diables. Com planeamento de meios da Havas Media e comunicação da BA&N, começou a ser divulgada nas redes sociais a 13 de maio e vai ser comunicada em rádio e em múpis entre 20 e 31 de maio, apurou o M&P. Também em destaque no site da marca, vai ser amplificada nas próximas semanas com marketing de influência.

“Inspirada nas férias mediterrânicas, esta nova coleção transporta-nos até Itália, onde o azul do céu e do mar se encontram e os aromas frescos de citrinos preenchem o ar”, informa a MO, etiqueta de vestuário e acessórios do grupo Sonae, em comunicado de imprensa. “Esta coleção destaca-se pela paleta de cores vibrantes e pelos artigos de edição especial para toda a família vestir a combinar, criando peças irresistíveis que já começam a marcar presença nas ruas portuguesas, adicionando um toque de irreverência e descontração ao verão”, refere ainda o documento.

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APIT apresenta o 9º Encontro de Produtores Independentes de Televisão

O evento arranca terça-feira às 9h45, com as boas-vindas de Susana Gato, presidente executiva da APIT e, ao longo da manhã, Lottie Towler, analista principal da Ampere Analysis, apresentará o retrato do mercado audiovisual internacional

A Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT) volta a apresentar mais uma edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão, com o objetivo da aproximação dos profissionais do setor audiovisual, a 14 de maio n0 Montes Claros – Secret Spot, numa reflexão e debate sobre os temas mais atuais do mercado audiovisual internacional e nacional.

O 9º encontro da associação apresenta vários painéis com convidados reconhecidos do setor audiovisual, com foco em temas da atualidade, como a inteligência artificial. O evento arranca terça-feira às 9h45, com as boas-vindas de Susana Gato, presidente executiva da APIT e, ao longo da manhã, Lottie Towler, analista principal da Ampere Analysis, apresentará o retrato do mercado audiovisual internacional.

O consultor digital Dan Taylor-Watt falará sobre o tema ‘Fazer sentido da IA’, seguido pela apresentação da mais recente edição do Anuário do Setor Audiovisual em Portugal, por Catarina Duff Burnay, professora na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. A manhã termina com uma conversa com Teresa Paixão, diretora da RTP2.

A tarde será ocupada com o debate ‘Os desafios da inteligência artificial’, que conta com um painel composto por Manuel José Damásio, diretor do departamento de cinema e comunicação multimédia da Universidade Lusófona, António Gomes, diretor-geral da Gfk Metris, Paulo Santos, diretor-geral da GEDIPE, Bruno Gaminha diretor do departamento de distribuição da GDA, e Vasco Monteiro vice-presidente da APAD. Seguidamente, António Gomes apresentará um estudo sobre a forma como os portugueses encaram a IA.

Para terminar, José Fragoso da RTP, Daniel Oliveira da SIC e João Patrício da TVI, juntam-se num painel sobre televisão para partilhar experiências sobre os desafios que as três estações generalistas portuguesas enfrentam. As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias e limitadas, e ficam sujeitas a confirmação posterior, através de e-mail.

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Lola Norma Jean cria campanha para mobilidade elétrica da Santogal

A campanha ‘Quilómetros de Dúvidas’ conta com Leandro Alvarez como diretor criativo executivo, Nuno Trindade e Gabriela Kopke, como redatores, Péricles Kwiatkowski e Rodney Gontijo, como diretores de arte, e Renato Sousa e Daniel Lourenço, como artes finalistas

‘Quilómetros de Dúvidas’ é o tema da campanha publicitária criada pela Lola Norma Jean para o Grupo Santogal, para desconstruir mitos associados à mobilidade elétrica, no âmbito do novo serviço de consultoria em mobilidade elétrica deste grupo de retalho automóvel.

Outdoor, rádio e redes sociais são os meios envolvidos na campanha que ilustra as mais-valias para os atuais e futuros clientes da Santogal do serviço de consultoria vocacionado para o cliente particular, de forma personalizada e ajustada ao perfil e às necessidades de cada um. A campanha ‘Quilómetros de Dúvidas’ conta com Leandro Alvarez como diretor criativo executivo, Nuno Trindade e Gabriela Kopke, como redatores, Péricles Kwiatkowski e Rodney Gontijo, como diretores de arte, e Renato Sousa e Daniel Lourenço, como artes finalistas.

O serviço de consultoria em mobilidade elétrica, que é prestado por uma equipa composta por consultores do Grupo Santogal especializados em mobilidade elétrica, visa primeiramente fazer o diagnóstico do perfil dos clientes e aferir a sua adequação à mobilidade elétrica e a todos os modelos de automóveis híbridos e 100% elétricos existentes no mercado.

Para Dora do Rosário, diretora de marketing do Grupo Santogal, “o lançamento deste serviço é estratégico para o nosso posicionamento no mercado porque temos a ambição de liderar a transição para a mobilidade elétrica. O tema da campanha, ‘quilómetros de dúvidas’, espelha na perfeição o que pretendemos fazer: como especialistas em mobilidade elétrica, colocar todo o nosso conhecimento ao serviço dos clientes”.

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Media

Audiências: Consumo diário de televisão inverte tendência de crescimento

Na semana de 6 a 12 de maio, o futebol europeu ocupa a primeira posição do ranking global da programação e o canal da Media Capital mantém a liderança semanal. A TVI é o único canal que reforça a quota nesta semana, a SIC mantém e a RTP1, Cabo e Outros descem. O pódio dos canais mais vistos na televisão por
cabo permanece inalterado (CMTV, CNN Portugal e SIC Notícias)

O consumo global de TV inverte a tendência de crescimento que tem tido e regista uma quebra esta semana, cai cerca de 27 minutos por dia e é agora de cinco horas e sete minutos por dia.

Nas variações da quota de audiência semanal, a TVI é o único canal que reforça quota esta semana; a SIC está em clima de estabilidade e mantém o mesmo valor da semana anterior; RTP1, Cabo e Outros descem, embora com diferentes níveis de variação, e a TVI mantém a liderança da semana e aumenta a vantagem face à SIC.

Assim, a RTP1 desce uma décima e tem agora 10,3%, a SIC mantém os mesmos 14,0% de quota semanal que já tinha, a TVI reforça e atinge os 16,3% de quota. O Cabo e Outros descem, com o Cabo a ficar pelos 41,5% de quota, e o Outros (que inclui o visionamento em time shift, streaming e vídeo/jogos) a descer até aos 16,2% de quota semanal.

Na tabela dos mais vistos do cabo, o pódio da semana continua sem registar alterações, ocupado por CMTV, CNN Portugal e SIC Notícias, seguidos por STAR Channel, TVI Reality e Hollywood. Nas posições seguintes estão o STAR Movies, a Globo e a SIC Mulher, que está de regresso ao Top 10 dos canais mais vistos da semana. Na décima posição, e a fechar o top 10 da semana, está a TVI Ficção.

Mais uma vez esta semana, é um jogo da Liga dos Campeões que ocupa o topo do ranking da programação, desta vez com a transmissão do encontro Liga dos Campeões/Real Madrid X Bayern, feita pela TVI.

Nas posições que se seguem estão o reality show da TVI Big Brother – Especial e o Jornal da Noite da SIC. As posições restantes são ocupadas pela transmissão de Futebol – Liga Europa/Bayer Leverkusen X Roma, feita pela SIC e ainda pelo Festival Eurovisão da Canção 2024/Final, na RTP1.

O informativo Grande Jornal – Noite, da CMTV, ocupa o topo da tabela dos programas mais vistos da cabo da semana, composto exclusivamente por programas da CMTV. Seguem-se os desportivos Golos: Primeira Parte/FC Porto X Boavista, Duelo Final/FC Porto X Boavista e Golos: Segunda Parte/Benfica X Arouca. A fechar o Top 5 da semana está o Notícias CM.

Data Insights, Havas Media Network

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“O percurso profissional do Pedro Costa fala por si”

O filho do ex-primeiro-ministro António Costa entra no GCI Media Group como diretor-geral e para liderar a equipa de comunicação institucional. Licenciado em direito e pós-graduado em comunicação, cultura e tecnologias de informação, Pedro Costa integrou anteriormente duas empresas de organização e gestão de eventos desportivos

Pedro Costa, filho do ex-primeiro-ministro António Costa, é o novo diretor-geral do GCI Media Group e entra ao serviço deste grupo de agências de comunicação com o objetivo de potenciar novas oportunidades e fazer crescer o negócio.

“Pedro Costa tem como uma das principais responsabilidades potenciar novas oportunidades de negócio, seja no setor privado ou público, bem como contribuir para o crescimento do grupo, atuando em áreas estratégicas para o desenvolvimento de negócio, como por exemplo a comunicação institucional. Aqui terá um contributo ainda mais relevante, na medida em que vai liderar a equipa de comunicação institucional”, afirma André Gerson, CEO do GCI Media Group, em declarações ao M&P.

Pedro Costa é licenciado em direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (FDUL) e pós-graduado em comunicação, cultura e tecnologias de informação pelo Instituto Universitário Lisboa (ISCTE). Começa a carreira na organização e gestão de eventos desportivos, na João Lagos Sports, onde assume a direção de comunicação e marketing, e posteriormente, na Unisports, na qual ocupa o cargo de gestor de produto e, mais tarde, a gestão de desenvolvimento de negócio.

Foi vogal na Junta de Freguesia de Campo de Ourique, entre 2017 e 2020, chegando posteriormente à presidência, cargo que ocupou até 30 de abril de 2024. “O percurso profissional do Pedro Costa fala por si. Quer na vida partidária, quer nas empresas de organização, promoção e desenvolvimento de eventos desportivos por onde passou, a comunicação institucional foi uma das suas áreas de especialização,” sustenta André Gerson.

A entrada de Pedro Costa no GCI Media Group surge 10 dias depois de renunciar ao cargo de presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, devido a alegadas tensões nas relações políticas e institucionais com Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Outra das contratações do GCI Media Group é Carlos Gouveia Martins (licenciado em administração pública e políticas do território, mestre em ciências farmacêuticas e pós-graduado em marketing e comunicação), para o cargo de gestor de comunicação corporativa.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Meta lança novas ferramentas de IA generativa para anunciantes

As novas funcionalidades permitem aos anunciantes gerar diferentes variações de uma imagem a partir de um anúncio original, bem como criar títulos e textos completos para as suas campanhas, capazes de refletir a linguagem e o tom da marca

A Meta acaba de lançar duas novas funcionalidades de inteligência artificial (IA) generativa, dedicada à personalização e eficácia das campanhas publicitárias dos anunciantes, em plataformas como o Facebook e o Instagram. As novas ferramentas, centradas no desenvolvimento de imagens e de textos com recurso a tecnologias baseadas em IA, só estão disponíveis em inglês e ainda não foram lançadas globalmente, o que deverá acontecer até ao final do ano.

O novo recurso permite gerar diferentes variações de uma imagem a partir de um anúncio original, com ajuste para diferentes formatos e suportes, facilitando a integração de imagens em diferentes plataformas. Em termos de texto, é possível adicionar sobreposições de texto com várias opções de tipos de letra, bem como criar diferentes variações de títulos para campanhas publicitárias e textos publicitários completos, capazes de refletir a linguagem e o tom da marca.

 

Existem, no entanto, algumas salvaguardas integradas nas novas funcionalidades, para evitar eventuais problemas. “Temos fortes mecanismos de proteção que foram concebidos para evitar que os nossos sistemas produzam conteúdos publicitários de baixa qualidade ou que infrinjam as nossas normas da comunidade e a nossa política de publicidade”, refere um porta-voz da Meta, citado pelo Ad Age.

De acordo com este porta-voz da Meta, o recurso de geração de imagens impossibilita a criação de imagens de pessoas ou de produtos que não tenham sido previamente carregados no sistema por uma marca. Para evitar que o sistema gere conteúdos publicitários inadequados, as novas ferramentas da Meta integram também sistemas de verificação posteriores, que identificam se os conteúdos de texto e de imagem gerados cumprem a norma de qualidade ou se são considerados inadequados.

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Quais os jogos de casino preferidos dos portugueses?

Portugal tem milhares de fãs de jogos de casino, com preferências que vão desde as slots ao bacará

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Os jogos de casino, sejam no formato tradicional ou online, têm ganho cada vez mais aficionados em Portugal, com especial incidência no aumento de utilizadores das plataformas de casino online.

O facto de poderem ser acedidos através de um qualquer dispositivo móvel com acesso à Internet, aliado à conveniência de horários e localização que proporcionam, assim como a maior variedade de jogos que disponibilizam em comparação com o casino físico, tem tornado o casino online a forma preferida de jogar casino de muitos Portugueses.

A possibilidade de ter ganhos também atrai os jogadores de casino online, que podem escolher entre uma ampla gama de jogos, como o póquer, as slots, a roleta, o bacará ou o blackjack, entre muitos outros. Os bónus e promoções proporcionados pelo casino online também aumentam as possibilidades de ganhos e a emoção dos jogadores. A segurança é também uma das prioridades das operadoras de casino online, que estão sempre atualizadas nesta matéria, para garantir a proteção dos dados e transações dos seus clientes.

As apostas online têm visto também a sua popularidade crescer, num país onde o amor ao desporto é já uma tradição. As apostas são também uma das formas preferidas de apostar dos cidadãos Portugueses.

Em Portugal, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, uma entidade que faz parte do Turismo de Portugal, emite as licenças de exploração de jogos de casino e apostas online.

De acordo com dados do SRIJ, a atividade de jogos e apostas online, durante o último trimestre de 2023, gerou 227,4 milhões de euros de receita bruta. Este valor mostra um aumento de 5,6% e 12,1 milhões de euros comparativamente ao trimestre anterior. Comparativamente ao mesmo período de 2022, o aumento foi de 16,4% ou 32,1 milhões de euros.

Neste mesmo período de 2023, 25,8% apostaram apenas em apostas desportivas à cota, enquanto 31,1% jogaram somente em jogos de casino e 43,2% nas duas categorias de jogo.

Nas apostas, a modalidade preferida dos utilizadores para realizarem as suas apostas foi o futebol, com 74,7% do total. Em seguida surgem o Basquetebol e o Ténis, que correspondem a 20,5% do total de apostas desportivas realizadas no quatro trimestre de 2023.

No caso dos jogos de casino online, as apostas em slot machines somaram 83% do total. Logo depois, surge a Roleta Francesa, totalizando 6,9% do total de apostas neste período. O Blackjack representa 4,7% das apostas, enquanto a Banca Francesa totaliza 3,3% e as apostas em jogos de Póquer 2,0%.

Os jogadores têm também preferências diferentes de acordo com o seu grupo etário. No mesmo período, os jogadores com idades entre os 25 e 34 anos representavam 35% do total. No caso dos jogadores com menos de 45 anos, a proporção dos jogadores registados era de 79,9%. Os utilizadores com idades entre os 18 e os 24 anos representaram 32,9% do total de novos registos nas plataformas.

Em relação aos distritos, Porto e Lisboa têm o maior número de jogadores, com 41,9% no total. Em seguida surgem os distritos de Braga, Setúbal e Aveiro, que totalizam 24,9%. No que se refere à nacionalidade, o último trimestre do ano de 2023 registou 95,5% de jogadores de nacionalidade portuguesa.

A nacionalidade brasileira totalizava, neste período, 52,1% do total de registos de jogadores com nacionalidade estrangeira. Cabo-verdianos, nepaleses e angolanos, por sua vez, totalizaram 21,4% do total de estrangeiros nestas plataformas.

Slots

As slot machines, com a maioria da preferência dos jogadores nas platafomas de casino online, mas também nos casinos físicos, oferecem emoções únicas aos jogadores. Com cada vez mais variedade de temas, efeitos especiais e interatividade, as slots dão ainda a possibilidade de ganhar elevados prémios monetários, com apostas relativamente reduzidas.

Em Portugal, a primeira máquina de slot que surgiu no mercado tem o nome de “Starburst”. Ficou famosa pois, além de ser a primeira, trata-se de um equipamento que permite uma jogabilidade simples e visualmente atraente.

Para escolherem os jogos que mais os agradam, os internautas podem optar por fazer jogos gratuitos, para testarem e experimentarem os jogos antes de fazer qualquer aposta monetária. Isto é uma grande vantagem, que só os websites de casino online proporcionam.

Os jogadores de casino online em Portugal podem aceder, assim, a plataformas de referência, que oferecem, além de total segurança e facilidade de navegação, uma grande variedade de jogos, que se adaptam aos gostos e preferências de todos os seus utilizadores.

O avanço da tecnologia irá permitir uma variedade de jogos cada vez maior, aumentando a interatividade e a diversão daqueles que jogam em plataformas de casino online no nosso país, com novos efeitos visuais, sonoros e temáticas.

 

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