NAB: Não à regulação, viva a auto-regulação… na publicidade
“Não queremos ser regulados. A rádio é um meio local e nacional não queremos ser regulados em Bruxelas”. A afirmação é de Frederik Stucki, secretário-geral da Association Européenne des Radios […]
Ana Marcela
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“Não queremos ser regulados. A rádio é um meio local e nacional não queremos ser regulados em Bruxelas”. A afirmação é de Frederik Stucki, secretário-geral da Association Européenne des Radios (AER), a propósito das diversas propostas de regulação que têm sido emanadas de forma quase que contínua desde 2000 no seio da União Europeia, mais precisamente sobre temáticas como e-commerce, tabaco, produtos medicinais, CO2, obesidade, entre outras, com vista a proteger o consumidor vulnerável e que se concretizam em restrições cada vez maiores à publicidade. A AER, relembra o responsável da organização fundada em 1992 e que reúne cerca de 4.500 rádios privadas e comerciais por toda a Europa, “opõe-se a restrições à publicidade de produtos que estão legalmente disponíveis”. Apesar da posição de princípio da organização de lobbying do sector rádio, o certo é que, no debate Advertising Restrictions in the European Union: Is Advertising Becoming Toxic?, que decorreu ontem em Barcelona, na European Rádio Conference, organizada pela National Association of Broadcasters (NBA), ficou claro que a avalanche de medidas regulatórias eram representativas de uma mudança de percepção da opinião pública.
O tema da obesidade – que já se reflectiu em medidas restritivas na publicidade televisiva a produtos que contenham açúcar, por exemplo, no Reino Unido impostas pela Ofcom – “é o sintoma de um debate mais abrangente. Em que a publicidade está a perder a confiança do consumidor e o próprio negócio de publicitar é questionado na sua legitimidade”, comenta Malte Lohan, director of public affairs da World Federation of Advertisers (WFA), estrutura que reúne 55 associações nacionais de anunciantes, representando 90% do investimento global em publicidade. Um debate de que a rádio não poderá abstrair-se porque, diz Lohan, são medidas restritivas que, depois da televisão, “essencialmente irão ser transpostas para os outros media”. Mais, considera o responsável da WFA, há sinais que as restrições não irão ficar por aqui. Aumentar a idade do target para onde se pode comunicar este tipo de produtos (na Irlanda, relembra, já está nos 18 anos) e, noutro campo, a regulação sobre a publicidade no sector automóvel agora proposta e a ser debatida pelo Parlamento Europeu – onde 20% da mancha do anúncio deverá ser ocupada com indicações ambientais – são disso indício. A auto-regulação parece ser a resposta, considera o responsável da WFA. Opinião partilhada por Oliver Gray, director-geral da European Advertising Standards Alliance (EASA). A organização que reúne 32 organismos auto-regulatórios presentes em 30 países financiados pela indústria, tem-se dedicado à criação de mecanismos através dos quais a indústria poderá determinar as regras pelas quais se quer regular para as diversas disciplinas do marketing para que os “anúncios não se transformem em armas de destruição maciça”. Os desafios colocados à indústria relativamente pelos new media, foi outra das temáticas abordadas por Oliver Gray, que considera que, à semelhança dos meios tradicionais também os novos meios devem seguir as regras dos jogo. Por isso, defende o responsável da EASA, os anunciantes devem ter uma “abordagem responsável 360º”, sendo “consistentes e coerentes em todos os conteúdos media”.
*Em Barcelona
O M&P viajou a convite do Grupo Renascença