‘Continuo convicto de que temos espaço para crescer’
O Rádio Clube Português vai sofrer um “upgrade” a partir de segunda-feira. A estação vai manter-se uma “rádio de palavra”, “muito focada na informação” e terá uma nova playlist. Apesar […]
Carla Borges Ferreira
Futebolista Rafael Leão protagoniza adaptação portuguesa da nova campanha global da Adidas (com vídeo)
Reveja os melhores momentos dos Prémios de Marketing M&P’23 (com fotos)
ThePitch arrisca em duas frentes
Range Rover e JNcQuoi unem-se pela mobilidade
Sagres apresenta nova campanha com passatempo para o Euro 2024 (com vídeo)
Vodafone volta a juntar Bernardo Silva e Diogo Valsassina em campanha da VML (com vídeo)
APAV assinala 50 anos do 25 de Abril com campanha da Solid Dogma
Já são conhecidos os 14 representantes portugueses no Young Lions
Bar Ogilvy e Penguin Random House põem ícones da literatura a comentar publicações nas redes sociais (com vídeo)
Business Connection: evento exclusivo de networking reúne empresários e executivos numa experiência gastronómica com a Chef Justa Nobre
O Rádio Clube Português vai sofrer um “upgrade” a partir de segunda-feira. A estação vai manter-se uma “rádio de palavra”, “muito focada na informação” e terá uma nova playlist. Apesar da redução da equipa, Vítor Moura, director da estação desde o final de Julho, acredita ter “todas as condições” para um projecto “ainda mais ambicioso”.
Meios&Publicidade (M&P): Como é que vai ser o Rádio Clube Português a partir da próxima segunda-feira?
Vítor Moura (VM): O Rádio Clube Português (RCP) sofreu um processo de reposicionamento há algum tempo, na direcção de ser uma rádio de palavra, e a partir de dia 12 não vai deixar de o ser. O que vamos apresentar ao mercado e aos ouvintes é um upgrade desse conceito. O RCP é uma rádio necessariamente muito atenta à informação e é esse valor que vamos capitalizar, embora com uma nova atitude. E isso passa pela plástica, que tem um universo um pouco diferente do que temos no ar, e pela própria gestão dos conteúdos e dos conceitos que vamos ter na grelha. Temos algumas novidades interessantes.
M&P: Podemos falar em mudança de conceito?
VM: Tudo isto é orgânico, mas não vamos apresentar uma nova rádio. Isto é a mesma rádio, daí que a imagem se mantenha, mas o claim passe a ser Directo à Notícia, Directo a Si. Queremos ser uma rádio mais urbana, mais cosmopolita, mais informativa, mais rigorosa, mais atenta às pessoas. Uma rádio mais virada para fora, talvez.
Temos uma audiência que nos agrada, mas queremos rejuvenescê-la um pouco. Daí que estejamos a apontar para um target 35/54.
M&P: Quando foi relançada, em Fevereiro de 2007, era uma rádio de palavra/informação, assumidamente para competir com a TSF. Luís Osório, então director, dizia que no espaço de dois anos pretendia ultrapassar a TSF. Ficaram a um terço. O que é que pretendem hoje?
VM: O meu objectivo é apresentar ao mercado, aos ouvintes, um produto consistente, agradável, coerente. É essa a minha prioridade.
M&P: E o que é que o ouvinte vai deixar de sintonizar para ouvir o RCP? Quem é o vosso principal concorrente?
VM: Não há um concorrente directo óbvio. Vamos aqui ter uma série de momentos que são muito nossos. Interessa-me mais falar do que eu tenho do que daquilo que os outros podem ter no mesmo horário. E há aqui coisas que não têm concorrente directo, porque nas outras estações não existem. Mas competimos com as outras rádios que de alguma maneira também estão no mercado da informação, com mais ou menos intensidade. Somos uma rádio de palavra, mais do que de informação, mas a informação é importante, e vamos ter música, mas não seremos uma rádio musical. A nossa identidade passa sobretudo pela informação e pela proximidade.
M&P: Acredita que tem espaço para crescer?
VM: Acredito que tenho espaço para crescer.
M&P: E não quer mesmo quantificar?
VM: Não me vou comprometer com números, não é essa a minha prioridade neste momento. A minha prioridade é o produto, ser uma rádio consistente, interessante e ambiciosa. Vamos pegar no que já existia, optimizar aquilo que era bom e acrescentar outras coisas que podem ser tão boas ou melhores.
M&P: O RCP era uma estação musical, depois prometeram um formato de informação/palavra, que foi complicado desde o início. A estação não está desacreditada? Como é que convence alguém a ouvir o RCP?
VM: Eu não tenho que convencer. Tenho que dar coisas interessantes para ouvirem, e acredito que são interessantes. Não estou empenhado em convencer, quero que elas fiquem connosco naturalmente. Nesta rádio, como noutra qualquer, todos sabemos que temos todos os dias tudo a provar. É um work in progress normal.
M&P: Falava-se numa redistribuição dos emissores da Media Capital Rádios (MCR), da qual resultaria uma diminuição das frequência para o RCP. Essa redistribuição vai existir?
VM: Este produto assenta na grelha de emissores que existe neste momento.
M&P: No último ano a MCR reduziu o número de colaboradores da estação. Quantas pessoas é que saíram? Consegue reforçar a aposta na informação com as pessoas que tem hoje?
VM: A equipa é mais pequena mas extremamente polivalente. Mais do que o número o que importa é a qualidade do trabalho, que é óptima. As pessoas que cá estão, mesmo sendo menos do que há um ano ou dois, são as essenciais para garantir um produtos destes, mesmo que seja mais ambicioso. É por isso que estou tão confiante.
M&P: Vai então ter menos meios, menos pessoas, mas uma ambição superior.
VM: Mas não há impossíveis, se houver orientação, determinação e criatividade.
M&P: No arranque Luís Osório falava em cerca de 70 pessoas em Lisboa. Tem actualmente quantas pessoas?
VM: Cerca de 40 em Lisboa.
M&P: Em termos de oferta comercial vão apresentar alguma novidade? A rádio historicamente não tem recolhido a preferência dos anunciantes e o último ano não ajudou. Agora, até porque também há uma nova direcção comercial, existe alguma coisa pensada no sentido de vos diferenciar?
VM: Tenho várias coisas pensadas mas não queria por enquanto adiantar muito. São questões que não têm só a ver com a direcção de antena, têm também a ver com a direcção comercial, e eu não me quero antecipar, mas temos coisas muito interessantes programadas, nomeadamente para 2010. Implicam uma nova lógica, que tem exactamente a ver com o facto da direcção comercial ser nova. Em relação ao passado… Enfim, estou aqui para pensar no futuro. E temos diversos factores – uma nova direcção de antena, uma nova direcção comercial e um upgrade do produto – que se conjugam para que o resultado seja, pelo menos, diferente. E espero que muito melhor.
M&P: Um dos trunfos do RCP passava por uma forte aposta nas sinergias de grupo. Para além do programa de Fernando Correia, emitido em simultâneo no TVI24, está pensada alguma coisa?
VM: O mais possível. O interesse tanto aqui nas rádios como em Queluz é total. De resto a colaboração já existe.
Hoje (dia 2) a nossa manhã andou muito em torno do referendo do Tratado de Lisboa na Irlanda e tivemos um enviado especial da TVI em directo na nossa manhã informativa. É apenas um de muitos exemplos de como as coisas podem funcionar na perfeição, criando mais-valias para eles e para nós.
M&P: Mas as sinergias podem ser potenciadas, sobretudo agora que há um director com ligação à TVI?
VM: Admito que as relações pessoais contam sempre. Mas mesmo que não existissem há interesse de uns produtos ajudarem os outros a afirmarem-se no mercado. É disso que estamos a falar.
M&P: De acordo, com os vários relatórios e contas do grupo, a MCR é deficitária e o RCP tem contribuído negativamente para os resultados, apesar de no relatório referente ao segundo trimestre deste ano já ser referida a diminuição de custos, gerada com o corte de colaboradores. Quando é que a operação Rádio Clube Português pode ser positiva?
VM: O quanto antes, obviamente. Estamos sempre empenhados em conseguir que tudo seja equilibrado, ter um produto interessante para os ouvintes e equilibrado [financeiramente]. É esse o trabalho que estou a desenvolver. Sobre o passado não posso falar, mas acredito que aquilo que tenho para apresentar a partir de dia 12 vai ser suficiente para cativar muita gente.
M&P: Que balanço faz destes primeiros dois anos e meio do Rádio Clube?
VM: Acho que é um projecto cheio de potencial, é um projecto diferente do que temos no mercado. Continuo convicto de que tem espaço para crescer, caso contrário não teria aceite este convite. Mas, até por ser um projecto de comunicação, pede que seja melhorado, que seja retocado, e é disso que estamos a falar quando falamos da grelha de Outubro.
M&P: O que é que falhou nestes primeiros dois anos e meio? E parece óbvio que falhou alguma coisa porque desde ter como objectivo uma audiência que é o triplo da conseguida à saída de uma série de pessoas, entre as quais o director…
VM: Está mais uma vez a pedir que comente declarações que não são minhas, dum passado no qual participei como jornalista e não como director. Só me interessa falar do futuro, é por isso que esta equipa tem que ser avaliada.
M&P: A Media Capital chegou a acordo com a Ongoing Media para a venda de uma participação de 35 por cento do grupo. O novo accionista tem imprensa económica, vai ter um canal de informação económica e não esconde que podia fazer sentido uma rádio. A avançar esse projecto, podia ser via Rádio Clube?
VM: O que posso dizer sobre esse assunto é que é sempre positivo quando outra empresa entra no capital do grupo. Demonstra, à partida, que o grupo é interessante. Quanto à estratégia não me posso pronunciar, porque obviamente me transcende. Mas estamos a falar de um grupo de media e isso cria sempre possibilidades óptimas para todos os envolvidos, como é evidente.
M&P: O que é que lhe pediram, quando o convidaram para dirigir a estação?
VM: Propuseram-me um desafio, que achei irrecusável.
Pegar num projecto, que já era meu de certa forma porque integrei a equipa fundadora, e no qual me sinto absolutamente confortável porque acompanhei todo o processo, e ter a oportunidade de estar aqui, nesta sala, mas obviamente sempre em articulação com a equipa e nunca de porta fechada, a fazer o produto sempre mais interessante, todos os dias. Quando falaram comigo e me apresentaram a oportunidade de deixar também aqui uma marca, considerei irrecusável. Tenho condições para isso, tenho equipa para isso, portanto tudo se conjuga.
– A nova grelha
O Minuto a Minuto vai terminar às 10h. “Concentramos entre as 7h e as 10h a informação pura e dura, com a análise da actualidade, o trânsito, o tempo”. Das 10h às 13h entra em grelha um espaço musical, Ao Fim e ao Cabo, com Célia Duarte, que terá informação de meia em meia hora, e cerca das 12h30 uma primeira emissão do Lugar Cativo. A equipa do Janela Aberta vai gerar dois painéis “distintos mas complementares”. O Mais Vale Tarde, das 13h às 16h, com Teresa Gonçalves, e depois um espaço dirigido por Aurélio Gomes, “que terá a missão de garantir os melhores conteúdos para o regresso a casa, com informação, análise, mas também conteúdos mais descontraídos”. Às 19h00 nova edição do Lugar Cativo e à noite um painel de música com o Nuno Infante do Carmo.
Vítor Moura vai conduzir, ao sábado, o Quarteto de Cordas, espaço que conta com Camilo Lourenço, Inês Serra Lopes e Ricardo Jorge Pinto, principais comentadores da estação.
No campo musical “vamos criar uma playlist própria, que achamos vai bater muito bem com esta atitude de informação e proximidade. Vai do rhythm & blues à bossa nova”.